LEMRI disponibiliza palestra sobre fake news e democracia
Estudo aponta uso de redes sociais para fins eleitoreiros
Por: Simone Nascimento
O uso de fake news em eleições no Brasil e no mundo vem aumentando nos últimos anos, segundo especialistas. Desde 2010 o processo eleitoral ganhou novos contornos, e para discutir esse quadro, o LEMRI/UFRJ-Uerj (Laboratório de Estudos de Mídias e Relações Internacionais/Universidade Federal do Rio de Janeiro-Universidade Estadual do Rio de Janeiro) realizou no dia 23 de junho uma palestra sobre fake news, que está disponível no YouTube.
Na palestra, Arthur Ituassu, professor associado de Comunicação Política da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica), explica diversos pontos importantes do seu estudo, que foi transformado em um artigo. Nele, Ituassu enfatiza o uso eleitoreiro das redes sociais por figuras políticas para ganhar mais eleitores ou tirar votos de seus adversários.
Segundo Ituassu, o processo eleitoral assumiu um novo campo de disputa em 2010, quando o Twitter se tornou uma máquina de propaganda política. Um exemplo citado pelo professor da PUC é o do então presidenciável Plínio de Arruda Sampaio. Naquele ano o candidato ficou de fora dos debates promovidos pelos grandes meios de comunicação, contudo, Sampaio respondia no Twitter o que era perguntado na sabatina.
O estudo desenvolvido pelo professor analisou o quadro eleitoral entre os anos de 2010 e 2020, apontando a evolução das campanhas nas redes sociais e o uso de fake news como recurso. Além disso, o artigo trata da polarização e radicalização e aponta as principais consequências a médio e longo prazo.
Wallace Almeida, doutor em educação e pesquisador do GpDOC (Grupo de Pesquisa, Docência e Cibercultura) da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) enfatiza que as fake news são um fenômeno da cibercultura e que graças a proliferação instantânea das redes, há a difusão de vários assuntos. Para o pesquisador, é importante que as escolas sejam lugar de debate e desenvolvimento da cidadania.
PL das Fake News
O Projeto de Lei 2.630/2020, que ficou conhecido como PL das Fake News, institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, mas não é uma unanimidade. Algumas pessoas comuns são contra a aprovação do projeto alegando que seria o fim da liberdade de expressão. Já as Big Techs como Google, Meta, Twitter e Tik Tok se opõem a esse PL argumentando que dados sensíveis para seu funcionamento seriam expostos.
Diversos grupos da sociedade civil são favoráveis ao PL 2630, e veem nele um mecanismo importante para resguardar não apenas direitos individuais, como também um mecanismo para manter o ecossistema eleitoral mais equilibrado.
Para José Carlos Vaz e Dias, professor de direito da Uerj, a polarização vai continuar existindo, mas o PL das Fake News deve ajudar a regulamentar as redes sociais e responsabilizá-las dentro do seu limite de atuação. O professor afirma ainda que o projeto não funciona como censura, tendo em vista que os conteúdos só sofrerão alguma sanção após divulgação. Dias enfatiza que atualmente é necessário decisão judicial para remover conteúdo falso da internet e a aprovação do PL facilitaria essa retirada de conteúdo.