Amarelo o ano todo: conscientização da saúde mental não deve ser apenas em setembro
Professora do Instituto de Psicologia aborda as estratégias de prevenção ao suicídio
Por: Manoela Oliveira
Setembro Amarelo é uma iniciativa de prevenção ao suicídio, estimulando discussões sobre a promoção da saúde mental no Brasil e a diminuição de estigmas relacionados às doenças mentais. Hoje (10), com o lema “Se precisar, peça ajuda!”, marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Porém, apesar de ser importante ter um mês de conscientização, é crucial que essas campanhas ocorram ao longo do ano, afirma Vanessa Barbosa, professora do Instituto de Psicologia (IP/Uerj) e coordenadora do NuDERI (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Desenvolvimento Humano e Relações Interpessoais).
A professora explica que a campanha do Setembro Amarelo iniciou com a proposta de educar e informar sobre questões de saúde mental, mas, com o passar dos anos, surgiu uma tendência em focar as ações apenas neste mês. “Setembro é um mês para sensibilizar algo que deveria ser feito ao longo do ano todo”, acrescenta Vanessa. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, foram registrados 16.025 suicídios em 2023.
No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, indica um estudo da Fiocruz publicado na revista científica The Lancet. Para Vanessa, alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento de comportamentos suicidas e autolesivos como: ter baixa situação econômica, problemas familiares, estar em situação de vulnerabilidade social, pertencer à comunidade LGBTQIA + ou grupos étnicos raciais minoritários. A pesquisa da Fiocruz aponta que as maiores taxas de suicídio e notificações de automutilação foram encontradas na população indígena, sugerindo haver barreiras que impendem o acesso à saúde mental.
Uma dessas barreiras é a estigmatização das doenças mentais existentes no Brasil, sendo essencial o incentivo às campanhas de conscientização nas escolas ao longo do ano todo, não somente em setembro, reforça Vanessa. A professora também citou a falta de profissionais de psicologia qualificados nas instituições educacionais para instruir os alunos no encaminhamento de ajuda psicológica e médica, evitando os casos de suicídio e automutilação.
Prevenção contra o suicídio
Jovens e adolescentes podem apresentar sinais que indicam um comportamento suicida, como o aumento da irritabilidade, o isolamento, o distanciamento, condutas autolesivas e dizer, por exemplo, que a vida não tem mais sentido. É necessário investir em profissionais especializados em saúde mental, melhorar os serviços de saúde pública e fazer atividades nas escolas, afirma Vanessa.
O Centro de Valorização da Vida (CVV), em colaboração com o Sistema Único de Saúde (SUS), oferece apoio emocional por meio de um atendimento disponível 24 horas por dia, durante todos os dias da semana. As ligações são gratuitas e podem ser feitas pelo número 188. Além disso, o serviço também está acessível via chat ou e-mail. O CVV conta com um site onde é possível consultar os postos de atendimento em todo o Brasil, caso alguém precise de ajuda.