Brasil em chamas: os impactos para o meio ambiente e a saúde

Brasil em chamas: os impactos para o meio ambiente e a saúde

Dicas para compreender a crise das queimadas e proteger sua saúde

Por Julia Lima

Céu com fumaça, clima seco e o sol laranja. Todos esses fenômenos dos últimos dias têm uma só causa: as queimadas e incêndios que estão acontecendo em todo o país. A região amazônica é a mais afetada, e Mato Grosso é o estado que apresenta o maior número de focos de fogo do país: 11335 apenas no último mês.

Sol laranja por conta da fumaça. Reprodução: Agência Brasil

As causas do fogo, de acordo com as autoridades policiais dos estados e estudiosos, são as queimadas utilizadas para a limpeza do terreno na agricultura e, em maior parte, os incêndios criminosos. Só em Mato Grosso – estado mais afetado -, até o dia 12, 14 pessoas já foram presas por atear fogo à vegetação.

Desde o final de agosto, a situação de queimadas e incêndios passou a alarmar as autoridades. As ocorrências mais críticas se anteciparam em cerca de dois meses, já que o período mais seco é esperado a partir de outubro. Segundo a ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, Marina Silva, os ventos fortes, aliados à baixa umidade do ar, são responsáveis por perpetuar o fogo.

O professor Leandro Beser de Deus, do Departamento de Geografia Física da Uerj, e o Negeo – Núcleo de Estudos Geográficos/UERJ  afirmam que os rios voadores da Amazônia, responsáveis por carregar a umidade da floresta para o resto do país, ajudaram a espalhar a fumaça das queimadas e incêndios para outras partes do país, cobrindo 25 estados. 

Consequências

Beser de Deus conversou com a Agenc sobre uma viagem que fez nos últimos dias para a Amazônia: “Voltando agora de lá. Caos, muito difícil de respirar. Crise de asma, tosse seca. Um horror.”  Os principais sintomas decorrentes das queimadas nos humanos são as crises de doenças respiratórias e o aumento da chance de episódios cardíacos, como infarto e AVC.

Os atendimentos por sintomas semelhantes explodiram em todo o país, chegando ao aumento de 190% no Tocantins, segundo o Ministério da Saúde. A ministra Nísia Trindade mostrou preocupação com a sobrecarga do sistema de saúde, relatando que há capacidade de atendimento, mas que ela é cada vez mais testada com os eventos climáticos extremos.

Para a natureza, as consequências são a perda de fauna e flora, redução da cobertura vegetal, desequilíbrio ecológico, piora da qualidade do ar e perda de nutrientes do solo. Indiretamente, a seca causada pelos fenômenos influencia nos níveis dos rios, que baixam substancialmente e isolam comunidades ribeirinhas. 

Combate ao fogo

O combate ao fogo no país tem sido feito por terra e pelo ar, com helicópteros e aviões de lançamento de água. Além dos corpos de bombeiros dos estados, estão na ação o Exército, as polícias militares, brigadistas contratados em situação de emergência e voluntários.

De acordo com Beser de Deus, as técnicas de combate ao fogo têm sido adequadas, ao menos na região de São Paulo. Na Amazônia, há maior dificuldade por se tratar de uma região de difícil acesso e com combates locais. 

 Combate a um foco de incêndio na Amazônia. Reprodução: Mayangdi Inzaugarat/Ibama

Além disso, ele destaca que outro desafio significativo é a disponibilidade de tecnologia aérea nos estados do Norte para auxiliar no combate ao fogo. “A utilização de aviões e helicópteros para lançar água e retardantes é uma técnica importante no combate aos incêndios. No entanto, a quantidade de aeronaves disponíveis e o acesso aos recursos hídricos necessários é frequentemente insuficiente para lidar com grandes incêndios”, afirma.

Segundo a ministra Marina Silva, duas pessoas já perderam a vida no combate ao fogo. Um era voluntário e outro de uma brigada de incêndio. Não foram dados detalhes sobre a identidade deles.

Como se proteger

Para amenizar o efeito das queimadas na saúde, a Agenc reuniu alguma dicas:

  • Manter janelas e portas fechadas em áreas de maior circulação de ar poluído
  • Estender toalhas molhadas ou manter baldes com água no ambiente
  • Use umidificadores de ar
  • Evite atividades físicas ao ar livre entre 10h e 17h 
  • Se puder, mantenha-se em ambientes com ar condicionado
  • Use máscara ao transitar por áreas mais poluídas
  • Mantenha-se hidratado com água e líquidos em geral
  • Hidrate também as narinas e os olhos com soro fisiológico
Brasil em chamas: os impactos para o meio ambiente e a saúde

You May Also Like