O que o G20 decidiu sobre bioeconomia - e o que isso tem a ver com a sua vida
Países definiram princípios para conciliar desenvolvimento com sustentabilidade
Por Everton Victor, Julia Lima e Letícia Santana
Temperaturas recordes, queimadas, clima seco, inundações – os efeitos das mudanças climáticas estão cada vez mais próximos do cotidiano global. Buscar soluções baseadas na própria natureza, com uma coordenação global para aplicá-las, é um dos temas centrais das diferentes reuniões do G20. Entre eles, a iniciativa de Bioeconomia, que reúne representantes das 20 maiores economias do mundo.
Bioeconomia é um conceito que pensa o desenvolvimento econômico aliado à proteção ambiental. Imagine uma economia que não é dependente apenas do uso de fontes de energia fósseis, ou que aposta em energia limpa e minimiza os danos causados à natureza. Em síntese, um desenvolvimento com sustentabilidade, com a utilização de recursos biológicos renováveis ao invés de combustíveis fósseis e outros recursos que degradam o meio ambiente.
Na prática, se você está reciclando uma embalagem, reutilizando uma garrafa ou utilizando uma roupa biodegradável, já está contribuindo com a Bioeconomia.
No encontro do G20 sobre Bioeconomia, realizado em 11 de setembro no Rio de Janeiro, os participantes apresentaram os “Dez Princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia, voluntários e não vinculativos”. Entre as propostas estão a inclusão de povos indígenas no debate, compartilhamento de boas práticas entre os países, criação de metodologias “comparáveis, mensuráveis e contextualizadas para avaliar a sustentabilidade em todas as cadeias de valor” e a promoção da restauração e regeneração de áreas e ecossistemas degradados. Apesar de um membro do G20 não ter a obrigatoriedade de aplicar estes princípios, por serem voluntários e não vinculativos, todos definiram em consenso que irão colocá-los em prática.
A bioeconomia representa hoje 25% de todo o Produto Interno Bruto Brasileiro, segundo um estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas). E o Brasil anunciou em agosto a criação de uma Estratégia Nacional Para a Bioeconomia, para formular diretrizes para o tema. Também está prevista a criação de um Plano Nacional para a Bioeconomia, com promoção à bioindustrialização, entre outras ações.
No G20, as discussões sobre Bioeconomia são divididas em três eixos temáticos, sendo eles: Ciência, Tecnologia e Inovação para a bioeconomia; Uso sustentável da biodiversidade para a bioeconomia; O papel da bioeconomia para a promoção do desenvolvimento sustentável. As propostas buscam conciliar desenvolvimento, sustentabilidade, saberes ancestrais e parâmetros globais para o enfrentamento das mudanças climáticas.
A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, ressaltou a necessidade de idealizar uma Bioeconomia transversal na prática, que atravesse várias partes da administração pública e não seja apenas uma responsabilidade dos Ministérios do Meio Ambiente dos países.
De acordo com Marina, a falta de parâmetros internacionais dificulta um esforço global coordenado sobre um tema que tem muito a contribuir com um “novo modelo de desenvolvimento”, pautado na transição ecológica. Para a ministra, ações que promovam a Bioeconomia devem acontecer também a partir dos governos, com cooperação e parâmetros globais para um novo modelo de desenvolvimento.