Declaração do G20 Social  cobra taxação dos super-ricos e proteção dos mais pobres

Declaração do G20 Social cobra taxação dos super-ricos e proteção dos mais pobres

Documento resultou do trabalho de 13 grupos de engajamento e da colaboração de movimentos sociais, sindicatos e organizações da sociedade civil; entre os temas principais estão combate à fome e à pobreza, sustentabilidade e transição energética justa

Por Leticia Santana e Maria Eduarda Galdino

Márcio Macedo durante entrevista coletiva. Foto: Leticia Santana

A declaração final do G20 Social,  entregue neste sábado ao presidente Lula, defendeu a taxação dos super-ricos e cobrou dos governos compromisso com o enfrentamento às mudanças climáticas – além de ações concretas para proteger as populações mais vulneráveis dos eventos extremos. O documento reúne as propostas de entidades da sociedade civil e será levado à cúpula de líderes mundiais, que acontece nos dias 18 e 19 de novembro.

“Nada disso seria possível sem a contribuição de todos vocês que estão aqui hoje. A presidência brasileira não teria avançado nas prioridades que escolheu se não fosse a participação decisiva das organizações e dos movimentos do G20 social”, afirmou Lula ao receber o documento. 

As propostas resultam das discussões realizadas nos grupos de trabalho durante todo o ano. Os temas incluíram combate à fome, pobreza e desigualdade, sustentabilidade, mudanças climáticas, transição justa e a reforma da governança global.  O G20 Social aconteceu nos dias 14, 15 e 16 de novembro, na praça Mauá, centro do Rio de Janeiro. Hoje, no encerramento do evento, o ministro Márcio Macedo, que coordenou o G20 Social, fez a entrega do documento ao presidente Lula.

A declaração foi escrita por movimentos sociais, sindicais e organizações da sociedade civil, com o intuito de promover a participação da população de forma efetiva. A ideia é que os grupos realmente afetados pelas decisões dos líderes possam ter parte no consenso. Uma das pautas mais debatidas foi a construção de uma agenda coletiva e a adesão de todos os países à iniciativa construída pela presidência brasileira: a Aliança Global contra Fome e a Pobreza.

Ana Tojal, participante do G20 social e membro da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, acompanhou os debates nos grupos e a produção do  documento. Moradora de Maceió, lembrou o que tem acontecido na capital alagoana e cobrou providências. “Cinco bairros foram afundados, por causa do caso da Braskem, hoje conhecido como a maior tragédia urbana ambiental do país. As pessoas que lá viviam tiveram que fazer deslocamentos, e não é só uma perda material, mas também é uma perda emocional, das suas relações comunitárias e dos seus afetos.” 

Ana Tojal, assistente social, integrante do Fenasps. (foto: Maria Eduarda Galdino)

Outro destaque foi a reforma das governanças globais, para que as políticas públicas possam se conectar melhor com a realidade contemporânea e permitir a inclusão do Sul Global nas tomadas de decisão. 

No G20 Social, os movimentos realizaram as chamadas atividades autogestionadas, com o intuito de fomentar debates e propostas para serem apresentados ao governo federal. Regina Jeronimo, comunicadora do MTD (Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Por Direitos), esteve na atividade com o seu movimento para poder pensar alternativas para combater as crises climáticas com uma liderança de mulheres. 

Regina Jeronimo, comunicadora do MTD. (foto: Letícia Santana)

Participante do MTD do Rio Grande do Sul, Regina apresentou a proposta dos ‘pontos populares de trabalho’, coletivos que trabalham em prol da construção e limpeza de casas, com o funcionamento de cozinhas solidárias para as famílias que foram afetadas pelas enchentes. Esse projeto do MTD foi aprovado por lei no Rio Grande do Sul. “O nosso objetivo aqui é abrir os olhos do governo para essa alternativa tão importante, uma alternativa popular. E também buscar um respaldo para essas nossas atividades, fazer a defesa desse nosso trabalho como importante”, disse ela.

Declaração do G20 Social  cobra taxação dos super-ricos e proteção dos mais pobres

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