Paralimpíadas ou paraolimpíadas, qual é o termo certo?

Paralimpíadas ou paraolimpíadas, qual é o termo certo?

Por: Letícia Ribeiro

Agitos, símbolo dos Jogos Paralímpicos

No domingo (8), aconteceu a cerimônia de encerramento dos XVII Jogos Paralímpicos de Verão ou, como também é chamado, os Jogos Paralímpicos. Como os Jogos Olímpicos, as Paralimpíadas de 2024 foram sediadas em Paris, na França. Como em todos os anos olímpicos, ressurge a seguinte questão: Paralímpico ou Paraolímpico, qual é o correto?

Atualmente, os jogos são chamados de Paralimpíadas. No entanto, nem sempre fora assim. Em 2011, depois de anos usando “paraolimpíadas”, o Comitê Paralímpico Internacional (CPI), determinou a unificação do termo, baseado na palavra em inglês paralympic. Criado em 1950, esse termo surgiu com a junção das palavras paraplegic e olympic, uma vez que, na primeira edição, a competição era exclusivamente para pessoas que tinham algum tipo de paralisia. 

 

Jogos de Stoke Mandeville de Roma (1960), ocorridos na mesma sede das Olimpíadas.

Com o evento acolhendo atletas com outros tipos de deficiência, a ideia inicial dos paraplegics mudou, e o Comitê considera que o junção para+olympics tem o “para” como prefixo que, de origem grega, significa algo como “semelhante, paralelo”. Desse modo, a palavra teria o sentido de “em paralelo às Olimpíadas”. 

No Brasil, apesar de os Comitês Paralímpicos Nacionais (CPN) terem abandonado o termo “paraolímpico” – assim como os outros países de língua portuguesa – há mais de uma década, a expressão “paralimpíco” ainda não é legitimada pela Academia Brasileira de Letras, responsável pela língua oficial do país.

Segundo a Secom (Secretaria de Comunicação Social), a recomendação é que o termo “paralímpico” seja usado quando fizer parte do nome próprio dos comitês e eventos, mas que mantenha-se o “paraolímpico” para referir-se à modalidade. Por exemplo: esportes paraolímpicos e Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024.

Em entrevista para a AJ, Maria Fernanda Picchi, formada em Letras (Português, Inglês e Literatura) pela UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), complementa: “Em artigos, é bom que usemos o que é correto na nossa língua. Agora, em uma linguagem mais coloquial, não existe problema com o termo ‘paralimpíadas’.”



E-sports: jogos eletrônicos estão ganhando cada vez mais protagonismo.

E-sports: jogos eletrônicos estão ganhando cada vez mais protagonismo.

Por: Letícia Ribeiro

À medida que a tecnologia ganha espaço, com a inteligência artificial, realidade virtual, entre outras, os e-sports também começam a ganhar mais protagonismo, saindo de sua bolha. Os jogos virtuais, apesar de terem ganhado maior popularidade nos últimos anos, têm raízes há cerca de cinco décadas, especificamente, em outubro de 1972 – quando data a primeira disputa oficial de games: as Olimpíadas Intergalácticas de Spacewar, que aconteceram na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Entretanto, mesmo com esse start, a modalidade só ganhou reconhecimento global nos anos 2000, com games como Counter-Strike e Warcraft. Agora, os e-sports se espalharam pelo mundo.

O que são e-sports?

Abreviação do termo eletronic sports (esportes eletrônicos), os e-sports são jogos eletrônicos que possuem um ambiente competitivo organizado, ou seja, os jogadores competem uns com os outros. Entretanto, nem todo jogo com essas características torna-se um e-sport. Segundo a Confederação Brasileira de E-sports, são e-sports os games que possuem competição entre profissionais, comumente assistidas pelo público através de alguma plataforma de streaming – a Twitch, por exemplo, é a plataforma mais famosa de transmissão de jogos. 

Um jogo não nasce sendo um e-sport, critérios como jogabilidade e visibilidade, são fatores decisivos para torná-lo uma modalidade esportiva. No que tange à jogabilidade, é preciso que seja divertido e que, principalmente, seja atraente para os jogadores, como em League Of Legends, fenômeno no mundo dos games, que sempre têm coisas novas e as classificações, conhecidos como elos – que vão do ferro a grão-mestre. 

Imagem: Pexels/Alena Darmel

Jogos Olímpicos de E-sports

Às vésperas das Olimpíadas de Paris, o Comitê Olímpico Internacional (COI), por unanimidade de votos, aprovou a criação dos Jogos Olímpicos de E-sports. O evento voltado para os games, diferentemente da tradição esportiva, terá realização de dois em dois anos a partir de 2025, com a primeira edição já com local definido: Arábia Saudita. Segundo o COI, as Olimpíadas voltadas para os games terão três modalidades: esportes físicos disputados em plataforma virtual; simuladores de esportes e games de e-sports – o último alinhado aos valores olímpicos, nesse sentido, jogos de tiro, como o famoso Counter-Strike, até então, não serão incluídos. 

E-sports no Brasil

A indústria dos jogos eletrônicos cresce significativamente a cada ano, e países como Estados Unidos e Coreia do Sul investem arduamente nessa modalidade – cerca de 600 universidades norte-americanas incluíram equipes de esportes universitários e bolsas de estudo para os e-sports. No Brasil, o Campeonato Brasileiro de League Of Legends (CBLOL) conta com mais de 300 mil espectadores. 

Apesar da grandiosidade dos campeonatos, eles não costumam sair da bolha dos games. Em entrevista à AJ, Davi Castiel, jogador profissional de CS (Counter-Strike), campeão do Maricá Games, comenta sobre a expectativa dos e-sports serem mais conhecidos no Brasil: “Ainda existe um certo preconceito aqui, isso acaba fazendo com que os investimentos sejam escassos.”

“A comunidade sempre quis ver os e-sports como modalidade, sempre tivemos vontade de mostrar ao mundo que videogame também é um trabalho. O Brasil é recheado de excelentes jogadores, respeitados entre vários jogos, como CS, Valorant, R6, Fifa”, disse o jogador.

Esportes & ‘bets’

Esportes & ‘bets’

A relação das casas de apostas com os times de futebol brasileiro.

 Por Letícia Ribeiro

Imagem: Pexels | Reprodução

Os sites de apostas, conhecidos como bets, tiveram um crescimento estrondoso de popularidade no mundo todo. No Brasil, um país com raízes fortes no esporte, principalmente o futebol, as casas de aposta se transformaram em uma verdadeira febre entre aficionados em apostas e entusiastas do esporte. Não só com as apostas esportivas, agora, as bets entram, cada vez mais, em campo – desde, pelo menos, o ano passado, todos os times da primeira divisão eram patrocinados por casas de apostas. Dado os acontecimentos recentes, envolvendo escândalos de lavagem de dinheiro e acusações de manipulações, a questão que tem sido  mais discutida é se essa relação bets & esporte seria fruto de brechas na legislação que regulamenta essas empresas no país.

Em 2018, as apostas esportivas – que eram ilegais desde o governo Dutra – foram legalizadas a partir de uma medida provisória do ex-presidente Michel Temer. À época, foi determinado que as apostas esportivas seriam como uma modalidade de loteria. No entanto, não havia regulamentação oficial do setor – que deveria acontecer até o final de 2022, mas não aconteceu. A proposta incluía transparência de fluxo de caixa, controle de publicidade e compra de direitos de transmissão de esporte.

Da ilegalidade até a legalização, mesmo que com ressalvas e, agora, patrocinadora de times de futebol. A parceria entre as casas de aposta e o futebol surgiu como uma oportunidade de expansão para as apostas esportivas. Estampadas na camisa, as bets também firmam acordos comerciais com os próprios jogadores para serem seus garotos-propaganda.

 
Imagem: Reprodução

Nesse período, ainda recente de relações entre futebol e bets, surge a questão sobre o conflito de interesses e, com ela, os escândalos envolvendo manipulação de resultado e lavagem de dinheiro. Afinal, a culpada disso seria a regulamentação, ou melhor, as falhas na legislação?

Em entrevista para a AJ, o especialista em Direito Desportivo Bruno Soares afirma que, mesmo que a regulamentação das casas de aposta seja importante no que tange à lavagem de dinheiro, na manipulação dos resultados esportivos, não é possível concluir que, de fato, exista uma brecha na legislação que permita que esse caso aconteça. 

“A regulamentação das casas de apostas no Brasil é relevante no contexto de legalização dessas empresas de forma geral, de maneira a controlar fluxos de caixa, evitar lavagem de dinheiro e outros crimes que ocorrem em qualquer setor não regulamentado do país. Entretanto, com relação à manipulação de resultados esportivos, não acho possível concluir que exista uma brecha na legislação brasileira – que vá ser ocupada pela regulamentação das casas de apostas – que permita que essa situação aconteça”, afirmou.

Desempenho e juventude são sinônimos?

Desempenho e juventude são sinônimos?

Aos 57 anos, Tania Zeng, a ‘tia Tania’, é classificada para Paris 2024 e, com ela, o questionamento: existe uma idade limite para a prática de esportes?

Por: Letícia Ribeiro

De origem chinesa, Zhiying Zeng, aos 57 anos, representará o Chile no tênis de mesa nos Jogos Olímpicos, em Paris. Após a notícia, ela deixou um recado para todas as gerações: nunca é tarde para nada – você só precisa começar. Nesse ínterim, levantou-se um debate que, nos últimos anos, tem ganhado notabilidade no mundo esportivo: desempenho e juventude são, necessariamente, sinônimos?

Culturalmente, o esporte tende a exaltar o desempenho, atrelando-o à juventude, enquanto classifica os atletas mais velhos como superados. Não só nos esportes, como no cotidiano, profissionais com mais idade carregam estereótipos negativos relacionados ao envelhecimento, principalmente nas questões de aprendizado e produtividade.

No âmbito esportivo, a idade é como uma linha de chegada em movimento, afastando-se à medida que nos aproximamos dela. Individualmente, o cenário é ainda mais duro com os atletas, a exemplo da ex-ginasta Daiane dos Santos, que sofrera com inúmeras críticas ao ingressar na modalidade com onze anos, uma idade que – para o mundo dos esportes – é considerada tardia.

Tal julgamento não se limita apenas às modalidades mais “físicas”: Fernando Alonso, piloto espanhol de Fórmula I, na época com 40 anos, disse em entrevistas que era alvo de sucessivos questionamentos sobre sua idade, e que achava irrelevante isso ser um tema dentro do esporte.

Apesar das atividades individuais serem o maior alvo das questões etárias, em esportes coletivos, como o futebol, há uma gama de reclamações sobre a capacidade de jogadores mais velhos continuarem atuando em alta intensidade, o que resulta em mais questionamentos quanto à “falta de renovação” dos elencos. No basquete, o cenário não é muito diferente, principalmente com os jogadores da velha-guarda, como Lebron James que, ainda na casa dos 30, é considerado velho para o esporte.

Assim, se atletas como o próprio Lebron James, que detém um legado e tanto dentro das quadras, são alvo de questionamentos quanto à seu desempenho por conta da idade, pode-se supor que o cenário é ainda menos favorável para pessoas como Tania Zeng, que ingressam no esporte mais tarde – no caso dela, retornam.

Zeng começou a jogar tênis em seu país de origem, China, aos nove anos. Em 1989, chegou ao Chile, onde ganhou o nome Tania. A chinesa ficou afastada do esporte por um longo período de tempo e, durante a pandemia, aos 54 anos, decidiu voltar a jogar de forma amadora; Em 2023, foi destaque no Campeonato Sul-americano e passou a integrar a equipe de seleção chilena, defendendo o Chile em Santiago 2023 na disputa por equipes, conquistando o bronze. Em Lima, no pré-olímpico, conquistou a vaga para os primeiros jogos olímpicos de sua vida. A partir daí, a tenista ficou conhecida como “tia Tania” – um apelido que, por si só, já explicita a estigmatização de indivíduos mais velhos.

Casos como o de Tania Zeng soam como uma exceção à regra. E, nesse meio, surge a seguinte questão: é possível que pessoas mais velhas pratiquem esportes profissionalmente? “Sim, a prática de esportes em indivíduos com a idade avançada não é apenas possível, mas também muito recomendável”, explica Tayná Andrade, formada em Educação Física com pós-graduação em treinamento esportivo: “Claro, se estamos falando de esportes que exigem mais do físico, torna-se um um pouco mais complicado devido a ‘n’ fatores, desde o treinamento, resposta metabólica, aptidão física e recuperação muscular – devido à idade.”

Afinal, então, desempenho e juventude andam de mãos dadas? Nem sempre. Ainda de acordo com a profissional, existem várias exceções à regra, como, já citado, o próprio Lebron James que, para além de condicionamento físico, detém uma vasta experiência que, sem dúvidas, auxilia no desempenho.

Nesse caso, não é possível generalizar, afirmando que todos os indivíduos com mais idade teriam a capacidade física de competir com os mais jovens, ao passo que também não é possível determinar quantas “exceções à regra” existem. A prática do esporte e o desempenho no âmbito profissional é individual e dependente de uma gama de fatores – que contribuem ou se mostram agentes impeditivos

Copa do Mundo Feminina 2027 no Brasil: da ilegalidade até a sede do maior evento mundial de futebol feminino

Copa do Mundo Feminina 2027 no Brasil: da ilegalidade até a sede do maior evento mundial de futebol feminino

A 10ª edição do será sediada no Brasil, onde até a década de 80 era crime mulheres praticarem esporte profissionalmente. 

Por: Letícia Ribeiro

De crime à sede da Copa do Mundo de 2027, o caminho fora longo e sinuoso. As mulheres enfrentaram muitos obstáculos para estarem em campo. Subjugadas, proibidas, subestimadas e tendo seus sonhos tratados como puro amadorismo. A garra delas, porém, era mais forte. Nadando contra a opinião popular, as jogadoras não desistiram e, no final, levaram prêmios a uma nação que constantemente as desvalorizou.

Na sexta-feira (17), durante o Congresso da Fifa, realizado em Bangkok, na Tailândia, o Brasil foi o escolhido para sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027. O país que, até a década de 80, tinha o futebol feminino, entre outras práticas esportivas, como ilegal. Agora, supera a candidatura conjunta de três países europeus – Alemanha, Bélgica e Holanda – com quarenta e um votos de diferença

Pela primeira vez, a escolha da sede da competição mundial foi realizada pelo Congresso da Fifa, contando com voto de 211 associações nacionais de futebol – 207 votos, já que os países candidatos não têm o direito de votar. 

A delegação brasileira com Marta, seis vezes eleita a melhor do mundo pela Fifa, como garota-propaganda. O Brasil  ganhou por 119 votos a 78 e, por ser anfitrião do Mundial, já está automaticamente classificado. Uma noite realmente memorável e vitoriosa não só para a equipe feminina do país, mas para todas as jogadoras brasileiras que carregam um histórico de luta pelo direito de estar em campo.

FUTEBOL FEMININO NO BRASIL 

Os primeiros registros de partidas de futebol feminino surgiram em 1920, ainda em um estágio bem inicial, no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte. Inicialmente, a prática esportiva feminina era considerada uma performance. Até a década de 40, o futebol entre mulheres era tido como uma prática comum das periferias – sem registros de uma seleção, ou um protótipo disso. Na época, a prática para elas ainda não era proibida, mas considerada violenta e ideal para homens.

Em 1940, no entanto, foi decretada a proibição, sob a alegação de que “não combinava com a formação física do belo sexo”. A visibilidade que as jogadoras estavam ganhando não acarretou coisas positivas, pelo contrário, elas foram alvo de revolta por parte da sociedade e viraram notícia, levando a opinião pública e, principalmente, as autoridades da época, a condenarem tal atividade. 

O veto aconteceu em 1941, durante o período ditatorial do Estado Novo (1937-1945), por um decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas:  “Decreto-lei, n. 3199, art. 54: Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”.

Daí em diante, vários jogos femininos começaram a ser cancelados a mando do Conselho Nacional de Desportos (CND), vinculado ao Ministério da Educação. Algumas partidas até mesmo foram encerradas à força pela polícia. 

Se em 1941 o decreto-lei instituído trazia o texto de uma forma mais geral, não citando o futebol em si, no ano de 1965, na ditadura militar, a lei foi publicada novamente, mas de forma detalhada, especificando a modalidade. Além do futebol, outros esportes foram proibidos, como futsal, futebol de praia, polo aquático, rúgbi, beisebol, halterofilismo e qualquer tipo de luta. Essa proibição valia para disputas em estádios, abertas ao público e organizadas de forma profissional por clubes. Os jogos de rua, apesar de malquistos, não foram vetados.

As mulheres só voltaram a entrar em campo no fim dos anos 70, com a revogação da lei. E, em 1983, o CND regulamentou o futebol feminino, permitindo competições, criação de calendários, utilização dos estádios e o ensinamento nas escolas.

Poucos anos mais tarde, em 1988, a Fifa promoveu uma espécie de mundial experimental, que aconteceu na China. Denominado, em inglês, como Women’s Invitational Tournament, contou com a presença de uma seleção montada exclusivamente para o torneio, que tinha jogadoras das bases do Radar (RJ) e do Juventus (SP). Nessa ocasião, as meninas viajaram para os jogos com as sobras de roupas do time masculino. A competição foi um ponto de partida para o desenvolvimento do cenário feminino ocupando o esporte. Doze seleções participaram e o Brasil, por sua vez, levou o bronze nos pênaltis.

A PRIMEIRA COPA FIFA DE FUTEBOL FEMININO (1991)

Sediada na China, a primeira Copa do Mundo feminina teve, pela primeira vez, a CBF assumindo o time brasileiro, ainda que o tratasse como amador. Várias atletas que disputaram o torneio experimental jogaram pelo Brasil. A equipe, que contava com Delma Gonçalves, conhecida como Pretinha, e comandada pelo técnico Fernando Pires, teve menos de um ano de preparação. Apesar de eliminado na primeira fase, o país teve uma vitória contra o Japão, com o gol feito pela zagueira Elane – que marcou o primeiro gol do Brasil em torneios da Fifa.

PRIMEIRA OLIMPÍADA (1996)

A equipe feminina de futebol teve sua estreia nos jogos de Atlanta, Estados Unidos. Com a participação das veteranas do esporte, o Brasil alcançou a quarta colocação. Infelizmente, o país perdeu o bronze para a Noruega por 2 a 0.

PRIMEIRA MEDALHA FIFA (1999)

Mesmo sendo tratada, ainda, como esporte amador, a seleção feminina de futebol se superou na Copa do Mundo Feminina de 1999, sediada nos Estados Unidos. Levou o 3º lugar na competição, com resultados como 7 a 1 no México, 2 a 0 na Itália e um empate na Alemanha. Nas quartas, a jogadora Sissi fez o gol da vitória contra a Nigéria – que até os dias atuais é lembrado como um dos mais bonitos da história dos mundiais.

FENÔMENO DO FUTEBOL FEMININO: A CAMISA 10, RAINHA MARTA

Em 2003, a Copa do Mundo Feminina, sediada nos Estados Unidos, contava com a participação de um dos maiores talentos da seleção feminina de todos os tempos. Ainda jovem, Marta já conquistara a atenção das jogadoras mais experientes. Além da futura promessa do futebol feminino, naquele ano, também era o primeiro mundial da atacante Cristiane. O Brasil foi eliminado nas quartas de final para a Suécia. No mesmo ano, contudo, o país foi medalhista de ouro no Pan de Santo Domingo. 

No ano seguinte, com Marta, Pretinha, Formiga e Cristiane no elenco, o Brasil é medalhista de prata na Olimpíada da Grécia – o que viria a ser apenas o início do futuro promissor e vitorioso das meninas. 

E foi no ano de 2006 que a previsão se concretizou, dando orgulho à nação brasileira, Marta levou seu primeiro título como melhor do mundo. Sim, o primeiro, porque em 2007 veio o seu segundo e, quando se deu conta, em 2010, estava ao lado de Messi, empunhando seu quinto troféu de melhor do mundo. E, não obstante, em 2018, após uma temporada satisfatória no Orlando Pride, a camisa 10 recebe pela sexta vez o título de melhor do mundo. 

OS AVANÇOS DO FUTEBOL NO BRASIL – AINDA É PRECISO MUDANÇA

Atualmente, a seleção brasileira feminina tem ganhado maior destaque, referências como Pretinha, Marta e Formiga, entre tantas outras também, possibilitaram uma maior abertura para que as mulheres ocupem espaços que, há pouco tempo, lhes eram negados. Claro, ainda existem vários problemas, como a falta de investimento no futebol feminino, bem como a disparidade salarial entre homens e mulheres no universo futebolístico. 

É preciso persistência, perseverança e muita luta para alcançar toda uma gama de direitos que ainda são muito escassos no esporte feminino. E, com cada vez mais meninas realizando o sonho de se tornarem jogadoras, a luta vai se fortificando.

A PROMESSA DO FUTEBOL FEMININO

Conforme as portas vão se abrindo, mais meninas concretizam o sonho de se tornarem jogadoras. Como a promessa do futebol feminino brasileiro Giovanna Waksman. Com apenas 15 anos, a menina é tida como a maior revelação dos últimos tempos. 

Começou a carreira no Botafogo, no sub-13, em 2021, jogando com meninos – visto que o clube não tinha categoria feminina da idade dela. Em 2022, John Textor, dono do Botafogo, envia Waksman e sua família aos Estados Unidos, onde, atualmente, a menina estuda e joga por outro clube, também do empresário norte-americano. Em um desses jogos, a jovem craque marcou 8 gols – mostrando que as expectativas em torno dela vão se justificando. 

Não só Giovanna, como várias outras garotas, estão na busca dos seus sonhos no gramado. A Copa Mundial Feminina de 2027 é um marco na história de todas as jogadoras brasileiras, símbolo de uma luta que perdura desde a década de 20. 

 

Kamilla Cardoso: o nome brasileiro mais importante da história da NBA

Kamilla Cardoso : o nome brasileiro mais importante da história da NBA

Terceira escolha da nova temporada do draft da NBA, a brasileira vai jogar na equipe do Chicago Sky da WNBA.

Por: Letícia Ribeiro

Imagem: Sarah Stier/AFP

Com apenas 22 anos e 2,01m de altura, Kamilla Cardoso é a terceira escolhida no draft, evento anual de recrutamento de jogadores, normalmente amadores oriundos do basquete universitário, da principal competição de basquete do mundo, sendo a primeira brasileira da história a conquistar tal feito. Nunca, nenhum jogador brasileiro, da categoria masculina ou feminina, alcançara a classificação de Cardoso. Agora, a mineira jogará pelo Chicago Sky na WNBA (Liga de Basquete Feminina dos EUA).

De sonhadora à potência do garrafão, Kamilla Cardoso é a promessa da temporada. Na carreira universitária, a pivô conquistou dois títulos, um enquanto reserva, em 2022, ganhando o prêmio de melhor sexta jogadora da Conferência Sudeste, e em 2024, na posição de titular na campanha invicta do time da Universidade da Carolina do Sul, o South Carolina Gamecocks, na qual acumulou uma trajetória com médias de 14,4 pontos, 9,7 rebotes, 2 assistências e 2,5 tocos por partida. 

Cardoso encerrou a temporada pelo Gamecocks com 15 pontos e 17 rebotes no jogo de decisão, alcançando 38 vitórias na NCAA (Associação Atlética Universitária Nacional).

Nascida em Montes Claros (MG), a pivô se mudou aos 15 anos para os Estados Unidos para ir atrás do seu sonho de se tornar uma jogadora profissional de basquete. Sem saber falar inglês, a MVP da temporada deixou a família no Brasil, rumo ao High School, ensino médio norte-americano, em busca do basquete universitário e da WNBA.

E não é só fora do país que a atleta fez sua trajetória, participando, também, da seleção brasileira, se consagrando campeã do Sul-Americano, em 2022, e da Copa América, em 2023. 

Imagem: Reprodução/Instagram

 


12 anos de transformação de vidas pela arte, conheça o Ballet Manguinhos

12 anos de transformação de vidas pela arte, conheça o Ballet Manguinhos

Com cerca de 410 alunos, crianças e adolescentes, a instituição oferece, ainda, aulas de balé, dança contemporânea, dança moderna, jazz e circo. 

Por: Letícia Ribeiro

Ballet Manguinhos – Festa de Final de Ano, 2018

O Ballet de Manguinhos completou 12 anos na última segunda-feira (25/3/2024), atuando em cerca de 20 favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Inicialmente, o projeto criado em 2012 pela profissional de educação física Daiana Ferreira, na comunidade de mesmo nome, se restringia apenas às aulas de balé, as quais contavam com a presença de aproximadamente 70 alunos e ocorriam nos fundos de uma igreja. No decorrer dos anos, a organização não governamental já atendeu cerca de 5 mil crianças e jovens. 

Em 2018, Daiana fechou um contrato com a fundação social norte-americana The Secular Society e, graças a essa parceria, o Ballet Manguinhos ganhou sede própria, na comunidade de origem, em 2020, em um prédio com cerca de 600 metros quadrados, contando com 3 salas de ballet totalmente equipadas, uma delas sendo, também, usada como sala de circo, comunicação e esportes. 

Em 2021, a instituição sofreu a sua maior perda: o falecimento da fundadora e diretora Daiana Ferreira, devido a complicações em decorrência da Covid-19. Apesar do baque, a ONG conseguiu se manter firme, levando a palavra resistência como mantra dentro de suas paredes. 

Em 2022, o Ballet Manguinhos passou por um período complicado. Com o fim da parceria com a TSS, a fundação não tinha mais como garantir a continuidade do trabalho. Na busca por manter a instituição, foi criada a campanha “Adote uma Bailarina”, cujo valor da contribuição serviria para custear a permanência das alunas com as aulas, o uniforme e o figurino. A intenção era obter doações para que uma bailarina do projeto tivesse os recursos necessários para a realização das atividades. Os colaboradores, chamados de padrinhos, recebiam um certificado e atualizações mentais sobre os “adotados”. No período atual, o projeto conta com, além das adoções, patrocinadores como: BTG Pactual e Centauro, além de apoiadores Asfoc-SN (Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz), Instituto Dell’arte, entre outros. 

O IMPACTO DO PROJETO 

Carine Lopes, diretora do projeto, afirma que a formação de um bailarino pelo Ballet Manguinhos leva em média oito anos para ser concluída, e que, no geral, os alunos entram aos 6 anos de idade e permanecem até a adolescência, por volta dos 17 anos. Segundo um levantamento da Agência Brasil, em colaboração com a ONG, cerca de 98% dos participantes são do público feminino. A presidente da ONG comemora, afirmando que, apesar da gravidez na adolescência ser uma realidade cultural do território, apenas 1% das alunas engravidaram.

Ensaio geral – Espetáculo 2018

PARTICIPAÇÃO DE MENINOS NO PROJETO

Apesar da grandiosidade do projeto, é notória a baixa adesão masculina que, por sua vez, se dá em razão do preconceito enraizado na comunidade quanto à relação do homem com a arte, principalmente com a dança. Logo, mesmo que o cenário esteja em constante mudança, a introdução dos garotos no projeto é lenta.

Ensaio geral – Festival Interno 2019

Cabe destacar que, para além das aulas de balé, o Ballet Manguinhos oferece aulas de circo, jazz, dança contemporânea e cursos de capacitação profissional como, por exemplo, informática. O projeto também busca levar médicos e especialistas para falarem sobre saúde e empoderamento feminino.