“Coringa: Delírio a Dois” não é ruim, mas não empolga e nem supera o seu antecessor

“Coringa: Delírio a Dois” não é ruim, mas não empolga e nem supera o seu antecessor

A aguardada sequência promete dividir o público, e traz a cantora Lady Gaga como parceira do vilão num filme musical

Por: Vinícius Rodrigues

 

“Coringa: Delírio a Dois” traz Joaquin Phoenix como o Coringa, que, no filme anterior, lhe rendeu o Oscar de melhor ator, um grande feito para adaptações de quadrinhos para o cinema. Nessa sequência, encontramos o protagonista mergulhado no tédio como um prisioneiro famoso por crimes que abalaram Gotham City, e tudo muda com a chegada da enigmática Arlequina, interpretada pela cantora Lady Gaga. Ela está bem no papel, mas o filme parece desperdiçá-la em suas longas 2h18 de duração, e com um musical que ora entretêm, ora é intrusivo. O filme utiliza do tema musical para ser a válvula de escape do casal protagonista: de abusar de todo delírio e loucura que eles não podem fazer de fato. Seja numa cena em um tribunal, onde o Coringa finalmente pode matar o juiz com marteladas na cabeça, seja em apresentações em programas de televisão, com o casal do crime cantando e dançando para delírio do público.

O filme também explora em suas longas duas horas de duração, temas como abuso policial nas cadeias e a espetacularização da mídia em casos de “true crime”. Ao invés de assistirmos ao palhaço do crime sendo explorado e abusado na prisão, acompanhamos um longo processo no tribunal, que se arrasta e entendia, sendo transmitido para todo o país. Talvez o diretor tenha pensado em transformar o filme em um musical para tentar atrair mais loucuras dos protagonistas e diminuir a chatice dessas partes. No entanto, o musical não ajuda em nada e parece atrapalhar ainda mais, e nem mesmo a talentosa Lady Gaga pode mudar a situação.

É interessante ressaltar que a escolha das cores no longa, quando o Coringa está apático e cansado da rotina na prisão, tudo é cinza. Porém, quando a personagem de Lady Gaga entra na vida dele, o amarelo do sol fura as paredes de concreto, e ilumina o rosto do protagonista em meio aos prisioneiros, trazendo vida e sorriso em seu rosto. Até os guarda-chuvas dos guardas da prisão são coloridos, para trazer as cores da persona que Arthur Fleck irá se tornar nas cenas seguintes.

No fim, “Coringa: Delírio a Dois” não é um filme ruim, mas entrega um longo filme de tribunal maçante, que tenta utilizar do musical para lançar na tela os mais altos devaneios que seus protagonistas precisam, mas acaba falhando nesse quesito. Ele promete deixar o público ainda mais dividido com o seu final chocante, que pelo menos adianta que não terá um terceiro desnecessário filme, algo que este foi. 

UERJVIU: 2,5/5 estrelas

Como os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro pretendem lidar com a questão ambiental 

Como os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro pretendem lidar com a questão ambiental

Em meio a mudanças climáticas e catástrofes ambientais, cariocas podem decidir como mudar cenário ambiental através das eleições 

Por Maria Eduarda Galdino e Julia Lima

As eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro acontecem neste domingo, 6 de outubro. Todos os candidatos à prefeitura apresentaram à Justiça Eleitoral propostas de governo.  Atualmente, um dos temas prioritários para a discussão é a crise climática: enchentes, queimadas e desabamentos são frequentes e impactam a vida de milhares de cariocas todos os anos.

Da esquerda para a direita: Eduardo Paes (PSD), Alexandre Ramagem (PL), Tarcísio Motta (PSOL) e Rodrigo Amorim (União Brasil). Reprodução: TSE

A Agenc analisou os programas de governo dos 4 candidatos mais bem colocados nas últimas pesquisas, sendo eles Eduardo Paes (PSD), Alexandre Ramagem (PL), Tarcísio Motta (PSOL) e Rodrigo Amorim (União Brasil). A seguir, você encontra as propostas de cada um deles para a questão ambiental na cidade:

Eduardo Paes

Eduardo Paes traz propostas que englobam não só a preservação ambiental, mas também planejamentos para lidar com as mudanças climáticas, como as ilhas de calor e enchentes. 

Paes pretende criar o “Projeto ZN Verde” que visa produzir mudas que tem o objetivo de produzir mudas em grande escala para arborizar e reduzir as ilhas de calor na Zona Norte.

Em relação às mudanças climáticas, o candidato à reeleição propõe o projeto “Jardim maravilha”, que tem por objetivo expandir e melhorar os sistemas de drenagem para que o Rio de Janeiro possa estar mais resiliente a mudanças climáticas. 

Logo mais, ele propõe estabelecer um plano de controle de enchentes na Bacia do Rio Acaraí, onde aconteceu uma enchente que atingiu a casa de 20 mil cariocas no começo desse ano, o controle promete estabilizar os trechos 1 e 2. 

Outro projeto apresentado no plano é construção de habitações para o reassentamento de populações ribeirinhas em áreas de baixadas, propensas a inundações ordinárias, agravadas pela mudança climática. Ainda citando a problemática das enchentes, Paes deseja ampliar o sistema de sirenes para as comunidades suscetíveis a enchentes ordinárias.

Alexandre Ramagem

O plano do deputado federal cita um “conjunto de ações estratégicas e integradas para tratar a poluição, a gestão de resíduos, a proteção de áreas verdes, de nossas águas e a conscientização da população no que tange ao descarte inadequado do lixo em toda a cidade”, sem maiores detalhes, salientando que utilizará de concessões e parcerias público-privadas onde for possível. 

No programa há a promessa de programas de reflorestamento de áreas degradadas e criação e manutenção de parques e áreas verdes para a população.

Tarcísio Motta

Uma das propostas do deputado federal é o Plano Municipal de Transformação Ecológica. Os três principais objetivos descritos no plano são a redução da emissão de gases de efeito estufa, a redução do consumo e descarte de isopor e plástico na cidade e a garantia de água limpa e comida saudável para a população da cidade.

Também há o projeto do sistema municipal de proteção socioambiental, que envolve a atualização do plano de contingência de emergências e a criação do Agente Comunitário de Proteção Socioambiental, que avaliará vulnerabilidades dos territórios e terá o trabalho de conscientização da população.

Tarcísio propõe também o Plano de Arborização Produtiva Urbana, no qual as árvores das vias públicas serviriam para produzir alimentos para a população.

Rodrigo Amorim 

Em relação ao meio ambiente, Rodrigo Amorim traz propostas de combate às enchentes por meio de projetos de escoamento e o levantamento de obras com prazo de 3 anos que previnam as enchentes, e a comunicação com a associação de moradores, visando o combate a construções irregulares que agravam as enchentes.

O candidato também prometeu trabalhar a favor da sustentabilidade. Rodrigo quer implantar o sistema de energia solar que é feito na cidade de Vancouver, no Canadá, com o objetivo da diminuição de carbono. Ainda com a missão de combater as grandes emissões de carbono, Rodrigo Amorim quer investir em transportes públicos e criar polos de emprego próximo às residências, para que não haja grande deslocamento por meio de veículos particulares. 

Cansaço e sobrecarga: uma realidade no mundo educacional

Cansaço e sobrecarga: uma realidade no mundo educacional

Professores apontam as principais dificuldades dos docentes no meio profissional

Por: Manoela Oliveira e Vinícius Rodrigues

 

Imagem: Adobe Photos

Cerca de 60% dos professores relatam enfrentar sentimentos intensos de ansiedade, além de cansaço extremo e baixo rendimento, segundo o estudo “A Saúde Mental dos Educadores 2022”, realizado pela Nova Escola. A saúde mental dos docentes foi fortemente impactada no período pós-pandemia, e isso não afeta apenas eles, mas também os alunos. De acordo com uma pesquisa da Fiocruz de 2022, 60% dos 5.985 estudantes da pós-graduação disseram sentir dificuldade para dormir e o aparecimento de crises de ansiedade.

Imagem: As percepções dos estudantes de pós-graduação brasileiros sobre o impacto da Covid-19 no seu bem-estar e desempenho acadêmico / Reprodução: Fiocruz

O esvaziamento da profissão e a hiper responsabilização da escola são fatores que colaboram para a piora da saúde mental dos docentes, afirma Leonardo Maia, professor na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Isso tudo vira uma carga enorme para os professores e os alunos”, ressalta. 

Para Laura Quadros, professora do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), outro fator que contribui para a desvalorização dos professores é a falta de recomposição salarial, que resulta em profissionais sobrecarregados em mais de um emprego. “A experiência da docência tem sofrido muitos desgastes nos últimos tempos, tanto no que tange às  mudanças nas relações em sala de aula, quanto na histórica e crescente desvalorização da profissão”, completa. O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que o Brasil tem o menor salário inicial para professores dos anos finais do ensino fundamental entre os 40 países analisados.

A desvalorização da educação como um todo, tanto na graduação quanto no ensino básico, vem acompanhada de um nível elevado de exigência e cobrança, especialmente no campo da produção acadêmica, segundo Zamara Araujo, professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e responsável pelo dossiê “Bem-estar / Mal-estar do alunado e do professorado: saúde do corpo e da mente no ambiente formativo”. 

A professora relata: “ao mesmo tempo que vivemos um esvaziamento da profissão, vivemos uma sobrecarga muito grande”. Um levantamento realizado pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) mostra que cerca de 71% dos professores brasileiros estão estressados devido à sobrecarga de trabalho.

Para mitigar tais efeitos no esgotamento mental dos docentes, Laura Quadros sugere uma programação para criar espaços mais prazerosos para os profissionais ensinarem: “Pode ser interessante que escolas e universidades ofereçam momentos de cuidado para docentes com práticas de autocuidado como meditação, ginástica laboral e expressão artística. Laura propõe a criação de espaços de discussão para o desenvolvimento de estratégias coletivas sustentáveis que possam melhorar a experiência institucional tanto em sala de aula quanto na gestão educacional.

Projetos transformam o lixo em apoio à comunidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro

Projetos transformam o lixo em apoio à comunidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro

Instituições trocam materiais recicláveis por alimentos, cadeiras de rodas e itens escolares

Por: Manoela Oliveira

Mural de tampinhas de plástico feitos pelos alunos da Escola Municipal Medalhista Olímpico Diego Hypólito / Reprodução: Manoela Oliveira

A falta de reciclagem contribui para o aumento da poluição, liberando substâncias tóxicas prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, além de acelerar a degradação ambiental e aumentar a emissão de gases de efeito estufa. Embora 98% dos brasileiros reconheçam a importância da reciclagem para o planeta, apenas 25% separam o lixo adequadamente, aponta uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Na Zona Oeste do Rio de Janeiro, organizações como o Núcleo Especial de Atenção à Criança (NEAC) e a One By One são responsáveis por transformar o lixo e preservar o meio ambiente.

O NEAC, com o projeto do ECO Mercado, possibilita moradores de Campo Grande trocarem materiais recicláveis por alimentos, itens pedagógicos e de limpeza. A conversão de materiais é realizada através do EcoReal, a primeira moeda ecológica criada no Brasil, que substitui um material reciclável em um EcoReal. O plástico duro é a exceção devido ao baixo valor comercial, necessitando de três itens desse material para conseguir um EcoReal.

Os EcoReais disponíveis para troca / Reprodução: Colagem de Manoela Oliveira com fotos do NEAC

A One By One, localizada na Barra da Tijuca, transforma lacres e tampinhas plásticas em cadeiras de rodas e em outros itens como andadores e aspiradores, por meio da Campanha Recicla. A ação conta com cerca de 50 pontos de coleta espalhados no Rio de Janeiro, além de dois pontos situados em Minas Gerais e São Paulo. Para fazer uma cadeira de rodas, é necessário 600 kg de lacres ou 2500 kg de tampinhas de plásticos. Segundo a One By One, em 2023, foram produzidas 13 cadeiras de rodas sob medidas, dois aspiradores e dois andadores.  

Impacto da reciclagem na comunidade 

Selma Pacheco fundou o NEAC há 30 anos após uma forte chuva elevar o rio Cabuçu, afetando as famílias que moravam perto da margem, na Comunidade Comari II, em Campo Grande. Depois de uma investigação do Núcleo, foi descoberto que o rio encheu devido ao excesso de lixo nas águas, porque, naquela época, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB) não atuava na região, então os moradores jogavam o lixo no rio. Selma explicou que o NEAC conseguiu reduzir a poluição hídrica e promover a educação em uma área onde a taxa de evasão escolar entre as crianças era de aproximadamente 93%.

O ECO Mercado, criado pelo NEAC, impacta positivamente as famílias da comunidade, especialmente aquelas que não têm dinheiro, mas possuem lixo, reforça Selma. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil produz cerca de 27 milhões de toneladas de resíduos recicláveis anualmente, porém o índice de reciclagem desses materiais é de apenas 4%, considerado abaixo da média global de 19%. Pensando nisso, segundo Selma, todos os materiais coletados no mercado são vendidos para empresas recicladoras da região.

ECO Mercado por dentro e por fora / Reprodução: Colagem de Manoela Oliveira com fotos de arquivo pessoal e da Clara Lessa

Carlos Eduardo Santos, conhecido como Cadu,  trabalha no  ECO Mercado faz dois anos e acredita que o projeto ajuda famílias a terem acesso à alimentação, além de incentivar a sustentabilidade. “Um litro de óleo aqui equivale a 25 EcoReais”. Ele explicou ser possível comprar as mercadorias com dinheiro real ou complementar a quantia que falta com o EcoReal. 

Lucinete Bastos disse que usa o mercado frequentemente para fazer suas compras, por vender cloro e desinfetante, ela consegue trocar a embalagem desses materiais por itens essenciais para a casa. “Com o ECO Mercado, consigo fazer as compras do mês e ajuda para caramba”, ressalta. De acordo com o NEAC, 1200 famílias da comunidade são impactadas pelo projeto e, no primeiro semestre de 2024, 1,6 tonelada de plásticos PEAD e PET foram reciclados, sendo o último o tipo de plástico mais produzido no mundo. 

Materiais reciclados no primeiro semestre de 2024 pelo NEAC / Reprodução: NEAC

Reciclagem como ferramenta de inclusão 

A reciclagem também está inserida na luta pela inclusão social para pessoas com deficiências (PDCs) físicas, motoras ou neurológicas. Nessa iniciativa, a One By One produziu mais 2025 cadeiras de rodas por meio da coleta de plástico e de alumínio, impactando cerca de 8 mil famílias, segundo a organização.  “No ano passado, reciclamos 30 mil toneladas de tampinhas”, disse Maria Antônia Araújo, assistente de comunicação da One By One. 

A Campanha Recicla, ligada à organização, oferece cadeiras de rodas para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social (tem uma renda familiar abaixo de 1,5 salários mínimos), são portadores de alguma deficiência e possuem idade máxima de 22 anos, entretanto, quem recebia ajuda da instituição antes de completar a idade limite, pode continuar sendo um beneficiário do programa. Maria Antônia acrescenta que é necessário enviar o laudo médico e a prescrição da cadeira de rodas com as medidas após entrar em contato com a organização para conseguir ser atendido pelo programa. 

A Escola Municipal Medalhista Olímpico Diego Hypólito, localizada em Campo Grande, funciona como um dos pontos de coleta da Campanha Recicla. João Marcos Pucinho, diretor da escola, disse que o incentivo à reciclagem pelos alunos ocorre por meio de gincanas de sustentabilidade promovidas pela instituição. “Cada turma fica responsável pelo recolhimento de uma quantidade de materiais recicláveis, quem tiver feito um recolhimento maior é o vitorioso da gincana”, completa. O diretor explicou que eles recebem pontos extras nas disciplinas como uma forma de estimular a participação dos estudantes.  

Estação de sustentabilidade na Escola Municipal Medalhista Olímpico Diego Hypólito/ Reprodução: Manoela Oliveira

As tampinhas de garrafas e os lacres de latinha recolhidos são destinados a One By One, porém o óleo de cozinha e o lixo eletrônico são vendidos para outras empresas, de acordo com João Marcos. Ele ressalta que é importante trabalhar com as crianças, não somente as matérias do currículo escolar, mas também essas experiências que contribuem para uma educação integral. 

Serviço: 

ECO Mercado

Local: R. Cantor Emílio Santiago, 117-119 – Campo Grande, Rio de Janeiro.

Horário: Segunda a sexta-feira – 09:00 às 17:00

Sábado – 10:00 às 15:00 

One By One (Solicitar a cadeira de rodas) 

E-mail: contato@onebyone.org.br

Telefone: 21 99563-4001

Confira os pontos de coleta 

“A Substância” traz Demi Moore em um dos melhores filmes de terror do ano

"A Substância" traz Demi Moore em um dos melhores filmes de terror do ano

O filme da diretora Coralie Fargeat critica a indústria do entretenimento com muito sangue e violência

Por: Vinícius Rodrigues

“A Substância” é o segundo filme dirigido pela diretora Coralie Fargeat, que antes estreou em “Vingança”, de 2018, e ambos filmes têm a mesma pauta: o feminismo. A diretora utiliza a temática muito bem, pois, em seu primeiro filme “Vingança”, a protagonista precisa sobreviver no deserto lutando contra homens que matam mulheres por prazer, e ela entrega um filme de vingança padrão. Porém, em “A Substância”, ela chega em seu ápice: um filme de terror que discute temas sociais, como etarismo feminino na indústria da beleza, do entretenimento, e todo machismo que permeia nos bastidores desses temas, e tudo isso recheado de muito sangue e violência ao extremo.

“A Substância” conta a história de Elizabeth Sparkle, uma apresentadora de meia-idade de um programa de dança fitness na TV que, apesar de ter uma carreira de sucesso, não está muito satisfeita com sua imagem. Tudo vai por água abaixo quando ela descobre que será demitida e substituída por uma atriz com metade de sua idade. Diante disso, ela recebe uma proposta de um medicamento que pretende trazer “a melhor versão dela mesma”, e ao invés de ajudar, o remédio só piora a vida da atriz.

Demi Moore, atriz imortalizada no filme “Ghost”, de 1990, interpreta a protagonista com maestria, pois ela mostra toda fragilidade que a personagem necessita: uma mulher na casa dos seus 50 anos, sendo rejeitada pela mídia, que se odeia quando olha no espelho. A diretora, responsável por roteirizar e produzir o longa, ilustra bem quem são os vilões que agem atrás das cortinas e perpetuam todo o imaginário negativo de milhares de mulheres ao redor do mundo: homens idosos, ricos e brancos. Porque, enquanto a protagonista é tirada do seu cargo por estar “velha” de mais para o papel, são esses os homens que comandam essa indústria de imagem e entretenimento.

A “substância” do título do filme, chega e piora tudo de vez, pois, ao tomar o medicamento injetável, Elizabeth precisa dar espaço a sua segunda versão, “uma versão melhor dela mesma”.  Ela, por sua vez, é uma mulher com metade de sua idade, jovem, magra e “perfeita”, interpretada pela atriz Margaret Qualley, do recente “Tipos de Gentileza”, que encanta com toda a beleza e jovialidade que a personagem precisa. A sequência que mostra a versão mais nova da personagem saindo de dentro dela mesma é uma das mais nojentas e bem feitas no cinema nos últimos anos.

O trabalho de maquiagem e efeitos especiais do filme é impecável! No filme há cenas de membros expostos, corpos em deterioração, regados com muito sangue, chegando no terror trash e body horror: que se caracteriza pelo grotesco e mudanças corporais ao extremo, e um grande exemplo desse tema é o filme “A Mosca”, de 1986, onde o protagonista se transforma numa mosca. Outro feito da diretora é não economizar nos ótimos planos detalhes, desde os mais simples, num remédio efervescendo num copo com água, ao mais repulsante take de uma agulhada num ferimento horroroso. Cabe ressaltar também aos expectadores mais atentos, o filme parece referenciar e homenagear alguns clássicos do gênero, como “O Exorcista” de 1973, “O Iluminado”, de 1980 e “O Enigma de Outro Mundo”, de 1982.

No fim de mais de 2 horas de duração, “A Substância” entrega um dos melhores filmes de terror do ano, mesmo pecando na repetição em algumas cenas de dança, que exploram os “corpos perfeitos” dos atores jovens, mas deixa críticas sociais pontuais, com cenas recheadas de gore, violência e sangue, que irão fazer os desavisados tamparem os olhos. 

UERJVIU: 4/5 estrelas

Amarelo o ano todo: conscientização da saúde mental não deve ser apenas em setembro

Amarelo o ano todo: conscientização da saúde mental não deve ser apenas em setembro

Professora do Instituto de Psicologia aborda as estratégias de prevenção ao suicídio 

Por: Manoela Oliveira

Legenda: Campanha do Setembro Amarelo / Imagem: IStock

Setembro Amarelo é uma iniciativa de prevenção ao suicídio, estimulando discussões sobre a promoção da saúde mental no Brasil e a diminuição de estigmas relacionados às doenças mentais. Hoje (10), com o lema “Se precisar, peça ajuda!”, marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Porém, apesar de ser importante ter um mês de conscientização, é crucial que essas campanhas ocorram ao longo do ano, afirma Vanessa Barbosa, professora do Instituto de Psicologia (IP/Uerj) e coordenadora do NuDERI (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Desenvolvimento Humano e Relações Interpessoais).

A professora explica que a campanha do Setembro Amarelo iniciou com a proposta de educar e informar sobre questões de saúde mental, mas, com o passar dos anos, surgiu uma tendência em focar as ações apenas neste mês. “Setembro é um mês para sensibilizar algo que deveria ser feito ao longo do ano todo”, acrescenta Vanessa. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, foram registrados 16.025 suicídios em 2023. 

Legenda: 10 estados brasileiros com os maiores números de suicídio em 2023 / Gráfico interativo: Manoela Oliveira, com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024

No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, indica um estudo da Fiocruz publicado na revista científica The Lancet. Para Vanessa, alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento de comportamentos suicidas e autolesivos como: ter baixa situação econômica, problemas familiares, estar em situação de vulnerabilidade social, pertencer à comunidade LGBTQIA + ou grupos étnicos raciais minoritários. A pesquisa da Fiocruz aponta que as maiores taxas de suicídio e notificações de automutilação foram encontradas na população indígena, sugerindo haver barreiras que impendem o acesso à saúde mental. 

Uma dessas barreiras é a estigmatização das doenças mentais existentes no Brasil, sendo essencial o incentivo às campanhas de conscientização nas escolas ao longo do ano todo, não somente em setembro, reforça Vanessa. A professora também citou a falta de profissionais de psicologia qualificados nas instituições educacionais para instruir os alunos no encaminhamento de ajuda psicológica e médica, evitando os casos de suicídio e automutilação. 

Prevenção contra o suicídio 

Jovens e adolescentes podem apresentar sinais que indicam um comportamento suicida, como o aumento da irritabilidade, o isolamento, o distanciamento, condutas autolesivas e dizer, por exemplo, que a vida não tem mais sentido. É necessário investir em profissionais especializados em saúde mental, melhorar os serviços de saúde pública e fazer atividades nas escolas, afirma Vanessa.

Legenda: Campanha do Setembro Amarelo / Imagem: Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro

O Centro de Valorização da Vida (CVV), em colaboração com o Sistema Único de Saúde (SUS), oferece apoio emocional por meio de um atendimento disponível 24 horas por dia, durante todos os dias da semana. As ligações são gratuitas e podem ser feitas pelo número 188. Além disso, o serviço também está acessível via chat ou e-mail. O CVV conta com um site onde é possível consultar os postos de atendimento em todo o Brasil, caso alguém precise de ajuda.

“Os Fantasmas Ainda se Divertem” convence como sequência e diverte tanto quanto o clássico anterior

"Os Fantasmas Ainda se Divertem" convence como sequência e diverte tanto quanto o clássico anterior

Filme é continuação do clássico dos anos 80, “Os Fantasmas se Divertem”, dirigido por Tim Burton

Por: Vinícius Rodrigues

Besouro Suco, Besouro Suco… Besouro Suco! “Os Fantasmas Ainda se Divertem”,  o novo filme do diretor Tim Burton, estreia  hoje (5) nos cinemas brasileiros, tem classificação de 14 anos e 1h38 de duração. E já avisamos que vocês vão se divertir tanto quanto no filme anterior!

Após 36 anos desde o lançamento do filme “Os Fantasmas se Divertem”, que foi reprisado diversas vezes na “Sessão da Tarde”, da TV Globo, chega aos cinemas o novo capítulo da história do personagem irreverente “Beetlejuice”, ou “Besouro Suco”: “Os Fantasmas Ainda se Divertem”. No novo filme, o Besouro Suco, ganha um novo cargo no mundo dos mortos, e comanda um setor burocrático e tem vários subordinados ao seu dispor. Quem também retorna é o amor antigo do Besouro, Lydia Deetz, que, no primeiro filme, era uma adolescente gótica, que parecia estar morta no mundo dos vivos. No “Os Fantasmas Ainda se Divertem”, ela é uma mulher madura, apresentadora de um programa de terror na TV e tem até uma filha adolescente, Astrid Deetz. A mãe de Lydia também volta à nova aventura e agora é uma renomada artesã.

Na nova trama, tem-se uma exploração do mundo dos mortos não vista no filme original, com o elenco novo de coadjuvantes, que aparecem poucas vezes, mas essas poucas vezes são carregadas pelo carisma dos mesmos: Willem Dafoe faz um cênico chefe de polícia do submundo e Monica Beluche interpreta a vilã do longa, uma estilosa ex-amada do Besouro Suco que acorda dos confins dos mortos com sede de vingança. Quem também rouba cena é a atriz Catherine O’Hara, interprete de Delia, mãe de Lydia, que está mais cínica do que nunca e arranca boas risadas, já sua filha, Lydia, interpretada por Winona Ryder, com a chegada da idade, aparenta estar de bem com o mundo dos humanos, e sua filha, Astrid, é feita por Jenna Ortega, conhecida pela série da Netflix, “Wandinha”, entrega uma personagem bem apagada, que poderia ser interpretada por qualquer outra atriz que não faria a menor diferença, por último, mas não menos importante: o Besouro Suco parece estar um “pouquinho” mais contido, mas Michael Keaton parece não ter envelhecido sob a maquiagem do personagem no rosto, e nos diverte. E muito.

Tim Burton traz de volta o seu submundo peculiar, que só poderia ter saído da mente do próprio, conhecido por filmes góticos, obscuros e esquisitos, requisitos que o tornaram um grande e amado diretor pelos cinéfilos. O filme é composto por diversos cenários práticos do mundo inferior, com iluminação colorida, com cores vivas, ora escuras e densas, mas agora conta com efeitos computadorizados, os quais são quase imperceptíveis, em comparação com os filmes atuais, que fazem do cinema um jogo de videogame. A maquiagem é mais um acerto, e assim como no filme anterior, seu uso se justifica para mostrar a inventividade de seus autores: personagens que tiveram grandes danos quando mortos, sejam mordidos ao meio por um tubarão, ou esquartejados.

Quando “Os Fantasmas Ainda se Divertem” termina, a sensação que fica é que Tim Burton entrega um filme bem-humorado, divertido, cantante, cartunesco, com um elenco que não tem medo de brincar em cena. Mesmo que o filme demore a engrenar no começo, ele acaba servindo como uma boa sequência do clássico de 1988, e traz até mesmo um vislumbre dos tempos de vivo do Besouro Suco.

UERJVIU: 3,5/5 estrelas

“A biblioteca da meia-noite” e a saúde mental: como a literatura de Matt Haig nos faz pensar sobre a valorização da vida

“A biblioteca da meia-noite” e a saúde mental: como a literatura de Matt Haig nos faz pensar sobre a valorização da vida

Por: Maria Eduarda Galdino

Capa do livro “A biblioteca da meia-noite” de Matt Haig

 

“Enquanto estamos vivos, carregamos em nós um futuro de possibilidades”, essa é uma das frases impactantes no livro “A biblioteca da meia-noite” de Matt Haig. A obra gira em torno da vida de Nora Seed, uma mulher de 35 anos que vive inúmeras frustrações em relação a sua carreira, familiares, relacionamentos amorosos e que lida com a depressão. 

Após perder seu emprego, seu gato e ter sido ignorada por parentes e amigos em consequência de suas decisões passadas, Nora se frustrou a ponto de querer adiantar seu encontro com a morte. Enquanto dava fim a sua vida, Nora se deparou em uma biblioteca mágica que fica entre a vida e a morte, onde cada estante possui um livro que a transporta para uma vida cujo ela toma uma decisão diferente da sua atual.

Depois de viver diversas vidas na biblioteca, Nora percebeu que em cada uma delas acontece algo melhor do que na sua vida atual, mas que também não se encontra ilesa de momentos tristes, inesperados e negativos, como na vida na qual ela consegue se tornar famosa e rica, mas perde uma pessoa que ama. Esses episódios a fazem perceber que a tristeza faz parte da vida, não importa qual das versões ela escolha, Nora aprende que o que realmente importa é como ela escolhe lidar com essas situações que frustram e abalam a saúde mental.

“A vida é uma jornada, não um destino. Não importa onde você esteja agora, o importante é continuar caminhando”. No fim, Nora conclui que ela não viveu uma boa vida porque não decidiu ser feliz apesar dos obstáculos e das más escolhas, que sua vida não é perfeita e nunca irá ser, então ela escolhe voltar para sua vida atual e ter um novo recomeço, um encontro com a felicidade.

A obra ficcional de Matt Haig serve de grande aprendizado quando pensamos sobre dar valor a nossas vidas. O escritor já revelou em diversas entrevistas que já esteve em estados críticos em relação a sua saúde mental, lidando com a depressão e crises de pânico e que ele gostaria de ter tido um livro que lida com a depressão de forma esperançosa, como “A biblioteca da meia-noite”.

No Brasil, o Centro de Valorização à Vida (CVV) é um serviço de apoio psicológico e prevenção ao suicídio. O atendimento é 24 horas pelo telefone 188 

“Hellboy e o Homem Torto” faz filme anterior parecer uma obra de arte

"Hellboy e o Homem Torto" faz filme anterior parecer uma obra de arte

Nova adaptação do diabão vermelho das “hqs” para o cinema consegue ser pior que o filme anterior

Por: Vinícius Rodrigues

Neste novo capítulo da história do irreverente personagem que veio do mundo das histórias em quadrinhos, Hellboy precisa enfrentar seus medos internos e um mal ainda maior: o Homem Torto, uma espécie de ser trevas que coleciona almas no seu bolso.

O filme já começa com uma sequência de ação num trem em movimento, e constata-se ser um longa de baixo orçamento, porque os defeitos especiais, quer dizer, os efeitos especiais são abaixo do esperado para uma produção do diabão vermelho. A sequência ainda envolve um monstro que hora está bem feito, hora está mal feito, fora outros detalhes perceptíveis da cena, que implora por bons visuais, mas que nunca chega.

Antes os problemas eram só esses, mas não para por aí. O visual do novo Hellboy, interinterpretado pelo ator Jack Kesy, é legal e descolado, como pede o personagem. Ele faz tudo o que pode em cena, mas entrega um personagem mais insosso e sem graça até agora, pois as poucas piadas que o personagem solta pelo filme são piores que as do tio do pavê do Natal. O filme tem que ser menos engraçado, porque agora temos uma história de terror, com direito a bruxas e o Homem Torto do título, mas este último só aparecerá no final do filme, garantindo boas cenas para a nova atmosfera da história.

O elenco coadjuvante também fica aquém do esperado, com a atriz Adeline Rudolph, que também faz o possível para entregar carisma com o pouco que tem, e o ator Jefferson White, que faz uma espécie de bruxo do bem que está à procura da família. O único rosto mais conhecido do elenco é do ator Joseph Marcell, imortalizado como o mordomo Geoffrey, da série “Um maluco no pedaço”, que faz um padre.

No fim, “Hellboy e o Homem Torto” não funciona como comédia, não funciona como terror, e quem deseja assistir cenas de ação, só tem uma, na abertura do filme, e outras duas no meio e no fim, e nem são tão boas, resultando assim, num filme bem arrastado, que parece não ter fim, e com uma história confusa.

A dica que fica é: melhor rever os filmes anteriores, principalmente o tão criticado negativamente anterior “Hellboy”, de 2019, porque pelo menos entregava um elenco na medida, boas sequências de ação com ótimos efeitos visuais, num filme com um bom ritmo, mesmo sendo inferior às adaptações de Guillermo del Toro, com o perfeito Ron Perlman na pele do protagonista, do que ver este novo filme nos cinemas.

Porém, para aqueles que querem ver para tirar suas próprias conclusões, o filme estreia esta semana nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (5), tem classificação de 16 anos e tem 1h39 de duração.

UERJVIU: 2/5 estrelas

Orkut, a rede social sucesso da internet no Brasil nos anos 2000, volta em breve, garante criador Orkut Buyukkokten na Rio Innovation Week

Orkut, a rede social sucesso da internet no Brasil nos anos 2000, volta em breve, garante criador Orkut Buyukkokten na Rio Innovation Week

 

Revelação foi no evento de tecnologia e inovação Rio Innovation Week, mas sem data para retorno

Por: Vinícius Rodrigues

Fernando Souza/RIW/Divulgação

Anotar o e-mail de alguém para depois adicionar como amigo, caprichar no texto do perfil, tirar aquela foto que você nem sabia que era uma “selfie” para postar na sua galeria, mandar um “scrap”, entrar naquela comunidade que você adorava e ler os depoimentos dos seus amigos, tudo isso era possível no pai das redes sociais: o Orkut, sucesso da internet nos anos 2000, e que pode voltar em breve, alerta o seu criador, Orkut Buyukkokten.

Foi no evento de tecnologia e inovação Rio Innovation Week, que ocorreu de 13 a 16 de agosto de 2024, no Píer Mauá, zona central do Rio de Janeiro, que o dono de uma das redes sociais mais nostálgicas de todos os tempos, revelou que pretende trazê-la de volta em breve, mas sem data para o projeto acontecer.

“As redes sociais se transformaram em mídia social. Em vez de conectar pessoas, criar comunidades, é sobre profissionais de marketing, corporações e influenciadores. E como todo mundo, eu adoraria que o Orkut voltasse em breve”, disse o fundador da rede, ao G1, da Globo.com.

Já para o professor da Faculdade de Comunicação Social (FCS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Vinicius Andrade Pereira, a volta da rede, apostando no sucesso e nostalgia do passado não garante sua promoção nos dias atuais:

“Não é só por conta da questão da familiaridade, do grupo que você já se relaciona, mas também pela facilidade que você tem de manuseio da tecnologia. Pois, quando você usa um aplicativo, uma plataforma como o Instagram, Facebook, ou mesmo o YouTube, você já sabe os recursos, você sabe onde estão as ferramentas. Isso é uma relação cognitiva. E as perceptivas que se tem com a ferramenta que faz com que você fique acomodado, de uma maneira geral. E essas são as dificuldades que as pessoas têm em abraçar uma nova tecnologia, uma certa acomodação cognitiva e sensorial, um certo conforto”.

Orkut foi sucesso no Brasil nos anos 2000

Nos meados dos anos 2000, em janeiro de 2004, começava a história da rede social pioneira no Brasil, mas só no ano seguinte uma versão em português do nosso país chegaria ao site amado pelos brasileiros.

O nome Orkut vem do próprio desenvolvedor chefe, o turco Orkut Buyukkokten, que criou a rede social em parceria com a empresa de tecnologia norte-americana Google Inc.

A rede social foi um sucesso na internet no Brasil, que chegou a ter mais de 29 milhões de usuários, estimativa de agosto de 2011. Em seguida, a Índia dominava o pódio com a maioria dos usuários cadastrados, e em terceiro lugar, os Estados Unidos.

O Orkut deixou um legado de nostalgia, que ia desde adicionar amigos, tirar uma foto bacana para colocar no perfil, deixar aquele “textão” afetivo, os famosos “depoimentos” para amigos, familiares, ou aquela paquera. Mas bom mesmo eram as famosas “comunidades”, com seus fóruns de discussão, e até enquetes.

E uma das comunidades de maior sucesso do Orkut, que mais ilustrava um dos principais dilemas da vida de qualquer um: “Eu odeio acordar cedo”, que contou com mais de 6 milhões de membros, e tinha a foto de perfil do personagem de desenho animado Garfield deitado, enrolado no cobertor e parando um despertador. Nada mais ilustrativo, não é mesmo?

Para o técnico em edificações Jorge Rodrigues, que era adolescente no começo do sucesso do Orkut, mandar scraps e depoimentos para os amigos era divertido: “Entre as boas recordações, eu lembro dos depoimentos sobre as outras pessoas, do que você achava delas, dos scraps também, e das minhas fotos que foram perdidas quando foi desativado o Orkut”.

O Orkut chegou ao fim dez anos depois de sua criação: em setembro de 2014. Na época, outra rede social dominava o número de usuários: o Facebook.

Essa matéria matou saudades, não é mesmo? Agora é só aguardar a nova versão, e aguardemos que seja tão boa e duradoura quanto a anterior.