“A Substância” traz Demi Moore em um dos melhores filmes de terror do ano

"A Substância" traz Demi Moore em um dos melhores filmes de terror do ano

O filme da diretora Coralie Fargeat critica a indústria do entretenimento com muito sangue e violência

Por: Vinícius Rodrigues

“A Substância” é o segundo filme dirigido pela diretora Coralie Fargeat, que antes estreou em “Vingança”, de 2018, e ambos filmes têm a mesma pauta: o feminismo. A diretora utiliza a temática muito bem, pois, em seu primeiro filme “Vingança”, a protagonista precisa sobreviver no deserto lutando contra homens que matam mulheres por prazer, e ela entrega um filme de vingança padrão. Porém, em “A Substância”, ela chega em seu ápice: um filme de terror que discute temas sociais, como etarismo feminino na indústria da beleza, do entretenimento, e todo machismo que permeia nos bastidores desses temas, e tudo isso recheado de muito sangue e violência ao extremo.

“A Substância” conta a história de Elizabeth Sparkle, uma apresentadora de meia-idade de um programa de dança fitness na TV que, apesar de ter uma carreira de sucesso, não está muito satisfeita com sua imagem. Tudo vai por água abaixo quando ela descobre que será demitida e substituída por uma atriz com metade de sua idade. Diante disso, ela recebe uma proposta de um medicamento que pretende trazer “a melhor versão dela mesma”, e ao invés de ajudar, o remédio só piora a vida da atriz.

Demi Moore, atriz imortalizada no filme “Ghost”, de 1990, interpreta a protagonista com maestria, pois ela mostra toda fragilidade que a personagem necessita: uma mulher na casa dos seus 50 anos, sendo rejeitada pela mídia, que se odeia quando olha no espelho. A diretora, responsável por roteirizar e produzir o longa, ilustra bem quem são os vilões que agem atrás das cortinas e perpetuam todo o imaginário negativo de milhares de mulheres ao redor do mundo: homens idosos, ricos e brancos. Porque, enquanto a protagonista é tirada do seu cargo por estar “velha” de mais para o papel, são esses os homens que comandam essa indústria de imagem e entretenimento.

A “substância” do título do filme, chega e piora tudo de vez, pois, ao tomar o medicamento injetável, Elizabeth precisa dar espaço a sua segunda versão, “uma versão melhor dela mesma”.  Ela, por sua vez, é uma mulher com metade de sua idade, jovem, magra e “perfeita”, interpretada pela atriz Margaret Qualley, do recente “Tipos de Gentileza”, que encanta com toda a beleza e jovialidade que a personagem precisa. A sequência que mostra a versão mais nova da personagem saindo de dentro dela mesma é uma das mais nojentas e bem feitas no cinema nos últimos anos.

O trabalho de maquiagem e efeitos especiais do filme é impecável! No filme há cenas de membros expostos, corpos em deterioração, regados com muito sangue, chegando no terror trash e body horror: que se caracteriza pelo grotesco e mudanças corporais ao extremo, e um grande exemplo desse tema é o filme “A Mosca”, de 1986, onde o protagonista se transforma numa mosca. Outro feito da diretora é não economizar nos ótimos planos detalhes, desde os mais simples, num remédio efervescendo num copo com água, ao mais repulsante take de uma agulhada num ferimento horroroso. Cabe ressaltar também aos expectadores mais atentos, o filme parece referenciar e homenagear alguns clássicos do gênero, como “O Exorcista” de 1973, “O Iluminado”, de 1980 e “O Enigma de Outro Mundo”, de 1982.

No fim de mais de 2 horas de duração, “A Substância” entrega um dos melhores filmes de terror do ano, mesmo pecando na repetição em algumas cenas de dança, que exploram os “corpos perfeitos” dos atores jovens, mas deixa críticas sociais pontuais, com cenas recheadas de gore, violência e sangue, que irão fazer os desavisados tamparem os olhos. 

UERJVIU: 4/5 estrelas

Amarelo o ano todo: conscientização da saúde mental não deve ser apenas em setembro

Amarelo o ano todo: conscientização da saúde mental não deve ser apenas em setembro

Professora do Instituto de Psicologia aborda as estratégias de prevenção ao suicídio 

Por: Manoela Oliveira

Legenda: Campanha do Setembro Amarelo / Imagem: IStock

Setembro Amarelo é uma iniciativa de prevenção ao suicídio, estimulando discussões sobre a promoção da saúde mental no Brasil e a diminuição de estigmas relacionados às doenças mentais. Hoje (10), com o lema “Se precisar, peça ajuda!”, marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Porém, apesar de ser importante ter um mês de conscientização, é crucial que essas campanhas ocorram ao longo do ano, afirma Vanessa Barbosa, professora do Instituto de Psicologia (IP/Uerj) e coordenadora do NuDERI (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Desenvolvimento Humano e Relações Interpessoais).

A professora explica que a campanha do Setembro Amarelo iniciou com a proposta de educar e informar sobre questões de saúde mental, mas, com o passar dos anos, surgiu uma tendência em focar as ações apenas neste mês. “Setembro é um mês para sensibilizar algo que deveria ser feito ao longo do ano todo”, acrescenta Vanessa. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, foram registrados 16.025 suicídios em 2023. 

Legenda: 10 estados brasileiros com os maiores números de suicídio em 2023 / Gráfico interativo: Manoela Oliveira, com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024

No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, indica um estudo da Fiocruz publicado na revista científica The Lancet. Para Vanessa, alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento de comportamentos suicidas e autolesivos como: ter baixa situação econômica, problemas familiares, estar em situação de vulnerabilidade social, pertencer à comunidade LGBTQIA + ou grupos étnicos raciais minoritários. A pesquisa da Fiocruz aponta que as maiores taxas de suicídio e notificações de automutilação foram encontradas na população indígena, sugerindo haver barreiras que impendem o acesso à saúde mental. 

Uma dessas barreiras é a estigmatização das doenças mentais existentes no Brasil, sendo essencial o incentivo às campanhas de conscientização nas escolas ao longo do ano todo, não somente em setembro, reforça Vanessa. A professora também citou a falta de profissionais de psicologia qualificados nas instituições educacionais para instruir os alunos no encaminhamento de ajuda psicológica e médica, evitando os casos de suicídio e automutilação. 

Prevenção contra o suicídio 

Jovens e adolescentes podem apresentar sinais que indicam um comportamento suicida, como o aumento da irritabilidade, o isolamento, o distanciamento, condutas autolesivas e dizer, por exemplo, que a vida não tem mais sentido. É necessário investir em profissionais especializados em saúde mental, melhorar os serviços de saúde pública e fazer atividades nas escolas, afirma Vanessa.

Legenda: Campanha do Setembro Amarelo / Imagem: Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro

O Centro de Valorização da Vida (CVV), em colaboração com o Sistema Único de Saúde (SUS), oferece apoio emocional por meio de um atendimento disponível 24 horas por dia, durante todos os dias da semana. As ligações são gratuitas e podem ser feitas pelo número 188. Além disso, o serviço também está acessível via chat ou e-mail. O CVV conta com um site onde é possível consultar os postos de atendimento em todo o Brasil, caso alguém precise de ajuda.

“Os Fantasmas Ainda se Divertem” convence como sequência e diverte tanto quanto o clássico anterior

"Os Fantasmas Ainda se Divertem" convence como sequência e diverte tanto quanto o clássico anterior

Filme é continuação do clássico dos anos 80, “Os Fantasmas se Divertem”, dirigido por Tim Burton

Por: Vinícius Rodrigues

Besouro Suco, Besouro Suco… Besouro Suco! “Os Fantasmas Ainda se Divertem”,  o novo filme do diretor Tim Burton, estreia  hoje (5) nos cinemas brasileiros, tem classificação de 14 anos e 1h38 de duração. E já avisamos que vocês vão se divertir tanto quanto no filme anterior!

Após 36 anos desde o lançamento do filme “Os Fantasmas se Divertem”, que foi reprisado diversas vezes na “Sessão da Tarde”, da TV Globo, chega aos cinemas o novo capítulo da história do personagem irreverente “Beetlejuice”, ou “Besouro Suco”: “Os Fantasmas Ainda se Divertem”. No novo filme, o Besouro Suco, ganha um novo cargo no mundo dos mortos, e comanda um setor burocrático e tem vários subordinados ao seu dispor. Quem também retorna é o amor antigo do Besouro, Lydia Deetz, que, no primeiro filme, era uma adolescente gótica, que parecia estar morta no mundo dos vivos. No “Os Fantasmas Ainda se Divertem”, ela é uma mulher madura, apresentadora de um programa de terror na TV e tem até uma filha adolescente, Astrid Deetz. A mãe de Lydia também volta à nova aventura e agora é uma renomada artesã.

Na nova trama, tem-se uma exploração do mundo dos mortos não vista no filme original, com o elenco novo de coadjuvantes, que aparecem poucas vezes, mas essas poucas vezes são carregadas pelo carisma dos mesmos: Willem Dafoe faz um cênico chefe de polícia do submundo e Monica Beluche interpreta a vilã do longa, uma estilosa ex-amada do Besouro Suco que acorda dos confins dos mortos com sede de vingança. Quem também rouba cena é a atriz Catherine O’Hara, interprete de Delia, mãe de Lydia, que está mais cínica do que nunca e arranca boas risadas, já sua filha, Lydia, interpretada por Winona Ryder, com a chegada da idade, aparenta estar de bem com o mundo dos humanos, e sua filha, Astrid, é feita por Jenna Ortega, conhecida pela série da Netflix, “Wandinha”, entrega uma personagem bem apagada, que poderia ser interpretada por qualquer outra atriz que não faria a menor diferença, por último, mas não menos importante: o Besouro Suco parece estar um “pouquinho” mais contido, mas Michael Keaton parece não ter envelhecido sob a maquiagem do personagem no rosto, e nos diverte. E muito.

Tim Burton traz de volta o seu submundo peculiar, que só poderia ter saído da mente do próprio, conhecido por filmes góticos, obscuros e esquisitos, requisitos que o tornaram um grande e amado diretor pelos cinéfilos. O filme é composto por diversos cenários práticos do mundo inferior, com iluminação colorida, com cores vivas, ora escuras e densas, mas agora conta com efeitos computadorizados, os quais são quase imperceptíveis, em comparação com os filmes atuais, que fazem do cinema um jogo de videogame. A maquiagem é mais um acerto, e assim como no filme anterior, seu uso se justifica para mostrar a inventividade de seus autores: personagens que tiveram grandes danos quando mortos, sejam mordidos ao meio por um tubarão, ou esquartejados.

Quando “Os Fantasmas Ainda se Divertem” termina, a sensação que fica é que Tim Burton entrega um filme bem-humorado, divertido, cantante, cartunesco, com um elenco que não tem medo de brincar em cena. Mesmo que o filme demore a engrenar no começo, ele acaba servindo como uma boa sequência do clássico de 1988, e traz até mesmo um vislumbre dos tempos de vivo do Besouro Suco.

UERJVIU: 3,5/5 estrelas

“A biblioteca da meia-noite” e a saúde mental: como a literatura de Matt Haig nos faz pensar sobre a valorização da vida

“A biblioteca da meia-noite” e a saúde mental: como a literatura de Matt Haig nos faz pensar sobre a valorização da vida

Por: Maria Eduarda Galdino

Capa do livro “A biblioteca da meia-noite” de Matt Haig

 

“Enquanto estamos vivos, carregamos em nós um futuro de possibilidades”, essa é uma das frases impactantes no livro “A biblioteca da meia-noite” de Matt Haig. A obra gira em torno da vida de Nora Seed, uma mulher de 35 anos que vive inúmeras frustrações em relação a sua carreira, familiares, relacionamentos amorosos e que lida com a depressão. 

Após perder seu emprego, seu gato e ter sido ignorada por parentes e amigos em consequência de suas decisões passadas, Nora se frustrou a ponto de querer adiantar seu encontro com a morte. Enquanto dava fim a sua vida, Nora se deparou em uma biblioteca mágica que fica entre a vida e a morte, onde cada estante possui um livro que a transporta para uma vida cujo ela toma uma decisão diferente da sua atual.

Depois de viver diversas vidas na biblioteca, Nora percebeu que em cada uma delas acontece algo melhor do que na sua vida atual, mas que também não se encontra ilesa de momentos tristes, inesperados e negativos, como na vida na qual ela consegue se tornar famosa e rica, mas perde uma pessoa que ama. Esses episódios a fazem perceber que a tristeza faz parte da vida, não importa qual das versões ela escolha, Nora aprende que o que realmente importa é como ela escolhe lidar com essas situações que frustram e abalam a saúde mental.

“A vida é uma jornada, não um destino. Não importa onde você esteja agora, o importante é continuar caminhando”. No fim, Nora conclui que ela não viveu uma boa vida porque não decidiu ser feliz apesar dos obstáculos e das más escolhas, que sua vida não é perfeita e nunca irá ser, então ela escolhe voltar para sua vida atual e ter um novo recomeço, um encontro com a felicidade.

A obra ficcional de Matt Haig serve de grande aprendizado quando pensamos sobre dar valor a nossas vidas. O escritor já revelou em diversas entrevistas que já esteve em estados críticos em relação a sua saúde mental, lidando com a depressão e crises de pânico e que ele gostaria de ter tido um livro que lida com a depressão de forma esperançosa, como “A biblioteca da meia-noite”.

No Brasil, o Centro de Valorização à Vida (CVV) é um serviço de apoio psicológico e prevenção ao suicídio. O atendimento é 24 horas pelo telefone 188 

“Hellboy e o Homem Torto” faz filme anterior parecer uma obra de arte

"Hellboy e o Homem Torto" faz filme anterior parecer uma obra de arte

Nova adaptação do diabão vermelho das “hqs” para o cinema consegue ser pior que o filme anterior

Por: Vinícius Rodrigues

Neste novo capítulo da história do irreverente personagem que veio do mundo das histórias em quadrinhos, Hellboy precisa enfrentar seus medos internos e um mal ainda maior: o Homem Torto, uma espécie de ser trevas que coleciona almas no seu bolso.

O filme já começa com uma sequência de ação num trem em movimento, e constata-se ser um longa de baixo orçamento, porque os defeitos especiais, quer dizer, os efeitos especiais são abaixo do esperado para uma produção do diabão vermelho. A sequência ainda envolve um monstro que hora está bem feito, hora está mal feito, fora outros detalhes perceptíveis da cena, que implora por bons visuais, mas que nunca chega.

Antes os problemas eram só esses, mas não para por aí. O visual do novo Hellboy, interinterpretado pelo ator Jack Kesy, é legal e descolado, como pede o personagem. Ele faz tudo o que pode em cena, mas entrega um personagem mais insosso e sem graça até agora, pois as poucas piadas que o personagem solta pelo filme são piores que as do tio do pavê do Natal. O filme tem que ser menos engraçado, porque agora temos uma história de terror, com direito a bruxas e o Homem Torto do título, mas este último só aparecerá no final do filme, garantindo boas cenas para a nova atmosfera da história.

O elenco coadjuvante também fica aquém do esperado, com a atriz Adeline Rudolph, que também faz o possível para entregar carisma com o pouco que tem, e o ator Jefferson White, que faz uma espécie de bruxo do bem que está à procura da família. O único rosto mais conhecido do elenco é do ator Joseph Marcell, imortalizado como o mordomo Geoffrey, da série “Um maluco no pedaço”, que faz um padre.

No fim, “Hellboy e o Homem Torto” não funciona como comédia, não funciona como terror, e quem deseja assistir cenas de ação, só tem uma, na abertura do filme, e outras duas no meio e no fim, e nem são tão boas, resultando assim, num filme bem arrastado, que parece não ter fim, e com uma história confusa.

A dica que fica é: melhor rever os filmes anteriores, principalmente o tão criticado negativamente anterior “Hellboy”, de 2019, porque pelo menos entregava um elenco na medida, boas sequências de ação com ótimos efeitos visuais, num filme com um bom ritmo, mesmo sendo inferior às adaptações de Guillermo del Toro, com o perfeito Ron Perlman na pele do protagonista, do que ver este novo filme nos cinemas.

Porém, para aqueles que querem ver para tirar suas próprias conclusões, o filme estreia esta semana nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (5), tem classificação de 16 anos e tem 1h39 de duração.

UERJVIU: 2/5 estrelas

Orkut, a rede social sucesso da internet no Brasil nos anos 2000, volta em breve, garante criador Orkut Buyukkokten na Rio Innovation Week

Orkut, a rede social sucesso da internet no Brasil nos anos 2000, volta em breve, garante criador Orkut Buyukkokten na Rio Innovation Week

 

Revelação foi no evento de tecnologia e inovação Rio Innovation Week, mas sem data para retorno

Por: Vinícius Rodrigues

Fernando Souza/RIW/Divulgação

Anotar o e-mail de alguém para depois adicionar como amigo, caprichar no texto do perfil, tirar aquela foto que você nem sabia que era uma “selfie” para postar na sua galeria, mandar um “scrap”, entrar naquela comunidade que você adorava e ler os depoimentos dos seus amigos, tudo isso era possível no pai das redes sociais: o Orkut, sucesso da internet nos anos 2000, e que pode voltar em breve, alerta o seu criador, Orkut Buyukkokten.

Foi no evento de tecnologia e inovação Rio Innovation Week, que ocorreu de 13 a 16 de agosto de 2024, no Píer Mauá, zona central do Rio de Janeiro, que o dono de uma das redes sociais mais nostálgicas de todos os tempos, revelou que pretende trazê-la de volta em breve, mas sem data para o projeto acontecer.

“As redes sociais se transformaram em mídia social. Em vez de conectar pessoas, criar comunidades, é sobre profissionais de marketing, corporações e influenciadores. E como todo mundo, eu adoraria que o Orkut voltasse em breve”, disse o fundador da rede, ao G1, da Globo.com.

Já para o professor da Faculdade de Comunicação Social (FCS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Vinicius Andrade Pereira, a volta da rede, apostando no sucesso e nostalgia do passado não garante sua promoção nos dias atuais:

“Não é só por conta da questão da familiaridade, do grupo que você já se relaciona, mas também pela facilidade que você tem de manuseio da tecnologia. Pois, quando você usa um aplicativo, uma plataforma como o Instagram, Facebook, ou mesmo o YouTube, você já sabe os recursos, você sabe onde estão as ferramentas. Isso é uma relação cognitiva. E as perceptivas que se tem com a ferramenta que faz com que você fique acomodado, de uma maneira geral. E essas são as dificuldades que as pessoas têm em abraçar uma nova tecnologia, uma certa acomodação cognitiva e sensorial, um certo conforto”.

Orkut foi sucesso no Brasil nos anos 2000

Nos meados dos anos 2000, em janeiro de 2004, começava a história da rede social pioneira no Brasil, mas só no ano seguinte uma versão em português do nosso país chegaria ao site amado pelos brasileiros.

O nome Orkut vem do próprio desenvolvedor chefe, o turco Orkut Buyukkokten, que criou a rede social em parceria com a empresa de tecnologia norte-americana Google Inc.

A rede social foi um sucesso na internet no Brasil, que chegou a ter mais de 29 milhões de usuários, estimativa de agosto de 2011. Em seguida, a Índia dominava o pódio com a maioria dos usuários cadastrados, e em terceiro lugar, os Estados Unidos.

O Orkut deixou um legado de nostalgia, que ia desde adicionar amigos, tirar uma foto bacana para colocar no perfil, deixar aquele “textão” afetivo, os famosos “depoimentos” para amigos, familiares, ou aquela paquera. Mas bom mesmo eram as famosas “comunidades”, com seus fóruns de discussão, e até enquetes.

E uma das comunidades de maior sucesso do Orkut, que mais ilustrava um dos principais dilemas da vida de qualquer um: “Eu odeio acordar cedo”, que contou com mais de 6 milhões de membros, e tinha a foto de perfil do personagem de desenho animado Garfield deitado, enrolado no cobertor e parando um despertador. Nada mais ilustrativo, não é mesmo?

Para o técnico em edificações Jorge Rodrigues, que era adolescente no começo do sucesso do Orkut, mandar scraps e depoimentos para os amigos era divertido: “Entre as boas recordações, eu lembro dos depoimentos sobre as outras pessoas, do que você achava delas, dos scraps também, e das minhas fotos que foram perdidas quando foi desativado o Orkut”.

O Orkut chegou ao fim dez anos depois de sua criação: em setembro de 2014. Na época, outra rede social dominava o número de usuários: o Facebook.

Essa matéria matou saudades, não é mesmo? Agora é só aguardar a nova versão, e aguardemos que seja tão boa e duradoura quanto a anterior.

“Kinds of Kindness” ou “Tipos de Gentileza” leva a virtude do título ao extremo

"Kinds of Kindness" ou "Tipos de Gentileza" leva a virtude do título ao extremo

Emma Stone retorna em nova parceria com o diretor Yorgos Lanthimos, que lhe rendeu um Oscar de melhor atriz no anterior “Pobres criaturas” de 2023.

Por: Vinicius Rodrigues

O novo filme do premiado diretor Yorgos Lanthimos, “Kinds of Kindness” ou “Tipos de Gentileza” segue três histórias diferentes em quase 3h de duração, em capítulos, explorando o mesmo elenco e algumas se entrelaçando, num drama nada convencional, estreia esta semana nos cinemas brasileiros, no dia 22 de outubro e tem classificação de 18 anos.

O elenco do longa é repleto de nomes de peso de Hollywood como Emma Stone, que ganhou o Oscar de melhor atriz com a parceira anterior do diretor Yorgos Lanthimos, em “Pobres Criaturas”, de 2023, Willem Dafoe, quatro vezes indicado ao Oscar, Hunter Schafer da série “Euphoria” e Hong Chau, também indicada ao Oscar por “A baleia” de 2022.

A primeira trama conta a história de um homem que vive pelos mandos e desmandos bizarros do chefe no trabalho, e o diretor explora a comédia do curta com as músicas escolhidas: na abertura toca “Sweet Dreams”, de Eurythmics, e os trechos da canção falam por si só sobre a trama: sobre os abusos e casa perfeitamente com os momentos que o protagonista vive, e termina com “How Deep Is Your Love”, do Bee Gees, depois de uma sequência de assassinato. A música também chega para ilustrar a situação atual dos personagens, sendo embolada por afetos, após um momento de provação humana para saber “quão fundo é o amor entre eles.”

Na segunda narrativa, conta a história de um policial que busca pela esposa desaparecida, mas quando ela retorna, não tem os mesmos costumes e parece que ela foi trocada com outra. Pois, se antes ela odiava chocolate, agora ela ama e o protagonista entra em conflito. Aqui temos cenas gráficas de mutilação, então fica o aviso aos expectadores mais sensíveis. 

E por fim, e não menos importante, temos a trama final de um casal que segue uma seita que envolve culto sexual a beber água da piscina com lagrimas dos charlatões.

As três tramas envolvem os “tipos de gentileza” que carregam no título, seja por uma esposa que a todo custo tenta se integrar ao cotidiano do marido que acha que ela é outra pessoa, e vai ao extremo para provar isso, ou um subordinado que comete crimes esperando receber aprovação do patrão.

Apesar das suas quase 3 horas de duração, o filme tem uma boa fruição, fazendo o expectador acostumado com este tipo de trama mergulhar na história que contém cenas de violência, canibalismo, mutilação e ironia com suas trilhas sonoras.

“Tipos de Gentileza” chega para agradar os cinéfilos que simpatizam com as tramas tradicionais do diretor, que exploram as degradações humanas, como em “Dente canino”, de 2009, “O Lagosta” de 2015 ou “O Sacrifício do cervo sagrado” de 2017, caso contrário, este filme não é para você.

UERJ VIU: 3/5 estrelas

Alien: Romulus: o alienígena está de volta para aterrorizar o espaço mais uma vez

Alien: Romulus: o alienígena está de volta para aterrorizar o espaço mais uma vez

O filme chega com grandes expectativas com a presença do diretor Fede Alvarez na direção 

Por: Vinicius Rodrigues

 

“Alien: Romulus” é a 9ª aparição do alienígena nos cinemas, iniciada com o filme “Alien”, protagonizado e imortalizado pela atriz Sigourney Weaver e o  filme anterior foi o decepcionante “Alien: Covenant”, de 2017. A produção “Alien: Romulus” estreia hoje (15) nos cinemas brasileiros, tem classificação de 16 anos e 1h59 de duração.

Em Romulus, um grupo de jovens trabalhadores infelizes com suas funções almejam trilhar suas vidas em lugar melhor do universo. Eles planejam roubar uma nave para ir à Yvaga, um lugar onde os personagens falam que poderiam ver e sentir o por do sol,  o que eles não esperavam era encontrar uma forma de vida na nave que iria por fim no destino ensolarado deles.

Um dos aspectos positivos do filme é o suspense, como na cena na qual a criatura que solta ácido pelos dentes surge e um personagem está preso no mesmo ambiente. Ou quando o grupo precisa correr por um corredor para chegar a uma porta, como se fosse uma cena da série “Maze Runner”, porém, eles enfrentam um mar de “facehuggers” ao longo do caminho, que saltam em direção às vítimas. Para quem não se lembra, facehugger é o estágio inicial do Alien em que ele eclode do ovo e pula em direção à cara da vítima.

Os efeitos especiais e os efeitos visuais do longa são de outro mundo, pois nos prendem em uma atmosfera claustrofóbica, sem saber o que está por vir. O Alien está mais assustador que nunca.

A química entre a protagonista Rain Carradine, interpretada por Cailee Spaeny do recente “Guerra civil”, que considera o robô Andy, feito pelo ator David Jonsson, “um irmão”, é bem convincente na tela, carregando o drama necessário que os dois protagonizam até chegar nos momentos finais do filme.

Já o resto do elenco é formado por atores desconhecidos, logo não há muita empatia com os seus personagens, nem desenvolvimento dos mesmos, então o que se espera a cada cena é que o Alien os encontre e faço o serviço bem feito para deleite do público. Falando em Alien, é inexistente uma grande ou marcante sequência de perseguição da criatura com as suas vítimas, dando a sensação de desperdício com o material que o diretor tinha em mãos.

O diretor deste novo filme é Fede Alvarez, que também comandou o ótimo remake sangrento do clássico trash dos anos 80 “A morte do demônio”, de 2013. Porém, em Romulus, constata-se que ele economizou nos litros de sangue cenográfico, pois as mortes dos personagens passam despercebidas em meio a uma fotografia escura e tensa, então se você espera um filme gore e que o Alien acabe com quem tropeça em seu caminho, não é aqui.

No fim, “Alien: Romulus” tem mais pontos positivos do que negativos, e entrega um filme à altura do alienígena mais aterrorizante do espaço, com um final que vai chocar os fãs, tanto quanto a cena final de “Prometheus”, de 2012.

UERJ VIU: 3,5/ 5 estrelas

 

Fazendeiros atacam com armas grupos indígenas no MS

Fazendeiros atacam com armas grupos indígenas no MS

Povo Kaiowá-Guarani foram alvo de tiros e vigilância de drones e caminhonetes 

Por: Beatriz Araujo e Manoela Oliveira

Chamada de apoio do povo Kaiowá-Guarani / Fonte: Instagram da Aty Guasu

Centenas de famílias indígenas Guarani Kaiowá têm sofrido ataques armados por fazendeiros e latifundiários após iniciarem a autodemarcação de seu tekoha (“lugar onde se é”, em guarani) no dia 13 de julho. O território, localizado em Douradina, Mato Grosso do Sul (MS), ocupa mais de 9 mil hectares, o equivalente a aproximadamente 35,3% da área total do município. A Assembleia Geral dos Povos Indígenas Guarani e Kaiowá, a Aty Guasu, tem denunciado a situação da comunidade nas redes sociais. Em imagens divulgadas por eles, fazendeiros aparecem ateando fogo no campo, atirando com foguetes e armas de fogo nos indígenas. Além da reivindicação pelo território ancestral, a retomada também visa cessar o despejo de agrotóxicos nas proximidades das residências e das nascentes utilizadas para o consumo de água pelos produtores rurais. 

A retomada denominada Pyaru Yvyajere reinvindica a Terra Indígena Panambi Lagoa Rica, reconhecida em 2011 pelo Governo Federal, mas aguarda desde então a homologação do processo demarcatório. “A gente esperou demais e nada de resposta, então, como comunidade, nós conversamos e chegamos à conclusão de fazer a autodemarcação geral”, conta a indígena Daniela Jorge João. 

Terra Indígena Panambi Lagoa Rica / Fonte: Terras Indígenas no Brasil

Os produtores rurais, no entanto, alegam serem proprietários legais da área e reagiram à situação organizando acampamentos e um cerco de caminhonetes a poucos metros do local da retomada. Em um vídeo gravado por eles, frases em tom de ameaça como “o bambu vai envergar” e “a tropa de choque está chegando” foram veiculadas como forma de ataque à resistência. 

O conflito já deixou mais de 10 indígenas feridos por ataques e disparos de arma de fogo, entre eles um levou um tiro na cabeça e outro no pescoço. Kisa Aquino, indígena também presente na retomada, relata que helicópteros e drones rodam o local para identificar e perseguir os envolvidos na retomada. “A gente sabe que eles soltam os drones em cima da gente porque eles querem ver quantas pessoas, crianças e idosos estão aqui e planejar o ataque. É um terror saber que estamos sendo vigiados e não podemos fazer nada”, completa. 

Agentes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) controlam o acesso à comunidade, fotografando documentos e placas dos veículos, além de coletar informações sobre a retomada, a quantidade de pessoas e as lideranças, segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Para Mônica Cristina Lima, professora da Universidade Indígena Pluriétnica Aldeia Marakanã, a presença do Departamento reprime os indígenas e pessoas de outros movimentos sociais que vão ao local apoiar a retomada. Ela destaca também que o DOF, apesar de ser uma entidade policial da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), tem muita ligação com os latifundiários e isso gera uma desconfiança dos Guarani-Kaiowá com o departamento. “Todas às vezes em que eles retomam uma área, os policiais e os sargentos aposentados que estão presentes nesses grupos de pessoas que os atacam, também estão nas empresas de segurança”.

Resistência dos Guarani-Kaiowá no tekoha 

Cerca de 10 dias após o avanço da autodemarcação, os povos Guarani e Kaiowá receberam uma ordem de despejo dos latifundiários e dos fazendeiros para se retirarem do local em um prazo de cinco dias. Xaky Jovito, indígena presente na retomada, conta que, apesar da ameaça para sair do local, não está com medo, por ter certeza que a comunidade irá lutar pela resistência. “Se isso for acontecer mesmo, a gente vai enfrentar, morrer e se sacrificar pelas nossas terras”. Ela manifesta a preocupação da comunidade de que os ataques dos ruralistas se intensifiquem após o prazo da retirada. “Houve 4 feridos aqui no dia dos ataques, se houver esse despejo, vai ter mais pessoas se ferindo”, completa Xaky. 

Os responsáveis pelos ataques ao povo Guarani-Kaiowá divulgaram informações falsas nas redes sociais, alegando que a comunidade não é indígena e veio do Paraguai. Essas acusações foram feitas por uma fonte anônima em um vídeo publicado na página do Instagram do deputado federal Marcos Pollon. “Os latifundiários falam que a gente é do povo paraguaio, que estamos se fazendo de indígenas, negativo, eu nasci e cresci aqui”, diz Daniela. De acordo com ela, para evitar futuras invasões e violências é necessária a demarcação do tekoha Lagoa Rica, processo em andamento por 20 anos.

Em nota publicada em 20 de julho, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) afirmaram estar monitorando de perto os povos Guarani e Kaiowá a partir de uma equipe responsável por avaliar a situação e dialogar com as comunidades envolvidas. Após disparos de armas de fogo que resultaram em um indígena baleado e outros machucados com balas de borracha, a Funai busca apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). 

A Fundação também recebeu relatos de incêndios de grande escala e de monitoramento da área pelos fazendeiros e latifundiários com drones e caminhonetes. A Funai ressaltou seu objetivo em garantir segurança para os povos originários e em encontrar uma resolução para a retomada com todos os grupos envolvidos. 

Com a retirada das Forças Nacionais do local, em 3 de agosto, os ataques se intensificaram e cinco indígenas foram levados para emergência depois de disparos por armas de fogo. Na tarde da última segunda-feira (05), após mais de três semanas de conflitos entre latifundiários e povos indígenas no MS, o Tribunal Regional Federal da 3° Região (TRF3) suspendeu a ordem reintegração de posse, responsável por ordenar o despejo das comunidades Guarani e Kaiowá na região de Douradina. A suspensão da ordem, porém, não garante a segurança dos indígenas na retomada. “É preciso avançar nas demarcações como nos garante a Constituição Federal”, destaca Mônica Cristina. 

Segundo dados da Funai, até o momento, apenas 424 terras indígenas foram oficialmente demarcadas, representando menos de 14% do território brasileiro. No Brasil, embora o processo demarcatório tenha um número máximo de dias estipulado para cada etapa, a realidade está distante do previsto em lei. Um exemplo disso é o caso dos Guarani-Kaiowá, que aguardam desde 2011 a aprovação da demarcação de seu território.

Etapas no processo de demarcação / Fonte: Instituto Socioambiental

Mesmo com a criação do MPI pelo presidente Lula em 2023 e a nomeação de lideranças indígenas em cargos importantes, como Joênia Wapichana na presidência da Funai, a lentidão nos processos demarcatórios dificultam o avanço na garantia direitos indígenas previstos na constituição. “É uma questão preocupante porque na luta pela terra, 70% dos que estão debaixo de uma lona são crianças e mulheres. Elas estão na linha de frente correndo todo tipo de violações e risco.”, destaca a professora Mônica Cristina.

Em 2023, foram registrados 309 casos de invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e outros conflitos relacionados à terra, conforme dados do CIMI. “O problema maior não é a legislação, pois a Constituição nos garante os direitos, mas como garantir e fazer valer esses direitos?”, questiona Mônica. Ela destaca que os interesses e a pressão da bancada ruralista, formada por parlamentares que são, em sua maioria, proprietários de terras e empresários rurais, possuem relação direta com o atraso nos processos de demarcação de terras indígenas. 

O relatório do CIMI mostra que houve um aumento crescente contra os povos originários entre os anos de 2019 e 2022. Durante esses quatro anos, foram registrados 795 indígenas mortos, 407 disputas por conflitos territoriais e cerca de 1133 casos de invasões possessórias, danos ao patrimônio e exploração ilegal de recursos naturais em terras indígenas. No Brasil, não ocorre punição para crimes contra as comunidades originárias, porque há uma conveniência do Estado, afirma Mônica. A professora apontou a organização “Invasão Zero” como um exemplo da impunibilidade desses criminosos, esse movimento é liderado por fazendeiros e proprietários de terra. O grupo é responsável por se organizar ilegalmente para ocupar áreas de trabalhadores de terras e de comunidades indígenas, com características semelhantes às milícias armadas. 

Desafios na demarcação de terras indígenas 

O Marco Temporal é uma tese jurídica criada com objetivo de restringir o direito de posse dos indígenas apenas às terras ocupadas ou disputadas antes de 5 de outubro de 1988, a data de publicação da Constituição vigente no Brasil. A proposta cria barreiras adicionais de demarcação de terras indígenas e aumenta os casos de violência contra essas comunidades, segundo Mônica Cristina. Para ela, o Marco Temporal, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2007, pode intensificar os conflitos entre povos originários e grupos dedicados à mineração e ao agronegócio. 

Entre os principais defensores do Marco estão parlamentares que compõem a bancada ruralista, afirmando que o projeto é necessário para dar “segurança jurídica” aos fazendeiros. Nunes Marques, ministro do STF, declara que a soberania do Brasil estaria em risco sem a aprovação do Marco Temporal, além de prejudicar o mercado imobiliário. De acordo com a professora, a tese jurídica é uma “ameaça significativa aos direitos e à integridade territorial das comunidades indígenas”, não reconhecendo terras ocupadas e protegidas por esses povos após 1988. 

O STF considerou o Marco Temporal inconstitucional em setembro de 2023, por validar ameaças e violências ocorridas contra os indígenas antes da proclamação da Constituição. Porém, o Congresso Nacional restabeleceu a proposta com a criação da lei 14.701/2023, negando o pedido de veto feito pelo presidente Lula.  

Para a professora Mônica, a sociedade civil, as comunidades internacionais e os órgãos públicos são responsáveis por determinar o futuro dos povos indígenas na promoção de inclusão social e de visibilidade. Ela conta que as invasões de terras e os casos de violência vão aumentar ou persistir nos próximos anos, sendo as mudanças climáticas e o desmatamento fatores de riscos contra essas comunidades. “Os modos de vida e cosmovisões dos povos originários e seu respeito e conexão com a Mãe Terra, a Grande Criadora, são a alternativa para solucionarmos os desafios climáticos que estamos sofrendo”, conclui a professora.  

Pontos de acolhimentos de alimentos e mantimentos / Fonte: Instagram da Aty Guasu

Desde o início da invasão, os fazendeiros estabeleceram acampamentos nas terras dos Guarani-Kaiowá, impedindo o acesso à comida e água para esses povos. As comunidades indígenas estão instalando pontos de coleta de alimentos e de itens de higiene, como papéis higiênicos e absorventes, para os residentes de Mato Grosso do Sul. Qualquer quantia pode ser doada através do endereço Pix: ms.unidadepopular@gmail.com

Deadpool & Wolverine: a grande aposta do ano da Marvel

Deadpool & Wolverine: a grande aposta do ano da Marvel

Filme estreou na última quinta-feira (25/07) e arrecadou o equivalente a R$ 1,3 bilhão ao redor do mundo na estreia

Por: Davi Guedes

Deadpool & Wolverine é o alvorecer de uma nova era criativa para a produção do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). No entanto, apesar dos novos ares, abdicar dos paradigmas e vícios que a Marvel integrou nas suas produções desde o início de sua quarta fase não parece estar no radar do estúdio, embora esses mesmos sejam o alvo de crítica no próprio longa.

O principal aspecto da história é o caráter anti-heroico dos protagonistas do filme e ele usa dessa característica para constituir a narrativa e a temática. Em resumo, a história consiste na jornada de Deadpool para substituir o Wolverine, o mesmo que morreu no filme “Logan”, a fim de estabilizar a sua realidade e evitar com que ela colapse. 

A trama é, como já esperado, recheada de “fanservices”, e encare isso como uma faca de dois gumes. Por um lado, aos saudosistas de plantão, ver tantos rostos antigos retornarem será gratificante, por outro, o volume desse artifício de roteiro é tamanho que ele parece ser o elemento principal de todo o filme.

Encontra-se aí o aspecto cínico da autocrítica feita no filme pela Marvel: ao mesmo tempo que a obra tira sarro com o estado atual do estúdio, ela ainda depende dos seus vícios para se sustentar. Embora exista uma trama por trás da obra, esta é mais um plano de fundo para um filme preocupado, sobretudo, em agradar ao público.

Perpassa pela obra um metacomentário central: a noção de que mesmo pessoas problemáticas e quebradas podem ser “heróis”, posto que em uma das cenas finais, ambos os protagonistas sacrificam-se pelo bem maior, ao clássico estilo do super-herói virtuoso, ainda que sejam indivíduos muito problemáticos. A transmissão dessa mensagem adquire seu valor pleno se o espectador já tiver assistido aos longas anteriores dos personagens, ou ao menos tiver alguma boa familiaridade com eles, pois o filme em si não gasta muito tempo ou esforços desenvolvendo neles esses aspectos temáticos. Ele depende principalmente de algo que já estaria latente nos personagens, oriundo do desenvolvimento que herdam dos seus filmes predecessores.

Em relação ao humor, espere pelo filme com o humor mais vulgar e ousado da Marvel. O contraste entre um universo tipicamente infanto-juvenil com o Deadpool, um personagem de humor adulto, entrega momentos engraçados. No geral, o filme é genuinamente divertido, apesar da repetição de um modelo de piada e a necessidade de reconhecer as referências feitas com o próprio UCM e com a cultura pop para extrair sentido de várias delas. 

Em relação à trilha sonora, o filme aglutina grandes nomes do pop, como Madonna e Avril Lavigne, que sempre acompanham momentos de ação. 

O saldo final é de uma continuação do que a Marvel vem sendo. A quem se acostumou com a fase quatro, espere um filme com uma montagem e estilo semelhantes, com o diferencial de que esse filme é consciente do que ele é, e, a despeito de tudo, permanece sendo uma continuidade do que a Marvel se acostumou a fazer.