A nova face do Brasileirão: 147 gringos em campo

A nova face do Brasileirão: 147 gringos em campo

Atletas de Argentina, Uruguai, Colômbia e Paraguai dominam a lista de estrangeiros.

Por: Gabriel Amaro

Lucero marcou o segundo gol da vitória do Fortaleza contra o São Paulo na abertura do Brasileirão. O primeiro foi do também argentino Machuca. Foto: Leonardo Moreira/Fortaleza EC.

O futebol brasileiro, tradicionalmente um exportador de talentos, enfrenta uma nova realidade: a crescente presença de jogadores estrangeiros em seus campeonatos. Atualmente, segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o número de atletas não brasileiros inscritos no Boletim Informativo Diário (BID) alcançou a marca histórica de 300.

Essa cifra engloba jogadores de todas divisões, desde as ligas amadoras até a elite do Brasileirão, que sozinho viu um salto de 45,5% na participação de estrangeiros, passando de 101 para 147 inscritos neste ano. A Série B, por sua vez, viu um aumento ainda mais significativo: um salto de 181,25% no número de jogadores estrangeiros, indo de 16 para 45, evidenciando um movimento que se estende por toda a estrutura do futebol nacional. A presença de jogadores de Argentina, Uruguai, Colômbia e Paraguai é particularmente notável, com destaque para os argentinos, que lideram com 42 atletas na Série A.

O Botafogo é o clube com mais jogadores estrangeiros — são dez atletas internacionais, seguido de perto pelo Athletico, Internacional, Fortaleza, e Grêmio, cada um com nove jogadores de diversas nacionalidades. Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro e São Paulo também mantêm uma presença significativa de seis a oito jogadores estrangeiros. Curiosamente, o Juventude se destaca por ser o único clube na Série A que não conta com jogadores internacionais em seu plantel, mantendo uma equipe composta exclusivamente por atletas brasileiros.

Em uma decisão unânime durante o Congresso Técnico virtual do Brasileirão, os dirigentes e capitães dos 20 clubes da Série A concordaram em expandir de sete para nove o número de jogadores estrangeiros que podem ser relacionados por equipe em cada partida. O ajuste regulatório reflete a tendência de internacionalização dentro da liga, marcando a segunda elevação consecutiva no limite, que teve o aumento de cinco para sete jogadores em 2023 e de três para cinco em 2014.

Para Leda Costa, professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisadora do Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (Leme), a internacionalização dos clubes afeta a relação entre torcedores e a seleção brasileira, já que muitos atletas da seleção têm pouca ou nenhuma passagem pelo futebol nacional, reduzindo a oportunidade de desenvolver laços afetivos com o público.

Esse distanciamento, segundo a especialista, pode ser menos evidente nos clubes, que mantêm uma base de torcedores fiéis, mas ainda assim, a dinâmica de idolatria e a identificação com novos ídolos internacionais estão se transformando. Ela cita como exemplo os torcedores do Vasco que levantam a bandeira da França em apoio ao jogador Payet.

Costa avalia que essa tendência de maior presença de jogadores estrangeiros não necessariamente prejudica a formação de talentos locais. Pelo contrário, a venda de promessas nacionais ainda representa uma fonte vital de receita, que, paradoxalmente, financia a compra desses mesmos atletas internacionais. Ela aponta que muitos clubes, como o Flamengo, utilizam os recursos obtidos com essas vendas para investir em jogadores de alto calibre, tanto nacionais quanto estrangeiros.

No entanto, Costa também chama a atenção para a rápida transferência de jovens promessas brasileiras para o exterior, muitas vezes antes que possam deixar uma marca significativa em seus clubes formadores ou na primeira divisão nacional. Essa prática pode limitar a experiência desses atletas em competições de alto nível em seu próprio país, o que é crucial para o desenvolvimento integral como jogadores.

Andrey Santos, ex-Vasco, foi emprestado pelo Chelsea três vezes e não atuou em partidas oficiais pelo clube. Foto: Divulgação/Chelsea.

Uma série de talentos emergentes do futebol brasileiro migrou para clubes europeus em 2023. Entre eles, Adson, revelado pelo Corinthians, transferiu-se para o Nantes e enfrentou dificuldades para emplacar no novo time, retornando ao Brasil em 2024 ao ser vendido para o Vasco. Situações semelhantes são vivenciadas por Andrey Santos e Ângelo, que, apesar das grandes expectativas, encontram-se emprestados pelo Chelsea ao Strasbourg, da França.

A especialista observa que a saída prematura de jovens talentos pode comprometer não apenas seu desenvolvimento técnico e tático, mas também o emocional e psicológico. A adaptação a novos ambientes culturais e esportivos é complexa e pode ser prejudicada pela pressão imediata por resultados. “Ir cedo para um país de fora, não ter tempo de adaptação nos seus clubes aqui no Brasil, implica também não ter tempo de um amadurecimento atlético e emocional suficiente para auxiliar numa transformação tão radical que é jogar fora do Brasil”, explica Costa.

Ela comenta sobre como esses desafios podem criar uma imagem de “fracasso” para jogadores que retornam ao Brasil, uma etiqueta que carregam injustamente devido às expectativas desproporcionais e à natureza impiedosa do mercado de transferências.

É popular, mas exclui o povo.

É popular, mas exclui o povo.

Pesquisas apontam o avanço no processo de elitização dos estádios.

Por: Livia Bronzato

Foto: Ricardo Stuckert/CBF

O preço dos ingressos para a final do Campeonato Carioca, entre Flamengo e Nova Iguaçu, variou entre R$ 140 e R$ 600, considerando o valor das inteiras. Tendo em vista que o ingresso mais barato tem valor equivalente a 10% do salário mínimo atual, coloca-se em evidência a exclusão de importante parte da torcida que a cobrança desses valores gera.

Para as famílias brasileiras, o futebol representa uma paixão hereditária, um domingo de união para assistir ao jogo ou uma memória feliz quando seu time conquista alguma taça. O futebol faz parte da cultura do Brasil e é o esporte mais popular do país. Entretanto, os dados mostram que, cada vez mais, o acesso aos estádios distancia-se do caráter popular e aproxima-se da mercantilização desses espaços.

O ranking de maiores tickets médios, segundo a Pluri, consultoria especializada em análises do futebol brasileiro, considerando de janeiro a dezembro de 2023, mostra que o Flamengo tem os ingressos mais caros (R$ 81,12), seguido por Palmeiras, São Paulo e Grêmio (R$ 77,74, R$ 71,38 e R$ 69,79, respectivamente). A lista também conta com outros nomes, como: Tombense (R$ 67,85), América MG (R$ 66,84), Corinthians (R$ 60,84), Vasco (R$ 56,32), Atlético MG (R$ 55,96) e Fluminense (R$ 52,91). Oito entre esses dez clubes fazem parte também do ranking de maior número de torcedores, sendo o Flamengo novamente o líder, de acordo com a revista Placar.

Foto: Secretaria de Cultura RJ

A vibração das arquibancadas é feita pelos próprios torcedores. Ao impedir que as classes mais populares tenham contato com os jogos nos estádios, cresce a chance de, futuramente, a tradição e a renovação da paixão por esse esporte sofrerem um esvaziamento por conta da distância entre clube e torcedor.

No centenário da “Resposta Histórica”, atletas sub-17 do Flamengo são vítimas de injúria racial

No centenário da “Resposta Histórica”, atletas sub-17 do Flamengo são vítimas de injúria racial

No centenário da “Resposta Histórica”, atletas sub-17 do Flamengo são vítimas de injúria racial

Por Juliana de Sá

Foto: Marcelo Wanke/Vasco da Gama

 

No domingo, 14, a cidade do Rio de Janeiro comemorou o centenário da Resposta Histórica. A carta, redigida pelo então presidente do Vasco da Gama, José Augusto Prestes, continha a recusa do clube a dispensar doze atletas, negros e operários, do elenco campeão carioca de 1923. Exatamente cem anos depois, porém, mais um episódio de racismo ocorre no futebol. Em nota, o Flamengo divulgou que atletas da base que disputavam a Generation Adidas Cup sub-17, na Flórida, foram vítimas de injúria racial em jogo contra o Philadelphia Union.

Esse caso está longe de ser isolado. Ainda este ano, por exemplo, o atleta Lucas Eduardo, capitão do sub-20 do Vasco, foi vítima de injúria racial em partida válida pela Copinha, em Guarulhos, São Paulo. Foram proferidos pela arquibancada insultos racistas, além de uma garrafa ter atingido o jogador. Já na Espanha, o brasileiro Vinicius Júnior, do Real Madrid, sofre com constantes ataques racistas. Em entrevista coletiva antes do amistoso entre as seleções brasileira e espanhola, o atacante chorou ao falar sobre o racismo que sofre no país europeu. Em fevereiro, quando o atacante Endrick disputava o Pré-Olímpico pela seleção brasileira, o jogador publicou um vídeo onde torcedores venezuelanos imitavam macacos para seu pai no estádio Brígido Iriarte, em Caracas.

Passaram-se cem anos da explícita tentativa de exclusão de atletas negros por parte da elite do futebol carioca. Um século desde que o Club de Regatas Vasco da Gama se posicionou contra o racismo vigente no Rio de Janeiro à época. Sem isso, talvez o Brasil não tivesse ídolos como Pelé, Garrincha, Romário, Cafu, Leônidas da Silva, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho… e talvez o Brasil não fosse o “país do futebol”. Ainda assim, atualmente, jogadores negros seguem sendo vítimas de ofensas à sua cor. Apesar de muito ter mudado em um século, a mentalidade racista continua a ser perpetuada, e o povo negro segue sendo sujeito a exclusões sistêmicas.

Foto: Rafael Ribeiro/CBF
 

O Flamengo afirma ter entrado com representação formal à Major League Soccer (MLS), organizadora do torneio que os jovens da base do clube carioca disputavam, e a entidade declarou que irá investigar o caso. Além disso, a equipe se recusou a entrar em campo para disputar o terceiro lugar. O Vasco da Gama demonstrou apoio ao maior rival pelas redes sociais. Nos casos envolvendo Lucas Eduardo, Vinicius Júnior e o pai de Endrick, os autores seguem impunes. 

Kamilla Cardoso: o nome brasileiro mais importante da história da NBA

Kamilla Cardoso : o nome brasileiro mais importante da história da NBA

Terceira escolha da nova temporada do draft da NBA, a brasileira vai jogar na equipe do Chicago Sky da WNBA.

Por: Letícia Ribeiro

Imagem: Sarah Stier/AFP

Com apenas 22 anos e 2,01m de altura, Kamilla Cardoso é a terceira escolhida no draft, evento anual de recrutamento de jogadores, normalmente amadores oriundos do basquete universitário, da principal competição de basquete do mundo, sendo a primeira brasileira da história a conquistar tal feito. Nunca, nenhum jogador brasileiro, da categoria masculina ou feminina, alcançara a classificação de Cardoso. Agora, a mineira jogará pelo Chicago Sky na WNBA (Liga de Basquete Feminina dos EUA).

De sonhadora à potência do garrafão, Kamilla Cardoso é a promessa da temporada. Na carreira universitária, a pivô conquistou dois títulos, um enquanto reserva, em 2022, ganhando o prêmio de melhor sexta jogadora da Conferência Sudeste, e em 2024, na posição de titular na campanha invicta do time da Universidade da Carolina do Sul, o South Carolina Gamecocks, na qual acumulou uma trajetória com médias de 14,4 pontos, 9,7 rebotes, 2 assistências e 2,5 tocos por partida. 

Cardoso encerrou a temporada pelo Gamecocks com 15 pontos e 17 rebotes no jogo de decisão, alcançando 38 vitórias na NCAA (Associação Atlética Universitária Nacional).

Nascida em Montes Claros (MG), a pivô se mudou aos 15 anos para os Estados Unidos para ir atrás do seu sonho de se tornar uma jogadora profissional de basquete. Sem saber falar inglês, a MVP da temporada deixou a família no Brasil, rumo ao High School, ensino médio norte-americano, em busca do basquete universitário e da WNBA.

E não é só fora do país que a atleta fez sua trajetória, participando, também, da seleção brasileira, se consagrando campeã do Sul-Americano, em 2022, e da Copa América, em 2023. 

Imagem: Reprodução/Instagram

 


Nadadora multimedalhista paralímpica: quem foi Joana Neves?

Nadadora multimedalhista paralímpica: quem foi Joana Neves?

Por: Livia Bronzato e Juliana de Sá

Foto: Ale Cabral/CPB

O Brasil se despediu de um grande nome da natação paralímpica no último dia 18. Joana Neves, 37 anos, conhecida como “Peixinha”, conquistou cerca de 30 medalhas ao longo de sua carreira de atleta. A nadadora subiu ao pódio cinco vezes nas suas participações em Jogos Paralímpicos, sendo duas pratas e três bronzes entre as edições de Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Além disso, nos Jogos Parapan-americanos, a atleta soma 13 medalhas de ouro, 1 de prata e 1 de bronze. Eleita a melhor nadadora paralímpica brasileira nos anos de 2015 e 2020, ela também colecionou medalhas em edições do Campeonato Mundial de Natação Paralímpica: 3 ouros, 4 pratas e 8 bronzes.

 

 

Joana, natural de Natal – RN, era portadora de acondroplasia, doença rara que faz com que os braços e as pernas sejam mais curtos em relação ao tronco. Sua jornada na natação se iniciou em 2000, por recomendação médica, a fim de fortalecer seus ossos, e logo virou sua paixão. Começou a competir aos 13 anos, dando início a sua carreira nas piscinas.

No fim de sua trajetória, a potiguar defendia o clube Sociedade Amigos do Deficiente Físico (Sadef), no qual iniciara sua jornada. No dia 17 de março, ela passou mal no Centro de Treinamento Paralímpico e foi levada ao hospital. Joana, porém, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. A Sadef afirmou que a atleta havia passado por episódios convulsivos anteriormente e que já buscava um diagnóstico.

Futuro dos gramados no Brasileirão: sintéticos continuam no jogo

Futuro dos gramados no Brasileirão: sintéticos continuam no jogo

Manutenção e padrões de qualidade dos campos em foco após decisão da CBF

Por: Gabriel Amaro

 

Foto: Vitor Silva/Botafogo

Gramado sintético do Estádio Nilton Santos, do Botafogo

 

Na temporada de 2023, os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro enfrentaram um total de 741 baixas médicas e as lesões alcançaram uma média de 37 por equipe. América-MG, São Paulo e Goiás lideraram esse ranking indesejável, com 56, 55 e 54 lesões respectivamente, colocando em evidência a situação do Independência. O estádio, casa do recém-rebaixado América-MG — clube com o maior número de lesões —, apresentou condições precárias de gramado, com áreas irregulares e manchas escuras, antes do clássico contra o Atlético Mineiro pela semifinal do Campeonato Mineiro em 17 de março, devido a um evento musical realizado na semana anterior.


Liszt Palmeira de Oliveira, chefe do serviço de ortopedia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) e professor associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explica que distensões musculares são menos frequentes em superfícies sintéticas e aponta um maior risco de lesões da musculatura posterior da coxa em gramados naturais. Ele traz à discussão evidências científicas que apontam para uma incidência de lesões 14% menor em gramados sintéticos de terceira geração, certificados pela FIFA, em comparação aos naturais.


No entanto, Oliveira enfatiza a importância da manutenção adequada das superfícies, independentemente de sua natureza, para garantir a segurança dos atletas. “O risco de lesões é maior nos gramados naturais ou sintéticos de má qualidade, especialmente quando sua manutenção não segue o padrão,” destaca o especialista.


A qualidade dos gramados nos estádios brasileiros tem sido um tema recorrente de discussão, especialmente após incidentes como o que transformou o Maracanã em um lamaçal antes da partida entre Fluminense e Olimpia, válido pelas quartas de final da Libertadores, em agosto de 2023, com o gramado sendo usado após duas partidas seguidas do Fluminense e do Vasco. A Conmebol multou o Fluminense em US$ 15 mil (R$ 74 mil) pelo estado do campo na partida.


A situação levou a trocas de acusações entre os clubes rivais e questionamentos sobre a gestão do estádio, temporariamente nas mãos de Flamengo e Fluminense. A necessidade de fechar o Maracanã por 20 dias até a Copa do Brasil para recuperar o campo mostra uma problemática mais ampla relacionada à manutenção dos gramados no país.


Em 2024, a situação não mostrou melhoras significativas, como evidenciado pelo estado do gramado do Maracanã após a reabertura para as partidas do Campeonato Carioca. Os megashows de Paul McCartney e Ivete Sangalo no fim de 2023 — que deixaram o palco montado por cerca de 15 dias, impedindo a recepção de luz solar e o tratamento adequado do campo —, além de uma agenda intensa de jogos e as condições climáticas adversas, dificultaram a recuperação da grama, apesar dos esforços do Consórcio Maracanã. A condição do gramado foi alvo de reclamações por parte de treinadores como Fernando Diniz, Tite e Emiliano Díaz.

 

Foto: Reprodução/Premiere

Gramado do Maracanã durante partida entre Vasco e Atlético-MG, pela 20ª rodada do Brasileirão 2023, em agosto

 

Um relatório de maio de 2023 elaborado pela engenheira agrônoma Maristela Kuhn, renomada na área e responsável pelos gramados da Copa-2014, identificou problemas como sombreamento devido à nova cobertura, excesso de jogos, e desgaste causado pelos aquecimentos dos times no campo — elementos que contribuem para a degradação da qualidade dos gramados.


Oliveira aponta para a necessidade de os atletas se adaptarem ao equipamento adequado, como chuteiras específicas para cada tipo de superfície, como medida preventiva. Ele sugere que a solução para minimizar os riscos de lesão passa por evitar a exposição a gramados precários e advoga por uma uniformização dos padrões de qualidade, reforçando a necessidade de uma fiscalização rigorosa.


Segundo o ortopedista, a adoção de gramados híbridos ou sintéticos de terceira geração, aprovados pela FIFA, surge como uma solução potencial, desde que acompanhada de uma gestão eficaz e focada na segurança e no bem-estar dos jogadores.


A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou que não proibirá o uso de gramados sintéticos no Brasileirão do próximo ano em uma reunião com os clubes da Série A e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). A discussão ganhou novos contornos com a criação de um comitê específico para debater a questão, sinalizando a possibilidade de futuras proibições, mas sem efeitos práticos para 2024.


A entidade também introduziu uma nova regulamentação que permite aos clubes visitantes o direito de realizar uma sessão de treinamento na superfície sintética na véspera do jogo — uma tentativa de nivelar o conhecimento sobre o gramado e mitigar as desvantagens para equipes não habituadas a essa modalidade de piso.


O debate sobre gramados sintéticos versus naturais no futebol brasileiro reflete divisões entre os clubes da elite. Enquanto o Athletico-PR, Botafogo e Palmeiras se destacam pelo uso de campos artificiais, outros clubes, liderados por figuras como Mario Bittencourt do Fluminense, criticam veementemente essas superfícies pela influência negativa no desempenho esportivo e no aumento de lesões.


A CBF, por sua vez, busca uma avaliação mais aprofundada sobre o assunto, planejando contratar uma consultoria estrangeira e formar uma Comissão de Médicos para um estudo detalhado. Em meio a esse cenário, o tema também ressalta o aspecto financeiro da manutenção dos estádios, com especialistas apontando para os desafios econômicos de preservar gramados naturais de alta qualidade sem comprometer a multifuncionalidade dos espaços.

 

O CASO DO ALLIANZ PARQUE

 

Foto: Rubens Chiri/São Paulo FC

 

Ferraresi, um dos jogadores do São Paulo que se lesionaram no Allianz


A discussão sobre o gramado sintético do Allianz Parque se reacendeu após Lucas Moura, do São Paulo, sentir a posterior da coxa esquerda durante o primeiro tempo do clássico contra o Palmeiras, válido pela 29ª rodada do Brasileirão 2023. Essa lesão ocorreu após uma sequência de casos envolvendo jogadores do São Paulo no estádio palmeirense, elevando para cinco o número de atletas tricolores lesionados somente em 2023 após jogos no Allianz Parque. Nahuel Ferraresi, Galoppo, Welington e Rafinha já haviam enfrentado problemas físicos sérios, variando entre lesões ligamentares e no ligamento cruzado anterior.


A situação levou Dorival Júnior, na época técnico do São Paulo, a manifestar sua preocupação, abordando a diferença significativa no desempenho e risco de lesões ao se transitar de gramados naturais para o sintético. Dorival, que já teve experiência com esse tipo de gramado no Athletico-PR, pontuou a desigualdade que representa a mudança de superfície, mostrando uma possível correlação entre o gramado do Allianz Parque e o aumento no número de lesões.


O Palmeiras tomou a decisão de não realizar mais jogos no Allianz Parque, exigindo que a Real Arenas, empresa ligada à WTorre, responsável pela gestão do estádio, cumpra sua obrigação de manter adequadamente o gramado sintético. Além das questões de segurança dos jogadores, o impasse foi parte de um confronto mais amplo entre o clube e a WTorre, relacionado à divisão de receitas do Allianz Parque: o Palmeiras acusa a construtora de não repassar cerca de R$ 127 milhões devidos.


Depois de quase dois meses de reforma no gramado — que além de vetado pelo próprio Palmeiras foi interditado pela Federação Paulista —, o retorno ao Allianz está confirmado para a semifinal do Paulistão 2024, no dia 28 de março, contra o Novorizontino. Apesar das críticas ao campo, o Palmeiras registrou apenas 26 lesões na temporada passada, ficando entre os times com menos problemas médicos.


Além dos impactos imediatos, Oliveira aborda as preocupações de longo prazo, afirmando que “a repetição de lesões pode levar a condições crônicas degenerativas, como artrose, tendinite, sinovite”, o que pode ser agravado por condições inadequadas de prática esportiva. Confrontando a opinião de que gramados sintéticos poderiam aumentar o risco de lesões crônicas ou desgaste articular, Oliveira aponta que não existem estudos conclusivos que avaliem esses riscos a longo prazo em comparação com jogar em gramados naturais de alta qualidade.

12 anos de transformação de vidas pela arte, conheça o Ballet Manguinhos

12 anos de transformação de vidas pela arte, conheça o Ballet Manguinhos

Com cerca de 410 alunos, crianças e adolescentes, a instituição oferece, ainda, aulas de balé, dança contemporânea, dança moderna, jazz e circo. 

Por: Letícia Ribeiro

Ballet Manguinhos – Festa de Final de Ano, 2018

O Ballet de Manguinhos completou 12 anos na última segunda-feira (25/3/2024), atuando em cerca de 20 favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Inicialmente, o projeto criado em 2012 pela profissional de educação física Daiana Ferreira, na comunidade de mesmo nome, se restringia apenas às aulas de balé, as quais contavam com a presença de aproximadamente 70 alunos e ocorriam nos fundos de uma igreja. No decorrer dos anos, a organização não governamental já atendeu cerca de 5 mil crianças e jovens. 

Em 2018, Daiana fechou um contrato com a fundação social norte-americana The Secular Society e, graças a essa parceria, o Ballet Manguinhos ganhou sede própria, na comunidade de origem, em 2020, em um prédio com cerca de 600 metros quadrados, contando com 3 salas de ballet totalmente equipadas, uma delas sendo, também, usada como sala de circo, comunicação e esportes. 

Em 2021, a instituição sofreu a sua maior perda: o falecimento da fundadora e diretora Daiana Ferreira, devido a complicações em decorrência da Covid-19. Apesar do baque, a ONG conseguiu se manter firme, levando a palavra resistência como mantra dentro de suas paredes. 

Em 2022, o Ballet Manguinhos passou por um período complicado. Com o fim da parceria com a TSS, a fundação não tinha mais como garantir a continuidade do trabalho. Na busca por manter a instituição, foi criada a campanha “Adote uma Bailarina”, cujo valor da contribuição serviria para custear a permanência das alunas com as aulas, o uniforme e o figurino. A intenção era obter doações para que uma bailarina do projeto tivesse os recursos necessários para a realização das atividades. Os colaboradores, chamados de padrinhos, recebiam um certificado e atualizações mentais sobre os “adotados”. No período atual, o projeto conta com, além das adoções, patrocinadores como: BTG Pactual e Centauro, além de apoiadores Asfoc-SN (Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz), Instituto Dell’arte, entre outros. 

O IMPACTO DO PROJETO 

Carine Lopes, diretora do projeto, afirma que a formação de um bailarino pelo Ballet Manguinhos leva em média oito anos para ser concluída, e que, no geral, os alunos entram aos 6 anos de idade e permanecem até a adolescência, por volta dos 17 anos. Segundo um levantamento da Agência Brasil, em colaboração com a ONG, cerca de 98% dos participantes são do público feminino. A presidente da ONG comemora, afirmando que, apesar da gravidez na adolescência ser uma realidade cultural do território, apenas 1% das alunas engravidaram.

Ensaio geral – Espetáculo 2018

PARTICIPAÇÃO DE MENINOS NO PROJETO

Apesar da grandiosidade do projeto, é notória a baixa adesão masculina que, por sua vez, se dá em razão do preconceito enraizado na comunidade quanto à relação do homem com a arte, principalmente com a dança. Logo, mesmo que o cenário esteja em constante mudança, a introdução dos garotos no projeto é lenta.

Ensaio geral – Festival Interno 2019

Cabe destacar que, para além das aulas de balé, o Ballet Manguinhos oferece aulas de circo, jazz, dança contemporânea e cursos de capacitação profissional como, por exemplo, informática. O projeto também busca levar médicos e especialistas para falarem sobre saúde e empoderamento feminino.

Projeto oferece aulas gratuitas de ginástica artística na Uerj

Projeto oferece aulas gratuitas de ginástica artística na Uerj

Por: Kauhan Fiaux

 
Foto: Kauhan Fiaux
 


Patricia disse para a AJ ESPORTES que a ideia de criar o projeto era importante, pois a ginástica é um esporte que serve de base para diversas modalidades. “Eu fui atleta e comecei a dar aulas de ginástica artística muito nova. Trabalhei nos Estados Unidos por 3 anos, quase toda criança lá faz ginástica artística e eu queria ver algo funcionando assim no Brasil”, disse a professora.


Atualmente, o projeto conta com bolsistas, que dão aulas com a supervisão de Flávia Porto, professora do projeto, que disse que o projeto é um desafio, mas que também é gratificante ver os pequenos avanços e as melhorias na autoconfiança dos alunos. Ester Sabino, aluna de Educação Física e bolsista do projeto, já praticou ginástica artística quando criança: “Dar aulas para crianças e adultos é como relembrar meu tempo de criança. É muito bom ver a evolução das pessoas e ter esse contato com o projeto social”, disse.

 

Foto: Kauhan Fiaux

Sala de aparelhos do projeto


Diversos aparelhos profissionais usados no projeto foram doados à Uerj após os jogos Pan-Americanos de 2007, que aconteceram no Rio de Janeiro. Um dos desafios citados por Flávia é o alto custo de compra e conservação dos equipamentos, já que, mesmo com a doação dos aparelhos, ainda é preciso mantê-los, pois possuem 16 anos de uso.


As aulas do projeto acontecem no subsolo do ginásio poliesportivo da Uerj, no campus Maracanã e alcançam diversas pessoas que moram nos arredores da Uerj. Paloma, de 12 anos, é um exemplo: “Eu conheci o projeto no Instagram, no dia que fui aceita eu comecei a chorar porque era um sonho poder praticar ginástica aqui na Uerj”, disse. Sobre as aulas, Paloma diz que é uma forma de esquecer todos os problemas de fora e que é um momento de lazer, completou dizendo que a sua grande inspiração na ginástica artística é Rebeca Andrade.

 

Foto: Julio Cesar Guimarães/COB

 
 
 
Mais informações sobre o projeto podem ser acessadas no Instagram @ginasticartisticauerj, onde é divulgada a abertura de matrículas.

Aula teste para aprendizado do LED​

Aula teste para aprendizado do LED

Aula começou com pequeno atraso.

Por: Júlio Nogueira

Professor Eduardo Monteiro.

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