No centenário da “Resposta Histórica”, atletas sub-17 do Flamengo são vítimas de injúria racial

No centenário da “Resposta Histórica”, atletas sub-17 do Flamengo são vítimas de injúria racial

No centenário da “Resposta Histórica”, atletas sub-17 do Flamengo são vítimas de injúria racial

Por Juliana de Sá

Foto: Marcelo Wanke/Vasco da Gama

 

No domingo, 14, a cidade do Rio de Janeiro comemorou o centenário da Resposta Histórica. A carta, redigida pelo então presidente do Vasco da Gama, José Augusto Prestes, continha a recusa do clube a dispensar doze atletas, negros e operários, do elenco campeão carioca de 1923. Exatamente cem anos depois, porém, mais um episódio de racismo ocorre no futebol. Em nota, o Flamengo divulgou que atletas da base que disputavam a Generation Adidas Cup sub-17, na Flórida, foram vítimas de injúria racial em jogo contra o Philadelphia Union.

Esse caso está longe de ser isolado. Ainda este ano, por exemplo, o atleta Lucas Eduardo, capitão do sub-20 do Vasco, foi vítima de injúria racial em partida válida pela Copinha, em Guarulhos, São Paulo. Foram proferidos pela arquibancada insultos racistas, além de uma garrafa ter atingido o jogador. Já na Espanha, o brasileiro Vinicius Júnior, do Real Madrid, sofre com constantes ataques racistas. Em entrevista coletiva antes do amistoso entre as seleções brasileira e espanhola, o atacante chorou ao falar sobre o racismo que sofre no país europeu. Em fevereiro, quando o atacante Endrick disputava o Pré-Olímpico pela seleção brasileira, o jogador publicou um vídeo onde torcedores venezuelanos imitavam macacos para seu pai no estádio Brígido Iriarte, em Caracas.

Passaram-se cem anos da explícita tentativa de exclusão de atletas negros por parte da elite do futebol carioca. Um século desde que o Club de Regatas Vasco da Gama se posicionou contra o racismo vigente no Rio de Janeiro à época. Sem isso, talvez o Brasil não tivesse ídolos como Pelé, Garrincha, Romário, Cafu, Leônidas da Silva, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho… e talvez o Brasil não fosse o “país do futebol”. Ainda assim, atualmente, jogadores negros seguem sendo vítimas de ofensas à sua cor. Apesar de muito ter mudado em um século, a mentalidade racista continua a ser perpetuada, e o povo negro segue sendo sujeito a exclusões sistêmicas.

Foto: Rafael Ribeiro/CBF
 

O Flamengo afirma ter entrado com representação formal à Major League Soccer (MLS), organizadora do torneio que os jovens da base do clube carioca disputavam, e a entidade declarou que irá investigar o caso. Além disso, a equipe se recusou a entrar em campo para disputar o terceiro lugar. O Vasco da Gama demonstrou apoio ao maior rival pelas redes sociais. Nos casos envolvendo Lucas Eduardo, Vinicius Júnior e o pai de Endrick, os autores seguem impunes. 

Kamilla Cardoso: o nome brasileiro mais importante da história da NBA

Kamilla Cardoso : o nome brasileiro mais importante da história da NBA

Terceira escolha da nova temporada do draft da NBA, a brasileira vai jogar na equipe do Chicago Sky da WNBA.

Por: Letícia Ribeiro

Imagem: Sarah Stier/AFP

Com apenas 22 anos e 2,01m de altura, Kamilla Cardoso é a terceira escolhida no draft, evento anual de recrutamento de jogadores, normalmente amadores oriundos do basquete universitário, da principal competição de basquete do mundo, sendo a primeira brasileira da história a conquistar tal feito. Nunca, nenhum jogador brasileiro, da categoria masculina ou feminina, alcançara a classificação de Cardoso. Agora, a mineira jogará pelo Chicago Sky na WNBA (Liga de Basquete Feminina dos EUA).

De sonhadora à potência do garrafão, Kamilla Cardoso é a promessa da temporada. Na carreira universitária, a pivô conquistou dois títulos, um enquanto reserva, em 2022, ganhando o prêmio de melhor sexta jogadora da Conferência Sudeste, e em 2024, na posição de titular na campanha invicta do time da Universidade da Carolina do Sul, o South Carolina Gamecocks, na qual acumulou uma trajetória com médias de 14,4 pontos, 9,7 rebotes, 2 assistências e 2,5 tocos por partida. 

Cardoso encerrou a temporada pelo Gamecocks com 15 pontos e 17 rebotes no jogo de decisão, alcançando 38 vitórias na NCAA (Associação Atlética Universitária Nacional).

Nascida em Montes Claros (MG), a pivô se mudou aos 15 anos para os Estados Unidos para ir atrás do seu sonho de se tornar uma jogadora profissional de basquete. Sem saber falar inglês, a MVP da temporada deixou a família no Brasil, rumo ao High School, ensino médio norte-americano, em busca do basquete universitário e da WNBA.

E não é só fora do país que a atleta fez sua trajetória, participando, também, da seleção brasileira, se consagrando campeã do Sul-Americano, em 2022, e da Copa América, em 2023. 

Imagem: Reprodução/Instagram

 


Nadadora multimedalhista paralímpica: quem foi Joana Neves?

Nadadora multimedalhista paralímpica: quem foi Joana Neves?

Por: Livia Bronzato e Juliana de Sá

Foto: Ale Cabral/CPB

O Brasil se despediu de um grande nome da natação paralímpica no último dia 18. Joana Neves, 37 anos, conhecida como “Peixinha”, conquistou cerca de 30 medalhas ao longo de sua carreira de atleta. A nadadora subiu ao pódio cinco vezes nas suas participações em Jogos Paralímpicos, sendo duas pratas e três bronzes entre as edições de Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Além disso, nos Jogos Parapan-americanos, a atleta soma 13 medalhas de ouro, 1 de prata e 1 de bronze. Eleita a melhor nadadora paralímpica brasileira nos anos de 2015 e 2020, ela também colecionou medalhas em edições do Campeonato Mundial de Natação Paralímpica: 3 ouros, 4 pratas e 8 bronzes.

 

 

Joana, natural de Natal – RN, era portadora de acondroplasia, doença rara que faz com que os braços e as pernas sejam mais curtos em relação ao tronco. Sua jornada na natação se iniciou em 2000, por recomendação médica, a fim de fortalecer seus ossos, e logo virou sua paixão. Começou a competir aos 13 anos, dando início a sua carreira nas piscinas.

No fim de sua trajetória, a potiguar defendia o clube Sociedade Amigos do Deficiente Físico (Sadef), no qual iniciara sua jornada. No dia 17 de março, ela passou mal no Centro de Treinamento Paralímpico e foi levada ao hospital. Joana, porém, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. A Sadef afirmou que a atleta havia passado por episódios convulsivos anteriormente e que já buscava um diagnóstico.

Futuro dos gramados no Brasileirão: sintéticos continuam no jogo

Futuro dos gramados no Brasileirão: sintéticos continuam no jogo

Manutenção e padrões de qualidade dos campos em foco após decisão da CBF

Por: Gabriel Amaro

 

Foto: Vitor Silva/Botafogo

Gramado sintético do Estádio Nilton Santos, do Botafogo

 

Na temporada de 2023, os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro enfrentaram um total de 741 baixas médicas e as lesões alcançaram uma média de 37 por equipe. América-MG, São Paulo e Goiás lideraram esse ranking indesejável, com 56, 55 e 54 lesões respectivamente, colocando em evidência a situação do Independência. O estádio, casa do recém-rebaixado América-MG — clube com o maior número de lesões —, apresentou condições precárias de gramado, com áreas irregulares e manchas escuras, antes do clássico contra o Atlético Mineiro pela semifinal do Campeonato Mineiro em 17 de março, devido a um evento musical realizado na semana anterior.


Liszt Palmeira de Oliveira, chefe do serviço de ortopedia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) e professor associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explica que distensões musculares são menos frequentes em superfícies sintéticas e aponta um maior risco de lesões da musculatura posterior da coxa em gramados naturais. Ele traz à discussão evidências científicas que apontam para uma incidência de lesões 14% menor em gramados sintéticos de terceira geração, certificados pela FIFA, em comparação aos naturais.


No entanto, Oliveira enfatiza a importância da manutenção adequada das superfícies, independentemente de sua natureza, para garantir a segurança dos atletas. “O risco de lesões é maior nos gramados naturais ou sintéticos de má qualidade, especialmente quando sua manutenção não segue o padrão,” destaca o especialista.


A qualidade dos gramados nos estádios brasileiros tem sido um tema recorrente de discussão, especialmente após incidentes como o que transformou o Maracanã em um lamaçal antes da partida entre Fluminense e Olimpia, válido pelas quartas de final da Libertadores, em agosto de 2023, com o gramado sendo usado após duas partidas seguidas do Fluminense e do Vasco. A Conmebol multou o Fluminense em US$ 15 mil (R$ 74 mil) pelo estado do campo na partida.


A situação levou a trocas de acusações entre os clubes rivais e questionamentos sobre a gestão do estádio, temporariamente nas mãos de Flamengo e Fluminense. A necessidade de fechar o Maracanã por 20 dias até a Copa do Brasil para recuperar o campo mostra uma problemática mais ampla relacionada à manutenção dos gramados no país.


Em 2024, a situação não mostrou melhoras significativas, como evidenciado pelo estado do gramado do Maracanã após a reabertura para as partidas do Campeonato Carioca. Os megashows de Paul McCartney e Ivete Sangalo no fim de 2023 — que deixaram o palco montado por cerca de 15 dias, impedindo a recepção de luz solar e o tratamento adequado do campo —, além de uma agenda intensa de jogos e as condições climáticas adversas, dificultaram a recuperação da grama, apesar dos esforços do Consórcio Maracanã. A condição do gramado foi alvo de reclamações por parte de treinadores como Fernando Diniz, Tite e Emiliano Díaz.

 

Foto: Reprodução/Premiere

Gramado do Maracanã durante partida entre Vasco e Atlético-MG, pela 20ª rodada do Brasileirão 2023, em agosto

 

Um relatório de maio de 2023 elaborado pela engenheira agrônoma Maristela Kuhn, renomada na área e responsável pelos gramados da Copa-2014, identificou problemas como sombreamento devido à nova cobertura, excesso de jogos, e desgaste causado pelos aquecimentos dos times no campo — elementos que contribuem para a degradação da qualidade dos gramados.


Oliveira aponta para a necessidade de os atletas se adaptarem ao equipamento adequado, como chuteiras específicas para cada tipo de superfície, como medida preventiva. Ele sugere que a solução para minimizar os riscos de lesão passa por evitar a exposição a gramados precários e advoga por uma uniformização dos padrões de qualidade, reforçando a necessidade de uma fiscalização rigorosa.


Segundo o ortopedista, a adoção de gramados híbridos ou sintéticos de terceira geração, aprovados pela FIFA, surge como uma solução potencial, desde que acompanhada de uma gestão eficaz e focada na segurança e no bem-estar dos jogadores.


A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou que não proibirá o uso de gramados sintéticos no Brasileirão do próximo ano em uma reunião com os clubes da Série A e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). A discussão ganhou novos contornos com a criação de um comitê específico para debater a questão, sinalizando a possibilidade de futuras proibições, mas sem efeitos práticos para 2024.


A entidade também introduziu uma nova regulamentação que permite aos clubes visitantes o direito de realizar uma sessão de treinamento na superfície sintética na véspera do jogo — uma tentativa de nivelar o conhecimento sobre o gramado e mitigar as desvantagens para equipes não habituadas a essa modalidade de piso.


O debate sobre gramados sintéticos versus naturais no futebol brasileiro reflete divisões entre os clubes da elite. Enquanto o Athletico-PR, Botafogo e Palmeiras se destacam pelo uso de campos artificiais, outros clubes, liderados por figuras como Mario Bittencourt do Fluminense, criticam veementemente essas superfícies pela influência negativa no desempenho esportivo e no aumento de lesões.


A CBF, por sua vez, busca uma avaliação mais aprofundada sobre o assunto, planejando contratar uma consultoria estrangeira e formar uma Comissão de Médicos para um estudo detalhado. Em meio a esse cenário, o tema também ressalta o aspecto financeiro da manutenção dos estádios, com especialistas apontando para os desafios econômicos de preservar gramados naturais de alta qualidade sem comprometer a multifuncionalidade dos espaços.

 

O CASO DO ALLIANZ PARQUE

 

Foto: Rubens Chiri/São Paulo FC

 

Ferraresi, um dos jogadores do São Paulo que se lesionaram no Allianz


A discussão sobre o gramado sintético do Allianz Parque se reacendeu após Lucas Moura, do São Paulo, sentir a posterior da coxa esquerda durante o primeiro tempo do clássico contra o Palmeiras, válido pela 29ª rodada do Brasileirão 2023. Essa lesão ocorreu após uma sequência de casos envolvendo jogadores do São Paulo no estádio palmeirense, elevando para cinco o número de atletas tricolores lesionados somente em 2023 após jogos no Allianz Parque. Nahuel Ferraresi, Galoppo, Welington e Rafinha já haviam enfrentado problemas físicos sérios, variando entre lesões ligamentares e no ligamento cruzado anterior.


A situação levou Dorival Júnior, na época técnico do São Paulo, a manifestar sua preocupação, abordando a diferença significativa no desempenho e risco de lesões ao se transitar de gramados naturais para o sintético. Dorival, que já teve experiência com esse tipo de gramado no Athletico-PR, pontuou a desigualdade que representa a mudança de superfície, mostrando uma possível correlação entre o gramado do Allianz Parque e o aumento no número de lesões.


O Palmeiras tomou a decisão de não realizar mais jogos no Allianz Parque, exigindo que a Real Arenas, empresa ligada à WTorre, responsável pela gestão do estádio, cumpra sua obrigação de manter adequadamente o gramado sintético. Além das questões de segurança dos jogadores, o impasse foi parte de um confronto mais amplo entre o clube e a WTorre, relacionado à divisão de receitas do Allianz Parque: o Palmeiras acusa a construtora de não repassar cerca de R$ 127 milhões devidos.


Depois de quase dois meses de reforma no gramado — que além de vetado pelo próprio Palmeiras foi interditado pela Federação Paulista —, o retorno ao Allianz está confirmado para a semifinal do Paulistão 2024, no dia 28 de março, contra o Novorizontino. Apesar das críticas ao campo, o Palmeiras registrou apenas 26 lesões na temporada passada, ficando entre os times com menos problemas médicos.


Além dos impactos imediatos, Oliveira aborda as preocupações de longo prazo, afirmando que “a repetição de lesões pode levar a condições crônicas degenerativas, como artrose, tendinite, sinovite”, o que pode ser agravado por condições inadequadas de prática esportiva. Confrontando a opinião de que gramados sintéticos poderiam aumentar o risco de lesões crônicas ou desgaste articular, Oliveira aponta que não existem estudos conclusivos que avaliem esses riscos a longo prazo em comparação com jogar em gramados naturais de alta qualidade.

12 anos de transformação de vidas pela arte, conheça o Ballet Manguinhos

12 anos de transformação de vidas pela arte, conheça o Ballet Manguinhos

Com cerca de 410 alunos, crianças e adolescentes, a instituição oferece, ainda, aulas de balé, dança contemporânea, dança moderna, jazz e circo. 

Por: Letícia Ribeiro

Ballet Manguinhos – Festa de Final de Ano, 2018

O Ballet de Manguinhos completou 12 anos na última segunda-feira (25/3/2024), atuando em cerca de 20 favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Inicialmente, o projeto criado em 2012 pela profissional de educação física Daiana Ferreira, na comunidade de mesmo nome, se restringia apenas às aulas de balé, as quais contavam com a presença de aproximadamente 70 alunos e ocorriam nos fundos de uma igreja. No decorrer dos anos, a organização não governamental já atendeu cerca de 5 mil crianças e jovens. 

Em 2018, Daiana fechou um contrato com a fundação social norte-americana The Secular Society e, graças a essa parceria, o Ballet Manguinhos ganhou sede própria, na comunidade de origem, em 2020, em um prédio com cerca de 600 metros quadrados, contando com 3 salas de ballet totalmente equipadas, uma delas sendo, também, usada como sala de circo, comunicação e esportes. 

Em 2021, a instituição sofreu a sua maior perda: o falecimento da fundadora e diretora Daiana Ferreira, devido a complicações em decorrência da Covid-19. Apesar do baque, a ONG conseguiu se manter firme, levando a palavra resistência como mantra dentro de suas paredes. 

Em 2022, o Ballet Manguinhos passou por um período complicado. Com o fim da parceria com a TSS, a fundação não tinha mais como garantir a continuidade do trabalho. Na busca por manter a instituição, foi criada a campanha “Adote uma Bailarina”, cujo valor da contribuição serviria para custear a permanência das alunas com as aulas, o uniforme e o figurino. A intenção era obter doações para que uma bailarina do projeto tivesse os recursos necessários para a realização das atividades. Os colaboradores, chamados de padrinhos, recebiam um certificado e atualizações mentais sobre os “adotados”. No período atual, o projeto conta com, além das adoções, patrocinadores como: BTG Pactual e Centauro, além de apoiadores Asfoc-SN (Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz), Instituto Dell’arte, entre outros. 

O IMPACTO DO PROJETO 

Carine Lopes, diretora do projeto, afirma que a formação de um bailarino pelo Ballet Manguinhos leva em média oito anos para ser concluída, e que, no geral, os alunos entram aos 6 anos de idade e permanecem até a adolescência, por volta dos 17 anos. Segundo um levantamento da Agência Brasil, em colaboração com a ONG, cerca de 98% dos participantes são do público feminino. A presidente da ONG comemora, afirmando que, apesar da gravidez na adolescência ser uma realidade cultural do território, apenas 1% das alunas engravidaram.

Ensaio geral – Espetáculo 2018

PARTICIPAÇÃO DE MENINOS NO PROJETO

Apesar da grandiosidade do projeto, é notória a baixa adesão masculina que, por sua vez, se dá em razão do preconceito enraizado na comunidade quanto à relação do homem com a arte, principalmente com a dança. Logo, mesmo que o cenário esteja em constante mudança, a introdução dos garotos no projeto é lenta.

Ensaio geral – Festival Interno 2019

Cabe destacar que, para além das aulas de balé, o Ballet Manguinhos oferece aulas de circo, jazz, dança contemporânea e cursos de capacitação profissional como, por exemplo, informática. O projeto também busca levar médicos e especialistas para falarem sobre saúde e empoderamento feminino.

Projeto oferece aulas gratuitas de ginástica artística na Uerj

Projeto oferece aulas gratuitas de ginástica artística na Uerj

Por: Kauhan Fiaux

 
Foto: Kauhan Fiaux
 


Patricia disse para a AJ ESPORTES que a ideia de criar o projeto era importante, pois a ginástica é um esporte que serve de base para diversas modalidades. “Eu fui atleta e comecei a dar aulas de ginástica artística muito nova. Trabalhei nos Estados Unidos por 3 anos, quase toda criança lá faz ginástica artística e eu queria ver algo funcionando assim no Brasil”, disse a professora.


Atualmente, o projeto conta com bolsistas, que dão aulas com a supervisão de Flávia Porto, professora do projeto, que disse que o projeto é um desafio, mas que também é gratificante ver os pequenos avanços e as melhorias na autoconfiança dos alunos. Ester Sabino, aluna de Educação Física e bolsista do projeto, já praticou ginástica artística quando criança: “Dar aulas para crianças e adultos é como relembrar meu tempo de criança. É muito bom ver a evolução das pessoas e ter esse contato com o projeto social”, disse.

 

Foto: Kauhan Fiaux

Sala de aparelhos do projeto


Diversos aparelhos profissionais usados no projeto foram doados à Uerj após os jogos Pan-Americanos de 2007, que aconteceram no Rio de Janeiro. Um dos desafios citados por Flávia é o alto custo de compra e conservação dos equipamentos, já que, mesmo com a doação dos aparelhos, ainda é preciso mantê-los, pois possuem 16 anos de uso.


As aulas do projeto acontecem no subsolo do ginásio poliesportivo da Uerj, no campus Maracanã e alcançam diversas pessoas que moram nos arredores da Uerj. Paloma, de 12 anos, é um exemplo: “Eu conheci o projeto no Instagram, no dia que fui aceita eu comecei a chorar porque era um sonho poder praticar ginástica aqui na Uerj”, disse. Sobre as aulas, Paloma diz que é uma forma de esquecer todos os problemas de fora e que é um momento de lazer, completou dizendo que a sua grande inspiração na ginástica artística é Rebeca Andrade.

 

Foto: Julio Cesar Guimarães/COB

 
 
 
Mais informações sobre o projeto podem ser acessadas no Instagram @ginasticartisticauerj, onde é divulgada a abertura de matrículas.

Aula teste para aprendizado do LED​

Aula teste para aprendizado do LED

Aula começou com pequeno atraso.

Por: Júlio Nogueira

Professor Eduardo Monteiro.

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Triunfo verde e tristeza alvinegra no Brasileirão 2023

Triunfo verde e tristeza alvinegra no Brasileirão 2023

Entre a glória do Palmeiras e a frustração do Botafogo, torcedoras compartilham suas experiências com um campeonato de emoções extremas

Por: Gabriel Amaro

Palmeiras conquista o Brasileirão pela segunda vez consecutiva (Foto: Staff Images/CBF)

 

O Campeonato Brasileiro de 2023 foi uma montanha-russa de emoções para os torcedores do Botafogo e do Palmeiras. Enquanto o Botafogo viu seu sonho de título desmoronar após um começo histórico, o Palmeiras conquistou seu bicampeonato consecutivo, marcado por uma virada memorável contra o próprio Botafogo. A narrativa de altos e baixos, capturada nas vozes da torcida, revela o impacto psicológico e a paixão que envolve o futebol brasileiro.


Helen Amorim, estudante universitária e fervorosa torcedora do Palmeiras, vivenciou o Brasileirão de 2023 como uma jornada de esperança e celebração. Helen manteve uma fé constante no potencial de sua equipe, mesmo quando o Palmeiras não estava no topo da tabela. “Principalmente quando o Botafogo começou a tropeçar, a cada rodada eu sentia que a possibilidade do décimo segundo título se tornava mais possível”, diz a estudante.


O confronto épico contra o Botafogo foi um marco significativo na temporada para ela. Helen descreve essa partida como uma virada histórica, que não só reacendeu a esperança entre os torcedores do Palmeiras, mas também gerou dúvidas e medo entre aqueles que já se viam como campeões. Esse jogo foi, nas palavras dela, um exemplo clássico da imprevisibilidade e do drama inerentes ao futebol.


A contribuição do jovem Endrick é outro aspecto destacado por Helen. Ela considera o atacante como um símbolo da força jovem e do futuro promissor do clube. Endrick, com sua performance excepcional, não apenas chamou a atenção no campo, mas também conquistou o coração e o respeito dos torcedores do Palmeiras. Para a torcedora, os gols marcantes de Endrick no campeonato, incluindo os decisivos contra o Botafogo, foram fundamentais para o sucesso do time e adicionaram um brilho especial ao bicampeonato.


A decepção do Botafogo

Campeonato Brasileiro: Botafogo x Palmeiras (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

 

Priscila Dias, advogada e torcedora do Botafogo, encarou a temporada com um misto de cautela e realismo. Ela revela que, apesar do desempenho impressionante do time no início do campeonato, manteve suas expectativas moderadas, consciente dos desafios do returno: “Claro que fiquei frustrada. Mas, com certeza, não como a maioria dos botafoguenses. Eu não criei expectativas mesmo vendo o time embalado no primeiro turno.”


Para ela, a gestão do clube, embora eficaz no começo, não foi suficiente para sustentar o sucesso ao longo do campeonato. Priscila atribui a queda de desempenho do Botafogo principalmente às oscilações dos jogadores no segundo turno. As frequentes mudanças na equipe técnica também foram um ponto crucial na temporada do Botafogo, segundo Priscila. Ela enfatiza que o elenco, inicialmente moldado para seguir o estilo de jogo de Luís Castro, enfrentou dificuldades com as mudanças sucessivas na liderança técnica. Cada nova mudança trouxe consigo um novo estilo e abordagem, desestabilizando a equipe e contribuindo para a inconsistência em campo.


A reação de Dias às viradas inesperadas e empates frustrantes foi de distanciamento, preferindo não assistir aos jogos para evitar o estresse. No entanto, ela reconhece que esses momentos foram particularmente difíceis para a torcida, afetando profundamente o psicológico de muitos botafoguenses. O jogo contra o Palmeiras, especialmente, foi um ponto de virada, não só para o campeonato, mas também para o estado emocional dos torcedores e jogadores.

Os técnicos Lúcio Flávio, do Botafogo, e Abel Ferreira, do Palmeiras, durante a partida válida pela 31ª rodada do Brasileirão (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

 

Lethicia de Paula, jovem aprendiz administrativa e também torcedora do Botafogo, disse que a campanha inicialmente promissora do Botafogo sob a liderança de Castro a deixou esperançosa, mas a saída do treinador marcou o início de uma fase de incertezas e desapontamentos. Ela viu as mudanças no comando técnico, especialmente a chegada de Bruno Lage, como um momento desestabilizador, que trouxe mais desafios do que soluções.


Lethicia expressou sua convicção de que a queda de rendimento do time não se deu apenas por causa das mudanças na liderança técnica, mas também devido à atitude dos jogadores. Ela percebeu uma espécie de complacência entre os jogadores, que, a seu ver, pareciam ter desistido da luta pelo título, acreditando prematuramente que já eram campeões. Esta atitude, combinada com as decisões por vezes incompreensíveis de Bruno Lage, segundo ela, foram cruciais na derrocada do Botafogo.


A virada contra o Palmeiras foi um ponto particularmente doloroso para Lethicia, que descreveu a experiência como inacreditável e estressante. Ela mencionou que, mesmo com uma vantagem confortável durante o jogo, a perda de um pênalti por Tiquinho Soares seguida da virada adversária foi um golpe devastador, tanto para os jogadores quanto para os torcedores. Na opinião dela, essa partida não só desmoronou a confiança da equipe, mas também marcou profundamente a torcida: “Acho que afetou muito todos os torcedores. Teve muitos relatos que eu escutei de torcedores que ficaram chorando, perderam o emprego, perderam muitas coisas porque priorizaram o Botafogo.”


Além dos protagonistas, o campeonato foi marcado por disputas acirradas em todas as partes da tabela. O Grêmio assegurou o vice-campeonato em uma boa recuperação, enquanto o Atlético-MG, após um primeiro turno discreto terminando em 10º lugar com 27 pontos, surpreendeu no returno. O Galo realizou uma ascensão notável, conquistando 39 pontos em 19 jogos, a melhor campanha da segunda fase, e finalizando entre os quatro primeiros junto com o Flamengo. A competição também testemunhou momentos de desalento, como o histórico rebaixamento do Santos e a luta intensa na parte inferior da tabela.

Glória eterna: Fluminense conquista Libertadores e se prepara para Mundial

Glória eterna: Fluminense conquista Libertadores e se prepara para Mundial

Torcedores compartilham experiências e expectativas para histórica participação do clube no torneio global

Por: Gabriel Amaro

Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC

 

“Quem espera sempre alcança.” Essas palavras ainda ressoam com uma nova força entre os torcedores do Fluminense após a inédita conquista da Conmebol Libertadores 2023, sob comando do técnico Fernando Diniz. A vitória na final contra o Boca Juniors por 2 a 1 em uma tarde histórica no Maracanã solidificou o legado tricolor no futebol sul-americano e abriu as portas para um novo desafio global: a estreia no Mundial de Clubes da Fifa.


O torneio de 2023, realizado na Arábia Saudita, promete ser uma vitrine espetacular para o futebol, com a presença de grandes clubes como o Manchester City, campeão da Liga dos Campeões da Europa. O Fluminense entra diretamente na semifinal, enfrentando o Al-Ahly (Egito), que venceu o Al-Ittihad (Arábia Saudita) na etapa anterior.


Alessandro Possati, professor de História de 27 anos e torcedor apaixonado que estava no Maracanã durante a final da Libertadores, relembra a tensão e a expectativa que antecederam o jogo. Ele conta que, apesar de uma leve apreensão devido às memórias de 2008 — quando o Fluminense perdeu o título nos pênaltis contra a LDU Quito —, estava confiante na vitória tricolor. Essa confiança, segundo ele, se fortaleceu durante a fase de grupos e só aumentou ao longo da competição. Ele esteve em todos os jogos do Fluminense no Maracanã durante a campanha da Libertadores, com exceção da partida contra o River Plate.

 

Alessandro Possati durante a final da Libertadores, no Maracanã (Foto: Alessandro Possati/Arquivo pessoal)

 

Quanto à estratégia de Diniz, Possati se mostra um admirador. Ele destaca a importância das escolhas feitas pelo treinador durante a partida, em especial a decisão de não iniciar o jogo com dois atacantes, o que ele acreditava ser uma jogada inteligente contra um adversário tão experiente na Libertadores quanto o Boca Juniors. Possati argumenta que, embora tenha desejado uma postura mais ofensiva do time no início do segundo tempo, entende que cada ação de Diniz visava à vitória.


Alessandro também descreve a atmosfera no estádio, principalmente nos momentos críticos, como o gol de empate do Boca Juniors. Ele recorda a sensação generalizada de desespero e a ansiedade que tomou conta dos torcedores, muitos dos quais, segundo ele, não conseguiam conter as lágrimas. No entanto, essa tensão se transformou em alívio com o gol decisivo de John Kennedy, um momento que ele encara como um misto de euforia e alívio, marcando a conquista tão esperada pelo Fluminense. “Foi uma emoção que eu não vou esquecer nunca”, diz Possati.


Olhando para o Mundial de Clubes, o torcedor se mostrou cautelosamente otimista. Ele avalia que o Fluminense tem boas chances na semifinal, independentemente do adversário, mas demonstrou preocupação com a intensidade do jogo contra equipes europeias, como o Manchester City. Mesmo assim, ele mantém esperanças altas para o time, acreditando na capacidade do Fluminense de surpreender no cenário mundial.

 

Paixão tricolor em família

Natália Pinna com familiares tricolores (Foto: Natália Pinna/Arquivo pessoal)

 

Natália Pinna, estudante de Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), compartilha uma conexão atávica com o Fluminense: a paixão pelo time é um legado em sua família, transmitido de seu avô paterno. Ela descreveu como, desde a infância, foi envolvida na cultura do clube, um costume que se fortaleceu durante a campanha da Libertadores com a tradição de assistirem a jogos importantes na sede do clube, quando não podiam estar no estádio.


Durante a final, embora frustrados pela impossibilidade de assistir ao jogo nas Laranjeiras, sua família se reuniu em um bar próximo ao Maracanã, criando um ambiente de união e apoio mútuo, com a presença de várias gerações de torcedores tricolores.


A expectativa de Natália antes da final da Libertadores era alta, motivada pela competência do técnico Diniz e o desempenho do elenco. Apesar de um certo receio, ela manteve a confiança no time. A realidade da vitória, embora esperada, não diminuiu a intensidade emocional do momento.


Para Natália, ver o Fluminense levantar a taça da Libertadores foi um momento de emoção indescritível e mágico. A tensão da prorrogação, seguida pelo gol da vitória de John Kennedy, transformou a ansiedade em alegria e alívio. Ela descreveu como a esperança se renovou durante a prorrogação, numa mistura de nervosismo e confiança que culminou em lágrimas e celebração: “O gol da vitória veio pelo grande JK e com ele muito choro, muita emoção indescritível. Foi mágico.”


Quanto ao Mundial, Natália e sua família mantêm um otimismo moderado. Ela expressou a esperança de que o Fluminense chegue à final, possivelmente enfrentando o Manchester City. Reconhecendo a dificuldade e a responsabilidade de um torneio mundial, ela valoriza a experiência como algo emocionalmente significativo, independentemente do resultado final.

Arbitragem no futebol brasileiro: entre tecnologia e controvérsias

Arbitragem no futebol brasileiro: entre tecnologia e controvérsias

Especialista explica como interpretação das regras e influência do VAR afetam andamento do Brasileirão

 

Por Gabriel Amaro

Foto: Pixabay

Em um campeonato marcado por polêmicas e decisões controversas, a arbitragem no futebol brasileiro enfrenta um dos seus momentos mais críticos. Entre acusações de corrupção, erros de interpretação e a implementação do Árbitro Assistente de Vídeo (VAR), a qualidade e a formação dos árbitros tornam-se pontos centrais de um debate que envolve desde dirigentes de clubes até torcedores indignados. O futebol, conhecido por unir paixões e dividir opiniões, encontra-se agora em uma encruzilhada tecnológica e humana.


Um dos casos mais emblemáticos ocorreu na partida entre Botafogo e Palmeiras, válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, no dia 1 de novembro. A expulsão do zagueiro Adryelson gerou uma onda de revolta, especialmente após a virada do Palmeiras. John Textor, dono da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Botafogo, expressou sua frustração criticando abertamente a decisão do árbitro Braulio da Silva Machado.


Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Braulio Machado, árbitro do jogo, relatou gesto de dinheiro de Textor e xingamentos de dirigentes do Botafogo na súmula da partida


A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em resposta, divulgou os áudios das conversas do corpo de arbitragem para revelar o processo de decisão que levou à expulsão do jogador. Esse episódio ilustra a complexidade e a tensão envolvida nas decisões de campo, especialmente quando influenciam o resultado de uma partida acirrada.


A formação dos árbitros de futebol no Brasil segue um processo estruturado e rigoroso, conforme explica Rômulo Meira Reis, doutor em Ciências do Exercício e do Esporte e professor do Instituto de Educação Física e Desportos (IEFD) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “Os profissionais de futebol no Brasil são formados pelas escolas de arbitragem das federações locais ou das federações estaduais”, ele detalha. Essas instituições, como a Escola de Árbitros da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Eaferj), estabelecem critérios como idade e escolaridade mínimas para os candidatos.


O curso inclui estudo aprofundado das regras do jogo, questões táticas, posicionamento em campo, além de exercícios práticos, testes de condicionamento físico, inglês, espanhol e práticas de primeiros socorros. No entanto, apesar dessa formação abrangente, os árbitros no Brasil enfrentam o desafio do reconhecimento profissional. Segundo o especialista, muitos precisam conciliar a arbitragem com outras carreiras, incluindo funções militares ou no serviço público.


Sobre o impacto do VAR no trabalho dos árbitros durante uma partida, Reis reforça que ele atua constantemente, não apenas em momentos críticos. “O VAR é uma ferramenta de importância e de relevância. Ele influencia e interfere no trabalho do árbitro principal”, esclarece o especialista. Esse sistema ajuda a checar lances específicos, como possíveis situações de pênalti — ou em faltas fora da área, desde que, na sequência, tenha ocorrido um gol — e impedimentos, mas a decisão final sempre cabe ao árbitro principal, que pode revisar os lances no monitor.


O VAR foi introduzido há seis anos no futebol brasileiro, estreando na final do Campeonato Pernambucano de 2017, com a promessa de reduzir erros de arbitragem, mas a realidade parece ser mais complexa. “A arbitragem em todo o mundo possui erros”, afirma Reis. Ele argumenta que os processos envolvem ação humana e que as falhas são, portanto, normais. O professor sugere que, apesar do VAR, a interpretação das regras continua sendo um desafio, levando a decisões inconsistentes e às vezes controversas.


Rômulo também menciona a complexidade de julgar lances como a mão na bola, quando a interpretação e a aplicação da regra são cruciais. De acordo com ele, o fato de árbitros diferentes interpretarem lances similares de maneiras distintas pode gerar confusões entre os torcedores.


Em uma partida atrasada da 15ª rodada entre Grêmio e Corinthians, no 18 de setembro, uma jogada nos minutos finais chamou a atenção. Yuri Alberto, atacante do Corinthians, foi acusado de tocar a bola com a mão dentro da área — um lance que, se penalizado, poderia ter alterado totalmente o resultado do jogo. Péricles Bassols, gerente técnico do VAR, em um vídeo divulgado pela CBF, esclareceu que o bloqueio da bola com o braço caracterizava infração de pênalti. No entanto, durante o jogo, o árbitro de campo, acompanhado pela equipe do VAR, decidiu não marcar a penalidade, uma decisão que gerou discussão entre jogadores, técnicos e torcedores.


Foto: Reprodução/Youtube/TV Grêmio

CBF admite erro em pênalti não marcado de Yuri Alberto


Em outro confronto mais recente entre as mesmas equipes, na 34ª rodada, uma decisão do VAR também foi alvo de críticas. O episódio envolveu Matheus Bidu, do Corinthians, que foi derrubado por um defensor do Grêmio na área. O árbitro de campo, Rodrigo Pereira de Lima, optou por não marcar pênalti, decisão que foi mantida após revisão do VAR, comandada por Rafael Traci.


Posteriormente, Wilson Seneme, presidente da comissão de arbitragem, admitiu que houve um erro na análise do lance pelo VAR. Ele disse que a equipe se concentrou na ação do atacante, negligenciando a avaliação da ação do defensor. Seneme frisou que, apesar da possível dramatização do atacante ao cair, a falta foi cometida e deveria ter sido penalizada.


Para Reis, o cenário da arbitragem no futebol brasileiro é marcado por uma falta de uniformidade nas decisões, mas não necessariamente por uma intenção de prejudicar certos clubes em detrimento de outros. Ele diz acreditar que a variedade de interpretações das regras contribui para a imprevisibilidade e a emoção do futebol, embora reconheça que erros grosseiros que afetam diretamente o resultado dos jogos precisam ser corrigidos.


Para abordar essas discrepâncias, o especialista sugere melhorias na comunicação entre árbitros, atletas e torcedores, e propõe a implementação de um sistema de desafios semelhante ao usado no voleibol: “A redução de pressão em relação ao VAR poderia acontecer com cada equipe tendo direito a um desafio solicitado pelo capitão da equipe durante a partida.” Essa inovação, segundo Reis, ajudaria a aliviar a pressão sobre os árbitros e traria mais clareza às decisões, contribuindo para um jogo mais justo e transparente.


Outra controvérsia aconteceu no clássico entre Flamengo e Fluminense, no dia 11 de novembro. Gabigol, atacante rubro-negro, foi expulso após um confronto com o zagueiro Nino, do Fluminense. O ex-árbitro Paulo César de Oliveira, comentando o caso, discordou da decisão de Wilton Pereira Sampaio. Para Oliveira, a expulsão de Gabigol foi injusta e mais influenciada por seu histórico do que pela infração em si.


Foto: Reprodução/Wagner Meier/Getty Images

Gabigol reclama após expulsão em Fla-Flu

Reis afirma que o conhecimento do árbitro sobre o histórico de um jogador pode influenciar suas decisões. Por exemplo, alguém conhecido por frequentemente reclamar ou desrespeitar a arbitragem pode ser mais suscetível a receber cartões. Rômulo cita o caso de Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, conhecido por acumular penalizações devido ao excesso de reclamações, para ilustrar como o comportamento contínuo pode afetar o julgamento dos árbitros.


“Críticas fazem parte, positivas ou negativas”


Foto: Márcia Bezerra/Arquivo pessoal

Márcia Bezerra, árbitra assistente da CBF

Márcia Bezerra Lopes Caetano, árbitra assistente rondoniense que integra o quadro da CBF desde 1998, descreve os desafios físicos e mentais da profissão — como a falta de estrutura para treinamento e a recuperação entre as viagens —, e reforça a necessidade de resiliência diante das críticas e pressões. “As críticas fazem parte, positivas ou negativas. Tento absorver o que realmente me ajuda a desenvolver bem o meu trabalho”, diz Márcia.


Rômulo e Márcia concordam que mudanças são necessárias para melhorar as condições de trabalho e a percepção pública dos árbitros. Ela defende a oficialização da profissão, o que permitiria uma dedicação integral e, consequentemente, uma melhoria na qualidade da arbitragem. Sobre o VAR, a árbitra assistente é positiva: “O trabalho do VAR é essencial para o futebol, menos erros, justiça para o futebol e uma linha de segurança para a arbitragem.”


A International Football Association Board (IFAB), órgão responsável por regulamentar as regras do futebol, está considerando mudanças significativas para reduzir a agressividade e as reclamações dos jogadores com os árbitros. Entre as propostas está a implementação de uma expulsão temporária, uma ideia já testada em competições de base na Inglaterra. A possibilidade de limitar a comunicação com os árbitros apenas aos capitães das equipes também está em discussão.