Pesquisadores indígenas se reúnem na Uerj para discutir diversidade nas universidades

Pesquisadores indígenas se reúnem na Uerj para discutir diversidade nas universidades

Estudante relata desafios do ambiente acadêmico e cita importância de coletivo

Por: Leonardo Siqueira e Manoela Oliveira

Palestrantes discursam em congresso realizado na Uerj (Foto: Manoela Oliveira)


A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) promoveu o Congresso Intercultural de Resistência Marakanã, um encontro internacional que contou com a presença de líderes de povos originários do México e do Brasil. O evento, realizado no dia 13 de novembro, teve como tema a autonomia indígena nas universidades brasileiras. 

O encontro da Aldeia Marakanã discutiu o atraso das universidades no Brasil em criar políticas de inclusão para estudantes e servidores indígenas. Os desafios incluem a falta de reconhecimento por instituições governamentais e a necessidade de redes de apoio na Uerj.

A expectativa dos palestrantes para o futuro é a criação de uma universidade inteiramente indígena, melhorias no sistema de cotas raciais e a implementação de línguas indígenas na grade curricular da Uerj. Por meio de uma apresentação, Kaê Guajajara também pediu mais valorização e visibilidade para as comunidades indígenas.

Segundo Tãngwa Matu Puri, aluno de História na Uerj, a universidade ainda é um ambiente desafiador para os indígenas.  De acordo com dados do Censo Demográfico de 2022, o número de estudantes autodeclarados indígenas no ensino superior aumentou em 374% de 2011 para 2021. No entanto, esse número ainda representa apenas 0,5% do total dos universitários no país. Diante desse cenário, para o estudante, a presença indígena nas universidades e nos mais diferentes lugares da sociedade é uma extensão da resistência e luta ao longo dos 500 anos, e ressalta que esse movimento é importante para evitar que narrativas brancas sigam moldando a imagem dos indígenas e suas histórias.

Tãngwa Matu Puri é membro do coletivo Yandé Iwí Mimbira (“Nós, filhos da terra”, em língua Nheengatu), da Uerj, e que hoje, segundo ele, conta com cerca de dez integrantes. Para o estudante, o coletivo é um lugar de acolhimento e luta por direitos dentro do ambiente acadêmico, mas destaca: “Esse acolhimento é mais entre a gente do que por parte da própria faculdade. O coletivo é um movimento de resistência e existência indígenamente acadêmico, mas a universidade continua sendo predominantemente branca.” 

Apresentação de Kaê Guajajara (Foto: Manoela Oliveira)



O congresso foi organizado por Camila Jourdan, professora de filosofia da Uerj, Nadson Souza, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Cefet/RJ, e Danielle Bastos, procientista da Uerj.

Angurmê celebra a Consciência Negra

Angurmê celebra a Consciência Negra

Restaurante de Comida Afro-Brasileira em Vila Isabel reúne boa comida, eventos e empreendedorismo afro

Por: Leonardo Medeiros

Etimologia das palavras que compõem a culinária do Angurmê – Foto: Leonardo Medeiros
 
 
 

A mistura de culinária, rodas culturais e empreendedorismo do povo negro é o que destaca o Angurmê como o principal point em Vila Isabel que consegue reunir todos esses atributos, é o que diz Maria Júlia Ferreira, designer gráfica, cofundadora da kaza123 e chefe de cozinha. O local surgiu de forma casual, como relata a chef, que procurou unir o útil ao necessário buscando um espaço fixo que pudesse abrigar as atividades que já exercia, como eventos, trabalhos em design cultural e também culinária.

O que começou com um trailer, hoje é um espaço que abriga a cozinha do Angurmê, um ambiente para exposições, a kitabu livraria, Andreia Brasis Turbantes e Acessórios e a grife carioca, Complexo B. Atualmente está sendo exposto no ambiente alguns quadros do artista plástico afro-americano, Steve Allen e a Kaza123 está negociando mais outra exposição com outros três fotógrafos.

Espaço interno do restaurante – Reprodução/ Instagram: @kaza123____
 
 
 

O ambiente é riquíssimo culturalmente e repleto de referências da cultura negra e afro-brasileira. Fotos de diversos artistas, músicos, cantores e esportistas estampam as paredes do lugar e reúnem mensagens de resistência e de orgulho do povo negro.

A designer destaca a importância pessoal de trabalhar com algo que traz para si o sentimento de pertencimento e identidade e que é capaz de contribuir também dessa forma com os que frequentam o ambiente. O Angurmê foi pensado esteticamente e projetado de uma forma que traga essa experiência da cultura afro-brasileira e dos saberes que essa cultura traz, como, por exemplo, o prato principal da casa, o angu, prato típico da culinária brasileira e que foi a base da culinária dos africanos escravizados aqui no Brasil.

Angu, prato principal da casa – Reprodução/ Instagram: @angurmeculinaria

Sobre a relevância do ambiente, a chef destaca que: “a cultura carioca é toda calcada na cultura negra, o Carnaval, por exemplo, que é uma das principais expressões culturais que traduz o Rio de Janeiro para o mundo, é da cultura negra, então acho que isso já traduz a importância de termos espaços de afro-empreendedores”, diz Maria Júlia. Ela destaca a importância desse posicionamento na criação de mais empregos, geraração de empoderamento, de enriquecimento e de acesso à propriedade para o povo negro, que é algo que lhe foi negado pela história. “É muito importante e muito coerente, numa cidade e num país que temos a cultura toda calcada na cultura negra, mas você não vê essas pessoas protagonizando, gerenciando, administrando e enriquecendo com essa cultura, existe aí então um problema sério”, conclui ela.

Celebrando o Dia da Consciência Negra

O Angurmê reúne eventos, ações e participações voltadas para a cultura negra e com pessoas pretas. E no próximo dia 20 de novembro, será celebrado o Dia da Consciência Negra no local com uma feira de afro empreendedores, gastronomia afro-brasileira e a presença da velha guarda da bateria da mangueira, além da apresentação do DJ Wilton, que promoveu por muito tempo um baile charme no centro da cidade, e outras atrações. A data é dedicada à reflexão sobre o valor e a contribuição da comunidade negra para o Brasil, e, ainda que não seja feriado nacional, é oficializada como feriado em mais de mil cidades e seis estados brasileiros, entre eles o Rio de Janeiro. Nesse dia a comemoração será na rua, a chef já confirmou que solicitou o fechamento da Visconde de Abaeté, onde serão colocadas barracas e som fora do estabelecimento para a celebração.

É relevante também ressaltar que Vila Isabel tem diversas ruas com nomes de abolicionistas, e que a cultura do lugar está ligada a representantes importantes da cultura negra, como o cantor Martinho da Vila e a escola de samba Vila Isabel.

Além da confraternização no dia 20 de novembro, para celebração do Dia da Consciência Negra, o ambiente funciona normalmente de quarta-feira a domingo na Rua Visconde de Abaeté, 123 – Vila Isabel, e mais informações podem ser encontradas no instagram do Angurmê e também da kaza123.

Desmistificando as doenças oncológicas

Desmistificando as doenças oncológicas

Projeto da Faculdade de Enfermagem da Uerj promove conscientização para derrubar mitos e estimular estilos de vida mais saudáveis

Por: Leonardo Siqueira

Projeto Desmistificando a Doença Oncológica na Uerj Sem Muros 2023. Foto: Arquivo pessoal


Um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 704 mil novos casos de cânceres sejam diagnosticados no Brasil até 2025. Neste cenário, o projeto de extensão “Desmistificando a Doença Oncológica”, da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), trabalha para combater os mitos relacionados às doenças oncológicas, que são cânceres gerados pelo crescimento descontrolado de células malignas no corpo, e conscientizar as pessoas sobre a importância dos cuidados com a saúde. 

Para Karla Biancha, coordenadora do projeto, as doenças oncológicas são tratadas com muito misticismo e medo pelas pessoas, como se não existisse prevenção. Ela destaca que a principal forma de se prevenir determinados tipos de câncer é a prática de um estilo de vida saudável: “Parando de fumar, tendo uma alimentação saudável, incluindo atividade física no dia a dia. Uma relação de autocuidado consigo mesmo melhora a possibilidade da gente se prevenir de desenvolver cânceres mais comuns”.

Segundo a coordenadora, o projeto atua por meio de publicações em redes sociais, feiras, rodas de conversa e encontros presenciais e online com o objetivo de informar as pessoas e desmistificar as doenças oncológicas, tanto dentro quanto fora da Uerj. No mês de outubro, por exemplo, o projeto promoveu uma palestra sobre o “Outubro Rosa” e a importância da conscientização, prevenção e combate do câncer de mama. 

Projeto da Faculdade de Enfermagem da Uerj busca desmistificar as doenças oncológicas. Foto: Arquivo pessoal


Karla Biancha afirma que apenas com estímulos de um autocuidado com a saúde, melhor alimentação, prática de atividade física e diminuição de estresse será possível reduzir o número de casos de doenças oncológicas no país ao longo do tempo: “Se a gente não compreender que precisa ter um autocuidado, só vai aumentar a incidência dessas doenças”, declara. 

Ela ressalta que ainda há uma escassez de conteúdo relacionado às doenças oncológicas nas grades curriculares das áreas de saúde, e que o início do projeto teve influência da demanda dos próprios alunos de graduação, em 2020. A coordenadora afirma que o projeto é multiprofissional e que não se restringe apenas aos estudantes de enfermagem, sendo aberto a qualquer estudante da área da saúde e da comunidade.

A “Glória Eterna” veio em casa

A “Glória Eterna” veio em casa

Fluminense conquista título inédito da Libertadores e é o primeiro clube carioca a levantar o troféu no Maracanã

Por: Leonardo Siqueira

Fluminense é campeão da Libertadores 2023 no Maracanã. Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC / Jogada10


O final de semana foi de muita história para o Rio de Janeiro, especialmente para os tricolores. No último sábado (4), o Fluminense venceu o Boca Juniors, no Maracanã, e conquistou o inédito título da Conmebol Libertadores. O troféu mais importante dos 121 anos da história do clube.

Essa foi a terceira final da competição disputada no Maracanã, e, pela primeira vez, um clube carioca teve o prazer de comemorar em casa. Na última ocasião, a final foi disputada entre Palmeiras e Santos, duas equipes de São Paulo, em 2020. Já a vez anterior foi justamente com o Fluminense na final, quando foi derrotado pela LDU, nos pênaltis, em 2008. Flamengo e Vasco, as outras equipes cariocas campeãs da Libertadores, levantaram o troféu no jogo decisivo fora do Maracanã.

No jogo deste sábado, o estádio foi dividido entre torcedores do Fluminense e do Boca Juniors, com setores destinados exclusivamente para cada torcida, e dois setores mistos, com torcedores de ambas as equipes. A torcida tricolor ocupou o setor sul do estádio e fez uma festa com diversas bandeiras distribuídas com as cores branco, verde e grená. O público presente no total foi de cerca de 69.000 pessoas.

Com a final disputada em casa, o Fluminense fez a festa. Mas os visitantes também vieram em peso. Segundo o Consulado da Argentina no Rio, cerca de 100 mil torcedores do Boca Juniors vieram para a cidade acompanhar o clima da final. No entanto, nem a metade deles tinham ingressos para o jogo.

Apesar das festas das duas torcidas durante a partida e a alegria tricolor com a conquista da taça, cenas de violência marcaram a decisão fora de campo. No dia do jogo, o acesso ao estádio era restrito apenas aos torcedores com ingressos para a final. Mesmo assim, centenas de pessoas tentaram romper as barreiras de segurança, o que gerou confusão e violência nos arredores do estádio.

Já dias antes, na quinta-feira (2), torcedores de Fluminense e Boca Juniors brigaram na praia de Copacabana. Após os casos de violência, a Conmebol, Confederação Sul-Americana de Futebol, realizou uma reunião com representantes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), da Associação de Futebol Argentino (AFA) e dos clubes envolvidos na final para debater questões de segurança na cidade e no local da decisão.

Últimos dias para ver “Olha Geral 2023” na Uerj

Últimos dias para ver “Olha Geral 2023” na Uerj

Exposição na Galeria Candido Portinari promove visibilidade para estudantes do Instituto de Artes da Universidade

Por: Ana Cândida

Entrada da Galeria Candido Portinari (Reprodução: Ana Cândida)
 
 

A Galeria Candido Portinari, na Uerj, recebe até o dia 10 de novembro a exposição “Olha Geral 2023”. Reunindo 24 artistas, incluindo coletivos e individuais, a exposição visa dar visibilidade e oportunidade para estudantes do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) de terem suas obras expostas. Além disso, a mostra também serve como uma retribuição para a sociedade e reforça a ideia de que a arte deve ser vista como um espaço sério e livre de estereótipos. O “Olha Geral” acontece anualmente, este ano com curadoria de Tamara Quírico, Renata Gesomino e Ricardo Tamm, professores da Uerj.

Tamara Quírico, professora associada do Departamento de Teoria e História da Arte da Uerj, e uma das curadoras, afirma que a mostra possibilita aos alunos uma experiência prática de participar de uma exposição como artistas. “O Olha Geral muitas vezes é a primeira oportunidade dos nossos estudantes participarem de uma mostra coletiva, em um espaço expositivo adequado, com equipe de montagem e curadoria profissional, para dar todo o suporte a essa experiência de formação artística”, afirma Tamara. A professora também explica que os estudantes montam um portfólio e apresentam a obra a ser exposta.

Apesar da organização concisa das obras de arte, é notável que cada elemento presente na exposição destaca as características e pensamentos individuais de determinado estudante/artista. Pautas como ancestralidade preta, corpo feminino, paisagem carioca e até mesmo música são abordadas nas obras, que incluem desde telas de parede até elementos cenográficos, tornando a mostra um espaço plural que impulsiona a expressão artística de forma independente. Essa diversidade cultural permite que o visitante mergulhe e reflita acerca das amplas perspectivas sociais presentes nas obras.

Destaque da exposição, a pintura acrílica “V sob V” da artista Karinna Rigaud aborda sua paixão pessoal, o grupo sul-coreano BTS. Na obra, a estudante usa o azul como elemento predominante para pintar o rosto de um dos integrantes. Olhando atentamente, o visitante consegue perceber a riqueza de detalhes em amarelo e preto, até mesmo a semelhança com a clássica “Noite Estrelada de Ródano”, de Van Gogh. A decisão da artista de retratar alguém que ela admira adiciona uma dimensão pessoal à obra, no entanto, também tem o potencial de ressoar em outras pessoas com o mesmo traço de personalidade.

A estudante e artista criadora de “V sob V”, Karinna Rigaud, comenta que foi um choque quando soube que foi selecionada e afirma que essa é a sua primeira participação em uma exposição. “Essa obra antes significava apenas mais um trabalho da faculdade. Porém, esse significado evoluiu de outras formas, através da obra consigo ver evolução na minha técnica de pintura”, conta a artista. Karinna explica que a obra foi finalizada em três semanas e acredita que o resultado é uma homenagem ao pintor Van Gogh e ao BTS, além de concretizar um novo passo em sua carreira artística.

Obra “V sob V” de Karinna Rigaud (Reprodução: Ana Cândida)

A mostra é uma atividade tradicional do Instituto de Artes, onde anualmente é realizada uma seleção para o “Olha Geral”, em conjunto com o Departamento Cultural. O edital é aberto a todos os estudantes de graduação do Instituto e a inscrição é estimulada através dos mais diversos suportes. Para a curadora Tamara, é essencial que professores considerem seus papéis sociais na formação dos estudantes. “A cada ano observamos a qualidade dos trabalhos que têm sido produzidos no Instituto e o processo de inserção dos estudantes no meio artístico”, afirma a professora.

Neste ano os estudantes selecionados foram Alexia Aquino, Beatriz Brito, Biba Furtado, Bruno Awful, Caio Couto, Claudia Diaz TS, Coletivo SAL, Dafne Nass, Débora Pinheiro, EkkieTan, ev3rmind, Karine de Souza, Karinna Rigaud, Kimera Moreira, Laura Lethbridge, Lucas Almeida, Lucas Finonho, Marcello Rocha, Melo, Odara Rosa, Philipe Baldissara, Rafael Navarro, Saulo Martins e Victoria Shintomi. A organização geral da exposição ficou sob responsabilidade de Analu Cunha e a equipe de assistência de curadoria incluiu Andressa Abbagliato, Isabelle Penna e Rayssa Veríssimo.

Projeto Sarar: cuidado para além do berço

Projeto Sarar: cuidado para além do berço

Segmento ambulatorial do Hupe realiza atendimento a recém-nascidos de alto risco

Por: Leonardo Medeiros e Leonardo Siqueira

Projeto Sarar realiza atendimentos multiprofissional no ambulatório de pediatria do Hupe. Foto: Arquivo Pessoal
 

O nascimento de um filho é um momento idealizado por muitas famílias. No entanto, muitas vezes nem tudo sai como o planejado. Segundo dados do Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos, do DataSUS, por exemplo, o Brasil registrou cerca de 292 mil nascimentos prematuros em 2022. Diante deste cenário, o projeto Sarar, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) da Uerj, realiza atendimentos a recém-nascidos de alto risco e que precisam de cuidados especiais, que são, em sua maior parte, bebês prematuros.

O Sarar é o Segmento Ambulatorial do Recém-Nascido de Alto Risco e atende recém-nascidos que deixam a unidade de terapia intensiva neonatal do Hospital Universitário. Segundo Maura Calixto, coordenadora do projeto e professora associada da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj, a maioria dos atendimentos do Sarar são de bebês prematuros e os que sofreram de asfixia perinatal, uma deficiência de oxigênio no momento próximo ao parto.

Calixto afirma que os prematuros atendidos no projeto costumam apresentar peso inferior a 1500 gramas ao nascer e um tempo de gestação inferior a 32 semanas – uma gestação completa varia de 37 a 42 semanas. Para ela, esses bebês, assim como os que sofrem de asfixia perinatal, precisam de um acompanhamento especial: “São bebês que têm uma chance maior do que os que não têm essa intercorrência de evoluir com alterações do seu desenvolvimento. Eles têm maior chance de ter alterações, não só no desenvolvimento, mas também no crescimento”, explica a médica.

Ela ressalta que algumas questões clínicas são próprias dos bebês prematuros, como a doença pulmonar crônica da prematuridade, a Displasia broncopulmonar, que faz com que o bebê precise ser internado por muito mais vezes do que um que passou pelo tempo completo de gestação e que não tem essa doença crônica. A coordenadora cita ainda que os prematuros podem apresentar alterações sensoriais, como de visão e audição, além de representarem grande parte das crianças que têm paralisia cerebral.

Além dos prematuros, o projeto acolhe recém-nascidos que sofreram asfixia perinatal. De acordo com a coordenadora, a asfixia perinatal é uma deficiência de oxigênio por diversas razões e que pode ocorrer no momento, antes e depois do nascimento: “Isso pode trazer sequelas como atrasos no desenvolvimento neuromotor, paralisia cerebral, cegueira, surdez, deficiência intelectual ou dificuldade de aprendizado posterior”, declara. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a asfixia perinatal é a terceira maior causa de morte neonatal no mundo. No Brasil, a estimativa é de que cerca de 20 mil crianças nascem com falta de oxigenação no cérebro no período de um ano, conforme números do Ministério da Saúde.

 

Projeto atende os recém-nascidos de alto risco e pode segui-los até os 12 anos de idade. Foto: Arquivo pessoal

Diante disso, Calixto destaca a importância de uma equipe especializada para cuidar do tratamento desses bebês, que é o propósito do projeto Sarar: “São bebês que precisam ter uma equipe que possa detectar quando houver uma alteração de desvio e intervir oportunamente. E essa intervenção se faz através de orientações específicas para os pais e aos cuidadores primários, que podem também ter necessidades de terapias específicas: terapia com fonoaudiólogo, fisioterapeuta e outros”.

Como funciona

O projeto existe efetivamente desde 2014, com aproximadamente 300 crianças atendidas atualmente, um número que pode chegar a 500 pessoas contempladas, contando os familiares. O Sarar segue os bebês de alto risco até os 12 anos de idade. Segundo Calixto, no começo, as consultas são feitas em um curto intervalo de tempo, com acompanhamento mensal, e depois progridem para intervalos maiores. O tempo varia dependendo da necessidade de cuidado da criança e de cada família.

A equipe é formada por pediatras, neonatologistas, fonoaudiólogos, nutricionista, enfermeira, fisioterapeutas e psicóloga. As consultas são multiprofissionais e transdisciplinares, com a presença das mais variadas especialistas da equipe.

São oferecidos também para a família processos educacionais em saúde, para informá-los e dar-lhes autonomia suficiente para conseguir cuidar dessas crianças. O Sarar entende que esses bebês exigem muito cuidado e é necessário prestar apoio aos familiares nesse momento, pois ainda que o bebê tenha alta da unidade de terapia intensiva, não está tudo resolvido. Porque os problemas podem ocorrer após a prematuridade. Por isso é feito esse acompanhamento da criança com essa equipe multidisciplinar.

A família

A coordenadora destaca a importância do acompanhamento psicológico no trabalho do projeto, especialmente para as famílias. Segundo ela, a psicóloga da equipe, que participa da consulta multiprofissional, trabalha tanto na avaliação das crianças quanto na eventual necessidade de uma intervenção em relação à família: “Existe sempre o acolhimento da família e são verificadas as possibilidades de ser oferecido um atendimento aqui. Quando não, há de se buscar esse atendimento lá fora, mas nunca abrindo mão da família”, declara.

Ela ainda destaca que o nascimento de um bebê de alto risco acaba por causar uma ruptura na idealização dos pais, e, diante disso, o cuidado psicológico se torna ainda mais necessário para que a família também permaneça firme e segura durante o tratamento do bebê.

“Conversas Fiadas” celebra a arte do bordado no Brasil

“Conversas Fiadas” celebra a arte do bordado no Brasil

Evento que inaugurou mostra itinerante debateu sobre o bordado como força política

Por: Ana Cândida

Oficina de bordado no “Conversas Fiadas” (Reprodução: Ana Cândida)
 
 

O Centro Cultural da Uerj (COART) recebeu no último dia 9 de outubro o evento “Conversas Fiadas”. Durante toda tarde foram debatidos temas acerca da tradição do bordado e a luta política na qual o movimento se insere. A reunião contou com mais de 200 artistas, oficinas, músicas, dança, comidas típicas e outros elementos culturais. Além disso, a celebração também marcou a inauguração da exposição “Re-descobrindo o Brasil em Fios: 200 anos de histórias e memórias bordadas”, com bordados dos municípios fluminenses. A mostra itinerante ficará exposta na Galeria da Passagem, na COART, até 11 de novembro. 

Inicialmente planejado para acontecer no Bosque da Uerj, o “Conversas Fiadas” teve que ser transferido para o Centro Cultural, por conta da forte chuva no dia. Essa mudança acabou por fundir o evento com a exposição, resultando na transformação do espaço em uma celebração dedicada ao bordado. Além da mostra “Re-descobrindo o Brasil em Fios”, os corredores do espaço também foram ocupados por obras de artistas independentes ou de coletivos do Brasil. As artes do “Conversas Fiadas” mostraram a versatilidade da arte do bordado, expondo bordados em panos de prato, toalhas, camisas, tear e até mesmo como livro de história. 

O evento “Conversas Fiadas” na COART também foi marcado pelo acontecimento de oficinas de bordado que ocuparam todos os corredores, convidando os visitantes a participarem ativamente. Durante o evento, foi organizada uma roda de conversa que promoveu a interação entre bordadeiras experientes e iniciantes, onde técnicas de bordado e princípios básicos foram compartilhados. A galeria da Passagem também sediou uma oficina próxima à exposição, onde os visitantes receberam um papel com a silhueta dos blocos da Uerj e foram convidados a bordar nele suas visões e desejos para o futuro da Universidade. 

No evento, o vestido “Nominata 365”, feito por Carolina Medeiros, se destacou. Os visitantes que chegaram cedo ao “Conversas Fiadas” viram nomes de artistas, como Tarsila do Amaral e Yoko Ono, sendo costurados no vestido branco com linha vermelha. A ideia do vestido é incluir 365 nomes de artistas mulheres, conforme a pesquisa da bordadeira. Carolina trabalha nesse projeto desde 2019, após demonstrar interesse pelo bordado e se tornar autodidata. “Também trabalho com figurinos, então acredito que dessa forma eu consegui unir esses meus dois lados”, afirmou a artista. 

“Nominata 365” sendo bordado no “Conversas Fiadas” (Reprodução: Ana Cândida)

A exposição “Re-descobrindo o Brasil em Fios”, com curadoria de Marisa Silva e Ricardo Gomes Lima, destaca as perspectivas sociais, culturais e políticas de 27 bordadeiras e bordadeiros sobre o estado do Rio de Janeiro. A mostra é resultado do projeto “Fio às Cinco em Pontos”, que começou durante a pandemia e incluiu 350 rodas de conversa centradas no bordado com artistas do Brasil e do exterior. “Esse projeto se transformou em uma exposição que vem itinerante pelo estado do Rio e seus municípios. A iniciativa também era uma maneira de promovermos a arte de pessoas em situação de invisibilidade”, explicou Ricardo Lima, curador da mostra. 

A exposição e o evento se concentraram no movimento dos “Bordados Políticos”, no qual artistas usam a habilidade de bordar como meio de expressar opiniões e manifestações sobre questões do cotidiano. Isso transformou o ato de bordar, tradicionalmente visto como uma atividade feminina, em uma forma de arte política que ocupa espaços públicos e aborda diversas realidades. Importantes ativistas como Marielle Franco e Frida Kahlo são frequentemente representadas nos bordados, não apenas como símbolos do poder feminino, mas também como ícones das lutas sociais e políticas que elas encarnaram e continuam a representar até hoje.

Bordado feito pelo coletivo “Pontos de Luta” homenageando Marielle Franco (Reprodução: Ana Cândida)

Ricardo Lima, um dos curadores da exposição, diz que o “Conversas Fiadas” reafirma o potencial que a Universidade possui em atingir o interior do estado. “A Universidade do Estado do Rio de Janeiro não representa apenas a cidade. Com essa mostra, temos a chance de trazer para cá esses 27 municípios que compõem a exposição e mais um número enorme de pessoas”, explicou o professor. O curador também pontuou que, após a divulgação do evento, a Uerj recebeu propostas de outros municípios como Itaboraí e Tanguá, que demonstraram interesse em conhecer a mostra itinerante. 

O plano futuro do projeto envolve a expansão para mais municípios, com a meta de dobrar o alcance atual para o ano de 2024 e transformar o evento em algo maior. O “Conversas Fiadas” destaca as manifestações de pessoas que fazem bordado, e a equipe acredita que em municípios não visitados ainda há pessoas não reconhecidas por sua arte. Nos últimos anos, cada vez mais homens têm participado da arte, transformando o bordado em uma prática sem gênero. Com isso, o evento também se compromete com a igualdade de gênero, desafiando estereótipos de que o bordado é uma atividade restrita às mulheres.

TEAcolhe/Uerj oferece terapia com animais

TEAcolhe/Uerj oferece terapia com animais

Programa da PR-5 visa ao cuidado multidisciplinar para pessoas no transtorno do espectro autista

Por: Ana Cândida

Alexandre Bello na Zooterapia, durante a 32ª Uerj Sem Muros (Reprodução: Alexandre Bello)

A Pró-reitoria de Saúde (PR-5) da Uerj criou o TEAcolhe, programa multidisciplinar de acolhimento aos pacientes com transtorno de espectro autista. O projeto nasceu em parceria com a Policlínica Universitária Piquet Carneiro (PPC) e a partir da demanda do público-alvo no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as atividades de acolhimento estão as Intervenções Assistidas por Animais – IAA, em parceria com os projetos Zooterapia Uerj e a ONG SOS Patinhas. O TEAcolhe é coordenado pelo professor Alexandre Bello, atual pró-reitor em exercício da PR-5. 

O programa teve origem a partir de um projeto de extensão do professor Alexandre Bello, em 2018. Inicialmente, era inviável financeiramente trazer o projeto para a Uerj, mas o TEAcolhe/Uerj se uniu ao canil da Guarda Municipal, conseguindo trazer cães em datas programadas, além de veterinários e adestradores. Recentemente, foi estabelecida uma parceria contratual com o SOS Patinhas e o Zooterapia. Hoje, o TEAcolhe atua com essas parcerias introduzindo diferentes animais como coelhos, furões e jiboia, devido à diversidade desses animais e seus benefícios para pessoas autistas, focando no desenvolvimento sensorial. 

Na Uerj, o TEAcolhe atua por meio de oficinas ao ar livre apresentando os animais que participam das terapias e ensinando sobre a terapia com animais. Essa rotatividade do projeto serve para divulgar o trabalho e de certa forma abrir portas para que mais pessoas possam conhecer o programa multidisciplinar. O TEAcolhe atende pacientes do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da PPC e aqueles encaminhados via Regulação (SER ou SISREG), como Clínicas da Família, por exemplo. Os pacientes (crianças, adolescentes ou adultos) são avaliados por um profissional, que os encaminha para o programa. Em seguida, é feita uma avaliação para determinar a necessidade de socialização e/ou interação com animais.

A equipe do projeto inclui profissionais multidisciplinares como biólogos, farmacêuticos, médicos, psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas e cuidadores de animais. Alguns são capacitados para promover a interação homem-animal, enquanto outros são capacitados em cuidados de saúde e movimentos. Em relação ao autismo, a formação que esses profissionais possuem é variada, sendo alguns já capacitados mediante formação guiada. Aqueles sem formação ou experiência com pessoas autistas participam de cursos e outros programas de aprendizagem fornecidos pela Uerj. Além disso, o programa possui equipe de apoio administrativo e infraestrutura.

Alexandre Bello, coordenador do programa afirma que o TEAcolhe foca no público autista em termos de metodologia, facilitando a abordagem a ser usada pela equipe. “Para pessoas com transtorno do espectro autista essa interação e capacidade de socialização é muito importante e valiosa para o seu desenvolvimento, ainda mais quando ocorre mediada por um profissional qualificado”, explica o pró-reitor em exercício da PR-5. O professor ainda visa ao desenvolvimento do TEAcolhe como uma forma de acolher as pessoas no transtorno do espectro autista que muitas vezes são invisíveis para a sociedade. 

Interação com jiboia na 32ª Uerj Sem Muros (Reprodução: Alexandre Bello)

Geralmente, terapias voltadas para a assistência com animais utilizam mais cachorros e outros animais que oferecem um cuidado mais comum e um custo benefício mais acessível. No TEAcolhe, com a SOS Patinhas e o Zooterapia os pacientes podem até mesmo enfrentar suas fobias, caso se sintam à vontade. “Costumamos separar mamíferos de répteis para não misturar espécies e por já termos em mente que algumas pessoas podem ter fobia. Porém, já tivemos pacientes com fobia de jiboia e minutos depois eles já estavam até mesmo passando a mão por livre e espontânea vontade”, afirmou o coordenador do programa. 

No futuro, o programa pretende ampliar seus atendimentos que ocorrem uma vez por semana para pelo menos duas vezes. Isso será possível após partirem para a área de busca e pesquisa nos bancos de dados e servidores de escolas, para assim empregar novos servidores que possam se dedicar ao funcionamento do TEAcolhe. Para além do PPC, o projeto também visa ampliar seus trabalhos para outras áreas de saúde, mas também para diversos campi da Uerj, dependendo da infraestrutura futura. Além disso, o TEAcolhe e a Universidade participam de um projeto de lei na Alerj promovendo a terapia com pessoas autistas. 

O TEAcolhe não é uma nomenclatura de uso exclusivo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O programa é uma rede de nível nacional de acolhimento, cuidado e multidisciplinar para pessoas no transtorno do espectro autista. A ideia inicial adicionando o “Uerj” ao lado do nome do projeto foi de aproximar o TEAcolhe dos diferentes espaços que a Universidade integra, e unir os recursos da Uerj junto ao trabalho do TEAcolhe de cuidado e disciplina. 

Para mais informações sobre o projeto:

Instagram: teacolhe.uerj

Machado de Assis invade o palco do Teatro Odylo Costa, filho

Machado de Assis invade o palco do Teatro Odylo Costa, filho

“O Alienista – O Musical” fala do comportamento humano, em especial a loucura

Por: Ana Cândida

Parte do elenco de “O Alienista – O Musical” (Reprodução: Leticia Croner)
 
 
 

O Teatro Odylo Costa, filho recebeu durante os dias 28, 29 e 30 de setembro o espetáculo musical “O Alienista”. A apresentação adaptada do livro homônimo escrito por Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, aborda os limites entre razão e loucura a partir do ponto de vista social e de um homem da ciência. “O Alienista – O Musical” teve direção geral de Rubens Limas Jr. e foi encenada pela Vitrine Uerj e Unirio Teatro Musicado.

A peça conta a história de um médico estrangeiro que decide se mudar para a cidade de Itaguaí, no Brasil. Lá, ele inaugura a Casa Verde, local onde seriam tratadas pessoas consideradas fora de suas faculdades mentais. A narrativa da história acompanha o protagonista considerando qualquer pessoa com o mínimo desvio de personalidade como louca. No final disso, ocorre uma revolta popular exigindo que essas “prisões” acabem de uma vez por todas. O alienista então questiona seus próprios métodos e provoca um debate sobre o que significa ser uma pessoa sã e uma pessoa louca. 

A Unirio Teatro Musicado existe desde 1995, levando de um a dois anos para transformar seus trabalhos teatrais em espetáculos. A adaptação do Alienista teve início antes da pandemia e levou cerca de cinco anos para ser concluída. Professores da Universidade Federal compõem a equipe do projeto, abrangendo diversos departamentos. Alunos de universidades federais de todo o Brasil, que procuram essa oportunidade de especialização na área do teatro, formam o elenco dos projetos teatrais. O musical contou com 32 selecionados de um total de 350 candidatos, além de cerca de 80 pessoas, incluindo estagiários.

A adaptação do livro para um musical enriqueceu ainda mais a obra. Embora alguns diálogos tenham sido retirados diretamente do livro, nessa versão, os personagens ganham voz e mais personalidade através de músicas que revelam suas convicções. Destaque para o dueto entre o Alienista e a Madre Lurdes, interpretados por Tiago Batistone e Carol Coimbra/Ruth Ciribelli, respectivamente, que fala sobre o trabalho do protagonista ser comparado à obsessão, abordando a disputa entre a ciência e a igreja. Elementos teatrais também são vistos durante o enredo, como no confronto entre “Os Canjicas” e ”Os Militares” que simulam a guerra através da dança. 

Outro destaque do musical foram os personagens de Machado de Assis e Sigmund Freud, interpretados por Lucas Resende e Miguel Conti, respectivamente. A presença dos dois como narrador e ouvinte cativou o público de diversas maneiras, principalmente pelo tom humorístico. Machado de Assis, por um lado, é um homem mais politizado e calmo. Freud é um homem mais energético e sem paciência. O roteiro usa elementos reais para desenvolver os personagens, como Freud fazendo piadas sobre cocaína e mulheres com histeria, e Machado sendo uma espécie de mentor para o neurologista que viria depois.

Machado de Assis e Sigmund Freud no musical (Reprodução: @eulorxnzo/Instagram)

O diretor geral do musical, Rubens Lima Jr., afirmou que a Uerj é parceira antiga do projeto e destaca o Teatro da Universidade como um grande espaço para apreciar a arte do Brasil. “Trazer a literatura brasileira junto a um dos mais importantes autores, que está sendo constantemente redescoberto e traduzido para o mundo é indispensável”, pontuou o diretor sobre a importância de introduzir Machado de Assis, que se mantém atual. A editora da Uerj também foi parceira do musical, revertendo todo o lucro dos exemplares de “O Alienista” vendidos durante as sessões em melhorias para o espetáculo.

No dia 29 de setembro é comemorado o Dia de Machado de Assis e marca a data de sua morte. Nesse mesmo dia ocorreu a segunda apresentação do musical no Teatro da Uerj. Ao final do espetáculo o público aplaudiu a memória do escritor que foi e ainda é tão importante para a literatura brasileira. Machado escreveu inúmeras obras, porém, “O Alienista” se destaca como um livro importante para se pensar questões relacionadas à loucura, abuso de poder e cientificismo. Em 1881, o autor já abordava a natureza humana, assunto esse que também viria a ser estudado anos depois por Sigmund Freud. 

O espetáculo conta com adaptação e letras de Alexandre Amorim, músicas de Gabriel Gravina, Guilherme Ashton, Guilherme de Menezes e Matheus Boechat. A direção de produção fica sob responsabilidade de Luis G. Pirangi e a direção musical é executada por Guilherme Borges. Por fim, Alexei Henriques e Shantala Cavalcanti coordenam as coreografias do musical, que também inclui atos de sapateado. 

32ª Uerj Sem Muros celebra a diversidade e igualdade racial

32ª Uerj Sem Muros celebra a diversidade e igualdade racial

Cerimônia de abertura ocorreu no Teatro Odylo Costa, filho

Por: Ana Cândida

Pôster da 32ª Uerj Sem Muros (Reprodução: Depext/PR3)

O Teatro Odylo Costa, filho recebeu ontem, 25 de setembro, a cerimônia de abertura da 32ª Uerj Sem Muros (USM). O evento contou com a presença da reitora em exercício, Cláudia Gonçalves, e de representantes das pró-reitorias da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A cerimônia, além de apresentar discursos reafirmando a importância da USM, também homenageou a música brasileira com a participação do Coral Altivoz e da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem. 

Este ano o tema do Uerj Sem Muros é “Igualdade Racial, Memória e Reparação”, visando dar lugar de fala para as pessoas pretas dentro e fora da Universidade. O pôster da 32ª Uerj Sem Muros homenageia grandes e importantes mulheres negras que são parte da nossa história como Carolina Maria de Jesus, Lélia Gonzalez, Dona Ivone Lara, Marielle Franco, Winnie Mandela e Mãe Beata de Iemanjá. Os discursos destacaram a importância de aprender com o passado para evitar repetir erros. Este ano também marca a presença de duas mulheres, uma delas preta, ocupando os cargos de reitora e vice-reitora.

A Uerj Sem Muros é um evento abrangente e mobilizador que engaja toda a comunidade uerjiana. Durante o evento, os membros da universidade têm a oportunidade de apresentar à sociedade em geral os resultados de sua produção acadêmica realizada em diversas áreas como ensino, pesquisa, extensão e cultura. A USM é separada em três frentes, onde cada pró-reitoria é responsável por uma delas. Sendo elas: PR1 responsável pela Semana de Graduação, PR2 responsável pela Iniciação Científica e a PR3 responsável pela Mostra de Extensão. 

Cláudia Gonçalves, reitora em exercício da Uerj, destacou o papel significativo do evento ao permitir que a Universidade de maneira figurada derrube seus muros e compartilhe e divulgue seu trabalho. “A Uerj Sem Muros é a ponte entre a comunidade interna e externa, a interação entre o público universitário e a sociedade em geral. Minha expectativa para este ano é que o evento seja o mais respeitado, inclusivo e democrático”, afirmou a professora. Cláudia ainda debateu sobre a Uerj como um importante espaço de aprendizagem e escuta para todos. 

Destaque da cerimônia de abertura, a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem, apresentou diversas músicas brasileiras como “Águas de Março” e “O Morro Não Tem Vez”, ambas de Tom Jobim, e outros clássicos de Chiquinha Gonzaga. Sob a regência do maestro Anderson Alves, a orquestra também presenteou a audiência com uma performance da renomada “Sinfonia nº 5, em D6 menor”, de Beethoven. O encontro musical é um exemplo de como a Uerj promove a diversidade e inclusão por meio da música, demonstrando seu apoio ao emprestar o Teatro para ensaios da OSB Jovem. 

OSB Jovem se apresentando no Teatro Odylo Costa, filho (Reprodução: Ana Cândida)

O Diretor do Departamento de Extensão/PR3, Hermínio Ismael de Araújo Júnior, afirma que a apresentação da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem na cerimônia de abertura da USM reafirma a posição da orquestra como um grande marco do cenário cultural e musical do Brasil. “Pensamos em dar visibilidade também para o fato de a OSB Jovem atualmente estar presente na nossa Universidade, transformando a Uerj na casa dessa importante orquestra que reúne jovens de diferentes origens e ressalta a pluralidade cultural”, explicou Hermínio. 

A 32ª edição da Uerj Sem Muros é um evento aberto para todos e ocorre nos dias 25 a 29 de setembro. Este ano também é marcado pela 21ª Semana de Graduação, evento anual para a apresentação e avaliação dos projetos vinculados à Pró-reitoria de Graduação (PR-1), pela 32ª Semana de Iniciação Científica e pela 25ª Mostra de Extensão que acontece de forma híbrida. Para conferir a programação completa acesse o site: usm.uerj.br.