Machado de Assis invade o palco do Teatro Odylo Costa, filho

Machado de Assis invade o palco do Teatro Odylo Costa, filho

“O Alienista – O Musical” fala do comportamento humano, em especial a loucura

Por: Ana Cândida

Parte do elenco de “O Alienista – O Musical” (Reprodução: Leticia Croner)
 
 
 

O Teatro Odylo Costa, filho recebeu durante os dias 28, 29 e 30 de setembro o espetáculo musical “O Alienista”. A apresentação adaptada do livro homônimo escrito por Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, aborda os limites entre razão e loucura a partir do ponto de vista social e de um homem da ciência. “O Alienista – O Musical” teve direção geral de Rubens Limas Jr. e foi encenada pela Vitrine Uerj e Unirio Teatro Musicado.

A peça conta a história de um médico estrangeiro que decide se mudar para a cidade de Itaguaí, no Brasil. Lá, ele inaugura a Casa Verde, local onde seriam tratadas pessoas consideradas fora de suas faculdades mentais. A narrativa da história acompanha o protagonista considerando qualquer pessoa com o mínimo desvio de personalidade como louca. No final disso, ocorre uma revolta popular exigindo que essas “prisões” acabem de uma vez por todas. O alienista então questiona seus próprios métodos e provoca um debate sobre o que significa ser uma pessoa sã e uma pessoa louca. 

A Unirio Teatro Musicado existe desde 1995, levando de um a dois anos para transformar seus trabalhos teatrais em espetáculos. A adaptação do Alienista teve início antes da pandemia e levou cerca de cinco anos para ser concluída. Professores da Universidade Federal compõem a equipe do projeto, abrangendo diversos departamentos. Alunos de universidades federais de todo o Brasil, que procuram essa oportunidade de especialização na área do teatro, formam o elenco dos projetos teatrais. O musical contou com 32 selecionados de um total de 350 candidatos, além de cerca de 80 pessoas, incluindo estagiários.

A adaptação do livro para um musical enriqueceu ainda mais a obra. Embora alguns diálogos tenham sido retirados diretamente do livro, nessa versão, os personagens ganham voz e mais personalidade através de músicas que revelam suas convicções. Destaque para o dueto entre o Alienista e a Madre Lurdes, interpretados por Tiago Batistone e Carol Coimbra/Ruth Ciribelli, respectivamente, que fala sobre o trabalho do protagonista ser comparado à obsessão, abordando a disputa entre a ciência e a igreja. Elementos teatrais também são vistos durante o enredo, como no confronto entre “Os Canjicas” e ”Os Militares” que simulam a guerra através da dança. 

Outro destaque do musical foram os personagens de Machado de Assis e Sigmund Freud, interpretados por Lucas Resende e Miguel Conti, respectivamente. A presença dos dois como narrador e ouvinte cativou o público de diversas maneiras, principalmente pelo tom humorístico. Machado de Assis, por um lado, é um homem mais politizado e calmo. Freud é um homem mais energético e sem paciência. O roteiro usa elementos reais para desenvolver os personagens, como Freud fazendo piadas sobre cocaína e mulheres com histeria, e Machado sendo uma espécie de mentor para o neurologista que viria depois.

Machado de Assis e Sigmund Freud no musical (Reprodução: @eulorxnzo/Instagram)

O diretor geral do musical, Rubens Lima Jr., afirmou que a Uerj é parceira antiga do projeto e destaca o Teatro da Universidade como um grande espaço para apreciar a arte do Brasil. “Trazer a literatura brasileira junto a um dos mais importantes autores, que está sendo constantemente redescoberto e traduzido para o mundo é indispensável”, pontuou o diretor sobre a importância de introduzir Machado de Assis, que se mantém atual. A editora da Uerj também foi parceira do musical, revertendo todo o lucro dos exemplares de “O Alienista” vendidos durante as sessões em melhorias para o espetáculo.

No dia 29 de setembro é comemorado o Dia de Machado de Assis e marca a data de sua morte. Nesse mesmo dia ocorreu a segunda apresentação do musical no Teatro da Uerj. Ao final do espetáculo o público aplaudiu a memória do escritor que foi e ainda é tão importante para a literatura brasileira. Machado escreveu inúmeras obras, porém, “O Alienista” se destaca como um livro importante para se pensar questões relacionadas à loucura, abuso de poder e cientificismo. Em 1881, o autor já abordava a natureza humana, assunto esse que também viria a ser estudado anos depois por Sigmund Freud. 

O espetáculo conta com adaptação e letras de Alexandre Amorim, músicas de Gabriel Gravina, Guilherme Ashton, Guilherme de Menezes e Matheus Boechat. A direção de produção fica sob responsabilidade de Luis G. Pirangi e a direção musical é executada por Guilherme Borges. Por fim, Alexei Henriques e Shantala Cavalcanti coordenam as coreografias do musical, que também inclui atos de sapateado. 

32ª Uerj Sem Muros celebra a diversidade e igualdade racial

32ª Uerj Sem Muros celebra a diversidade e igualdade racial

Cerimônia de abertura ocorreu no Teatro Odylo Costa, filho

Por: Ana Cândida

Pôster da 32ª Uerj Sem Muros (Reprodução: Depext/PR3)

O Teatro Odylo Costa, filho recebeu ontem, 25 de setembro, a cerimônia de abertura da 32ª Uerj Sem Muros (USM). O evento contou com a presença da reitora em exercício, Cláudia Gonçalves, e de representantes das pró-reitorias da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A cerimônia, além de apresentar discursos reafirmando a importância da USM, também homenageou a música brasileira com a participação do Coral Altivoz e da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem. 

Este ano o tema do Uerj Sem Muros é “Igualdade Racial, Memória e Reparação”, visando dar lugar de fala para as pessoas pretas dentro e fora da Universidade. O pôster da 32ª Uerj Sem Muros homenageia grandes e importantes mulheres negras que são parte da nossa história como Carolina Maria de Jesus, Lélia Gonzalez, Dona Ivone Lara, Marielle Franco, Winnie Mandela e Mãe Beata de Iemanjá. Os discursos destacaram a importância de aprender com o passado para evitar repetir erros. Este ano também marca a presença de duas mulheres, uma delas preta, ocupando os cargos de reitora e vice-reitora.

A Uerj Sem Muros é um evento abrangente e mobilizador que engaja toda a comunidade uerjiana. Durante o evento, os membros da universidade têm a oportunidade de apresentar à sociedade em geral os resultados de sua produção acadêmica realizada em diversas áreas como ensino, pesquisa, extensão e cultura. A USM é separada em três frentes, onde cada pró-reitoria é responsável por uma delas. Sendo elas: PR1 responsável pela Semana de Graduação, PR2 responsável pela Iniciação Científica e a PR3 responsável pela Mostra de Extensão. 

Cláudia Gonçalves, reitora em exercício da Uerj, destacou o papel significativo do evento ao permitir que a Universidade de maneira figurada derrube seus muros e compartilhe e divulgue seu trabalho. “A Uerj Sem Muros é a ponte entre a comunidade interna e externa, a interação entre o público universitário e a sociedade em geral. Minha expectativa para este ano é que o evento seja o mais respeitado, inclusivo e democrático”, afirmou a professora. Cláudia ainda debateu sobre a Uerj como um importante espaço de aprendizagem e escuta para todos. 

Destaque da cerimônia de abertura, a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem, apresentou diversas músicas brasileiras como “Águas de Março” e “O Morro Não Tem Vez”, ambas de Tom Jobim, e outros clássicos de Chiquinha Gonzaga. Sob a regência do maestro Anderson Alves, a orquestra também presenteou a audiência com uma performance da renomada “Sinfonia nº 5, em D6 menor”, de Beethoven. O encontro musical é um exemplo de como a Uerj promove a diversidade e inclusão por meio da música, demonstrando seu apoio ao emprestar o Teatro para ensaios da OSB Jovem. 

OSB Jovem se apresentando no Teatro Odylo Costa, filho (Reprodução: Ana Cândida)

O Diretor do Departamento de Extensão/PR3, Hermínio Ismael de Araújo Júnior, afirma que a apresentação da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem na cerimônia de abertura da USM reafirma a posição da orquestra como um grande marco do cenário cultural e musical do Brasil. “Pensamos em dar visibilidade também para o fato de a OSB Jovem atualmente estar presente na nossa Universidade, transformando a Uerj na casa dessa importante orquestra que reúne jovens de diferentes origens e ressalta a pluralidade cultural”, explicou Hermínio. 

A 32ª edição da Uerj Sem Muros é um evento aberto para todos e ocorre nos dias 25 a 29 de setembro. Este ano também é marcado pela 21ª Semana de Graduação, evento anual para a apresentação e avaliação dos projetos vinculados à Pró-reitoria de Graduação (PR-1), pela 32ª Semana de Iniciação Científica e pela 25ª Mostra de Extensão que acontece de forma híbrida. Para conferir a programação completa acesse o site: usm.uerj.br.

Instituto de Letras promove Oficina de Libras

Instituto de Letras promove Oficina de Libras

Evento oferece conhecimento sobre comunidade surda e atende demanda pelo ensino de Libra

Por: Ana Cândida

Banner na entrada da Oficina de Libras (Reprodução: Ana Cândida)

Na última terça-feira, 19 de setembro, o Instituto de Letras da Uerj (ILE) promoveu a quarta edição da Oficina de Libras. O evento foi organizado pela equipe do projeto “Recursos e materiais para o ensino de português para alunos surdos” em parceria com o Diretório Acadêmico Lima Barreto (DALB). A oficina ocorre anualmente, porém este ano o evento teve duas edições. Através de sorteio de materiais e brindes, brincadeiras e o ensinamento da Língua Brasileira de Sinais em si. Hoje, no Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, iniciativas como a oficina reforçam a importância da Libras no combate à exclusão social.

O projeto “Recursos e materiais para o ensino de português para alunos surdos” visa criar materiais de língua portuguesa com quatro volumes para alunos surdos, do 6º ao 9° ano. A produção dos livros teve início em 2012, com a coordenação da professora Angela Baalbaki, e desde então a equipe vem aperfeiçoando esses materiais. Atualmente, o projeto está no último volume e a equipe pretende finalizá-lo até dezembro para que eles possam ser distribuídos futuramente com a ajuda de verbas. Os livros além de ensinar o aluno surdo também capacitam os professores para saberem lidar com esses alunos.

A Oficina de Libras foi idealizada desde o início do período, no intuito de dar as boas vindas para os novos estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e promover o ensino da Língua Brasileira de Sinais. O evento foi aberto para todos da comunidade uerjiana e qualquer pessoa que tivesse interesse em aprender. A oficina de certa forma funciona como uma porta de entrada para que os participantes conheçam o básico acerca da comunidade surda e, a partir disso, se sintam livres para conhecer mais sobre o projeto e a Libras.

A bolsista PROATEC e integrante do projeto Joice Bianca pontuou que o objetivo do projeto é fazer com que a pessoa surda seja mais respeitada e sociável. “Acreditamos que quanto mais pessoas conheçam a cultura surda, tenham entendimento de quem é a pessoa surda e de como funciona a língua que ela fala, cada vez mais visibilidade isso dará para a comunidade surda”, afirmou a também intérprete de Libras. Joice concluiu dizendo que muitas vezes o surdo é visto desde criança como alguém isolado da sociedade, porque muitas pessoas não têm o conhecimento básico de Libras.

A oficina começou com a entrega de brindes e materiais informativos acerca da Libras para o público. De início, foram debatidos alguns mitos e verdades sobre a comunidade surda e a Língua Brasileira de Sinais. Uma informação que chamou a atenção foi a diferenciação entre surdos e pessoas com deficiência auditiva. A pessoa surda é caracterizada como aquele que faz uso de Libras no seu cotidiano como meio de comunicação, e está inserido dentro de uma comunidade. Por outro lado, a pessoa com deficiência auditiva se comunica por outros meios.

Durante duas horas o evento introduziu a Libras, língua visual-espacial, com cinco parâmetros: configuração das mãos, pontos de articulação, orientação, movimentos e expressões faciais/corporais. Esses parâmetros desempenham um papel importante para que os sinais sejam compreendidos corretamente, evitando interpretações erradas. Um exemplo destacado foram as letras A e S, que podem ser confundidas, caso mude a posição do dedo polegar durante a sinalização. Além disso, o evento incluiu o ensino de diversos sinais de palavras e frases usadas no cotidiano, como saudações, alfabeto, perguntas básicas e números.

Bolsista do projeto ensinando Libras (Reprodução: Ana Cândida)

Assim como outras línguas, a Libras varia de acordo com o país e até mesmo com a região. Foi destacado que uma característica da Libras que a diferencia do português é o uso mínimo de soletração, pois a língua de sinais geralmente expressa palavras e frases grandes com um único sinal para uma comunicação mais rápida e fluida. A oficina incentivou as interações diretas com os participantes, promovendo a prática e a compreensão da Libras. O evento terminou com uma atividade de “telefone sem fio” usando sinais, ressaltando a importância de utilizar a Libras de maneira precisa para transmitir a mensagem correta.

Ana Beatriz, uma das bolsistas do projeto, contou que está na equipe faz seis meses e conheceu o projeto em uma disciplina ministrada pela coordenadora Angela Baalbaki. “Ainda não sei falar Libras totalmente, mas agora já sei algumas palavras. O que já é um avanço para quem no início não sabia nada. Além disso, está sendo muito interessante aprender sobre a comunidade surda”, afirmou a bolsista. Ana acredita que o trabalho do projeto com a oficina ajuda a desconstruir pensamentos ultrapassados acerca da língua de sinais e da pessoa surda.

O Diretório Acadêmico Lima Barreto (DALB), representação do grupo estudantil dos cursos de Letras, entende a parceria com o evento como uma alternativa contrária à falta de vagas nas disciplinas de Libras. Outra problemática recorrente dessa escassez é a falta de prioridade para os estudantes de Letras que desejam entrar nesses cursos de língua de sinais. Essas prioridades, muitas das vezes, são dadas para estudantes de outros cursos como Geografia e História. O DALB entende a oficina como uma maneira de despertar interesse, mas também suprir a demanda já existente no Instituto de Letras pela Libras.

A oficina e o projeto de “Recursos e materiais para o ensino de português para alunos surdos” são iniciativas que promovem a inclusão social de pessoas surdas. Atualmente, no Brasil a Libras é usada por apenas 2,3 milhões de brasileiros. Em contrapartida, o Brasil possui cerca de dez milhões de pessoas surdas/deficientes auditivos. Dados como esses provam que o estabelecimento da Libras na educação infantil, jovem e adulta é mais do que necessário para uma sociedade inclusiva. Caso tenha interesse sobre Libras entre em contato com o projeto:

E-mail: oficinaile@gmail.com

Facebook: @rmdlpsuerj

Instagram: @lp2surdos

Programa Rompendo Barreiras inaugura espaço físico na Uerj

Programa Rompendo Barreiras inaugura espaço físico na Uerj

Sala dispõe de ferramentas que auxiliam estudantes com deficiência ou neurodivergência

Por: Ana Cândida

Exposição feita no dia da inauguração da sala (Reprodução: Arquivo pessoal/Valeria de Oliveira)

O Rompendo Barreiras, uma coordenadoria da Pró-reitoria de Políticas e Assistência Estudantis, inaugurou no último dia 21 de agosto um espaço físico no 10º andar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo da sala é prestar assistência aos estudantes com deficiência e/ou neurodivergência. Além disso, o espaço também apresenta diversas ferramentas que podem ser usadas pelos estudantes para auxiliar essas pessoas com deficiência em suas necessidades acadêmicas específicas. O evento de inauguração contou com a presença de diversos representantes da Uerj e a coordenadora do programa, professora Valeria de Oliveira. 

A sala do Rompendo Barreiras foi projetada para estar num lugar de fácil acesso, sendo a primeira coisa que se vê ao chegar no décimo andar da Uerj. O espaço acolhedor e sempre de portas abertas (auxílio para pessoas com fraqueza muscular) foi pensado para ser inclusivo, garantindo acessibilidade e livre acesso para cadeirantes. Atualmente, conta com duas funcionárias que, apesar de não possuírem treinamento formal, possuem ampla experiência e habilidades para oferecer assistência aos estudantes neurodivergentes e/ou com deficiência que buscam assistência no programa. O Rompendo Barreiras também conta com a atuação de cinco bolsistas, cuja formação é dada pela coordenadora do programa. 

A coordenadora do Programa Rompendo Barreiras, Valeria de Oliveira, demonstra estar contente com o novo passo dado pela Universidade. “A concretização desse espaço físico em um lugar de visibilidade e acessibilidade é uma maneira de afirmar que a comunidade PcD da Uerj existe e agora ela está sendo vista”, declarou Valeria. A professora ainda pontuou que a sala é uma maneira de também rompermos barreiras atitudinais, visto que muita das vezes pessoas com deficiência e neurodivergentes são vistas como invisíveis. 

Na nova sala do Rompendo Barreiras, estudantes com deficiência visual, que necessitem de ajuda para traduzir textos dados em aula, encontram equipamentos capazes de escanear textos para um dispositivo com leitor de tela, onde esses estudantes conseguem ter acesso à leitura desses textos. Esse software também auxilia pessoas com dislexia, que necessitam da leitura do texto por outra pessoa, a fim de obter um melhor aprendizado. Também estão disponíveis ferramentas para produzir textos em escrita braile e livros socioeducativos traduzidos em braile e com texto aumentado, para pessoas com baixa visão. 

A inauguração desse espaço é um exemplo de como a tecnologia pode auxiliar pessoas com deficiência. A sala do Rompendo Barreiras também dispõe de diferentes tipos de mouses. Um deles servindo para transferir o texto para a tela transmitindo a escrita em diferentes contrastes e cores. Além de atender os estudantes com deficiência visual, o local também dispõe de mouses (e teclados) que atendem as pessoas com deficiência motora e aqueles que digitam com os pés. Outra ferramenta interessante é o vocalizador, usado para auxiliar pessoas que possuem deficiência na fala, sendo usado por crianças e adultos. 

A Coordenadoria do Rompendo Barreiras além de atender os alunos da graduação também forma o estudante. Com isso, o projeto lida com estudantes PcDs que estão passando pelo processo de se tornarem professores. Através dessa relação são usados diversos materiais sensoriais no intuito de mostrar meios para que no futuro esses estudantes possam trabalhar com seus alunos da melhor maneira. Além dos estudantes, o Rompendo Barreiras também trabalha constantemente na formação de professores e de seus próprios funcionários, visando a um ambiente cada vez mais inclusivo dentro e fora da Universidade. 

Ferramentas disponíveis na sala do Rompendo Barreiras (Reprodução: Arquivo pessoal/Valeria de Oliveira)

Em abril, durante o VI Encontro do Programa Rompendo Barreiras, a Uerj estabeleceu o compromisso de tornar o espaço universitário mais acessível para a comunidade PcD uerjiana. Para a coordenadora do programa, Valeria de Oliveira, o estabelecimento de um espaço físico para fornecer auxílio para essa parcela da comunidade é a prova de que esse compromisso está se mantendo em funcionamento. “Ainda falta muito, mas essa sala mostra que estamos caminhando para um futuro cada vez mais acessível e inclusivo”, afirmou a professora. 

O Departamento de Acolhida, Saúde Psicossocial e Bem-estar (DASPB/PR-4) funciona como uma porta de entrada para o Rompendo Barreiras. Através do Chega Mais, a Universidade consegue avaliar todos os novos estudantes e assim atender às demandas acadêmicas daqueles com deficiência ou neurodivergência, encaminhando-os para o Rompendo Barreiras. O espaço físico da Coordenadoria do Programa Rompendo Barreiras funciona das 8:00 às 18:00 e atualmente trabalha para disponibilizar mais ferramentas e tornar o espaço mais equipado possível. 

O Maracanã nosso de cada dia

O Maracanã nosso de cada dia

Palco de grandes acontecimentos, o estádio divide opiniões dos vizinhos

Por: Simone Nascimento

Estádio Jornalista Mário Filho/Maracanã – Foto: José Guertzenstein

Todos os grandes jogos realizados no Maracanã conseguem atrair milhares de torcedores, mesmo em dias úteis. Para dar conta dessa movimentação é necessária uma grande logística. As interdições no trânsito e o aumento no fluxo de pessoas atingem moradores, comerciantes e também as atividades no campus Maracanã da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Com isso, a presença do estádio na região é celebrada por alguns vizinhos e criticada por outros.

O Maracanã chegou a ser o maior do mundo e continua sendo o maior do país, com capacidade para quase 80 mil pessoas. Para poder facilitar a chegada e saída dos torcedores, a CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro) monta um esquema especial de trânsito, que inclusive impede estacionamento próximo ao Maracanã. A companhia aconselha o uso de transporte público, uma vez que é possível chegar até o local de ônibus, trem e metrô.

Encontro de torcedores em dia de jogo – Foto: Reprodução/Redes sociais

Alguns bares no entorno do estádio, principalmente os que estão mais próximos da rampa do Bellini, viram ponto de encontro de torcedores, às vezes para fazer um esquenta antes das partidas ou para comemoração depois. Dessa forma, há o aquecimento de uma parte do comércio.

Joseane, funcionária do Bar dos Chicos, um dos mais movimentados nos dias de jogos, disse que o local chega a ficar lotado e que é preciso colocar uma grade para dar mais conforto aos clientes. Mas nem todos os comércios da redondeza têm essa sorte. O Bar Loreninha, que fica próximo ao portão 5 da Uerj, vê o movimento minguar. Joaquim, garçom do estabelecimento, conta que boa parte dos frequentadores são alunos, e a clientela some pois a universidade suspende as atividades presenciais após às 16 horas nos dias de jogos em que o público seja de 20 mil pessoas ou mais.

As mudanças no trânsito e a grande concentração de pessoas também atingem os vizinhos do Maracanã. Moradora de um prédio entre o estádio e a Praça Varnhagem, Beatriz Pereira enfatiza que nos horários próximos ao início e final das partidas é quase impossível chegar ou sair de casa devido ao grande número de torcedores nas ruas, diz ainda que é comum o uso de carros de som para os famosos esquenta.

Polêmicas à parte, o Maracanã é um dos estádios mais famosos do mundo e nunca se restringiu apenas ao futebol. O local já foi palco de outros acontecimentos marcantes como as duas missas celebradas pelo Papa João Paulo II, a segunda edição do Rock in Rio e shows de diversos artistas como Frank Sinatra, Madonna, The Rolling Stones e do rei Roberto Carlos.

 
 

Uerj reafirma parceria com Programa Empoderadas

Uerj reafirma parceria com Programa Empoderadas

Projeto visa prevenir e combater a violência de gênero 

Por: Ana Cândida

Inauguração do Centro de Treinamento da equipe do Empoderadas (Reprodução: Instagram/Erica Paes)

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro inaugurou no último dia 19 de agosto o Centro de Treinamento do Programa Empoderadas, projeto desenvolvido em colaboração com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. A inauguração do espaço no Salão da Coordenadoria de Arte e Oficinas Artísticas (Coart) marca um passo significativo na expansão da parceria entre a Universidade e o programa dedicado a combater a violência contra mulheres. O reitor Mario Carneiro, juntamente com representantes de diversos núcleos acadêmicos, participou da cerimônia e enfatizou o compromisso da Uerj com iniciativas de políticas públicas e sociais, exemplificadas pelo Empoderadas. 

O Programa Empoderadas, criado pela especialista em segurança feminina Erica Paes, surgiu a partir de sua experiência pessoal com a violência de gênero e visa capacitar mulheres a se defenderem de possíveis situações de risco por meio de técnicas de Jiu-Jitsu e MMA. Em 2019, o programa passou a integrar as ações do Governo do Estado do Rio de Janeiro na Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude (SEELJE). Em 2022, o Empoderadas foi inserido como uma iniciativa do Programa Estadual de Enfrentamento ao Feminicídio no Estado do Rio de Janeiro, que figura entre os três estados brasileiros com os maiores índices de feminicídio.

Desde 2021, a parceria entre o Empoderadas e a Uerj vem utilizando dados da pesquisa acadêmica da Universidade sobre violência de gênero para fortalecer o projeto. A colaboração aprimorou as condições de treinamento para a implementação e expansão do projeto em melhores condições de trabalho. “É uma grande parceria e estamos felizes por estarmos trazendo nosso polo para a Uerj com o apoio do próprio reitor”, afirmou Erica. Com isso, a Uerj se tornou um local de encontro essencial e centro de excelência dedicado à causa do Programa Empoderadas.

A renovação da parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2022 teve como objetivo expandir o programa para mais municípios no Rio de Janeiro e ampliar o alcance do Empoderadas, que já tinha beneficiado mais de 94 mil mulheres. Após a renovação, esse número triplicou, resultando em mais de 1,2 milhão de mulheres assistidas desde 2019. Além disso, a parceria da Uerj com o Empoderadas tem despertado o interesse de outras universidades em aprender com essa união bem-sucedida. Essa colaboração, também apoiada pelo governo estadual, demonstra o crescente progresso e importância do projeto. 

A equipe do Programa Empoderadas é formada por mulheres altamente capacitadas, recrutadas por meio de um processo seletivo organizado pela Uerj. Essas profissionais recebem um treinamento especializado para abordar e combater a violência de gênero de maneira eficaz. O Empoderadas atualmente atua em 60 núcleos distribuídos por vários municípios do Rio de Janeiro, oferecendo uma ampla disponibilidade de serviços, workshops e oficinas. No tatame, o projeto tem a presença de instrutoras faixa preta em judô ou jiu-jitsu, além de fornecer informações e apoio, desempenhando um papel fundamental na quebra do ciclo de violência e no empoderamento feminino.

Edite Rosa, assistente social do Programa Empoderadas e formada pela Uerj (Reprodução: Ana Cândida)

O projeto vai além da capacitação no tatame, oferecendo uma gama de serviços de apoio. O acolhimento jurídico proporciona uma preparação prévia, fornecendo informações essenciais para ajudar as vítimas a enfrentarem o sistema judicial com conhecimento de seus direitos. Em conjunto, a assistência psicológica acontece por meio de uma triagem e a vítima é direcionada para atendimento individual, grupos de apoio e conversas familiares para combater o ciclo de violência doméstica. Por fim, o serviço social atua realizando uma abordagem mais ampla voltada para a saúde, trabalho, educação e aspectos familiares dessas mulheres.

Maria do Socorro, 63 anos, é uma das centenas de mulheres beneficiadas pelo projeto, e recebeu apoio quando enfrentava violência doméstica. “O Empoderadas me ajudou fazendo com que eu tivesse consciência de que tudo aquilo que eu vivia era uma realidade inaceitável”, afirmou dona Maria, emocionada. Hoje, ela compartilha seu conhecimento oferecendo orientação e suporte a outras mulheres que enfrentam situações de violência. A auxiliar de serviços gerais é um exemplo de como o Empoderadas a ajudou na superação de desafios pessoais e também a capacitou como mentora para aquelas que precisam de ajuda.

Maria do Socorro durante encontro do Programa Empoderadas, na Uerj (Reprodução: Ana Cândida)

Os encontros da equipe do Programa Empoderadas acontecem aos sábados no prédio da Coart, na Uerj, às 9h. A reunião conta com aulas de capacitação profissional ministrada por mestres especialistas em segurança e outras atividades relacionadas à violência contra mulheres. Essas aulas visam a ensinar às profissionais do programa técnicas de defesa baseadas no cotidiano, e a partir disso são elaborados os planos de aula a serem realizados em todos os polos do Estado. Para mais informações acesse as redes sociais do Empoderadas e caso esteja ou conheça alguém em situação de violência, não hesite em procurar ajuda. 

Para mais informações: https://ury1.com/Programa-Empoderadas

“Corpos Insurgentes”: o olhar feminista na arte

“Corpos Insurgentes”: o olhar feminista na arte

Exposição na Galeria Candido Portinari/Uerj promove acesso cultural no início do período letivo

Por: Ana Cândida

Parede da exposição “Corpos Insurgentes”, na Galeria Candido Portinari (Reprodução: Ana Cândida)

“Corpos Insurgentes”, exposição que permanece até o dia 15 de setembro na Galeria Candido Portinari, visa trabalhar as relações existentes entre arte e ativismo, com foco no feminismo interseccional e decolonial. A mostra foi idealizada pela equipe do Coexpa (Coordenadoria de Exposições) e apresenta, além das obras de arte, uma pesquisa teórica com textos educativos e referências. Ao todo são dezesseis artistas mulheres expondo seus trabalhos artísticos que incluem pinturas, fotografias, elementos cenográficos e vídeos. O projeto tem curadoria de Flávia Carmagnanis. 

A exposição tem como temática central o corpo feminino, visto como um local de memória e ferramenta política em constante transformação, desafiando a noção de uma “natureza” feminina fixa. Diversas obras apresentam uma abordagem mais direta, fazendo um diálogo com a atual feminilidade. Enquanto outras optam por uma abordagem mais abstrata, empregando cores vibrantes que provocam o interesse dos visitantes. Em um cenário atual onde a violência contra as mulheres ainda persiste, esta exposição emerge como uma pauta fundamental, promovendo debates acerca do respeito às mulheres e da valorização da pluralidade feminina.

Flávia Carmagnanis, curadora da exposição, afirmou que desde o início do projeto a ideia era ser uma exposição pensada no coletivo, partindo da arte corporal e feminismos, buscando fornecer um breve panorama da produção brasileira recente. “Minha intenção foi pensar a arte feminista contemporânea nas produções dos últimos anos, como essas artistas se articulam, como isso aparece nas suas obras e quais pautas têm maior destaque”, explicou a curadora. Flávia ainda demonstrou estar contente em poder reunir artistas que admira, e dar continuidade à pesquisa que ela vem desenvolvendo.

Obra “A Ceifadora”, de Marcela Cantuária, exposta na Galeria Candido Portinari (Reprodução: Ana Cândida)

“Corpos Insurgentes” foi inaugurada no dia 18 de agosto, dois dias após o início das aulas do período 2023.2 na Uerj, e contou com a presença de pessoas do meio artístico e acadêmico. Com isso, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, conhecida por ser um espaço aberto ao desenvolvimento do pensamento crítico e ao debate de questões sociais, demonstra seu compromisso ao abrigar uma exposição que acolhe os novos estudantes e os incentiva a refletir sobre a pauta da exposição. A mostra na Galeria é um exemplo de como a arte promove diálogos e ultrapassa as barreiras das salas de aula.

A caloura de Relações Públicas da Uerj Manuella Alves afirmou que tinha um breve conhecimento da existência dos espaços culturais da Universidade, mas não possuía informações para saber se poderia visitá-los. “Eu sempre ia para outros museus e galerias, mas era muito complicado o deslocamento até o Centro, por exemplo. Estudar na Uerj, onde tem diversas galerias e atividades de lazer ao meu alcance, com certeza enriquecerá a minha carga cultural”. Ao ser perguntada sobre a sua experiência na exposição, a estudante reagiu positivamente e enfatizou a importância da perspectiva feminista na arte, principalmente no espaço universitário. 

Manuella ao lado das fotografias “Série: Entre o fogo e a faca, 3”, de Nica Buri (Reprodução: Ana Cândida)

A Galeria Candido Portinari faz parte do Departamento Cultural da Uerj e promove exposições de artes visuais, diálogos entre artistas consagrados e novos, inseridos na arte brasileira. As exposições promovidas servem como um impulso para a expressão artística, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e coletivo. “A galeria tem se firmado como importante polo de promoção das artes visuais no Rio de Janeiro, com encontros fundamentados na preocupação com a produção de saberes”, afirma Flávia, curadora da exposição e integrante da equipe do Departamento Cultural da Uerj.

As artistas presentes no projeto artístico são Berna Reale, Camila Soato, Clara Moreira, Dyana Santos, Jade Marra, Jéssica Lemos, Marcela Cantuária, Monique Ribeiro, Nica Buri, Panmela Castro, Priscila Barbosa, Priscila Rezende, Priscila Rooxo, Thaís Basílio, Virgínia di Lauro e Yacunã Tuxá. A exposição “Corpos Insurgentes” está em funcionamento na Galeria Candido Portinari de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 19h. A entrada é gratuita e aberta ao público em geral.

 
 
 
 

Projeto possibilita protagonismo de PcDs e auxilia no combate ao capacitismo

Projeto possibilita protagonismo de PcDs e auxilia no combate ao capacitismo

Laboratório afeTAR desenvolve grupo terapêutico para pessoas com e sem deficiência visual

Por: Ana Cândida

 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente no Brasil, existem 506 mil pessoas com deficiência visual. Pensando nessa parcela da população que muitas vezes é marginalizada, o laboratório afeTAR, unidade de desenvolvimento tecnológico do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, desenvolveu o projeto “Grupo Terapêutico Pessoas com e sem Deficiência Visual”. O atendimento é destinado a pacientes com deficiência visual, que incluem pessoas com cegueira total ou baixa visão e pessoas videntes, que podem ou não apresentar alguma deficiência.

O projeto visa priorizar a Psicologia com enfoque na deficiência visual, capacitando as pessoas nessa condição como protagonistas, não apenas como uma simples adaptação, e ampliando o dispositivo de atendimento terapêutico em grupo para fomentar uma inteligência coletiva no enfrentamento das questões apresentadas. A abordagem centrada em discussões em grupo promove a troca de experiências e a compreensão mútua, desarticulando ações capacitistas. A Psicologia dedicada a essa área contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva, empoderando os participantes para serem agentes de mudança, redefinindo percepções e quebrando barreiras físicas e atitudinais.

Alexandra Tsallis, coordenadora e supervisora do grupo terapêutico, afirmou que o trabalho nasceu, inicialmente, como um projeto de pós-doutorado desenvolvido por ela no Instituto Benjamin Constant, em 2009. Posteriormente, Alexandra tornou-se professora da Uerj e decidiu trazer o projeto para a Universidade. “No IBC, centro de referência nacional em deficiência visual, desenvolvemos e implementamos um dispositivo clínico que considerasse uma construção, cujo ponto de partida foi aprender com as pessoas com deficiência visual”, complementou a psicóloga. Alexandra também ressalta que o grau de desconhecimento acerca da deficiência visual ainda é grande, um dos motivos para o projeto existir. 

O grupo terapêutico é composto por profissionais devidamente capacitados para trabalhar com pessoas com deficiência visual, que passaram por um treinamento prévio que inclui discussões para instrumentalizá-los no uso do dispositivo, e recebem supervisão contínua. Desde o início do projeto, houve uma abordagem inclusiva ao adotar as opiniões e perspectivas das pessoas com deficiência visual, estabelecendo um trabalho colaborativo entre os profissionais da psicologia e os próprios PcDs. Essa ação demonstra um aprimoramento mútuo do conhecimento, reforçando-se como uma política constitucional do projeto, tanto em sua metodologia quanto fundamentação teórica.

 

Cartaz de divulgação do projeto (Foto: Instagram)

O laboratório afeTAR, vinculado ao Instituto de Psicologia da Uerj, é uma unidade de desenvolvimento tecnológico que visa criar projetos que promovam a inclusão e a diversidade. Dentre suas iniciativas destacam-se o COM-POR UERJ, grupo de atendimento terapêutico voltado para pessoas negras e realizado por profissionais negros, o projeto Cuidados Paliativos, desenvolvido em parceria com o Hospital Universitário Pedro Ernesto, e o projeto Escola, que contribui para a formação de professores, incentivando o letramento e a adoção de práticas diárias de acessibilidade e inclusão. Além disso, o laboratório oferece o Bancada afeTAR e estabelece parcerias com organizações da sociedade civil.

Atualmente, o grupo conta com uma equipe formada por três estagiárias do curso de Psicologia da Uerj e a psicóloga Loíse Lorena Santos. Os encontros acontecem uma vez por semana e duram uma hora e trinta minutos, com oito participantes. As inscrições para o grupo terapêutico foram estendidas para mais uma edição do projeto, porém as vagas são limitadas. O preenchimento das vagas será por ordem de inscrição, respeitando as reservas das vagas, sendo metade para pessoas com deficiência visual e a outra metade para pessoas videntes. Os encontros serão realizados remotamente, às segundas-feiras, das 17h45 até 19h15, pelo Google Meet. Os interessados devem ser maiores de 18 anos e dispor de acesso à internet, câmera, áudio e privacidade para os atendimentos.

As inscrições são feitas através do preenchimento do formulário disponível no link: https://forms.gle/t63Yepv5p62N6o8s8.

NUDERG promove seminário sobre violência de gênero

NUDERG promove seminário sobre violência de gênero

Evento aconteceu na Uerj e recebeu a presença de diversos órgãos sociais e de movimentos feministas 

Por: Ana Cândida

Mulheres debatem na mesa “Organizações Feministas e Movimentos Sociais” (Foto: Ana Cândida)

O Núcleo de Estudos sobre Desigualdades Contemporâneas e Relações de Gênero (NUDERG), com o apoio do ICS-Uerj (Instituto de Ciências Sociais) e o PPCIS-Uerj (Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais), promoveu o Seminário “Campanhas e ações de prevenção à violência de gênero no Brasil 2000-2018”, visando ao lançamento da pesquisa sobre a análise de campanhas e ações de prevenção feitas no Brasil. O seminário reuniu mulheres de diferentes setores acadêmicos e sociais, além de especialistas no assunto. As palestras aconteceram nos dias 6 e 7 de julho no 9º andar da Uerj e proporcionaram um debate acerca da prevenção de violência contra mulheres. 

 
 
 

O seminário foi idealizado desde o começo da elaboração do projeto pela NUDERG, pois a equipe tinha em mente que precisava fazer algum evento que promovesse o debate tanto com os movimentos sociais quanto com a academia. Em suma, era importante levar o estudo acadêmico feito dentro da universidade para o ambiente externo, distribuindo informações. O seminário teve como objetivo entender a dinâmica e elaboração das campanhas feitas no Brasil que visam à prevenção à violência de gênero, e pensar de maneira coletiva em formas de realizar ações mais eficazes. O projeto ressalta que as campanhas existentes não perderam seu valor durante o tempo, mas através da pesquisa foi notada a possibilidade de uma melhoria nessas iniciativas públicas e sociais.

 
 
 

No primeiro dia do seminário, 6 de julho, foi iniciado com a mesa “Campanhas e ações de prevenção à violência de gênero no Brasil 2000 – 2018) – resultados gerais”, em seguida foi abordado o tema “Governos nacionais, estaduais e municipais” e por último aconteceu um debate sobre “Sistema de justiça criminal e segurança pública”. No segundo dia, 7 de julho, a primeira mesa foi “Organizações feministas e movimentos sociais”, em seguida o debate foi sobre “Sindicatos, partidos políticos e instituições do poder legislativo” e por fim houve uma mesa sobre o “Panorama Brasil e Espanha: Ações Políticas”.

A coordenadora geral do NUDERG/PPCIS/ICS/Uerj, Maira Covre-Sussai, destacou que apesar do seminário ter tido a Uerj como palco, ele contou com a presença de pessoas da comunidade externa e outras parcerias. “As mulheres se interessaram mais, entendemos que os lugares são para serem ocupados de maneira igualitária. Porém, priorizamos as mulheres por estarmos em desvantagem, trata-se de uma questão de políticas afirmativas.”, explicou a coordenadora. O seminário teve como convidados (as) gestores de políticas públicas de todas as esferas de governo, membros de movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos.

 
 
 

Atualmente, no Brasil, uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro lideram os índices com quase 60% do total dos casos. Dados como esses demonstram que a maneira e a linguagem usadas em campanhas preventivas são mais do que importantes para prevenir o aumento desses casos. Durante a pesquisa do seminário destacou-se que as ações de prevenção tinham foco na violência geral e sexual, além disso buscavam a mudança de uma atitude social através da condenação da violência apelando para o lado sensível e consciente do público-alvo. A coleta também mostrou que o foco na violência contra mulheres LGBTQIA+ era baixa. 

 
 
 

Um fator importante debatido no segundo dia do seminário foi a mentalidade coletiva, de que maneira as pessoas podem prevenir certas violências começando por uma mudança interna. Foi dito que por décadas as mulheres foram retratadas como submissas e que não deviam fazer nada caso sofressem algum tipo de repressão. Essa mentalidade enraizada na sociedade precisa ser constantemente mudada e erradicada. É necessário que as mulheres tenham acesso às informações que as ajudem a enfrentar essas situações, caso precisem. Essa é uma mudança feita gradativamente, mas que ao longo dos anos cada vez mais pessoas se tornem capazes de mudar seus comportamentos acerca da violência. O incentivo contra a violência de gênero é uma pauta que deve começar desde cedo para pessoas de todos os gêneros e faixa etária. 

 
 
 

A pesquisa também chamou atenção para a maneira que os agressores, em sua maioria homens, eram retratados durante as campanhas e ações. Retratados de forma indeterminada, muita das vezes eles eram colocados como “pessoas não reais”, sem aparência física. Apesar do seminário ter sido composto principalmente por mulheres, tanto na audiência como nas palestras, destacou-se a importância da presença de homens em espaços de conscientização da violência. Não basta conscientizar apenas as vítimas, mas também é preciso ter parte do foco voltado para os agressores em potencial, fazendo com que eles entendam o motivo de possíveis atitudes problemáticas.

Material distribuído durante o seminário: cartilhas sobre prevenção à violência e calendários relacionados aos direitos femininos (Foto: Ana Cândida)

Um dos destaques do segundo dia do seminário foi a palestra de Eleutéria Amora, coordenadora da Casa da Mulher Trabalhadora (CAMTRA). Eleutéria discursou sobre o trabalho da organização na produção de campanhas que previnem a violência contra as mulheres e mostrou para o público presente uma cartilha criada especificamente para o assunto. A cartilha foi distribuída no final do seminário e apresenta informações jurídicas e sociais sobre a violência de gênero. A CAMTRA é uma organização feminista que visa ir ao encontro de outras mulheres com a perspectiva de colaborar para o fortalecimento de sua autonomia e direitos, construindo então uma sociedade igualitária.

 
 
 

O seminário “Campanhas e ações de prevenção à violência de gênero no Brasil 2000 – 2018” é um projeto financiado pela CAPES PrInt-Uerj, programa de internacionalização da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que visa oferecer bolsas que contribuem em pesquisas de doutorado e pós-doutorado no exterior. A pesquisa também possui parceria com a Universidade de Manizales, na Colômbia, Universidade de Lisboa e com a Universidade Complutense de Madri. Os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados em Madri, no final de 2019. O projeto era comparativo com Portugal, Espanha e Colômbia, o que resultou na ida da equipe do NUDERG até a Espanha para realizar uma apresentação e discutir protocolos.

Editora da Uerj lança “O Objeto Quádruplo”, de Graham Harman

Editora da Uerj lança “O Objeto Quádruplo”, de Graham Harman

Livro é publicado pela primeira vez em português e é considerado o título mais importante da corrente filosófica Ontologia Orientada ao Objeto

Por: Ana Cândida

Capa do livro publicado pela EdUERJ (Foto: Instagram)

A editora da Uerj (EdUERJ) lançou no último dia 7 de julho o livro “O Objeto Quádruplo – uma metafísica das coisas depois de Heidegger”, escrito pelo autor Graham Harman, filósofo americano e professor do Instituto de Arquitetura do Sul da Califórnia em Los Angeles. O lançamento ocorreu de maneira virtual, através do YouTube, justamente pelo autor ser americano e não ter sido possível trazer Harman para um evento presencial. A live contou com a presença do próprio autor e com os professores Otávio Maciel (escritor da apresentação da edição brasileira do livro), Thiago Pinho (tradutor da obra) e André Lemos. 

O livro aborda um movimento filosófico que estuda como os objetos se relacionam e se desprendem de suas qualidades. A ontografia explora também a captura de qualidades livres de outros objetos, como ocorre na estética e na metáfora. Na obra, são apresentadas as quatro tensões da ontografia como parte de um mapa cósmico que vai além do espaço-tempo convencional. O argumento mais importante do estudo é propor que a tensão subjacente entre objetos e qualidades, tão central na metafísica clássica de Aristóteles, é a fonte das dimensões mais básicas da realidade. “O Objeto Quádruplo” já foi traduzido para mais de 20 idiomas e é caracterizado por uma abordagem ousada que ultrapassa os limites da filosofia.

O objetivo do lançamento é popularizar um novo projeto ontológico, uma nova forma de acolher os humanos, assim como todos os elementos que compõem o mundo em que vivemos. Ao popularizar seus debates e conceitos, um novo campo de estudo poderá surgir no Brasil, com implicações que ultrapassam as fronteiras das ciências humanas e sociais. Ricardo Zentgraf, jornalista da Assessoria de Comunicação da EdUERJ, destacou o compromisso da editora em publicar livros que provocam um debate no meio acadêmico. “O Objeto Quádruplo” é considerado o título mais importante da corrente filosófica chamada Ontologia Orientada ao Objeto (O.O.O). Decidimos escolher esse livro também por se tratar de um projeto de relevância acadêmica que permanecia inédito em português”, afirmou Ricardo.

A transmissão do lançamento do livro aconteceu no canal do Laboratório de Pesquisa em Mídia Digital, Redes e Espaço da UFBA, no YouTube, e durou cerca de duas horas. O evento contou com tradução simultânea do português para o inglês, língua nativa do autor. Durante a live, Graham discutiu sobre os aspectos filosóficos inseridos no livro e explicou um pouco sobre a sua relação com o Brasil e com o Rio de Janeiro, primeira cidade brasileira com a qual ele teve contato. A parte da tradução também foi comentada como uma tarefa bastante complicada de ter sido concluída, em parte pela distância entre o autor e o tradutor (que se encontraram presencialmente algumas vezes), mas também devido ao período de pandemia.

Cartaz de divulgação da live (Foto: Instagram)

O tradutor de “O Objeto Quádruplo”, Thiago Pinho, contou que a Uerj e sua editora foram as primeiras a abrir passagem para a abordagem da nova filosofia relacionada à Ontologia Orientada ao Objeto (O.O.O) no Brasil. “A O.O.O é mais do que uma teoria específica dentro do reino dos filósofos. Podemos entender também seus contornos como um espaço onde diferentes teorias e abordagens podem florescer, embora conflitantes. Isso permite que a O.O.O tenha um caráter muito interdisciplinar, impactando todos os espaços da Uerj, como a física ou biologia”. Thiago complementa que se vê otimista sobre o impacto da tradução do livro e que o lançamento pode trazer diversas parcerias nacionais e internacionais.

No final da live de lançamento, o autor Graham Harman respondeu algumas perguntas dos espectadores. Em resposta ao LED, o professor Harman destacou que apesar do prestígio envolvendo a publicação por uma editora acadêmica, como a EdUERJ, ele não se atém muito a esse detalhe, mesmo sendo uma pessoa inserida no ambiente acadêmico e estudantil. “O importante, na verdade, é os livros estarem disponíveis para as pessoas, principalmente para a nova geração que já possui acesso à informação por diferentes formas”, explicou o autor. O livro “O Objeto Quádruplo” pode ser adquirido fisicamente na livraria da Uerj, no Campus Maracanã, ou pelo site da editora.