Declaração do G20 Social  cobra taxação dos super-ricos e proteção dos mais pobres

Declaração do G20 Social cobra taxação dos super-ricos e proteção dos mais pobres

Documento resultou do trabalho de 13 grupos de engajamento e da colaboração de movimentos sociais, sindicatos e organizações da sociedade civil; entre os temas principais estão combate à fome e à pobreza, sustentabilidade e transição energética justa

Por Leticia Santana e Maria Eduarda Galdino

Márcio Macedo durante entrevista coletiva. Foto: Leticia Santana

A declaração final do G20 Social,  entregue neste sábado ao presidente Lula, defendeu a taxação dos super-ricos e cobrou dos governos compromisso com o enfrentamento às mudanças climáticas – além de ações concretas para proteger as populações mais vulneráveis dos eventos extremos. O documento reúne as propostas de entidades da sociedade civil e será levado à cúpula de líderes mundiais, que acontece nos dias 18 e 19 de novembro.

“Nada disso seria possível sem a contribuição de todos vocês que estão aqui hoje. A presidência brasileira não teria avançado nas prioridades que escolheu se não fosse a participação decisiva das organizações e dos movimentos do G20 social”, afirmou Lula ao receber o documento. 

As propostas resultam das discussões realizadas nos grupos de trabalho durante todo o ano. Os temas incluíram combate à fome, pobreza e desigualdade, sustentabilidade, mudanças climáticas, transição justa e a reforma da governança global.  O G20 Social aconteceu nos dias 14, 15 e 16 de novembro, na praça Mauá, centro do Rio de Janeiro. Hoje, no encerramento do evento, o ministro Márcio Macedo, que coordenou o G20 Social, fez a entrega do documento ao presidente Lula.

A declaração foi escrita por movimentos sociais, sindicais e organizações da sociedade civil, com o intuito de promover a participação da população de forma efetiva. A ideia é que os grupos realmente afetados pelas decisões dos líderes possam ter parte no consenso. Uma das pautas mais debatidas foi a construção de uma agenda coletiva e a adesão de todos os países à iniciativa construída pela presidência brasileira: a Aliança Global contra Fome e a Pobreza.

Ana Tojal, participante do G20 social e membro da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, acompanhou os debates nos grupos e a produção do  documento. Moradora de Maceió, lembrou o que tem acontecido na capital alagoana e cobrou providências. “Cinco bairros foram afundados, por causa do caso da Braskem, hoje conhecido como a maior tragédia urbana ambiental do país. As pessoas que lá viviam tiveram que fazer deslocamentos, e não é só uma perda material, mas também é uma perda emocional, das suas relações comunitárias e dos seus afetos.” 

Ana Tojal, assistente social, integrante do Fenasps. (foto: Maria Eduarda Galdino)

Outro destaque foi a reforma das governanças globais, para que as políticas públicas possam se conectar melhor com a realidade contemporânea e permitir a inclusão do Sul Global nas tomadas de decisão. 

No G20 Social, os movimentos realizaram as chamadas atividades autogestionadas, com o intuito de fomentar debates e propostas para serem apresentados ao governo federal. Regina Jeronimo, comunicadora do MTD (Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Por Direitos), esteve na atividade com o seu movimento para poder pensar alternativas para combater as crises climáticas com uma liderança de mulheres. 

Regina Jeronimo, comunicadora do MTD. (foto: Letícia Santana)

Participante do MTD do Rio Grande do Sul, Regina apresentou a proposta dos ‘pontos populares de trabalho’, coletivos que trabalham em prol da construção e limpeza de casas, com o funcionamento de cozinhas solidárias para as famílias que foram afetadas pelas enchentes. Esse projeto do MTD foi aprovado por lei no Rio Grande do Sul. “O nosso objetivo aqui é abrir os olhos do governo para essa alternativa tão importante, uma alternativa popular. E também buscar um respaldo para essas nossas atividades, fazer a defesa desse nosso trabalho como importante”, disse ela.

Sem clima para notícias falsas

Sem clima para notícias falsas

Propagação de desinformação sobre o clima no Brasil foi tema no último dia do CRIA G20; especialistas discutiram o negacionismo climático, os riscos de  disseminar notícias falsas sobre eventos extremos e por que isso atrapalha o socorro às vítimas 

Por Everton Victor e Julia Lima

Apresentação do Instituto Democracia em Xeque durante oficina do CRIA G20. Foto: Maria Eduarda Galdino

Você já ouviu dizer que a Madonna trouxe chuva para o Rio de Janeiro? Ou que as antenas HAARP são responsáveis pelas enchentes no Rio Grande do Sul no início deste ano? As duas são notícias falsas sobre o clima, e, assim como elas, muitos outros tipos de desinformação a respeito do assunto circulam diariamente nas redes sociais. Para discutir a gravidade dessa divulgação, o CRIA G20 realizou neste sábado (16) a oficina “Mapeando a desinformação sobre clima no Brasil”, com participação de pesquisadores da UniRio, da UFRJ e Conscious Advertising Network (CAN), organização britânica que estuda o tema.

Para Giulia Tucci, doutora em ciência da informação pela UFRJ, quem propaga desinformação sobre o clima costuma ter dois principais objetivos: negar os efeitos das mudanças climáticas e descredibilizar instituições e atores ambientais que alertam para os riscos do negacionismo. 

Segundo o Instituto Democracia em Xeque, presente no evento, o maior alvo de desinformação climática é a Amazônia, especialmente no que diz respeito ao trabalho das ONGs que atuam na região. A CPI das ONGs, instalada no Senado Federal em junho de 2023, foi apontada como um dos instrumentos utilizados para a propagação de notícias falsas sobre a região. E elas não vêm somente em formato de matérias jornalísticas; podem ser teorias da conspiração, manipulação de dados de pesquisas científicas, vídeos e áudios.

A propagação de desinformação durante as enchentes do Rio Grande do Sul também foi pauta do encontro. De acordo com o Democracia em Xeque, esse fenômeno interferiu e dificultou as ações de busca, salvamento, doação e direcionamento da população a abrigos; o episódio se repetiu na cidade de Valência, na Espanha, que está sendo atingida por fortes chuvas.

“Mad men fuelling the madness” (Homens loucos alimentando a loucura): frase de António Guterres, secretário-geral da ONU, se tornou um apelo contra a desinformação – Foto: Letícia Santana

Para Jake Dubbins, especialista britânico no tema do clima, o processo de desinformação ocorre de forma coordenada – e não é, como se costuma pensar, algo aleatório restrito a uma ou outra pessoa. Assim, aquele “Tio do Zap” pode até ser uma pessoa real e que você conhece – mas ele consome e compartilha informação falsa porque a “notícia” é manipulada para prender sua atenção.

Essas informações falsas ou distorcidas, além de gerar desinformação, são monetizadas e estão presentes em discursos políticos. A dinâmica das redes, com a busca de cliques e o uso de “cortes rápidos” para exibir apenas trechos dos discursos, muitas vezes descontextualiza o que é fato. Tribunais Eleitorais, veículos de comunicação e plataformas do mundo todo discutem hoje como regulamentar as redes e impedir que discursos como estes impactem a democracia.

Dubbins alertou especialmente para o risco da desinformação em regiões que não têm veículos de checagem nem de jornalismo local. E afirmou que os desertos de notícias são um elemento relevante no processo de desinformação, pois a população não tem como conferir os conteúdos que circulam nas redes. Esta realidade não está distante do Brasil: segundo levantamento do Atlas da Notícia, 26,7 milhões de pessoas vivem em desertos de notícias no país. Os dados, referentes ao ano de 2023, indicam que há 2.712 cidades brasileiras nessa situação. A desinformação não está restrita a estes territórios, quase 90% dos brasileiros admitem ter acreditado em informações falsas, de acordo com o levantamento do Instituto Locomotiva para a Agência Brasil.

“Jesus de camarão”, imagem gerada por inteligência artificial que se tornou exemplo de informação manipulada e difundida nas redes – Foto: Letícia Santana

A oficina realizada no último dia da Cúpula G20 Social faz parte dos debates do Fórum sobre como regulamentar as redes e como enfrentar a desinformação. O tema esteve presente em diferentes reuniões de diferentes dos Grupos de Trabalho do G20. A expectativa é que a desinformação e seus danos à democracia marquem também os debates das principais economias do mundo durante a Cúpula do G20 nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio.

Ídolos que viraram técnicos

Ídolos que viraram técnicos

A mudança de carreira de Filipe Luís, Rogério Ceni, Gáucho e Zidane.

Por: Livia Bronzato

O Flamengo, sob o comando de Filipe Luís, conquistou a quinta Copa do Brasil do clube, no domingo (10). O técnico possui uma longa história com o rubro-negro, já que sempre declarou que esse era o seu time do coração. Como jogador, em 2019, começou a jogar pelo clube e, em dezembro de 2023, ele encerrou sua carreira de sucesso. Ao longo dos cinco anos, foram alcançados 10 títulos, nacionais e internacionais.

No ano seguinte, assumiu como treinador do sub-17 do Flamengo. Sua passagem na categoria foi rápida com apenas 5 meses, mas vitoriosa, conquistando a Copa Rio. Em seguida, então, enfrentou o desafio de comandar o sub-20 do time, em que também obteve êxito ao conquistar o Intercontinental.

Em outubro, Filipe Luís recebeu a proposta de treinar o profissional do Flamengo e estreou na semifinal da Copa do Brasil, em um jogo vencendo de 1 a 0 o Corinthians. Com um bom desempenho nesse curto período, o treinador conquistou a Copa do Brasil 2024, no início deste mês. Alcançando três títulos ao longo de um ano na nova carreira.

Foto: Gilvan de Souza e Marcelo Cortes / CRF

Assim como Filipe Luís, alguns jogadores, ao encerrarem seus caminhos dentro do campo, decidem investir na carreira de treinador devido ao conhecimento tático que foi adquirido ao longo do tempo. Quando o ídolo de um time retorna como técnico, é normal que a torcida crie expectativa devido ao entusiasmo que é ter uma figura importante de volta ao clube. Entretanto, alguns retornos não obtêm o sucesso esperado.

Rogério Ceni, que foi jogador do São Paulo por 25 anos, voltou como técnico duas vezes: em 2017 e 2021. Ele alcançou 18 títulos como jogador, todavia não obteve sucesso nos campeonatos em suas passagens como treinador. Essa situação pode ser inclusive o motivo de muitos ídolos não desejarem treinar seu time para evitar que sua carreira de sucesso como jogador seja manchada caso sua passagem como técnico não seja boa. Como por exemplo, Zico que nunca treinou o Flamengo. Já Roberto Dinamite arranhou o prestígio de ídolo ao virar presidente do clube, sendo muito contestado nessa função.

Em outros casos, o retorno é positivo e atende às expectativas da torcida. Renato Gaúcho chegou ao Grêmio como ponta-direita, em 1980. Três anos depois, alcançou a Copa Libertadores e a Intercontinental Cup. Firmando-se nessa década como um dos maiores craques do futebol brasileiro.

Renato Gaúcho em campo pelo Grêmio.

Atualmente, ele comanda o time como técnico. Já é sua quarta passagem: 2010 a 2011, 2013, 2016 a 2021 e 2022-atual. Com êxito, conquistou uma Libertadores, uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana, cinco Campeonatos Gaúchos e duas Recopas Gaúchas. Como jogador e como técnico, ele é reverenciado pela torcida e considerado um dos maiores ídolos do clube.

Fora do Brasil, Zidane é um exemplo de sucesso na troca de carreiras. Ele foi meia do Real Madrid de 2000 a 2006 e, durante esse período, conquistou seis títulos: um Mundial, uma Liga dos Campeões da Uefa, uma Supercopa da Uefa, um Campeonato Espanhol e duas Supercopas da Espanha. Zidane também levou três bolas de ouro, sendo duas enquanto estava jogando pelo Real Madrid, em 2000 e 2003.

Zinédine Zidane pelo Real Madrid.

Zidane teve duas passagens como treinador do time. Na primeira, que ocorreu de janeiro de 2016 a maio de 2018, ele ganhou a Champions League, dois Mundiais, duas Supercopas da Uefa, dois Campeonatos Espanhóis e duas Supercopas da Espanha. Durante a segunda passagem, de 2019 a 2021, Zidane conquistou o Campeonato Espanhol e a Supercopa da Espanha de 2019/20. Além disso, em 2014, ele chegou a ser treinador do time B do Real Madrid, o Real Madrid Castilla. Seu currículo como técnico chama muita atenção, não apenas pelo número de títulos, mas pelo curto tempo em que isso ocorreu.

Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza será lançada pelo presidente Lula na Cúpula do G20

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza será lançada pelo presidente Lula na Cúpula do G20

Da distribuição de renda à melhora na merenda escolar, conheça as propostas dos países que aderiram publicamente ao pacto mundial contra a fome; a África do Sul, sede do próximo G20, se comprometeu manter o tema na cúpula do ano que vem

Por Everton Victor e Julia Lima

Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, durante a entrevista coletiva sobre as ações da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Foto: Maria Eduarda Galdino

Reduzir a mortalidade materna e infantil, aumentar a distribuição de renda e melhorar a alimentação escolar. Esses são alguns dos compromissos da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, proposta lançada pelo Brasil no G20 e que já conquistou a adesão pública de  41 países. O anúncio final dos países e organizações que integram a Aliança será feito pelo presidente Lula, na próxima segunda (18), durante a Cúpula do G20. 

No evento de divulgação, nesta sexta (15), participaram o ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e a representante permanente da África do Sul na Agência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Nosipho Jezile.                                                                   

Até o momento, países como Alemanha, Estados Unidos e Bangladesh já aderiram à iniciativa proposta pela presidência brasileira para o enfrentamento à fome. A iniciativa une países desenvolvidos e em desenvolvimento, o que para o ministro Wellington Dias é uma demonstração da urgência do tema não só no Brasil, mas no mundo. “Cresceu  a compreensão de que o problema da fome e da pobreza também é uma preocupação de quem já alcançou o bem-estar social”, afirmou o ministro à Agenc.

Só no Brasil, 8,4 milhões (3,9%) de pessoas convivem diariamente com a insegurança alimentar severa, segundo a FAO; ou seja, não existe qualidade e nem uma quantidade suficiente na alimentação desta pessoa. Hoje o Brasil integra o Mapa da Fome, lista em que estão nações que têm 2,5% ou mais de sua população em situação de  subalimentação. O ministro afirmou que o Brasil sairá do mapa da fome até 2026 e que o mundo terá com a Aliança Global uma coordenação efetiva na diminuição da fome. “Não se trata de levar apenas comida, nós estamos falando de um plano de desenvolvimento nos lugares que historicamente foram afetados pela fome e pobreza”.

 

Aliança contra fome não só do G20, mas de todo o planeta

A ideia é a Aliança não ficar restrita apenas ao G20, pelo fato de a liderança ser alternada a cada ano. A continuidade da Aliança Global Contra a Fome e Pobreza será acompanhada por uma governança própria, vinculada ao G20, mas não dependente dele. Todas as ações do G20 precisam ter consenso entre seus integrantes. No caso da Aliança, apesar de um país endossar e concordar com ela, ele não precisa necessariamente aderir. 

Cada país participante tem independência para implementar ações específicas ao seu contexto interno. Ou seja, um país pode investir em uma nova transferência de renda direta ou mesmo fortalecer as políticas de combate à fome existentes. A Aliança servirá para captar recursos e investimento – tanto de nações, quanto de organizações – para destinar aos países que precisam de socorro financeiro. A iniciativa não prevê mecanismos de vigilância e fiscalização dos investimentos destinados aos países, isso será de responsabilidade do detentor do recurso.

O Brasil assumiu o compromisso da criação de uma aliança mundial contra a fome e a pobreza ainda durante a Cúpula do G20 na Índia, em 2023. Hoje, após mais de 41 países terem aderido à proposta, o enfrentamento à fome continuará presente na próxima edição do G20. À Agenc, Nosipho Jezile, representante Permanente da África do Sul na Agência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) afirmou que o seu país “não deixará a bola cair”, em referência à manutenção da Aliança na próxima Cúpula.

 

Conheça algumas propostas

Os países que integram a aliança já apresentaram medidas de combate à fome que, através da ajuda financeira, poderão ser implementadas. Serra Leoa, país da África Ocidental, pretende expandir a alimentação escolar de 54% para 100% dos estudantes até 2030. A Indonésia, no sudeste asiático, comprometeu-se a atingir 78 milhões de estudantes com refeições nas escolas.

Com relação à promoção do bem-estar social, a Palestina assumiu o compromisso de oferecer tratamentos de emergência para 155 mil grávidas e lactantes, além de serviços médicos e sociais para aproximadamente 10 mil crianças que perderam seus responsáveis. Já a Tanzânia, na África Oriental, quer expandir os serviços para o desenvolvimento infantil para cobertura nacional até 2030.

Descendentes, o original da Disney que marcou a infância de muitos

Descendentes, o original do Disney Channel que marcou a infância de muitos

O #MomentoNostalgia desta semana relembra o primeiro filme da triologia

Por Alice Moraes

Pôster do filme

No #MomentoNostalgia dessa semana relembramos um queridinho do Disney Channel, lançado em 2015: Descendentes.  

O diretor do filme é o Kenny Ortega, o mesmo que dirigiu a trilogia High School Musical, uma franquia também muito aclamada pelos seguidores do Disney Channel. 

Descendentes traz a história de uma nova geração de vilões e mocinhos. A Bela e a Fera se casaram, estabeleceram os Estados Unidos de Auradon e ressucitaram todos os vilões para dar a eles um destino pior: a prisão eterna na Ilha dos Perdidos, protegida por uma barreira impenetrável, que impede os vilões de escaparem e de manifestarem seus poderes mágicos. 

O filho da Bela e a Fera, porém, como futuro rei, quer dar uma chance para os filhos dos vilões. Por isso, escolheu quatro deles (Mal, Evie, Jay e Carlos) para se mudarem para Auradon, longe da influência maligna dos seus pais vilões. 

No entanto, os quatro adolescentes são orientados por Malévola (mãe de Mal) a roubar a varinha mágica da Fada Madrinha, a fim de quebrar a barreira da Ilha e conceder a liberdade a todos os vilões. Como os filhos vão executar esse maléfico plano? Eles vão conseguir? Assista no filme. 

A trama possui uma trilha sonora espetacular, além de figurinos bem produzidos e a caracterização dos personagens, bem como a ambientação da história, nos leva de volta aos clássicos contos de fadas da Disney. A obra fez tanto sucesso que Descendentes conta com uma linha de diversos produtos como livros de spin-off e bonecos. Um ano após o lançamento, ganhou também uma mini série em desenho animado (Descendentes: mundo de vilões), uma continuação com o segundo filme (2017), o terceiro filme (2019) e mais um quarto filme com um elenco novo, lançado em 2024. 

Toda a franquia de Descendentes está disponível para você assistir no streaming Disney Plus! 

A vida depois dos desastres climáticos

A vida depois dos desastres climáticos

Na Cúpula do G20 Social, ativistas discutiram impactos dos eventos climáticos extremos no Brasil; Movimento dos Atingidos por Barragens alertou para dificuldades de acesso a políticas públicas após tragédias como a de Mariana, em Minas Gerais

Por Everton Victor e Julia Lima

MAB discute consequências das mudanças climáticas no G20 Social. Foto: Letícia Santana

Na Cúpula do G20 Social, ativistas discutiram impactos dos eventos climáticos extremos no Brasil; Movimento dos Atingidos por Barragens alertou para dificuldades de acesso a políticas públicas após tragédias como a de Mariana, em Minas Gerais

Pior seca registrada dos rios da Bacia Amazônica, enchentes no Rio Grande do Sul, deslizamento em São Sebastião, tempestades de areia no interior de São Paulo. Todos esses fenômenos – cada vez mais intensos e recorrentes – estão relacionados a uma mesma crise: a climática. Este foi um dos temas discutidos durante a Cúpula do G20 Social, iniciada nesta quinta-feira (14) no Rio. O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) fez um alerta sobre as vítimas desses desastres. Segundo o MAB, não existe responsabilização dos culpados nem facilidade no acesso a políticas públicas emergenciais.

Sara Regina Cordeiro (46), residente há mais de 30 anos do município de São Sebastião, litoral de São Paulo, foi uma das vítimas dos deslizamentos e enchentes na cidade em fevereiro de 2023. Segundo ela, eventos como esses não são raros na região, a diferença é o aumento da intensidade, com a repetição dessas catástrofes.  “Em 2009, 2016, 2019, houve deslizamentos, enchentes e mortes”, afirma. A diferença desses desastres para o de 2023 é o tamanho da destruição: no ano passado foram 65 mortos, sendo 64 apenas no município de São Sebastião.

Quase dois anos depois, a tragédia ainda deixa marcas na cidade. Apesar da construção de mais de 500 moradias pelo governo de São Paulo para os atingidos pelas enchentes, Sara diz que as ações foram insuficientes e que os efeitos perduram até hoje. Segundo ela, os vizinhos que se deslocaram para os apartamentos populares oferecidos pelo governo ainda continuam sofrendo com enchentes em seus apartamentos.

Sara Regina Cordeiro, uma das atingidas pela tragédia em São Sebastião (SP) em 2023. Foto: Letícia Santana

Os efeitos de eventos como esses não estão restritos ao litoral paulista, nem ao Brasil. De acordo com levantamento realizado pela ONU em 2021, desastres climáticos já mataram mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que 91% das vítimas viviam em países em desenvolvimento – grupo do qual o Brasil faz parte.

O MAB se inscreveu no G20 Social por meio da plataforma oferecida para a sociedade civil  e realizou uma atividade sobre os desafios das populações atingidas por desastres. A mesa discutiu a responsabilidade dos mais ricos – países, mas também pessoas – na produção de gases de efeito estufa. Pesquisa da instituição britânica Oxfam aponta que, em 90 minutos, um bilionário produz a quantidade de gás carbônico que uma pessoa “normal” levaria uma vida inteira para produzir. 

O Brasil não foi isento de sua responsabilidade: o país é o 6º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Cerca de 50% dessa emissão provém do desmatamento, e 25% da agropecuária.

Atingidos por barragens

A mesa também discutiu a situação de pessoas atingidas por barragens. Apesar de não serem desastres climáticos por si só, os rompimentos de barragens causam desequilíbrios ambientais extremos, como “morte” dos rios, impossibilidade do consumo de água e contaminação do solo. Há também os efeitos na população, como perda de moradias e fontes de renda, além de mortes. 

O movimento criticou a falta de punição para os responsáveis pelas barragens rompidas e pela não-adaptação à nova realidade climática. E anunciou que recorrerá da decisão judicial que absolveu as empresas BHP, Samarco e Vale pelo rompimento da barragem em Mariana (MG) em 2015 – quando 19 pessoas morreram.  “Tem famílias que continuam na área de risco, continuam sofrendo e não tiveram indenizações ou apoio psicológico”, exemplifica Sara.

A Cúpula do G20 Social termina no dia 16 de novembro, sábado.

Premiação da Jornada Casas Bahia 2024 na Rocinha (Foto: Reprodução)

Empreendedorismo feminino: transformando realidades nas comunidades

Empreendedorismo feminino: transformando realidades nas comunidades

Instituto Dona de Si capacita a mulher, desenvolvendo sua autoestima e sua confiança 

 

Por Samira Santos

Nos últimos anos, a iniciativa de empoderamento feminino tem se mostrado uma ferramenta poderosa de transformação social, especialmente em comunidades e favelas do Rio de Janeiro. Entre os exemplos está o Instituto Dona de Si, fundado pela atriz Suzana Pires, em parceria com a Fundação Casas Bahia, que oferece capacitação gratuita e acolhimento para mulheres de várias regiões do Brasil, promovendo mudanças profundas na vida das participantes.

 

Premiação da Jornada Casas Bahia 2024 na Rocinha (Foto: Reprodução)
Premiação da Jornada Casas Bahia 2024 na Rocinha (Foto: Reprodução)

A Jornada Transformadora

 

O Instituto Dona de Si, em colaboração com a Fundação Casas Bahia, lançou um programa de capacitação em empreendedorismo focado no desenvolvimento pessoal e profissional de mulheres. As participantes, residentes em locais como a Rocinha e o Morro dos Prazeres, no Rio de Janeiro, e em comunidades de São Paulo, Porto Alegre e Salvador, têm acesso a cursos que abordam desde a gestão de negócios e organização financeira até comunicação e marketing. O diferencial dessa formação está no acolhimento e na proximidade, com aulas presenciais e online, facilitando o acesso ao aprendizado, mesmo para aquelas com limitações de deslocamento ou com filhos pequenos, como destacou Semirames Santana, uma das alunas do Instituto.

 

Além da parceria com a Fundação Casas Bahia, responsável por apoiar a jornada de capacitação mencionada, o Instituto Dona de Si conta com outros parceiros de peso, como Animale e Prio, que ampliam as oportunidades de formação para as participantes. As educadoras do Instituto, conhecidas como “Educadonas”, orientam as alunas, chamadas de “Aceleradas”, ao longo do processo de desenvolvimento pessoal e profissional. A parceria com Animale, por exemplo, permite a realização de um desfile na Comunidade dos Prazeres, onde as alunas do laboratório de moda criam e apresentam suas próprias roupas, mostrando as habilidades adquiridas e conquistando visibilidade. O Instituto também oferece suporte psicológico, por meio do SAS Brasil, e jurídico, através das Justiceiras, reforçando o compromisso com o bem-estar integral e a autonomia das participantes.

 

“Participar dessas aulas perto de casa mudou tudo para mim. Com uma filha pequena, conseguir me capacitar sem me distanciar da minha rotina foi essencial. Hoje, trabalho em eventos como costureira e sou independente financeiramente”, comenta Semirames, que também compartilhou sobre o impacto do autocuidado em sua vida, tema abordado nos encontros. O apoio psicológico oferecido por meio da parceria com o SAS Brasil ajudou-a no autoconhecimento e autoestima, valores que ela leva para seu negócio.

 

Um dos grandes diferenciais do programa é o foco na saúde e no bem-estar emocional das mulheres, áreas que historicamente recebem pouca atenção nas comunidades. Janice Delfim, gestora do Instituto, enfatiza a importância dessas disciplinas, que vão muito além de ensinar sobre empreendedorismo. “A capacitação trabalha com a mulher como um todo, permitindo que ela se priorize, cuide de sua saúde emocional e compreenda seu valor. O empoderamento feminino começa dentro de cada uma e, a partir disso, elas conseguem cuidar melhor de seus negócios e de suas famílias”.

 

Aluna do Instituto Dona de Si (Foto: Reprodução)
Aluna do Instituto Dona de Si (Foto: Reprodução)

A abordagem integrada proporciona uma visão mais ampla de autoconhecimento e cuidado pessoal, e é esse diferencial que Janice destaca como transformador. A gestora menciona que as participantes, muitas vezes, chegam ao Instituto desgastadas emocionalmente e sem confiança. Com o tempo, elas aprendem a se valorizar e a lidar com as próprias inseguranças. Esse apoio permite que muitas mulheres saiam de situações de dependência emocional e financeira, desenvolvendo a autoestima e a confiança necessária para assumir a liderança de seus negócios.

 

Desafios e Superações 

 

A implementação das aulas presenciais e online encontrou desafios significativos, principalmente no início, como conta Janice Delfim. Convencer as mulheres de que o programa era uma oportunidade genuína de crescimento e totalmente gratuito foi uma barreira inicial, pois a desconfiança é comum em locais onde poucos recursos são oferecidos sem contrapartida. “As mulheres se perguntavam: ‘Será que é verdade? Será que é gratuito?’. Mas, com o depoimento das participantes da primeira turma, a adesão cresceu rapidamente”, explica Janice.

 

Esse processo de construção de confiança foi essencial para o sucesso da iniciativa. Hoje, o programa é procurado por mulheres de várias regiões, e o impacto positivo é notório nas comunidades atendidas. Além disso, a presença de educadoras locais que acompanham de perto as alunas reforça os laços e cria uma rede de apoio.

 

O Desfile dos Prazeres: Uma Passarela de Sonhos

 

Ao final da jornada, as alunas do laboratório de moda do Instituto participam de um desfile na Comunidade dos Prazeres, onde apresentam suas próprias criações. Esse evento é um marco de celebração, permitindo que as empreendedoras mostrem suas habilidades e conquistem o reconhecimento que muitas vezes lhes é negado.

 

Para Semirames Santana, desfilar com as roupas que ela mesma desenhou, modelou e costurou é a realização de um sonho. “A sensação de ver meu trabalho valorizado e de me ver reconhecida como profissional é incrível. Esse evento é muito mais que um desfile; é uma demonstração de tudo o que conseguimos alcançar com dedicação e aprendizado”.

 

O futuro promete novas capacitações, incluindo técnicas específicas como o macramê, tranças e confecção de itens em cetim, visando expandir o portfólio das empreendedoras e gerar novas fontes de renda. Janice Delfim destaca que o objetivo é, eventualmente, criar uma marca coletiva, unindo as participantes em uma rede de apoio para que possam participar de feiras e eventos, solidificando a marca Dona de Si como símbolo de empoderamento e transformação.

 

As histórias das mulheres que participam do Instituto Dona de Si revelam a importância do empreendedorismo feminino como ferramenta de transformação social e de emancipação. Como conclui Ana Cristina Oliveira, uma das alunas da Fundação Casas Bahia: “O curso nos ensina que somos protagonistas de nossa história e que, com apoio e conhecimento, podemos superar desafios e construir uma vida melhor”. Essas trajetórias inspiradoras nos lembram que o empoderamento feminino não é apenas um conceito, mas uma prática diária que transforma vidas e gerações. 

 

Mostra leva visitantes a refletirem sobre danos na sociedade

Mostra leva visitantes a refletirem sobre danos na sociedade

Por Alice Moraes

 

 
Galeria Gustavo Schnoor, exposição Danos. Foto: Alice Moraes
Galeria Gustavo Schnoor, exposição Danos. Foto: Alice Moraes

 

O Departamento Cultural da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)  inaugurou a exposição “Danos” no dia 24 de outubro. A exposição gratuita está localizada na Galeria Gustavo Schnoor, no Centro Cultural da Uerj, e estará disponível para visitação das 10h às 19h, até o dia 22 de novembro.

Com organização de Lilian do Valle e curadoria de Analu Cunha e Jefferson Medeiros, a exposição tem como objetivo trazer uma reflexão sobre os danos na sociedade. Essa reflexão remete à desigualdade e à questão da arte política.

O mediador do DeCult e estudante do Instituto de Artes da Uerj, Renan Henrique Carvalho, de 25 anos, explicou sobre a ideia de “Danos”. Ele afirmou que “os artistas dessa exposição abordam em diferentes linguagens como podemos ver os diferentes danos em nossa sociedade. “O trabalho de Arthur Palhano, por exemplo, vai tratar o dano de uma maneira mais visceral, mais visível”, comentou Renan. 

A exposição conta com trabalhos de 12 artistas, sendo eles: Amador e Jr., Arthur Palhano, André Vargas, Cláudia Hersz, Cristina Salgado, Davi Baltar, Fel Barros, Gabriel Fampa, Lyz Parayzo, Marcos Roberto, Priscila Rezende e Pio Drummond.

 

Obras de Marco Roberto: “Frio vai, frio vem”, “Leito de papelão” e “O fogo não pode apagar”, 2021. Foto: Alice Moraes
Obras de Marco Roberto: “Frio vai, frio vem”, “Leito de papelão” e “O fogo não pode apagar”, 2021. Foto: Alice Moraes

Segundo o mediador,  as obras na foto acima tem como intenção fazer o visitante pensar nas pessoas em situação de rua. Renan esclareceu que as obras de Marco Roberto tratam a questão da desigualdade. “Essa arte aborda a situação dos moradores de rua, vai associar (a situação deles)  às placas de trânsito e ao cotidiano, como uma forma de nos levar a pensar nessas circunstâncias”, explica o mediador. 

As galerias de arte da Universidade são essenciais para oferecer aos alunos e ao público de fora acesso à arte e à cultura. Nelas, os visitantes têm a possibilidade de fazer reflexões valiosas através das obras de arte. Na Galeria Gustavo Schnoor, artistas de todo o Brasil conseguem expor suas obras não só para os estudantes de arte, mas também para todos os que se interessam pelo tema. 

Sobre isso, Renan Henrique Carvalho pontuou que as exposições nas galerias valorizam a cultura da Universidade. “A galeria mostra que a Uerj não é aquele clichê de bagunça e baderna, porque também produzimos muito conteúdo, conhecimento e fazer artístico”, disse ele

Inteligência Artificial e a luta contra o câncer de mama: desafios, potenciais e realidade brasileira

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Outubro passou, mas a prevenção ao câncer de mama deve ser feita ao longo do ano todo, alertam especialistas

Por Samira Santos

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre mulheres em todo o mundo, representando cerca de 28% dos novos casos de câncer em mulheres no Brasil, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Embora raro em homens, a doença também afeta o sexo masculino, correspondendo a menos de 1% dos casos. Com aumento na incidência após os 50 anos e diversos fatores de risco associados, como idade e obesidade, a luta contra o câncer de mama enfrenta desafios que vão desde a falta de conscientização até limitações tecnológicas no diagnóstico precoce.

 

Exame de mamografia (Foto: Agência Brasil)
Exame de mamografia (Foto: Agência Brasil)

 

A nova fronteira: Inteligência Artificial no diagnóstico de câncer do mama

Com a evolução das tecnologias de diagnóstico por imagem, como mamografias e ultrassonografias, uma das inovações mais promissoras é a inteligência artificial (IA). A aplicação de IA no campo da medicina, especialmente no diagnóstico de câncer de mama, promete transformar a detecção precoce. Para entender melhor como a IA pode ajudar no combate ao câncer de mama, entrevistamos o Dr. Luiz Fernando Amaral, mastologista e chefe do Ambulatório de Mastologia do Hupe-Uerj. Com experiência acumulada desde 1997, ele compartilha os benefícios e as limitações do uso de IA no Brasil, trazendo uma visão prática e realista sobre o tema.

 

Questionado sobre as vantagens da IA no diagnóstico precoce do câncer de mama, o Dr. Luiz destaca que o uso representa “um grande avanço, principalmente na leitura de mamografias, ultrassons e ressonâncias magnéticas”. Ele explica que a tecnologia ajuda a identificar padrões complexos e sutis no tecido mamário que podem indicar a presença de um tumor em estágio inicial, o que seria impossível de detectar pelo olho humano.

 

Ainda assim, o Dr. Luiz alerta para a realidade dos mamógrafos no Brasil: “Apenas 60% dos mamógrafos no Sistema Único de Saúde (SUS) são digitais. Então, temos que ter cautela com o entusiasmo pela IA, pois essa tecnologia ainda não é amplamente acessível e enfrenta desafios estruturais”. Esse cenário revela um desafio importante: enquanto países desenvolvidos avançam rapidamente no uso de IA, o Brasil ainda precisa enfrentar a falta de equipamentos modernos.

 

Embora a mamografia digital seja uma ferramenta central, o Dr. Luiz reforça a importância de métodos complementares, como ultrassonografia e ressonância magnética. “Na maior parte do Brasil, a acessibilidade a esses exames ainda é limitada”, observa. Segundo ele, a detecção precoce é possível com mamografia anual, especialmente para mulheres a partir dos 50 anos. Ele destaca a necessidade de melhorar a cobertura e acesso ao exame, inclusive recomendando o início do rastreamento aos 40 anos, conforme indica a Sociedade Brasileira de Mastologia.

 

Com modelos de IA desenvolvidos em instituições como o MIT, hoje é possível prever o câncer de mama com até cinco anos de antecedência. Esses sistemas analisam um vasto banco de dados e identificam padrões associados ao risco de câncer. “A IA pode sinalizar alertas em casos onde há histórico familiar, aumentando as chances de detectar o câncer em estágios iniciais. Entretanto, a aplicabilidade é limitada no Brasil, onde o sistema de saúde ainda carece de mamógrafos digitais em grande parte do país”, explica o Dr. Luiz.

 

Ele ressalta que, embora os algoritmos sejam promissores para auxiliar na avaliação de risco, uma boa anamnese e a integração com bancos de dados específicos de cada país são cruciais para adaptar a tecnologia à realidade local. Esse tipo de IA pode ser especialmente útil para identificar padrões de risco em pacientes que apresentam histórico familiar de câncer.

 

O avanço da IA poderia impactar a frequência e tipo de exames recomendados, mas, segundo Dr. Luiz, “antes de implementar a IA em grande escala, o Brasil precisa assegurar que todas as mulheres tenham acesso à mamografia”. Com o rastreamento adequado, mesmo antes do uso da IA, já seria possível aumentar significativamente a taxa de detecção precoce e reduzir a mortalidade. Para ele, o uso da IA pode ser um ganho importante no futuro, mas que ainda está distante da realidade brasileira.

 

Limitações e realidade brasileira

A prevenção continua sendo uma arma fundamental contra o câncer de mama. Dr. Luiz Fernando explica que, no caso das mulheres, fatores como a gravidez entre os 20 e 30 anos e o aleitamento materno reduzem o risco. Após a menopausa, manter uma rotina de atividade física e evitar o sobrepeso são medidas eficazes para prevenir a doença. “A falta de conscientização sobre o rastreamento é um desafio. Ainda há muitas mulheres que nunca fizeram uma mamografia, e muitos não sabem que homens também podem ter câncer de mama”.

 

Mesmo em países de primeiro mundo, a IA para o diagnóstico de câncer ainda está em fase inicial. O Dr. Luiz alerta para o problema estrutural de base no Brasil, onde o acesso a equipamentos modernos é uma barreira significativa. “Se conseguirmos garantir que todos os mamógrafos do SUS sejam digitais, já seria um avanço importante. A IA é promissora, mas ainda não é uma realidade para a maioria das localidades do país, que carecem de infraestrutura adequada”.

 

Importância da prevenção no outubro rosa (Foto: Canva)
Importância da prevenção no outubro rosa (Foto: Canva)

Ele finaliza com uma visão cautelosa, enfatizando que a inteligência artificial, embora revolucionária, ainda precisará de muito tempo e investimentos para estar plenamente acessível em um sistema de saúde tão desigual quanto o brasileiro.

 

A inteligência artificial surge como uma das principais promessas na luta contra o câncer de mama. Contudo, sua implementação no Brasil esbarra em limitações tecnológicas e estruturais. Como destaca o Dr. Luiz Fernando Amaral, a IA será uma grande aliada na medicina, mas é preciso garantir que o básico — como mamógrafos digitais acessíveis em todo o país — esteja ao alcance de todos.

 

Exposição “Amamentamos Esse País” chega à Uerj

Exposição “Amamentamos Esse País” chega à Uerj

Um grito da maternidade preta em forma de arte.

Por: Gabriela Martin

Fotografia da exposição “Amamentamos esse país”. Foto: Gabriela Martin

 

O Laboratório de Fotografia da Faculdade de Comunicação Social da Uerj inaugurou, na quinta-feira (24), a exposição “Amamentamos Esse País”, da artista visual Marina S. Alves. A instalação de fotografias e vídeo funcionará até dezembro, de segunda a sexta, das 9h às 19h, na sala 10.018, no 10° andar da Uerj.


Com a curadoria de Leandro Pimentel, o trabalho é o resultado do encontro de quatro mulheres que perderam seus filhos vítimas da violência do Estado. A artista visual reuniu Bruna, Mônica, Nadia e Nívia, que compartilharam memórias e documentos pessoais dos seus filhos.


Contrapondo-se ao discurso hegemônico, Marina busca, por meio de suas obras, humanizar os relatos dessas mães a partir da afetividade e das memórias em vida dos jovens. “Ele amava essa bermuda de bolinha que eu comprei lá em Madureira. Quando abriu atrás, ele mesmo costurou”, rememora Nadia, em vídeo produzido pela artista.

 

Roda de Conversa. Nivia, Marina, Mônica e Nadia. Foto: Gabriela Martin

 

Roda de Conversa. Foto: Lívia Maria Oliveira

 

Por meio das fotografias e vídeo, essas mulheres buscam denunciar o racismo entranhado na sociedade, evidenciando a impunidade e a justiça seletiva do país. “Amamentamos Esse País” é fruto da união e da corrente de apoio entre essas mães. “Você perde um filho e aí a quem você recorre? Quando você é uma mulher preta, periférica, o que você faz? Você se junta. Você se aquilomba. Esse projeto é um aquilombamento de mulheres pretas, com uma rede de apoio poderosa”, reflete a artista durante roda de conversa que inaugurou o evento.


A ressignificação de justiça em forma de afeto e arte é um conforto a essas mulheres, que sofrem todos os dias com o abandono e a violência causada pelo Estado. Sobre isso, Nívia cria um conceito chamado de “justiça afetiva”, e explica: “Por isso eu criei esse conceito de ‘justiça afetiva’, nós acreditamos muito mais nessa justiça, a que nós produzimos, do que nessa justiça criada de branco para branco”.

Sobre o processo artístico


Marina S. Alves, que, além de artista visual, é cientista social e angoleira, contou ainda na roda de conversa que inaugurou o evento um pouco do processo criativo e das técnicas utilizadas. A escolha de fotografar documentos como carteira de trabalho, boletim escolar e identidade tem um valor simbólico que materializa a existência daqueles jovens, além do viés de resistência, já que houve a tentativa do Estado de apagá-los ou destruí-los.

 

Fotografia da exposição “Amamentamos Esse País”. Foto: Gabriela Martin

 

Uma de suas obras é a fotografia da carteira de trabalho nunca assinada de uma das vítimas. Marina fala o quanto essa foto é significativa no contexto social brasileiro. “Pra mim, ela é um resumo do que é o Brasil estruturalmente. Os meninos nunca tiveram carteira assinada. E isso significa muita coisa. E não é porque eles não tentaram”.

 

Quanto à estética, a artista diz que o projeto foi separado em duas partes, a primeira feita em uma luz fria e direta, no porão de sua casa. Já a segunda foi fotografada ao ar livre, na natureza. Marina explica que utilizou um vidro que foi colocado na grama e, em cima dele, ela posicionou os documentos, fazendo uma conversa do céu, a partir do reflexo do vidro, com a terra.