Programa Rompendo Barreiras inaugura espaço físico na Uerj

Programa Rompendo Barreiras inaugura espaço físico na Uerj

Sala dispõe de ferramentas que auxiliam estudantes com deficiência ou neurodivergência

Por: Ana Cândida

Exposição feita no dia da inauguração da sala (Reprodução: Arquivo pessoal/Valeria de Oliveira)

O Rompendo Barreiras, uma coordenadoria da Pró-reitoria de Políticas e Assistência Estudantis, inaugurou no último dia 21 de agosto um espaço físico no 10º andar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo da sala é prestar assistência aos estudantes com deficiência e/ou neurodivergência. Além disso, o espaço também apresenta diversas ferramentas que podem ser usadas pelos estudantes para auxiliar essas pessoas com deficiência em suas necessidades acadêmicas específicas. O evento de inauguração contou com a presença de diversos representantes da Uerj e a coordenadora do programa, professora Valeria de Oliveira. 

A sala do Rompendo Barreiras foi projetada para estar num lugar de fácil acesso, sendo a primeira coisa que se vê ao chegar no décimo andar da Uerj. O espaço acolhedor e sempre de portas abertas (auxílio para pessoas com fraqueza muscular) foi pensado para ser inclusivo, garantindo acessibilidade e livre acesso para cadeirantes. Atualmente, conta com duas funcionárias que, apesar de não possuírem treinamento formal, possuem ampla experiência e habilidades para oferecer assistência aos estudantes neurodivergentes e/ou com deficiência que buscam assistência no programa. O Rompendo Barreiras também conta com a atuação de cinco bolsistas, cuja formação é dada pela coordenadora do programa. 

A coordenadora do Programa Rompendo Barreiras, Valeria de Oliveira, demonstra estar contente com o novo passo dado pela Universidade. “A concretização desse espaço físico em um lugar de visibilidade e acessibilidade é uma maneira de afirmar que a comunidade PcD da Uerj existe e agora ela está sendo vista”, declarou Valeria. A professora ainda pontuou que a sala é uma maneira de também rompermos barreiras atitudinais, visto que muita das vezes pessoas com deficiência e neurodivergentes são vistas como invisíveis. 

Na nova sala do Rompendo Barreiras, estudantes com deficiência visual, que necessitem de ajuda para traduzir textos dados em aula, encontram equipamentos capazes de escanear textos para um dispositivo com leitor de tela, onde esses estudantes conseguem ter acesso à leitura desses textos. Esse software também auxilia pessoas com dislexia, que necessitam da leitura do texto por outra pessoa, a fim de obter um melhor aprendizado. Também estão disponíveis ferramentas para produzir textos em escrita braile e livros socioeducativos traduzidos em braile e com texto aumentado, para pessoas com baixa visão. 

A inauguração desse espaço é um exemplo de como a tecnologia pode auxiliar pessoas com deficiência. A sala do Rompendo Barreiras também dispõe de diferentes tipos de mouses. Um deles servindo para transferir o texto para a tela transmitindo a escrita em diferentes contrastes e cores. Além de atender os estudantes com deficiência visual, o local também dispõe de mouses (e teclados) que atendem as pessoas com deficiência motora e aqueles que digitam com os pés. Outra ferramenta interessante é o vocalizador, usado para auxiliar pessoas que possuem deficiência na fala, sendo usado por crianças e adultos. 

A Coordenadoria do Rompendo Barreiras além de atender os alunos da graduação também forma o estudante. Com isso, o projeto lida com estudantes PcDs que estão passando pelo processo de se tornarem professores. Através dessa relação são usados diversos materiais sensoriais no intuito de mostrar meios para que no futuro esses estudantes possam trabalhar com seus alunos da melhor maneira. Além dos estudantes, o Rompendo Barreiras também trabalha constantemente na formação de professores e de seus próprios funcionários, visando a um ambiente cada vez mais inclusivo dentro e fora da Universidade. 

Ferramentas disponíveis na sala do Rompendo Barreiras (Reprodução: Arquivo pessoal/Valeria de Oliveira)

Em abril, durante o VI Encontro do Programa Rompendo Barreiras, a Uerj estabeleceu o compromisso de tornar o espaço universitário mais acessível para a comunidade PcD uerjiana. Para a coordenadora do programa, Valeria de Oliveira, o estabelecimento de um espaço físico para fornecer auxílio para essa parcela da comunidade é a prova de que esse compromisso está se mantendo em funcionamento. “Ainda falta muito, mas essa sala mostra que estamos caminhando para um futuro cada vez mais acessível e inclusivo”, afirmou a professora. 

O Departamento de Acolhida, Saúde Psicossocial e Bem-estar (DASPB/PR-4) funciona como uma porta de entrada para o Rompendo Barreiras. Através do Chega Mais, a Universidade consegue avaliar todos os novos estudantes e assim atender às demandas acadêmicas daqueles com deficiência ou neurodivergência, encaminhando-os para o Rompendo Barreiras. O espaço físico da Coordenadoria do Programa Rompendo Barreiras funciona das 8:00 às 18:00 e atualmente trabalha para disponibilizar mais ferramentas e tornar o espaço mais equipado possível. 

Projeto do Instituto de Letras da Uerj disponibiliza acervo a pessoas surdas e interessados

Projeto do Instituto de Letras da Uerj disponibiliza acervo a pessoas surdas e interessados

Iniciativa busca propagar o ensino de Libras e dos Estudos Surdos

Por: Ana Cândida

Logo do projeto Acessibilidade em Mãos (Reprodução: Instagram)

O “Acessibilidade em Mãos” é um projeto da Uerj que visa  à disseminação do ensino de Libras, ao desenvolvimento de pesquisas e à conscientização sobre os direitos linguísticos dos surdos. O projeto foi idealizado pela professora e atual coordenadora Elissandra Perse, que afirma que sentia a necessidade de estabelecer física e virtualmente um espaço de divulgação sobre Libras e os Estudos Surdos para a comunidade interna e externa da Universidade.

“Para isso, investimos na construção de espaços virtuais, de maneira que pudéssemos alcançar o maior número possível de pessoas fora dos muros da Uerj, por meio de redes sociais, blogs e sites. E também na conquista de um espaço físico no Instituto de Letras que acomodasse um acervo midiático e bibliográfico, coletado ao longo dos anos, com pesquisas na área para serem disponibilizados para consultas aos alunos, surdos e demais interessados na temática”, conta a coordenadora. A professora destaca que essas iniciativas estão em constante desenvolvimento, buscando implementar conquistas coletivas e promover a conscientização e valorização do estudo de Libras.

O “Acessibilidade em Mãos” tem como objetivo atender às diretrizes do Decreto 5.626/05, que estabelece a garantia de acesso à comunicação, informação e educação para pessoas surdas no ensino superior. Por meio de reuniões semanais, os bolsistas e a coordenadora organizam atividades e pesquisas relacionadas ao estudo de Libras e Estudos Surdos, buscando conscientizar a comunidade acadêmica sobre a importância da participação e dos direitos linguísticos dos surdos. O projeto também oferece aulas de Libras ministradas por uma professora surda, proporcionando um espaço de aprendizado e interação. O objetivo final é promover a inclusão e valorização da comunidade surda, garantindo a igualdade de acesso à educação e informação.

O projeto  teve início em 2016 e, no começo, contava apenas com duas bolsistas e duas voluntárias e com recursos materiais e humanos escassos. Ao longo dos anos, com persistência e apoio de outros setores, o projeto conquistou a contratação de intérpretes de Libras para o Instituto de Letras e a criação de um setor de Libras no mesmo instituto. Embora o projeto esteja centralizado no Instituto de Letras, ele envolve bolsistas de diversas áreas, como Ciências Biológicas, Pedagogia, Psicologia, Serviço Social e Geografia. 

Atualmente, o ”Acessibilidade em Mãos” conta com oito bolsistas (surdos e ouvintes) e dois voluntários, o projeto é direcionado para universitários e interessados em promover a inclusão. 

EVENTO NO INSTITUTO DE LETRAS

A quinta edição do Libras nas Licenciaturas aconteceu no último dia 30 de maio, no Instituto de Letras, 11º andar da Uerj. O evento teve como finalidade promover palestras sobre a importância do uso de Libras no meio pedagógico e cultural. Aconteceram palestras de Alessandra da Silva, que debateu sobre o ensino de português para surdos, e Jaqueline Cosendey, que falou sobre o ensino de literatura para surdos.

Um dos destaques foi a palestra de Weslei Rocha, que debateu sobre o significado do Slam Surdo. Weslei explicou, por meio de Libras, que o Slam Surdo é um movimento poético que retrata a riqueza e a diversidade proporcionada pela língua, através das diferentes perspectivas de surdos e ouvintes. Todos os palestrantes  que estiveram presentes no evento fazem parte do Instituto Nacional de Educação de Surdos.

Por fim, houve a palestra “Análise de materiais didáticos de Língua Portuguesa para alunos surdos” proferida pelos bolsistas do projeto de PRODOCÊNCIA “Libras, formação de professores de Letras e práticas pedagógicas plurilíngues”, do Instituto de Letras.

Equipe do projeto presente na quinta edição do Libras nas Licenciaturas. A última mulher, coordenadora do projeto, aparece por meio de uma montagem por não ter conseguido estar presente. (Reprodução: Instagram)