Inteligência Artificial e a luta contra o câncer de mama: desafios, potenciais e realidade brasileira

Inteligência Artificial e a luta contra o câncer de mama: desafios, potenciais e realidade brasileira

Outubro passou, mas a prevenção ao câncer de mama deve ser feita ao longo do ano todo, alertam especialistas

Por Samira Santos

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre mulheres em todo o mundo, representando cerca de 28% dos novos casos de câncer em mulheres no Brasil, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Embora raro em homens, a doença também afeta o sexo masculino, correspondendo a menos de 1% dos casos. Com aumento na incidência após os 50 anos e diversos fatores de risco associados, como idade e obesidade, a luta contra o câncer de mama enfrenta desafios que vão desde a falta de conscientização até limitações tecnológicas no diagnóstico precoce.

 

Exame de mamografia (Foto: Agência Brasil)
Exame de mamografia (Foto: Agência Brasil)

 

A nova fronteira: Inteligência Artificial no diagnóstico de câncer do mama

Com a evolução das tecnologias de diagnóstico por imagem, como mamografias e ultrassonografias, uma das inovações mais promissoras é a inteligência artificial (IA). A aplicação de IA no campo da medicina, especialmente no diagnóstico de câncer de mama, promete transformar a detecção precoce. Para entender melhor como a IA pode ajudar no combate ao câncer de mama, entrevistamos o Dr. Luiz Fernando Amaral, mastologista e chefe do Ambulatório de Mastologia do Hupe-Uerj. Com experiência acumulada desde 1997, ele compartilha os benefícios e as limitações do uso de IA no Brasil, trazendo uma visão prática e realista sobre o tema.

 

Questionado sobre as vantagens da IA no diagnóstico precoce do câncer de mama, o Dr. Luiz destaca que o uso representa “um grande avanço, principalmente na leitura de mamografias, ultrassons e ressonâncias magnéticas”. Ele explica que a tecnologia ajuda a identificar padrões complexos e sutis no tecido mamário que podem indicar a presença de um tumor em estágio inicial, o que seria impossível de detectar pelo olho humano.

 

Ainda assim, o Dr. Luiz alerta para a realidade dos mamógrafos no Brasil: “Apenas 60% dos mamógrafos no Sistema Único de Saúde (SUS) são digitais. Então, temos que ter cautela com o entusiasmo pela IA, pois essa tecnologia ainda não é amplamente acessível e enfrenta desafios estruturais”. Esse cenário revela um desafio importante: enquanto países desenvolvidos avançam rapidamente no uso de IA, o Brasil ainda precisa enfrentar a falta de equipamentos modernos.

 

Embora a mamografia digital seja uma ferramenta central, o Dr. Luiz reforça a importância de métodos complementares, como ultrassonografia e ressonância magnética. “Na maior parte do Brasil, a acessibilidade a esses exames ainda é limitada”, observa. Segundo ele, a detecção precoce é possível com mamografia anual, especialmente para mulheres a partir dos 50 anos. Ele destaca a necessidade de melhorar a cobertura e acesso ao exame, inclusive recomendando o início do rastreamento aos 40 anos, conforme indica a Sociedade Brasileira de Mastologia.

 

Com modelos de IA desenvolvidos em instituições como o MIT, hoje é possível prever o câncer de mama com até cinco anos de antecedência. Esses sistemas analisam um vasto banco de dados e identificam padrões associados ao risco de câncer. “A IA pode sinalizar alertas em casos onde há histórico familiar, aumentando as chances de detectar o câncer em estágios iniciais. Entretanto, a aplicabilidade é limitada no Brasil, onde o sistema de saúde ainda carece de mamógrafos digitais em grande parte do país”, explica o Dr. Luiz.

 

Ele ressalta que, embora os algoritmos sejam promissores para auxiliar na avaliação de risco, uma boa anamnese e a integração com bancos de dados específicos de cada país são cruciais para adaptar a tecnologia à realidade local. Esse tipo de IA pode ser especialmente útil para identificar padrões de risco em pacientes que apresentam histórico familiar de câncer.

 

O avanço da IA poderia impactar a frequência e tipo de exames recomendados, mas, segundo Dr. Luiz, “antes de implementar a IA em grande escala, o Brasil precisa assegurar que todas as mulheres tenham acesso à mamografia”. Com o rastreamento adequado, mesmo antes do uso da IA, já seria possível aumentar significativamente a taxa de detecção precoce e reduzir a mortalidade. Para ele, o uso da IA pode ser um ganho importante no futuro, mas que ainda está distante da realidade brasileira.

 

Limitações e realidade brasileira

A prevenção continua sendo uma arma fundamental contra o câncer de mama. Dr. Luiz Fernando explica que, no caso das mulheres, fatores como a gravidez entre os 20 e 30 anos e o aleitamento materno reduzem o risco. Após a menopausa, manter uma rotina de atividade física e evitar o sobrepeso são medidas eficazes para prevenir a doença. “A falta de conscientização sobre o rastreamento é um desafio. Ainda há muitas mulheres que nunca fizeram uma mamografia, e muitos não sabem que homens também podem ter câncer de mama”.

 

Mesmo em países de primeiro mundo, a IA para o diagnóstico de câncer ainda está em fase inicial. O Dr. Luiz alerta para o problema estrutural de base no Brasil, onde o acesso a equipamentos modernos é uma barreira significativa. “Se conseguirmos garantir que todos os mamógrafos do SUS sejam digitais, já seria um avanço importante. A IA é promissora, mas ainda não é uma realidade para a maioria das localidades do país, que carecem de infraestrutura adequada”.

 

Importância da prevenção no outubro rosa (Foto: Canva)
Importância da prevenção no outubro rosa (Foto: Canva)

Ele finaliza com uma visão cautelosa, enfatizando que a inteligência artificial, embora revolucionária, ainda precisará de muito tempo e investimentos para estar plenamente acessível em um sistema de saúde tão desigual quanto o brasileiro.

 

A inteligência artificial surge como uma das principais promessas na luta contra o câncer de mama. Contudo, sua implementação no Brasil esbarra em limitações tecnológicas e estruturais. Como destaca o Dr. Luiz Fernando Amaral, a IA será uma grande aliada na medicina, mas é preciso garantir que o básico — como mamógrafos digitais acessíveis em todo o país — esteja ao alcance de todos.

 

Quatro em cada cinco jovens brasileiros enxergam o futuro como assustador devido às condições climáticas

Quatro em cada cinco jovens brasileiros enxergam o futuro como assustador devido às condições climáticas

Vice-diretora do Instituto de Psicologia da Uerj explica os efeitos da ansiedade climática

Por: Manoela Oliveira

Foto: Adobe Stock

Um levantamento global da Universidade de Bath publicado na revista The Lancet Planetary Health revelou que 85% dos jovens brasileiros consideram o futuro assustador em razão das mudanças ambientais. O estudo teve a participação de 10 mil pessoas entre os 16 e os 25 anos, em 10 países (Austrália, Brasil, Finlândia, França, Índia, Nigéria, Filipinas, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos).

De acordo com a pesquisa, as mudanças climáticas provocam consequências para o futuro e a saúde dos jovens e das crianças, sendo esse grupo vulnerável à ansiedade climática. Esse termo, segundo a Associação Brasileira de Letras (ABL), se refere ao “estado de inquietação e angústia desencadeado pela expectativa de graves consequências das mudanças climáticas e pela percepção de impotência diante dos danos irreversíveis ao meio ambiente”.

Para Laura Quadros, vice-diretora e professora do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a ecoansiedade ou ansiedade climática impacta a sociedade como um todo. Ela explica que: “Temos que entender essa noção como algo coletivo, não como uma questão que acomete um indivíduo ou uma categoria de indivíduos”. Cerca de 50% dos brasileiros possuem sua rotina afetada devido às mudanças climáticas, de acordo com o The Lancet Planetary Health.

 

Foto: Reprodução própria, com o uso dos dados do The Lancet Planetary Health
 
 
 
 
 

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas comprovou que a atual crise climática é sem precedentes e as tragédias ambientais extremas podem se tornar cada vez mais frequentes. Segundo Laura, a desesperança é uma das consequências da ecoansiedade.“Quem tem hoje 15 ou 20 anos não vai ver certas melhoras no planeta”, conclui a professora. Porém, a ansiedade climática pode servir como um mecanismo de mobilização popular, especialmente entre os jovens. 

Laura destacou que a ecoansiedade estimula os jovens a desenvolverem um senso de compromisso maior com o planeta. “Não temos mais uma responsabilidade romântica, mas sim uma noção de sustentabilidade”, complementa. Um estudo da Escola de Comunicação, Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC – RS) revelou que cerca de 70% dos jovens brasileiros praticam alguma atitude sustentável.

Beatriz Evaristo, estudante de 19 anos de farmácia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), possui uma visão pessimista sobre o futuro por causa das tragédias climáticas. Para ela, sua maior preocupação é a incerteza do que acontecerá nos próximos anos. Essa é a tendência da maioria dos brasileiros, de acordo com o estudo da Universidade de Bath. Os brasileiros alegaram estar ansiosos (62,5%), tristes (69%), nervosos (64%) e com medo do futuro (72,5%). 

Maria Eduarda Galdino, jovem de 19 anos e aluna de jornalismo da Uerj, comenta que o governo não está fazendo ações eficazes para mitigar as crises climáticas.  Maria Eduarda está entre os cerca de 79% dos brasileiros que acreditam que as autoridades estão falhando em conter as mudanças ambientais, segundo The Lancet Planetary Health. O Brasil foi o país com o maior número de pessoas que relataram se sentirem traídas pelos governadores, com 77% dos entrevistados, em comparação com 58,5% da média global. 

A regulamentação da internet pode vir a ser uma forma de diminuir a ecoansiedade pela grande carga de informação nas redes sociais. De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cerca de 72% das crianças avaliadas tiveram um aumento na depressão, na hiperatividade e na ansiedade devido ao uso excessivo de telas. 

Laura explica que é preciso “oferecer outras alternativas e criar outras oportunidades no campo das escolas e da família”. A professora citou a implementação da educação ambiental e financeira nas instituições educativas para promover a discussão da ecoansiedade, além de estimular práticas sustentáveis.

13 de maio: data simbólica, mas será pelo motivo certo?

13 de maio: data simbólica, mas será pelo motivo certo?

Há 143 anos nascia em Laranjeiras, Zona Sul do Rio, o escritor e jornalista Lima Barreto

Por Everton Victor

Lima Barreto. / Reprodução: UFMG
 
 
 
 

A abolição dos negros, em 1888,  é “celebrada” neste dia, apesar de críticas do movimento negro em comemorar a data. Curiosamente, neste mesmo dia, alguns anos antes, em 1881, nasceu no Rio de Janeiro um escritor negro que se tornou um símbolo da literatura brasileira. Encantou o Brasil com o dom da palavra, ao trazer para suas obras a sensibilidade, seu olhar aguçado do dia a dia, desabafos, sem perder o lado crítico, se tornando uma representatividade antes mesmo desta palavra ficar em alta. O nome dele é Afonso Henriques de Lima Barreto.

Já na infância, aos 6 anos, Lima Barreto teve que lidar com a morte de sua mãe, a professora Amália Augusta, vivendo com seus irmãos e seu pai, o tipógrafo João Henriques. Carmen Lúcia,  professora da Uerj e escritora do livro “Lima Barreto em quatro tempos”, explicou como ele era um incansável estudioso e apesar das dificuldades nunca parou, frequentando espaços destinados à elite carioca. “Ele estudou no Liceu Popular Niteroiense e depois foi para a Escola Politécnica, com problema de saúde do pai, precisa assumir a família, e se tornar funcionário público, ficando difícil seguir na Politécnica”, acrescenta Carmen.

Na construção de seus textos, Lima também escreveu o que chamava de “retalhos”, diversos cadernos com suas anotações, leituras feitas e, curiosamente, recortes de jornais.  A professora ressalta que Lima Barreto não estava à parte das questões políticas da época. “Ele batia em seus textos em questões que muitos intelectuais defendiam (…) Nacionalistas, que culpabilizam indivíduos pobres,  que diziam que o Brasil não é uma nação civilizada”. Ao mesmo tempo, a linguagem nas obras dele estava próxima das ruas, de forma “lúdica” que ele aprendeu nos jornais. Já em maio de 1918 reúne suas crônicas no volume Mágoas e sonhos de um povo, criticando as reformas urbanas.

  • Influências

O escritor, durante a juventude, era um assíduo estudioso, estando inserido em debates sobre o contexto nacional e internacional. Escritores russos, como Tolstoi e Dostoievsky estavam presentes nas leituras de Lima Barreto. “Foi um dos primeiros a divulgar a literatura russa no Brasil”, afirmou a professora. Na revista A.B.C, Lima lançou o Manifesto Maximalista, que defendia uma sociedade diferente da que emergia no Brasil, abordando concentração de renda e terras, legalização do divórcio, e a revolução russa.

A professora aponta uma curiosidade de Lima:  mesmo ele sem ir para a Europa, ele indicava para os amigos o que visitar por lá. “Ele que estava aqui sabia mais do que as pessoas que iam para lá, ele aproveitava para pedir livros”.  Aliado à literatura, o contexto dos negros internacionalmente também era foco de leituras do escritor. “Ele estava a par do que acontecia fora do país, uma vez com os amigos na França ele pediu o livro “Le Préjugé Des Races” (O preconceito racial), do escritor Jean Finot, o único intelectual francês da época contra a teoria das raças”, explica. 

  • Jornalista Lima Barreto

Ainda na juventude ganhou reconhecimento cedo entre seus pares, contribuindo em jornais. “Desde a Escola Politécnica ele já colaborava em jornais, como A Tagarela”, afirma Carmen.  No Jornal do Commercio publicou em folhetins uma de suas mais notórias obras, o romance “Triste fim de Policarpo Quaresma”(1916), sendo considerado um pré-modernista.  Também teve passagem na revista Floreal, em 1907, nos periódicos Correio da Manhã, revista Careta, Gazeta da Tarde, revista Fon-Fon, entre outros. 

Uma de suas mais notórias produções jornalísticas é uma série de reportagens em 1905 sobre o Subterrâneo do Morro do Castelo para o jornal Correio da Manhã. Sendo uma mistura da ficção de tesouro enterrado no morro, ao mesmo tempo que traz uma denúncia sobre os malefícios da reforma urbana. Essa série de reportagens se tornou um livro, disponível até hoje. Em suas obras é notória a sátira e as ironias e caricaturas que estavam presentes nas obras de diversos escritores do início do século XX.

  • Linguagem Popular

Parte da Crítica atribui ao escritor Lima Barreto uma baixa qualidade linguística, por sua linguagem de fácil entendimento, o que para a professora Carmen não se sustenta, pois ele incorpora nesta fácil linguagem ideias de outros escritores e filósofos. “Ele tem um método que contradiz aquilo que a gente lê na Crítica e no senso comum, a gente lê que o Lima produzia de bar em bar, como se aquela produção viesse por acaso, mas não é bem assim, é muita pesquisa e muito estudo”.

A fase conturbada de Lima, o alcoolismo, era um problema presente, mas ele tinha consciência disso. “É interessante a gente ressaltar que a todo tempo existe uma auto consciência desse problema. Nos diários, ele fazia comentários que tinha que parar”, afirma a professora. Para ela, é um erro “justificar a obra por esse vício”.

Lima Barreto tentou duas vezes ingressar na principal instituição literária do país, a Academia Brasileira de Letras, e nas duas vezes foi negado – na primeira tentativa, seu pedido foi desconsiderado ainda na inscrição. De acordo com Carmen Lúcia, “não há um fator único que justifique isso. Há um viés político de poder que justifica a entrada de uns e não de outros. O Lima cronista e que usa a tribuna da imprensa não é um Lima que agradava todo mundo”. A Academia deu menção honrosa perto do fim da vida do autor, em 1920, pelo livro Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá.

  • Racismo

A questão racial está presente não só nas obras, mas nas suas fases e vivências na cidade e no ambiente intelectual. Carmen classifica em três pontos o racismo e seu impacto na vida de Lima Barreto. “Quando ele usa a tribuna da imprensa denunciando o racismo na cultura brasileira usando todos os argumentos dos escritores que ele lia na época para falar das absurdidades que aconteciam em termos de negligência, violência e opressão, ele comentava com muita segurança sobre o massacre dos negros nos Estados Unidos depois da guerra civil e dizia: olha isso está acontecendo no Brasil”.  

A construção dos textos como escritor, para Carmen, é influenciada pela questão racial. Ela cita o romance “Clara dos Anjos” (1948), publicado após sua morte,  que traz críticas sociais e explora a construção da consciência racial da personagem. Enquanto no periódico Diário Íntimo, mostra como a questão racial o formou. “Quando Conceição Evaristo fala em escrevivência ela amplia esse processo de que sou eu e toda uma descendência que carrego comigo, isso me define, então ela fala da história de muitos, mas parte da primeira pessoa, parte da sua experiência, então é esse movimento que Lima capta desses pensadores do início do século e ele aprofunda em sua literatura”.

Legado

Jornal homenageando a vida de Lima Barreto. / Reprodução: Brasil na Foto/Gov
 
 
 

Lima Barreto morreu precocemente, aos 41 anos, de ataque cardíaco por complicações do alcoolismo. Além do alcoolismo, lidou com a depressão e com sua breve passagem pelo hospício, que é abordada em sua obra Diário do Hospício, publicada em 1953.  O escritor acumula um acervo de obras variadas, de contos, romances, diários, crônicas, artigos e reportagens.

Lima Barreto é doutor honoris causa pela UFRJ, onde estudou na Escola Politécnica, título que só veio 101  anos depois de sua morte. Ele também já foi homenageado na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, em 1982, pela Unidos da Tijuca. Além de contar com outros títulos, filmes, nome de ruas e biografias em sua homenagem.  

Para o escritor Anderson Shon, a literatura negra perpassa as obras de Lima Barreto. Um dos livros de Anderson, o “Estados Unidos da África”, produzido em parceria com Daniel Cesart, traz o empoderamento negro em quadrinhos para o público adulto. Ele explica que ao longo de mais de 10 anos publicando livros, sendo mediador e palestrante da Bienal da Bahia, ainda é um desafio ser reconhecido pela Academia. “A gente não é visto pela Academia como saber, a menos que a gente esteja estudando alguém que está morto (…) A gente não precisa que uma geração morra para estudar ela”. No último sábado, o escritor lançou o romance “Não termine comigo, Joana”.

De acordo com a secretária dos Comitês de Cultura Roberta Martins, o Ministério da Cultura tem como princípio fomentar artistas negros, através de ações afirmativas nos seus principais projetos. “A gente tem a Lei Paulo Gustavo (R$3,8bi), a Lei Aldir Blanc (R$3bi), os artistas negros têm um percentual destinado obrigatoriamente para execução em municípios e estados para as suas produções, e isso é fundamental porque está incidindo efetivamente no financiamento”, afirma a secretária.

Roberta conta que a Cultura faz um resgate das personalidades negras através de editais, e  quando celebra a memória dessas personalidades. “A Fundação Palmares tem uma espécie de panteão de personalidades negras que foi retomado nesse ministério, estão lá Lima Barreto, Jurema Batista, Léa Garcia, Martinho da Vila”. Para  a secretária, esse resgate é uma ponte com a população negra de hoje, “é trazer os brasileiros para próximo de nós”, ressalta.

Olimpíada de Paris 2024 quebra recorde de participação feminina

Olimpíada de Paris 2024 quebra recorde de participação feminina

Pela primeira vez na história, as mulheres representam 50% do total de atletas nos Jogos Olímpicos  

Por: Everton Victor e Manoela Oliveira

Getty Images / (Foto: Sandro Di Carlo)
 
 
 

Após 128 anos da realização dos Jogos Olímpicos, as atletas do gênero feminino representam pela primeira vez 50% dos participantes nas Olimpíadas. Ao todo são 10.500 atletas – sendo metade homens, metade mulheres –  presentes nas competições durante 26 de julho a 11 de agosto de 2024 na capital francesa. A paridade de gênero alcançada é um marco no evento, que na sua primeira edição, em 1896, proibiu a participação de atletas mulheres.

Até o momento, o Brasil tem 216 vagas garantidas para as Olimpíadas de Paris. Desse número, cerca de 100 atletas para os jogos serão mulheres, de acordo com a lista de vagas e modalidades que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) detém. A quantidade ainda pode mudar por conta de disputas em algumas modalidades que valem vagas para as Olimpíadas.

O pioneirismo na paridade de gênero é um dos marcos desta edição que contará com a estreia de duas modalidades. A novidade é o Breakdance, a mistura da dança e da música; nessa disputa, dois atletas se enfrentam, enquanto o DJ toca uma música aleatória, e quem performar melhor em 60 segundos ganha. Outro esporte adicionado é o Caiaque Extremo, uma competição entre quatro barcos que percorrem um trajeto e quem chegar primeiro vence. Ao todo serão 48 modalidades presentes nesta edição.

Se por um lado a paridade está no âmbito dos atletas, essa realidade ainda não chegou para os cargos de liderança nos Comitês Olímpicos. No Brasil, segundo o COB, nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, o quantitativo de mulheres na comissão técnica era de apenas 10% do total de membros, já entre as chefes de equipes na comitiva brasileira é de 20%.

Para Silvio Telles, professor do Instituto de Educação Física da Uerj e da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, o desafio de inclusão das mulheres no esporte deve ser enfrentado por todos, inclusive pela mídia. Taciana Pinto, gerente de Desenvolvimento e Mulher no Esporte do COB explica que “diversos levantamentos mostram que o tempo de mídia para o esporte feminino é muito menor que o masculino, e que muitas vezes as atletas são retratadas pelos seus atributos físicos ou familiares e não pelo seu desempenho esportivo”. De acordo com ela, com a inclusão das atletas na mídia, jovens meninas são encorajadas a perseguirem seus sonhos no campo esportivo. 

Paris. Reprodução: Agência Brasil

Desigualdade de gênero no cenário esportivo

O início da era moderna das Olimpíadas foi em 1896, porém as mulheres começaram a participar dos jogos em 1900, representando apenas 2,2% do número de atletas. A expansão das modalidades foi lenta, mas, ao longo dos anos, as mulheres conquistaram o direito de competirem em esportes como o atletismo e o vôlei, que eram proibidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

Depois de 124 anos desde a primeira participação feminina nas Olimpíadas, ainda existem barreiras para a igualdade de gênero nos esportes. Silvio discutiu as dificuldades das mulheres no cenário esportivo, destacando o preconceito como um dos motivos agravantes. “Se constrói, dentro do campo esportivo, uma representação social de que a mulher não é adequada para aquele tipo de prática”, afirma o professor. O levantamento global realizado pela Nike e pela Dove revela que, só no Brasil, cerca de 89% das meninas acreditam que deveria haver mais inclusão feminina nos esportes. 

Fernanda Barbosa, formada em Educação Física pela Uerj, afirma que muitas mulheres desistem de suas carreiras no esporte devido à falta de incentivo financeiro. Ela reforça que: “Eu tenho que escolher entre estudar e trabalhar ou jogar bola, tive que escolher estudar e trabalhar”. De acordo com Fernanda, as atletas possuem dificuldade em conciliar as práticas esportivas com o trabalho ou o estudo. “O que falta no Brasil é o investimento”, conclui. 

Investimentos na inclusão das mulheres no esporte

O COB vem trabalhando para fornecer maior qualidade no desenvolvimento das jovens atletas, segundo Tatiana. “O mapeamento da estrutura oferecida para as seleções femininas, seja na quantidade de competições nacionais e internacionais, seja na composição da comissão técnica, e também pelo investimento direcionado às mulheres no esporte”, ressalta.

O COI, em parceria com a ONU Mulheres, desenvolveu o programa “Uma Vitória Leva à Outra” (UVLO). O projeto visa garantir espaços seguros para as meninas na área esportiva, proporcionando oficinas temáticas sobre autoestima, liderança, saúde e direitos sexuais e reprodutivos. De acordo com a ONU Mulheres, o programa é um legado da Olimpíada do Rio 2016 e alcançou 217.000 mulheres em 25 países.

Agenda e Notas

Agenda e Notas

Por : Samira Santos

MAIO:

1. 09/5, 8h às 17h30 – II Seminário do Ambulatório Identidade – Transdiversidade

⬤ O Ambulatório Identidade – Transdiversidade da PPC e do Hupe da Uerj realiza seu II Seminário nos dias 8 e 9 de maio, com o tema “A integralidade do cuidado em Saúde da população trans no SUS”. Local: auditório 11, bloco F, campus Maracanã. Inscrições gratuitas através de formulário eletrônico. Doações de alimentos serão recebidas.

2. 09/5, 19h às 21h – Espetáculo ‘Mães do Samba’ estreia no Teatro Noel Rosa

⬤ O Coral “O Canto das Lavadeiras” apresenta o espetáculo “Mães do Samba” nos dias 9 a 11 de maio, às 19h, no Teatro Noel Rosa, campus Maracanã. Direção geral de Analimar Ventapane. Ingressos disponíveis online.

3. 15/5, 10h às 12h – Conferência sobre Covid longa

⬤ O IMS da Uerj recebe Ilana Löwy para discutir “Covid longa”. A conferência abordará os distúrbios funcionais pós-Covid. O evento terá tradução simultânea e será transmitido ao vivo pelo YouTube.

4. 16/5, 10h30 às 16h – Evento de Saúde Mental

⬤ O Pebit da Uerj e o Cetreina promovem um evento sobre saúde mental e emocional, com palestra e exposição de arte. Não é necessária inscrição prévia e serão emitidos certificados. Será realizado no auditório 111, 11° andar, campus Maracanã. 

5. 16/5, 19h às 21h – Show de reggae no Teatro Noel Rosa

⬤ A Banda Blessed se apresenta no Teatro Noel Rosa da Uerj. Os ingressos estão disponíveis online e haverá intérprete de libras.

6. 17/5, 15h às 16h – Musical “A pequena vendedora de fósforos” no Teatrão

⬤ A Divisão de Teatro da Uerj apresenta o musical “A pequena vendedora de fósforos”, adaptado do conto de Hans Christian Andersen. As apresentações ocorrem nos dias 17, 18, 24 e 25 de maio, no Teatro Odylo Costa, filho, campus Maracanã. Organizado pelo projeto Uerj em Casa e pelo Cptec, as sessões são às 15h e 16h. O espetáculo conta a história de uma menina pobre que vende fósforos nas ruas para sobreviver e suas visões misteriosas. Os ingressos estão disponíveis online.

7. 23/5, 9h às 20h – Ajuda com Imposto de Renda

⬤ O projeto “IR na Mangueira e arredores” auxilia moradores da região a preencher a declaração do Imposto de Renda. O projeto oferece auxílio presencial em um único dia próximo ao prazo final da declaração, além de acesso a vídeos e outros conteúdos nas redes sociais. Os serviços ocorrem em três horários, das 9h às 12h, das 13h às 16h e das 17h às 20h, sem necessidade de agendamento, mas sujeitos a vagas limitadas. Os documentos necessários incluem identidade, CPF, cópia da declaração do ano anterior, comprovante de residência, rendimentos e despesas de saúde e educação do exercício de 2023.

8. 24/5, 19h às 21h – Lançamento do disco ‘Momento’

⬤ Rafael José lança seu disco “Momento” no Teatro Noel Rosa da Uerj. Os ingressos estão disponíveis online e haverá intérprete de libras.

JUNHO:

1. 06/6, 9h30 às 17h – Seminário Internacional do CLAM

⬤ O Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos promove o seminário internacional, discutindo a trajetória e perspectivas futuras dos estudos sobre gênero e sexualidade. O evento ocorrerá no auditório do IMS, localizado na sala 6.012, 6º andar do campus Maracanã. A programação completa está acessível no site do seminário. O evento é de acesso público e será transmitido ao vivo no YouTube.

“Eu quero o direito de ser medíocre. A gente quer ter o direito de ter problema igual a todo mundo”, afirma a socióloga Maria Leão

“Eu quero o direito de ser medíocre. A gente quer ter o direito de ter problema igual a todo mundo”, afirma a socióloga Maria Leão

Profissionais e alunos promovem debate sobre a inclusão de pessoas autistas no ensino superior

Por: Samira Santos

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) sediou a primeira edição do Simpósio Interdisciplinar sobre Transtorno do Espectro Autista (Sitea) nos dias 12 e 13 de abril. O evento, que ocorreu no auditório 91, 9° andar do bloco F, e na Capela Ecumênica, no campus Maracanã, teve como tema central “Diálogos entre projetos, políticas, práticas e vivências”. Organizado por professores, técnicos e estudantes de diferentes unidades acadêmicas da Uerj, o simpósio reuniu especialistas que trabalham diretamente com a temática do Transtorno do Espectro Autista (TEA) na universidade.

Evento Sitea no auditório do 9° andar. Foto: Samira Santos

Durante a mesa “Autistas universitários: desafios encontrados no ensino superior”, foram abordados diversos aspectos relacionados à inclusão de estudantes autistas na universidade. Membros do Coletivo Autista, como a graduanda Sarah Sindorf (Jornalismo), a mestranda Ana Muhlethaler (Ciências Sociais) e a doutoranda Maria Leão (Saúde Coletiva), compartilharam experiências e desafios enfrentados nesse contexto.

O Coletivo Autista da Uerj compartilhou seus objetivos durante o debate, que incluem a busca pela garantia dos direitos dos indivíduos autistas, conforme estabelecido pela Lei Nº 12.764/2012. Além disso, o grupo se compromete a ouvir e investigar casos de capacitismo dentro da comunidade Uerj, tanto os que estão ocorrendo atualmente quanto aqueles que ainda não foram legalmente resolvidos. Outra meta importante é a produção de conhecimento e conscientização sobre o TEA. O Coletivo também se dedica ao combate ao racismo, ao capacitismo, à intolerância religiosa e a outras formas de violência estrutural. Por fim, o grupo incentiva e promove a inclusão e a acessibilidade dentro da comunidade Uerj.

A representação na mídia e desafios na universidade

Um dos pontos destacados durante o evento foi a importância dos Núcleos de Acessibilidade e da capacitação docente para garantir a inclusão efetiva dos estudantes com TEA na universidade. Além disso, foram discutidas as barreiras enfrentadas pelos autistas, como a falta de informação e a necessidade de uma maior sensibilização da comunidade acadêmica.

Maria Leão, Ana Muhlethaler, Sarah Sindorf e Guilherme Karl. Foto: Reprodução do Instagram

Na mesa, a pedagoga Ana Muhlethaler destacou possíveis abordagens para promover a inclusão de pessoas com TEA no ensino superior. Ela enfatizou a existência de custos, muitas vezes invisíveis, associados à permanência de estudantes autistas na universidade, como bolsas de estudo e suporte médico ou educacional. Muhlethaler também ressaltou a importância de departamentos de inclusão bem treinados e atualizados com as pesquisas mais recentes, além da necessidade de um treinamento abrangente para todo o corpo docente e funcionários da instituição. Além disso, ela defendeu uma maior pressão sobre as agências de financiamento para que implementem medidas de inclusão e garantam a permanência de autistas, assim como de pessoas com deficiência em geral, em pesquisas e programas de pós-graduação.

 

“A comunicação é a sociedade”: Muniz Sodré discute a importância da comunidade na era digital

“A comunicação é a sociedade”: Muniz Sodré discute a importância da comunidade na era digital

Em aula inaugural da FCS, professor reflete sobre a cultura digital

 

Por Samira Santos

O Laboratório de Comunicação Integrada (LCI) e a Faculdade de Comunicação Social (FCS) da Uerj receberam um dos grandes nomes da comunicação brasileira, o professor Muniz Sodré, para a aula inaugural “Cultura Digital”. Realizado no Teatro Noel Rosa, no campus Maracanã, o evento reuniu estudantes e professores da área de Comunicação com o intuito de abordar os impactos da tecnologia na cultura e na sociedade.

Entrada do Teatro Noel Rosa, onde aconteceu a palestra (Foto: Sofia Molinaro)

Muniz Sodré, renomado sociólogo e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), iniciou sua apresentação com uma hipótese provocativa: “Nenhuma cultura resiste à sua digitalização”. Essa afirmação gerou debates sobre a relação entre tecnologia e cultura, destacando a necessidade de uma integração humanizada entre o mundo virtual e o mundo real.

Muniz Sodré ao lado do vice diretor da FCS Ricardo Freitas. (Foto: Sofia Molinaro)

Durante sua palestra, Sodré abordou temas como a ausência de história na tecnologia, a desinstitucionalização da escola e a importância de fortalecer os laços comunitários. Ele enfatizou a necessidade de integrar a tecnologia de forma consciente e equilibrada, evitando que a digitalização se torne alienante e desvinculada da realidade.  Ao final da palestra, destacou que “se uma cultura não é forte o suficiente para sobreviver, ela deve morrer”.

 

Sodré Compartilha Reflexões Sobre a Cultura Digital

Após a palestra, Sodré compartilhou suas perspectivas sobre os desafios e oportunidades da cultura digital em entrevista para o LED. O professor abordou diversos temas, desde os impactos da pandemia até o futuro do jornalismo no mundo digital.

 

Durante o diálogo sobre os avanços tecnológicos na pandemia, Muniz Sodré enfatizou os aspectos positivos das movimentações sociais e solidárias impulsionadas pela tecnologia. Ele ressaltou que, apesar dos desafios enfrentados, emergiram iniciativas significativas de resistência e transformação promovidas pelas comunidades. Citando a atuação de sua esposa, a professora Raquel Paiva, que integra o Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária (LECC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele disse que o LECC, durante a pandemia, fez diversas pesquisas sobre os coletivos.

 

Os coletivos no Brasil remontam aos anos 90, centrados principalmente em questões raciais e de gênero, engajando-se diretamente na sociedade por meio de movimentos de conscientização, grupos de estudos e palestras. Entretanto, diante da conjuntura política e econômica do país, a pandemia exigiu uma atuação ainda mais vigorosa em regiões historicamente negligenciadas pelo governo. Nesse contexto, surgiram inúmeros coletivos no Rio de Janeiro e em diversas outras cidades, com destaque para a Frente de Mobilização da Maré e sua atuação durante as distintas fases da pandemia. O LECC direcionou seus esforços para compreender essa nova realidade e os movimentos emergentes. A pesquisa teve início com o mapeamento dos novos coletivos, que se auto denominaram desde o início, e a utilização das redes sociais como ferramenta inicial de contato. 

 

Sobre a resistência da cultura brasileira à digitalização, Sodré foi preciso em sua análise. Ele afirmou que não há como escapar dos impactos da tecnologia na sociedade contemporânea, e que é necessário repensar nossas relações com o mundo digital. No entanto, ele ressaltou a importância de preservar as tradições e valores culturais que nos definem como sociedade, e que sem a dimensão cultural a tecnologia pode acabar se fechando em si mesma. 

 
 
 
 

Evento do Audiolab/FCS põe em foco o Carnaval, o Futebol e os Podcasts

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Profissionais das áreas marcam presença na Uerj

Por  Manoela Oliveira e Kauhan Fiaux

 
 
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8 de Março: Uma data para relembrar conquistas e debater desafios futuros

8 de Março: Uma data para relembrar conquistas e debater desafios futuros

Apesar dos avanços sociais, mulheres ainda lutam diariamente por igualdade e respeito

Por Beatriz Araujo e Julia Lima

 

No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data carrega em si os movimentos sociais do início do século XX, nos quais mulheres ao redor de todo o mundo começaram a se unir para reivindicar seus direitos e demandar mudanças sociais.

 

Ações institucionais também são importantes para garantir as vitórias dessa luta. Buscando reforçar o compromisso da Uerj com as lutas feministas contra a desigualdade e a violência, a Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF) promove nos dias 7, 8, 10 e 14 de março, no Campus Uerj Duque de Caxias, oficinas, palestras, rodas de conversa e um Ato pela Vida das Mulheres, promovido pelo Fórum Municipal dos Direitos da Mulher de Duque de Caxias. A programação e o formulário de inscrição podem ser encontrados no site do evento.

 

        Foto: Pixabay
 
 

O 8 de março não é apenas um dia de celebração das conquistas das últimas décadas, mas é também um momento dedicado à cobrança de direitos, e a honrar a memória de mulheres que foram vítimas da desigualdade de gênero e do machismo ainda presente na sociedade. Foi nesse dia que, em 1908, um grupo de operárias têxteis em Nova York protestou por melhores condições de trabalho e igualdade salarial. Esse evento foi essencial para movimentos femininos de diversos países e na criação do Dia Internacional da Mulher. A escolha desta data homenageia não apenas as lutas das operárias de Nova York, mas também a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em 1910, que contribuiu significativamente para a promoção dos direitos femininos.

 

O Dia Internacional da Mulher foi instituído oficialmente pela ONU somente em 1975. A data foi escolhida por representar a greve das operárias russas em 1917, no qual, diante do contexto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), 90 mil operárias foram às ruas reivindicar direitos femininos, o fim da guerra e do desemprego. O evento, conhecido como “Pão e Paz”, acabou forçando o czar Nicolau II a abdicar do trono, e fez com que o governo provisório concedesse às mulheres o direito ao voto.

 

A luta é contínua

Apesar de décadas de luta, as mulheres ainda sofrem com a desvalorização, preconceito e principalmente, a violência, vinda até mesmo de figuras públicas de grande influência. Nesta semana, o Club Athletico Paranaense contratou o ex-jogador Cuca para ser o novo treinador do time. O técnico foi acusado em 1987, de estar envolvido no caso de estupro coletivo de uma menina de 13 anos, tendo seu sêmen identificado na vítima. As torcedoras que foram contra a contratação nas redes sociais foram atacadas e ameaçadas por outros torcedores, em sua maioria homens.

 

O episódio envolvendo o ex-jogador Daniel Alves também é um retrato de como a sociedade enxerga o corpo e a vida das mulheres. Acusado e condenado por estupro, Daniel Alves contou com a ajuda financeira de Neymar, que pagou R$ 800 mil, para que a pena fosse reduzida para 4 anos e meio. Com essa decisão, a Justiça da Espanha expõe que a gravidade do crime pode ser amenizada com um simples pagamento.

 

Mesmo acompanhadas de uma presença masculina, as mulheres não tem garantia de segurança. Na última sexta-feira (01), uma brasileira foi sequestrada junto de seu marido enquanto passava as férias na Índia. A mulher foi violentada simultaneamente por sete homens, e teve seus pertences roubados. Em relato, a vítima Fernanda Santos conta que os homens levaram poucas coisas “porque o que queriam era me estuprar”.

 

Os números de casos sobre violência e feminicídio têm crescido exponencialmente não apenas em contexto nacional, como também global. Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as agressões estão ocorrendo cada vez mais cedo. Em todo o mundo, um terço das mulheres já sofreu violência física ou sexual por um parceiro ou alguém próximo, e 25% das jovens entre 15 a 24 anos já foram vítimas da violência de gênero. 

 

A união é a chave para a mudança

Às mulheres, fica o papel de se unirem para enfrentar tantas lutas. Alunas da Faculdade de Comunicação Social (FCS) criaram um grupo de Whatsapp para integrar as mulheres que compõem esse espaço. Além de dúvidas corriqueiras sobre a vida estudantil, elas alertam umas às outras sobre os possíveis perigos que elas correm no espaço.