‘É possível até 2026 tirar o Brasil do mapa da fome’, afirma Wellington Dias

‘É possível até 2026 tirar o Brasil do mapa da fome’, afirma Wellington Dias

Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, liderada pelo Brasil como parte dos eventos do G20, está aberta à adesão de outros países

Por Everton Victor e Julia Lima

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que o Brasil sairá do mapa da fome até o final desta gestão do governo Lula. Dias participou nesta quarta (23/07), no Rio de Janeiro, de um evento do G20 para o pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. O encontro aconteceu no Galpão da Cidadania, Centro do Rio de Janeiro, com participação de representantes de mais de 30 países.

Ministro Wellington Dias no lançamento do relatório da FAO (Foto: Everton Victor)

No evento foi lançado o relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2024”, produzido pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) com dados sobre o assunto. O estudo também discute formas de financiamento para acabar com a fome, a insegurança alimentar e má nutrição. Foi a primeira vez que o relatório foi lançado fora do eixo Nova York-Roma, onde ficam as sedes da ONU e da FAO.

O relatório mostra que a América Latina foi a única região do mundo em que houve diminuição da fome, de 5,9% em 2022 para 5,4% em 2023. O destaque vai para a América do Sul, onde a proporção da população em situação de fome caiu de 5,9% para 5,2%. Apesar da melhora na região, o mundo conta com mais de 733 milhões em insegurança alimentar, e a América Latina continua sendo a 3° região com a maior concentração de pessoas nesta condição.

Evento de lançamento do relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2024” (Reprodução: Julia Lima)
 
 
 
No Brasil, a insegurança alimentar severa – quando a pessoa passa mais de um dia sem ter acesso a comida e sem comer – caiu de 8% (17,2 milhões de pessoas) para 1,2% (2,5 milhões) da população, o que significa que 14,7 milhões de pessoas deixaram de passar fome no país de 2022 para 2023. “Se a gente compara com outros países, foi um grande resultado”, afirmou o ministro.
 

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Tendo em vista o aumento de pessoas em situação de fome e pobreza desde 2019, o Estado brasileiro assumiu, no final da cúpula do G20 do ano passado, a responsabilidade de criar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. No dia 24, depois do lançamento dos dados do ano passado sobre o tema, a Aliança foi aprovada por unanimidade durante reunião de ministros do G20 e aberta para adesões. Poucas horas depois, Brasil e Bangladesh já haviam aderido à iniciativa. 

De acordo com Thiago Lima da Silva, coordenador da força tarefa da Aliança pelo Ministério da Fazenda, Portugal, Espanha e Noruega já se comprometeram a ajudar no financiamento dos trabalhos, e, consequentemente a participar do grupo.

Reunião Ministerial de Abertura da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza (Reprodução:Ricardo Stuckert/PR)

Todas as ações do G20 precisam ter consenso, ou seja, todos precisam concordar para que qualquer projeto ou recomendação seja lançado. No caso da Aliança, apesar de endossarem e concordarem com a relevância desta iniciativa, os países não precisam necessariamente aderir a ela. A atuação da Aliança pretende se estender para além dos países do G20.

As nações aderem de acordo com suas necessidades, seja financiando projetos, pedindo colaboração para adotá-lo em seu território ou os dois, como é o caso do Brasil. O investimento dos países será apenas no funcionamento dos escritórios da Aliança, em Roma e no Brasil, orçado em cerca de 18 milhões de dólares até 2030. O Brasil, por ser o fundador, arcará com 50% desse valor.

“A aliança não precisa ter um fundo, porque vai ajudar a conectar os fundos que existem com os países que querem fazer cooperação internacional, isso diminui os riscos para os doares pois eles vão doar para políticas que são testadas e aprovadas”, explica Thiago.

A ideia é implementar ações de combate à fome e à pobreza, adaptando o projeto e sua implementação para as necessidades de cada país, reunindo ações econômicas e políticas. A iniciativa não prevê mecanismos de vigilância e fiscalização dos investimentos direcionados para essa aliança, eles serão de responsabilidade dos países, cabendo às legislações e órgãos de justiça de cada país. 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve presente ao evento e parabenizou a liderança do Brasil e o esforço dos demais países na elaboração da proposta. “É o momento mais relevante dos meus 18 meses de mandato, nenhum tema é mais atual e desafiador do que a fome. A fome é um atentado à vida, um atentado à liberdade”. A temática da fome e o enfrentamento à pobreza é um dos três eixos assumidos pela presidência brasileira no G20. O país vai apresentar para o público a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza na Cúpula dos Líderes, nos dias 18 e 19 de novembro na cidade do Rio.