‘Solta o bicho!’: Vila Isabel aposta em reedição de Gbalá para o Carnaval, samba clássico de Martinho da Vila

‘Solta o bicho!’: Vila Isabel aposta em reedição de Gbalá para o Carnaval, samba clássico de Martinho da Vila

Macaco Branco, mestre de bateria da Escola, declara: “a cereja do bolo que falta para a Vila Isabel ser campeã”

Por: Everton Victor, Kauhan Fiaux e Leonardo Siqueira

Quadra da Unidos de Vila Isabel. Foto: Fausto Ferreira
 
 
 

“Gbalá é resgatar! Salvar!”. Embalada pelo samba de Martinho da Vila, a Unidos de Vila Isabel revisita o enredo de seu desfile de 1993 e cantará de novo na Avenida “Gbalá – Viagem ao Templo da Criação”. Para Macaco Branco, mestre de bateria da Escola, o enredo se destaca por sua atemporalidade e seus ensinamentos sobre preservação da natureza e amor ao próximo: “Um samba que ficou para a história do Carnaval. Independente da época, ele vai estar muito atual”.

O enredo reflete sobre os males que a humanidade causa ao planeta Terra e a salvação através da pureza das crianças como a esperança do criador da humanidade, Oxalá. “Gbalá – Viagem ao Templo da Criação” foi desenvolvido por Oswaldo Jardim, em 1993, e terá agora a assinatura do carnavalesco Paulo Barros.

Segundo o mestre Macaco Branco, a escolha por reeditar o enredo passa também por fortalecer o desfile da Vila Isabel em quesitos nos quais a Escola perdeu pontos no Carnaval do ano passado, como o enredo e o samba enredo, quando terminou na 3ª posição, apenas cinco décimos atrás da campeã Imperatriz Leopoldinense. Um dos grandes marcos do desfile da Vila de 2023 foi a alegoria de São Jorge, que encantou a Sapucaí e que está exposta na Cidade do Samba.

Mestre Macaco Branco (à esquerda). Foto: Instagram da Vila Isabel
 

A presidente da Velha Guarda, Cheila Rangel, é uma das remanescentes do desfile de 1993. Há 41 anos na agremiação Azul e Branca de Vila Isabel, Cheila conta que apesar de alguns contratempos, como a chuva durante o desfile, considera um Carnaval marcante na história da Vila. Para ela, a reedição de Gbalá, agora com enredo assinado por Paulo Barros, “vai ser um Carnaval para não colocarem defeitos”.

Os ensaios de rua

Tradicionalmente às quartas-feiras, a Vila Isabel transforma o Boulevard 28 de Setembro em uma pequena Sapucaí. No comando da “Swingueira de Noel”, Macaco Branco declara que os ensaios de rua têm o papel de colocar em prática tudo o que a Escola pretende levar para a Avenida: “A gente vê tempo, andamento, formas de samba, como vai ser a introdução, o que fazer para a bateria evoluir. O ensaio de rua é maravilhoso porque a gente tem um parâmetro do que vai ser no grande desfile”.

Segundo o mestre de bateria, o ensaio começa às 19h30 com um trabalho técnico da bateria dentro da quadra, ao melhor estilo da agremiação Azul e Branca: “O andamento do desfile é muito próximo do que foi em 93. A gente brinca com algumas coisas trazendo mais para a atualidade, mas enquanto estivermos aqui, vamos lutar para ser o ritmo característico da Vila Isabel. Uma bateria muito tradicional”, garante Macaco Branco.

Ensaio de rua da Vila Isabel. Foto: Carlos Lúcio
 
 

Às 21h, o Boulevard 28 de Setembro é fechado e os integrantes partem com os instrumentos para a frente da Basílica Nossa Senhora de Lourdes, onde ocorre a concentração da Vila Isabel, e o desfile começa em direção à quadra da Escola, local de encerramento do ensaio. O primeiro ensaio de rua para o Carnaval de 2024 foi realizado no dia 18 de outubro do ano passado, e o último no dia 31 de janeiro deste ano. 

Contudo, a preparação para um desfile não se resume aos ensaios de rua ou até mesmo na quadra. Paula Bergamin, musa da Vila Isabel desde 2019, revela sua rotina para se manter pronta para o desfile. Aos 62 anos, ela conta que faz musculação e aulas de samba e dança durante todo o ano: “Eu me preparo o ano todo porque com a minha idade eu preciso fazer mais que as musas jovens. Então eu me dedico. Agora, na reta final, eu apertei um pouco mais os treinos, que são diários, e os cuidados com a alimentação para chegar mais em forma e com fôlego”.

Ao trazer novamente Gbalá para a Avenida, a Azul e Branca da Vila homenageia a sua própria história e de sua comunidade. Seja através daqueles que desfilaram no desfile de 1993, como a Presidente da Velha Guarda, assim como os que ingressaram posteriormente na Escola, o samba-enredo é um grito de esperança que se mantém presente na comunidade. 

A Unidos de Vila Isabel será a terceira escola a desfilar na segunda-feira, dia 12 de fevereiro, em busca do seu quarto título de Carnaval na sua história. Com um desfile permeado de significados entre passado, presente e futuro, o samba clássico da Azul e Branca relembra a Sapucaí: “Para salvar a geração, só esperança e muito amor”.

Samba e Carnaval: raízes do povo brasileiro

Samba e Carnaval: raízes do povo brasileiro

Integrantes da Unidos de Vila Isabel exaltam relação de amor, dedicação e pertencimento à Escola

Por: Everton Victor, Kauhan Fiaux e Leonardo Siqueira

Presidente da Velha Guarda em ensaio na rua Boulevard 28 de Setembro. Reprodução: Redes Sociais (Instagram Vila Isabel)
 
 
 

O calendário de 2024 marca um dia específico para o Carnaval: 13 de fevereiro. Mas, para muitos, o Carnaval vai muito além de um só dia: é uma vida. Esse é o caso de Cheila Rangel, presidente da Velha Guarda da Unidos de Vila Isabel e que completa 41 anos na Escola de Samba: “Eu tenho amor pela minha Escola. A Vila Isabel é uma das coisas mais importantes para a minha vida”, declara.

O primeiro contato de Cheila Rangel com a Escola de Samba foi como passista. Depois, ao longo dos anos, assumiu funções como diretora da ala das passistas e diretora social, até se tornar benemérita da Escola, presidente do Conselho Fiscal da Herdeiros da Vila e presidente da Velha Guarda. Hoje, aos 72 anos, ela garante: “Tudo o que eu faço é por amor. Eu me doo para a Vila Isabel”.

Assim como ela, Macaco Branco, mestre de bateria da Escola, também tem longa história com a Azul e Branca. Começou a desfilar por volta dos 13 anos, influência dos pais que já viviam na Escola. Foi diretor de bateria, diretor musical, e hoje comanda a “Swingueira de Noel”. “Se não estiver mais como mestre e precisar empurrar carro, eu vou. É sobre o apreço e carinho pela Escola. Eu pretendo ser Vila Isabel eternamente”, afirma. Para ele, uma Escola de Samba é como se fosse um quilombo, onde todos se reúnem para comemorar e festejar o Samba, Cultura do povo brasileiro.

Paula Bergamin, musa da Escola desde 2019, é mais uma que compartilha desse sentimento: “Na Vila eu me sinto em casa. (Ela) se tornou uma segunda família”. Paula destaca ter sido muito bem recebida pela comunidade e relata estar sempre presente nos ensaios e eventos da Escola. Aos 62 anos, ela acumula mais de dez desfiles como musa e é uma inspiração para as mais jovens.

Paula Bergamin, musa da Vila em ensaio da Escola. Reprodução: Fausto Ferreira
 
 
 
 

‘Não deixe o Samba morrer’

A ancestralidade é um dos pilares que fazem o Carnaval acontecer. Na Velha Guarda da Vila Isabel, segundo Cheila Rangel, fazem parte netas do fundador da Escola, a primeira mulher a desfilar na bateria da Azul e Branca e uma porta-bandeira de 92 anos. Exemplos da essência do sentido de comunidade que as Escolas de Samba representam: valorizar quem faz parte dessa história.

Contudo, há também a preocupação com o futuro. Para Macaco Branco, uma “Escola” de Samba tem também o papel de ensinar e de “plantar a sementinha” para as próximas gerações: “O Samba é nossa Cultura e nossa raiz, e a gente tem que levar isso para o mundo e para a vida. Se não ensinar, isso acaba”. O mestre de bateria acredita que, a Herdeiros da Vila, Escola de Samba, mirim da Vila, seria o “Gbalá da Vila Isabel”, em referência ao enredo da escola para o Carnaval, 2024, que vê nas crianças o caminho para um futuro.

Em casa, Macaco Branco já pode ver a semente dar frutos. Ele conta que já desfila com seu filho de 13 anos ao seu lado no comando da bateria, enquanto o mais novo, de apenas 3 anos, já é fascinado pela Vila Isabel: “Ele nasceu amando aquilo”, relata.

MacacoBranco,mestre de Bateria da Vila Isabel (à esquerda). Reprodução: Diogo Mendes

História, Economia e Cultura

De acordo com especialistas, a Cultura do Carnaval se perpetua através da ancestralidade, religiosidade e da resistência do “sambar”. As Escolas de Samba são uma representação e continuidade dessa cultura que é a marca do Brasil. Os desfiles se iniciaram na Praça Onze, região central do Rio, e desde 1978 ganharam um espaço que se tornou a Passarela do Samba Professor Darcy Ribeiro: a Sapucaí. Em um esquema de monte e desmonte após os desfiles, foi apenas em 1983 que o Samba passou a ter um palco com estrutura permanente. Resultado de uma história de resistência e luta para não deixar o Samba morrer, e que não se resume a uma data marcada em fevereiro ou março.

Além de cultural, o Carnaval movimenta todo um comércio e logística na cidade. Só neste ano, o Governo do Estado do Rio de Janeiro vai investir R$ 62 milhões no Carnaval. Segundo dados do próprio governo estadual, a estimativa é que a capital receba mais de 5 milhões de pessoas, o que atua diretamente no turismo e na economia local.

Ao longo do ano, os ensaios das Escolas de Samba também colaboram para aquecer a economia. Com ensaios no Boulevard 28 de Setembro, a Vila Isabel é uma atração cultural e econômica para a comunidade: “A galera vem pra curtir, tomar uma cerveja, cantar, aplaudir e prestigiar a Eescola”, conta Macaco Branco. Além de itens para o consumo, como bebidas e comidas, nos arredores da quadra da Escola é possível encontrar a venda de itens da Azul e Branca, como camisas e bonés.

Da folia também é construído um pertencimento de estar e representar uma Escola de Samba. A lógica do Carnaval se diferencia do contexto da competitividade: as Escolas são, sobretudo, co-irmãs, que lutam para manter o Samba e sua história vivos. Uma identidade nacional que é marcada pela construção do próprio país. Agremiações com histórias fincadas em terreiros, na negritude, nas periferias e subúrbios, além de claro, na folia.

Exposição na Galeria Candido Portinari celebra as diferentes faces do amor

Exposição na Galeria Candido Portinari celebra as diferentes faces do amor

“Poderosa Energia do Amor” debate uma nova narrativa acerca da comunidade preta

Por: Ana Cândida 

Elementos artísticos presentes na exposição “Poderosa Energia do Amor” (Reprodução: Ana Cândida)


Ancestralidade, cultura e negritude. Essas três palavras caracterizam a exposição “Poderosa Energia do Amor”, que estreou no último dia 29 de novembro na Galeria Candido Portinari. Sob curadoria de Ana Paula Alves, Isaac Nicácio e Nana Rosas, e coordenação geral de Diogo Santos, a mostra promove um olhar sociocultural acerca da experiência negra na diáspora, para além das experiências de dor e sofrimento. A exposição pode ser vista até 26 de janeiro e é uma colaboração entre o Departamento Cultural da Uerj (DECULT), Coordenação de Exposições de Arte (COEXPA) e o Programa de Extensão Museu Afrodigital do Rio de Janeiro. 

A curadora da exposição, Ana Paula, cita Tina Campt para descrever o propósito do projeto. Em um de seus textos, a autora afirma que “somos forçados a lidar com múltiplas frequências de luto e indignação” e “de contar com a frequência do agravamento do luto pela perda cíclica e repetitiva da genialidade negra”. Essas frases constituem uma relação com a realidade da comunidade preta, onde as estatísticas apontam para as inúmeras mortes de pessoas pretas. Paralelo a isso permanece a resistência preta – que se esmaece frente a estereótipos. “Pensar sobre amor e seus desdobramentos como uma significativa produção nos fez pensar em uma exposição que fizesse sentido nestes termos”, explica Ana Paula. 

Através das obras, é retratado a celebração do amor como ponto central da comunidade preta. Reunindo dezenas de elementos, a exposição inclui pinturas, poesias e até mesmo estruturas. As artes – em sua maioria – também abordam temas importantes como o cotidiano de pessoas da periferia, religiões de matriz africana e a desigualdade social. “Poderosa Energia do Amor” nasceu de uma necessidade de contar novas narrativas pretas. Apesar de ter sido inaugurada próxima à comemoração da Consciência Negra, a exposição se define como uma reafirmação de que a consciência da nossa raça é feita todos os dias. 

Uma característica central na mostra é a presença da música e a maneira que ela é utilizada como referência direta ao amor. Álbuns como o “Numanice” e cantores como o Mano Brown são vistos como peças chave durante o processo de abordar todas as formas de amor dentro da galeria. Ana Paula ressalta que os três curadores fizeram parte de diferentes gerações, e a música – assim como outros elementos culturais – influenciou na formação deles e, com isso, também influenciou na formação e construção do projeto em si. “Poderosa Energia do Amor” também possui uma playlist no Spotify com cerca de dez horas. O repertório inclui músicas dos anos 80 e outras que exprimem as nuances do amor e a celebração negra. 

A exposição estabelece também a concretização de laços entre três polos de artes da Universidade e do estado em si. Isaac Nicácio, outro curador da mostra, conta que a união ocorreu no ano passado. Iniciando com Diogo Santos, atual coordenador do COEXPA que já tinha contato com Ana Paula, coordenadora do Museu Afrodigital. Posteriormente, a dupla também se juntou com o professor Rafael, que auxilia as oficinas da COART. “Com a junção dos três conseguimos fazer essa troca e começar a pensar na ideia de trabalhar a arte com a educação”, explica Isaac. O curador complementa que essa troca de referências resultou na chegada de mais pessoas ao projeto. 

Obra “Nancy e Vilma”, da artista rOna e ao lado diversos textos na parede (Reprodução: Ana Candida)

Durante o processo de troca sobre amor, família e vida, os curadores analisaram o que cada artista/obra tinha de referência. Inicialmente, foi feita uma lista de desejo com cerca de trinta nomes e em seguida direcionaram para o que cabia dentro da realidade – desde o orçamento da COEXPA e até mesmo a disponibilidade dos artistas. Para além das obras, a mostra também apresenta textos, ideia reprisada de uma exposição anterior feita pelos curadores. Aqui, eles trabalharam com a ideia de pedir para que esses autores escrevessem mediante o conceito da exposição e sobre as obras que já estavam confirmadas até o momento. 

“Poderosa Energia do Amor” conta com diversos artistas, incluindo Agrade Camiz, Barbara Copque, Daiane Lucio, Erick Peres, Lais Reverte, Leah Cunha, Lucas H. Rossi, Matheus Morani, Mbé, Miguel Afa, Millena Lízia, Mulheres de Pedra, Osvaldo Carvalho, Rona Neves, Siqueira, Viviane Laprovita & Vladimir Ventura e Waleff Dias. Além disso, a exposição também apresenta textos de Bernardo Oliveira, Daniele Queiroz, Fabiana Pereira, Gabriela Nolasco, Jaciana Melquiades, Janaina Damaceno, Lorraine Mendes, Luara, Osmar Paulino, Renato Noguera, Silvana Bahia e Tais Machado. 

Últimos dias para ver “Olha Geral 2023” na Uerj

Últimos dias para ver “Olha Geral 2023” na Uerj

Exposição na Galeria Candido Portinari promove visibilidade para estudantes do Instituto de Artes da Universidade

Por: Ana Cândida

Entrada da Galeria Candido Portinari (Reprodução: Ana Cândida)
 
 

A Galeria Candido Portinari, na Uerj, recebe até o dia 10 de novembro a exposição “Olha Geral 2023”. Reunindo 24 artistas, incluindo coletivos e individuais, a exposição visa dar visibilidade e oportunidade para estudantes do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) de terem suas obras expostas. Além disso, a mostra também serve como uma retribuição para a sociedade e reforça a ideia de que a arte deve ser vista como um espaço sério e livre de estereótipos. O “Olha Geral” acontece anualmente, este ano com curadoria de Tamara Quírico, Renata Gesomino e Ricardo Tamm, professores da Uerj.

Tamara Quírico, professora associada do Departamento de Teoria e História da Arte da Uerj, e uma das curadoras, afirma que a mostra possibilita aos alunos uma experiência prática de participar de uma exposição como artistas. “O Olha Geral muitas vezes é a primeira oportunidade dos nossos estudantes participarem de uma mostra coletiva, em um espaço expositivo adequado, com equipe de montagem e curadoria profissional, para dar todo o suporte a essa experiência de formação artística”, afirma Tamara. A professora também explica que os estudantes montam um portfólio e apresentam a obra a ser exposta.

Apesar da organização concisa das obras de arte, é notável que cada elemento presente na exposição destaca as características e pensamentos individuais de determinado estudante/artista. Pautas como ancestralidade preta, corpo feminino, paisagem carioca e até mesmo música são abordadas nas obras, que incluem desde telas de parede até elementos cenográficos, tornando a mostra um espaço plural que impulsiona a expressão artística de forma independente. Essa diversidade cultural permite que o visitante mergulhe e reflita acerca das amplas perspectivas sociais presentes nas obras.

Destaque da exposição, a pintura acrílica “V sob V” da artista Karinna Rigaud aborda sua paixão pessoal, o grupo sul-coreano BTS. Na obra, a estudante usa o azul como elemento predominante para pintar o rosto de um dos integrantes. Olhando atentamente, o visitante consegue perceber a riqueza de detalhes em amarelo e preto, até mesmo a semelhança com a clássica “Noite Estrelada de Ródano”, de Van Gogh. A decisão da artista de retratar alguém que ela admira adiciona uma dimensão pessoal à obra, no entanto, também tem o potencial de ressoar em outras pessoas com o mesmo traço de personalidade.

A estudante e artista criadora de “V sob V”, Karinna Rigaud, comenta que foi um choque quando soube que foi selecionada e afirma que essa é a sua primeira participação em uma exposição. “Essa obra antes significava apenas mais um trabalho da faculdade. Porém, esse significado evoluiu de outras formas, através da obra consigo ver evolução na minha técnica de pintura”, conta a artista. Karinna explica que a obra foi finalizada em três semanas e acredita que o resultado é uma homenagem ao pintor Van Gogh e ao BTS, além de concretizar um novo passo em sua carreira artística.

Obra “V sob V” de Karinna Rigaud (Reprodução: Ana Cândida)

A mostra é uma atividade tradicional do Instituto de Artes, onde anualmente é realizada uma seleção para o “Olha Geral”, em conjunto com o Departamento Cultural. O edital é aberto a todos os estudantes de graduação do Instituto e a inscrição é estimulada através dos mais diversos suportes. Para a curadora Tamara, é essencial que professores considerem seus papéis sociais na formação dos estudantes. “A cada ano observamos a qualidade dos trabalhos que têm sido produzidos no Instituto e o processo de inserção dos estudantes no meio artístico”, afirma a professora.

Neste ano os estudantes selecionados foram Alexia Aquino, Beatriz Brito, Biba Furtado, Bruno Awful, Caio Couto, Claudia Diaz TS, Coletivo SAL, Dafne Nass, Débora Pinheiro, EkkieTan, ev3rmind, Karine de Souza, Karinna Rigaud, Kimera Moreira, Laura Lethbridge, Lucas Almeida, Lucas Finonho, Marcello Rocha, Melo, Odara Rosa, Philipe Baldissara, Rafael Navarro, Saulo Martins e Victoria Shintomi. A organização geral da exposição ficou sob responsabilidade de Analu Cunha e a equipe de assistência de curadoria incluiu Andressa Abbagliato, Isabelle Penna e Rayssa Veríssimo.

“Conversas Fiadas” celebra a arte do bordado no Brasil

“Conversas Fiadas” celebra a arte do bordado no Brasil

Evento que inaugurou mostra itinerante debateu sobre o bordado como força política

Por: Ana Cândida

Oficina de bordado no “Conversas Fiadas” (Reprodução: Ana Cândida)
 
 

O Centro Cultural da Uerj (COART) recebeu no último dia 9 de outubro o evento “Conversas Fiadas”. Durante toda tarde foram debatidos temas acerca da tradição do bordado e a luta política na qual o movimento se insere. A reunião contou com mais de 200 artistas, oficinas, músicas, dança, comidas típicas e outros elementos culturais. Além disso, a celebração também marcou a inauguração da exposição “Re-descobrindo o Brasil em Fios: 200 anos de histórias e memórias bordadas”, com bordados dos municípios fluminenses. A mostra itinerante ficará exposta na Galeria da Passagem, na COART, até 11 de novembro. 

Inicialmente planejado para acontecer no Bosque da Uerj, o “Conversas Fiadas” teve que ser transferido para o Centro Cultural, por conta da forte chuva no dia. Essa mudança acabou por fundir o evento com a exposição, resultando na transformação do espaço em uma celebração dedicada ao bordado. Além da mostra “Re-descobrindo o Brasil em Fios”, os corredores do espaço também foram ocupados por obras de artistas independentes ou de coletivos do Brasil. As artes do “Conversas Fiadas” mostraram a versatilidade da arte do bordado, expondo bordados em panos de prato, toalhas, camisas, tear e até mesmo como livro de história. 

O evento “Conversas Fiadas” na COART também foi marcado pelo acontecimento de oficinas de bordado que ocuparam todos os corredores, convidando os visitantes a participarem ativamente. Durante o evento, foi organizada uma roda de conversa que promoveu a interação entre bordadeiras experientes e iniciantes, onde técnicas de bordado e princípios básicos foram compartilhados. A galeria da Passagem também sediou uma oficina próxima à exposição, onde os visitantes receberam um papel com a silhueta dos blocos da Uerj e foram convidados a bordar nele suas visões e desejos para o futuro da Universidade. 

No evento, o vestido “Nominata 365”, feito por Carolina Medeiros, se destacou. Os visitantes que chegaram cedo ao “Conversas Fiadas” viram nomes de artistas, como Tarsila do Amaral e Yoko Ono, sendo costurados no vestido branco com linha vermelha. A ideia do vestido é incluir 365 nomes de artistas mulheres, conforme a pesquisa da bordadeira. Carolina trabalha nesse projeto desde 2019, após demonstrar interesse pelo bordado e se tornar autodidata. “Também trabalho com figurinos, então acredito que dessa forma eu consegui unir esses meus dois lados”, afirmou a artista. 

“Nominata 365” sendo bordado no “Conversas Fiadas” (Reprodução: Ana Cândida)

A exposição “Re-descobrindo o Brasil em Fios”, com curadoria de Marisa Silva e Ricardo Gomes Lima, destaca as perspectivas sociais, culturais e políticas de 27 bordadeiras e bordadeiros sobre o estado do Rio de Janeiro. A mostra é resultado do projeto “Fio às Cinco em Pontos”, que começou durante a pandemia e incluiu 350 rodas de conversa centradas no bordado com artistas do Brasil e do exterior. “Esse projeto se transformou em uma exposição que vem itinerante pelo estado do Rio e seus municípios. A iniciativa também era uma maneira de promovermos a arte de pessoas em situação de invisibilidade”, explicou Ricardo Lima, curador da mostra. 

A exposição e o evento se concentraram no movimento dos “Bordados Políticos”, no qual artistas usam a habilidade de bordar como meio de expressar opiniões e manifestações sobre questões do cotidiano. Isso transformou o ato de bordar, tradicionalmente visto como uma atividade feminina, em uma forma de arte política que ocupa espaços públicos e aborda diversas realidades. Importantes ativistas como Marielle Franco e Frida Kahlo são frequentemente representadas nos bordados, não apenas como símbolos do poder feminino, mas também como ícones das lutas sociais e políticas que elas encarnaram e continuam a representar até hoje.

Bordado feito pelo coletivo “Pontos de Luta” homenageando Marielle Franco (Reprodução: Ana Cândida)

Ricardo Lima, um dos curadores da exposição, diz que o “Conversas Fiadas” reafirma o potencial que a Universidade possui em atingir o interior do estado. “A Universidade do Estado do Rio de Janeiro não representa apenas a cidade. Com essa mostra, temos a chance de trazer para cá esses 27 municípios que compõem a exposição e mais um número enorme de pessoas”, explicou o professor. O curador também pontuou que, após a divulgação do evento, a Uerj recebeu propostas de outros municípios como Itaboraí e Tanguá, que demonstraram interesse em conhecer a mostra itinerante. 

O plano futuro do projeto envolve a expansão para mais municípios, com a meta de dobrar o alcance atual para o ano de 2024 e transformar o evento em algo maior. O “Conversas Fiadas” destaca as manifestações de pessoas que fazem bordado, e a equipe acredita que em municípios não visitados ainda há pessoas não reconhecidas por sua arte. Nos últimos anos, cada vez mais homens têm participado da arte, transformando o bordado em uma prática sem gênero. Com isso, o evento também se compromete com a igualdade de gênero, desafiando estereótipos de que o bordado é uma atividade restrita às mulheres.

Machado de Assis invade o palco do Teatro Odylo Costa, filho

Machado de Assis invade o palco do Teatro Odylo Costa, filho

“O Alienista – O Musical” fala do comportamento humano, em especial a loucura

Por: Ana Cândida

Parte do elenco de “O Alienista – O Musical” (Reprodução: Leticia Croner)
 
 
 

O Teatro Odylo Costa, filho recebeu durante os dias 28, 29 e 30 de setembro o espetáculo musical “O Alienista”. A apresentação adaptada do livro homônimo escrito por Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, aborda os limites entre razão e loucura a partir do ponto de vista social e de um homem da ciência. “O Alienista – O Musical” teve direção geral de Rubens Limas Jr. e foi encenada pela Vitrine Uerj e Unirio Teatro Musicado.

A peça conta a história de um médico estrangeiro que decide se mudar para a cidade de Itaguaí, no Brasil. Lá, ele inaugura a Casa Verde, local onde seriam tratadas pessoas consideradas fora de suas faculdades mentais. A narrativa da história acompanha o protagonista considerando qualquer pessoa com o mínimo desvio de personalidade como louca. No final disso, ocorre uma revolta popular exigindo que essas “prisões” acabem de uma vez por todas. O alienista então questiona seus próprios métodos e provoca um debate sobre o que significa ser uma pessoa sã e uma pessoa louca. 

A Unirio Teatro Musicado existe desde 1995, levando de um a dois anos para transformar seus trabalhos teatrais em espetáculos. A adaptação do Alienista teve início antes da pandemia e levou cerca de cinco anos para ser concluída. Professores da Universidade Federal compõem a equipe do projeto, abrangendo diversos departamentos. Alunos de universidades federais de todo o Brasil, que procuram essa oportunidade de especialização na área do teatro, formam o elenco dos projetos teatrais. O musical contou com 32 selecionados de um total de 350 candidatos, além de cerca de 80 pessoas, incluindo estagiários.

A adaptação do livro para um musical enriqueceu ainda mais a obra. Embora alguns diálogos tenham sido retirados diretamente do livro, nessa versão, os personagens ganham voz e mais personalidade através de músicas que revelam suas convicções. Destaque para o dueto entre o Alienista e a Madre Lurdes, interpretados por Tiago Batistone e Carol Coimbra/Ruth Ciribelli, respectivamente, que fala sobre o trabalho do protagonista ser comparado à obsessão, abordando a disputa entre a ciência e a igreja. Elementos teatrais também são vistos durante o enredo, como no confronto entre “Os Canjicas” e ”Os Militares” que simulam a guerra através da dança. 

Outro destaque do musical foram os personagens de Machado de Assis e Sigmund Freud, interpretados por Lucas Resende e Miguel Conti, respectivamente. A presença dos dois como narrador e ouvinte cativou o público de diversas maneiras, principalmente pelo tom humorístico. Machado de Assis, por um lado, é um homem mais politizado e calmo. Freud é um homem mais energético e sem paciência. O roteiro usa elementos reais para desenvolver os personagens, como Freud fazendo piadas sobre cocaína e mulheres com histeria, e Machado sendo uma espécie de mentor para o neurologista que viria depois.

Machado de Assis e Sigmund Freud no musical (Reprodução: @eulorxnzo/Instagram)

O diretor geral do musical, Rubens Lima Jr., afirmou que a Uerj é parceira antiga do projeto e destaca o Teatro da Universidade como um grande espaço para apreciar a arte do Brasil. “Trazer a literatura brasileira junto a um dos mais importantes autores, que está sendo constantemente redescoberto e traduzido para o mundo é indispensável”, pontuou o diretor sobre a importância de introduzir Machado de Assis, que se mantém atual. A editora da Uerj também foi parceira do musical, revertendo todo o lucro dos exemplares de “O Alienista” vendidos durante as sessões em melhorias para o espetáculo.

No dia 29 de setembro é comemorado o Dia de Machado de Assis e marca a data de sua morte. Nesse mesmo dia ocorreu a segunda apresentação do musical no Teatro da Uerj. Ao final do espetáculo o público aplaudiu a memória do escritor que foi e ainda é tão importante para a literatura brasileira. Machado escreveu inúmeras obras, porém, “O Alienista” se destaca como um livro importante para se pensar questões relacionadas à loucura, abuso de poder e cientificismo. Em 1881, o autor já abordava a natureza humana, assunto esse que também viria a ser estudado anos depois por Sigmund Freud. 

O espetáculo conta com adaptação e letras de Alexandre Amorim, músicas de Gabriel Gravina, Guilherme Ashton, Guilherme de Menezes e Matheus Boechat. A direção de produção fica sob responsabilidade de Luis G. Pirangi e a direção musical é executada por Guilherme Borges. Por fim, Alexei Henriques e Shantala Cavalcanti coordenam as coreografias do musical, que também inclui atos de sapateado. 

32ª Uerj Sem Muros celebra a diversidade e igualdade racial

32ª Uerj Sem Muros celebra a diversidade e igualdade racial

Cerimônia de abertura ocorreu no Teatro Odylo Costa, filho

Por: Ana Cândida

Pôster da 32ª Uerj Sem Muros (Reprodução: Depext/PR3)

O Teatro Odylo Costa, filho recebeu ontem, 25 de setembro, a cerimônia de abertura da 32ª Uerj Sem Muros (USM). O evento contou com a presença da reitora em exercício, Cláudia Gonçalves, e de representantes das pró-reitorias da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A cerimônia, além de apresentar discursos reafirmando a importância da USM, também homenageou a música brasileira com a participação do Coral Altivoz e da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem. 

Este ano o tema do Uerj Sem Muros é “Igualdade Racial, Memória e Reparação”, visando dar lugar de fala para as pessoas pretas dentro e fora da Universidade. O pôster da 32ª Uerj Sem Muros homenageia grandes e importantes mulheres negras que são parte da nossa história como Carolina Maria de Jesus, Lélia Gonzalez, Dona Ivone Lara, Marielle Franco, Winnie Mandela e Mãe Beata de Iemanjá. Os discursos destacaram a importância de aprender com o passado para evitar repetir erros. Este ano também marca a presença de duas mulheres, uma delas preta, ocupando os cargos de reitora e vice-reitora.

A Uerj Sem Muros é um evento abrangente e mobilizador que engaja toda a comunidade uerjiana. Durante o evento, os membros da universidade têm a oportunidade de apresentar à sociedade em geral os resultados de sua produção acadêmica realizada em diversas áreas como ensino, pesquisa, extensão e cultura. A USM é separada em três frentes, onde cada pró-reitoria é responsável por uma delas. Sendo elas: PR1 responsável pela Semana de Graduação, PR2 responsável pela Iniciação Científica e a PR3 responsável pela Mostra de Extensão. 

Cláudia Gonçalves, reitora em exercício da Uerj, destacou o papel significativo do evento ao permitir que a Universidade de maneira figurada derrube seus muros e compartilhe e divulgue seu trabalho. “A Uerj Sem Muros é a ponte entre a comunidade interna e externa, a interação entre o público universitário e a sociedade em geral. Minha expectativa para este ano é que o evento seja o mais respeitado, inclusivo e democrático”, afirmou a professora. Cláudia ainda debateu sobre a Uerj como um importante espaço de aprendizagem e escuta para todos. 

Destaque da cerimônia de abertura, a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem, apresentou diversas músicas brasileiras como “Águas de Março” e “O Morro Não Tem Vez”, ambas de Tom Jobim, e outros clássicos de Chiquinha Gonzaga. Sob a regência do maestro Anderson Alves, a orquestra também presenteou a audiência com uma performance da renomada “Sinfonia nº 5, em D6 menor”, de Beethoven. O encontro musical é um exemplo de como a Uerj promove a diversidade e inclusão por meio da música, demonstrando seu apoio ao emprestar o Teatro para ensaios da OSB Jovem. 

OSB Jovem se apresentando no Teatro Odylo Costa, filho (Reprodução: Ana Cândida)

O Diretor do Departamento de Extensão/PR3, Hermínio Ismael de Araújo Júnior, afirma que a apresentação da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem na cerimônia de abertura da USM reafirma a posição da orquestra como um grande marco do cenário cultural e musical do Brasil. “Pensamos em dar visibilidade também para o fato de a OSB Jovem atualmente estar presente na nossa Universidade, transformando a Uerj na casa dessa importante orquestra que reúne jovens de diferentes origens e ressalta a pluralidade cultural”, explicou Hermínio. 

A 32ª edição da Uerj Sem Muros é um evento aberto para todos e ocorre nos dias 25 a 29 de setembro. Este ano também é marcado pela 21ª Semana de Graduação, evento anual para a apresentação e avaliação dos projetos vinculados à Pró-reitoria de Graduação (PR-1), pela 32ª Semana de Iniciação Científica e pela 25ª Mostra de Extensão que acontece de forma híbrida. Para conferir a programação completa acesse o site: usm.uerj.br.

“Corpos Insurgentes”: o olhar feminista na arte

“Corpos Insurgentes”: o olhar feminista na arte

Exposição na Galeria Candido Portinari/Uerj promove acesso cultural no início do período letivo

Por: Ana Cândida

Parede da exposição “Corpos Insurgentes”, na Galeria Candido Portinari (Reprodução: Ana Cândida)

“Corpos Insurgentes”, exposição que permanece até o dia 15 de setembro na Galeria Candido Portinari, visa trabalhar as relações existentes entre arte e ativismo, com foco no feminismo interseccional e decolonial. A mostra foi idealizada pela equipe do Coexpa (Coordenadoria de Exposições) e apresenta, além das obras de arte, uma pesquisa teórica com textos educativos e referências. Ao todo são dezesseis artistas mulheres expondo seus trabalhos artísticos que incluem pinturas, fotografias, elementos cenográficos e vídeos. O projeto tem curadoria de Flávia Carmagnanis. 

A exposição tem como temática central o corpo feminino, visto como um local de memória e ferramenta política em constante transformação, desafiando a noção de uma “natureza” feminina fixa. Diversas obras apresentam uma abordagem mais direta, fazendo um diálogo com a atual feminilidade. Enquanto outras optam por uma abordagem mais abstrata, empregando cores vibrantes que provocam o interesse dos visitantes. Em um cenário atual onde a violência contra as mulheres ainda persiste, esta exposição emerge como uma pauta fundamental, promovendo debates acerca do respeito às mulheres e da valorização da pluralidade feminina.

Flávia Carmagnanis, curadora da exposição, afirmou que desde o início do projeto a ideia era ser uma exposição pensada no coletivo, partindo da arte corporal e feminismos, buscando fornecer um breve panorama da produção brasileira recente. “Minha intenção foi pensar a arte feminista contemporânea nas produções dos últimos anos, como essas artistas se articulam, como isso aparece nas suas obras e quais pautas têm maior destaque”, explicou a curadora. Flávia ainda demonstrou estar contente em poder reunir artistas que admira, e dar continuidade à pesquisa que ela vem desenvolvendo.

Obra “A Ceifadora”, de Marcela Cantuária, exposta na Galeria Candido Portinari (Reprodução: Ana Cândida)

“Corpos Insurgentes” foi inaugurada no dia 18 de agosto, dois dias após o início das aulas do período 2023.2 na Uerj, e contou com a presença de pessoas do meio artístico e acadêmico. Com isso, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, conhecida por ser um espaço aberto ao desenvolvimento do pensamento crítico e ao debate de questões sociais, demonstra seu compromisso ao abrigar uma exposição que acolhe os novos estudantes e os incentiva a refletir sobre a pauta da exposição. A mostra na Galeria é um exemplo de como a arte promove diálogos e ultrapassa as barreiras das salas de aula.

A caloura de Relações Públicas da Uerj Manuella Alves afirmou que tinha um breve conhecimento da existência dos espaços culturais da Universidade, mas não possuía informações para saber se poderia visitá-los. “Eu sempre ia para outros museus e galerias, mas era muito complicado o deslocamento até o Centro, por exemplo. Estudar na Uerj, onde tem diversas galerias e atividades de lazer ao meu alcance, com certeza enriquecerá a minha carga cultural”. Ao ser perguntada sobre a sua experiência na exposição, a estudante reagiu positivamente e enfatizou a importância da perspectiva feminista na arte, principalmente no espaço universitário. 

Manuella ao lado das fotografias “Série: Entre o fogo e a faca, 3”, de Nica Buri (Reprodução: Ana Cândida)

A Galeria Candido Portinari faz parte do Departamento Cultural da Uerj e promove exposições de artes visuais, diálogos entre artistas consagrados e novos, inseridos na arte brasileira. As exposições promovidas servem como um impulso para a expressão artística, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e coletivo. “A galeria tem se firmado como importante polo de promoção das artes visuais no Rio de Janeiro, com encontros fundamentados na preocupação com a produção de saberes”, afirma Flávia, curadora da exposição e integrante da equipe do Departamento Cultural da Uerj.

As artistas presentes no projeto artístico são Berna Reale, Camila Soato, Clara Moreira, Dyana Santos, Jade Marra, Jéssica Lemos, Marcela Cantuária, Monique Ribeiro, Nica Buri, Panmela Castro, Priscila Barbosa, Priscila Rezende, Priscila Rooxo, Thaís Basílio, Virgínia di Lauro e Yacunã Tuxá. A exposição “Corpos Insurgentes” está em funcionamento na Galeria Candido Portinari de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 19h. A entrada é gratuita e aberta ao público em geral.

 
 
 
 

Espetáculo Guadakan promove conscientização ambiental

Espetáculo Guadakan promove conscientização ambiental

Atração vinda do Mato Grosso do Sul estreou no Rio de Janeiro, com apoio da Uerj

Por: Ana Cândida

Cena do espetáculo Guadakan, no Teatro Odylo Costa, filho, na Uerj (Foto: Ana Cândida)

O espetáculo Guadakan fez sua estreia no Rio de Janeiro no último dia 22 de junho. O palco escolhido para a apresentação artística foi o Teatro Odylo Costa, filho, na Uerj. A peça junta a Companhia de Dança do Pantanal e a Orquestra de Câmara do Pantanal (OCAMP). A produção celebra o meio ambiente e faz uma crítica e uma reflexão em relação às queimadas que devastaram grande parte do território do Pantanal. Em idioma guató, Guadakan significa Pantanal. 

A narrativa do espetáculo começa desde o princípio onde os antigos entendiam que a natureza deveria e deve ser respeitada para haver um equilíbrio de recursos. À medida que a trama avança, o espetáculo começa a mostrar como a ganância humana e o desrespeito com o ambiente resultam em consequências desastrosas. Por trás do título da peça está um mito relacionado a uma comunidade da etnia que se estabeleceu onde atualmente se localiza a lagoa Gaíva, fronteira entre Brasil e Bolívia, uma região que, inicialmente, era seca e atualmente é a maior planície alagada do mundo. 

A Companhia de Dança do Pantanal e a Orquestra de Câmara do Pantanal (OCAMP) são projetos do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, de Corumbá. A Cia foi criada em 2017 e aborda de forma artística e contemporânea os elementos do território pantaneiro, e expressa através da dança a ameaça sofrida pelo Pantanal. Atualmente, a Cia é formada por bailarinos e ex-participantes do Moinho Cultural. A OCAMP foi criada em 2018 e também é composta por participantes e ex-participantes do Moinho Cultural. Através de uma referência musical, a orquestra produz com criatividade artística e liberdade elementos traduzidos da natureza, e cria uma nova música com identidade e linguagem do Mato Grosso do Sul.

A diretora artística do espetáculo, Márcia Rolon, contou sobre a importância do apoio da Uerj para que a apresentação fosse realizada fora do Mato Grosso do Sul e definiu a oportunidade como um momento inesquecível. “Atravessamos a fronteira para chegar até aqui, alguns dançarinos da nossa companhia viajaram pela primeira vez de avião e tiveram o primeiro contato com o mar. Sem a Uerj não conseguiríamos tudo isso, além de ser muito caro, envolve outros fatores. Essa parceria com a Universidade acaba sendo um impulso para podermos levar o espetáculo para outros lugares, então decidimos escolher o Rio justamente como uma vitrine do Guadakan”. Marcia ainda enfatizou que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro foi o único parceiro a abrir as portas para o projeto, disponibilizando o palco em si. 

O espetáculo apresenta uma forte sincronia entre a música e a coreografia dos dançarinos, transmitindo emoção ao espectador. A orquestra e a companhia de dança trabalham juntas, com os movimentos corporais dos dançarinos se adaptando ao som dos instrumentos. Esse artifício cria uma carga dramática e emotiva, permitindo que o público sinta o desespero transmitido pelos artistas no palco. Em certo momento um ator chega a citar a quantidade de animais mortos durante as queimadas no Pantanal e, enquanto isso, um dançarino dança como se estivesse agonizando. Os dois elementos da peça se complementam, a dança ganha mais intensidade ao lado da orquestra e o mesmo acontece ao contrário. Guadakan é um espetáculo necessário e incapaz de não mexer com o sentimento de quem está assistindo. 

O projeto conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, de incentivo à cultura. Guadakan foi apresentado pela primeira vez em dezembro do ano passado, em Corumbá, e posteriormente adaptado para ser apresentado em formato de turnê. O espetáculo já foi visto em 12 cidades mato-grossenses, reunindo mais de 4 mil espectadores. Em sua edição na Uerj, a atração recebeu apoio da PR3 (Pró-Reitoria de Extensão e Cultura) e foi produzido pelos projetos Vitrine Uerj e Palco das Escolas. Em um momento atual onde a pauta ambiental está sendo bastante discutida e as mudanças climáticas se tornam cada vez mais um perigo, Guadakan se torna um espetáculo indispensável.

Na Uerj, Guadakan teve duas sessões de apresentações no dia 22 de junho: a primeira, às 15h, foi destinada a alunos da rede pública e a segunda, às 19h, para o público geral. Os ingressos foram disponibilizados gratuitamente e as sessões contaram com a presença de uma intérprete de Libras. Com duração de aproximadamente uma hora, a apresentação foi finalizada com grandes aplausos por parte do público presente. 

“QUEERraiá” leva festa junina e orgulho queer para o Teatro Odylo Costa, filho

“QUEERraiá” leva festa junina e orgulho queer para o Teatro Odylo Costa, filho

Evento visa homenagear a cultura LGBTQIA+ e unir comunidade interna e externa da Uerj

Por: Ana Cândida

Cartaz de divulgação do evento QUEERraiá (Divulgação: Instagram)

A Divisão de Teatro da Uerj promove nesta quinta-feira, dia 29 de junho, o “QUEERraiá”. O evento com temática de festa junina acontece no Teatro Odylo Costa, filho, na Uerj. A produção planeja celebrar a diversidade presente na Universidade e homenagear a cultura LGBTQIA+. A entrada será gratuita, com ingressos sendo disponibilizados através da plataforma Sympla, e aberta ao público em geral. Além disso, haverá a presença de uma intérprete de Libras, garantindo acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva.

 
 
 

A edição da festa junina LGBTQIA+ traz atrações como a “QUEERdrilha” e a Quadrilha Rainbow. Além disso, o evento contará com performances vogue (um estilo de dança LGBTQIA+) da “House of BUSHIDO” e apresentação de Tarot com a drag queen Severa Paraguaçu. A ideia é incorporar os elementos da cultura queer na temática junina. O DJ Thiago Sansis e um karaokê também irão trazer animação para a celebração. O espaço contará com comidas típicas e bebidas tradicionais de festas juninas. Também será montado um estande da “Rio Sem LGBTQIfobia” com atendimento de psicóloga e assistente social, enfatizando a importância do evento como um espaço de valorização de uma arte consciente.

 
 
 

Um dos organizadores do evento, Levi Souza, estudante de Relações Públicas, explicou que o QUEERraiá surgiu da curiosidade de realizarem um evento LGBTQIA+. “A ideia na verdade foi juntar esses dois mundos (comunidade externa e interna) e trazer para a Uerj. O objetivo maior do evento é uma espécie de inclusão na Universidade, a ideia de um coletivo LGBTQIA+ que existe aqui dentro, mas também lá fora. Além disso, não deixa de ser uma forma dos uerjianos terem acesso a um novo tipo de arte”, disse o estudante. Levi ainda enfatizou que festas juninas temáticas sempre estiveram presentes, como por exemplo uma vez que fizeram um evento junino de terror.

O projeto foi idealizado com o Happy Uerj, uma forma dos estagiários da Divisão de Teatro adquirirem experiência organizando eventos e experimentarem como é estar à frente de uma produção. Como junho é considerado o mês do Orgulho LGBTQIA+ e o das festas juninas, a presença da Uerj apoiando e promovendo o “QUEERraiá” é de extrema importância para a luta pela diversidade. O evento também é apoiado pela PR3, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, e pelo Departamento Cultural, além de estabelecer uma parceria com o LAC, Laboratório de Acessibilidade Cultural.