Com ajuda da IA, pesquisadores criam plataforma que reúne programas de governo dos candidatos a prefeito de todo o país

Com ajuda da IA, pesquisadores criam plataforma que reúne programas de governo dos candidatos a prefeito de todo o país

Vota Aí! permite que eleitores consultem gratuitamente mais de 60.000 planos de governo desde 2012

Por Everton Victor e Julia Lima

 

Reprodução: Site Vota Aí!

De olho nas eleições municipais no dia 6 de outubro, pesquisadores da Uerj e da Unicamp lançaram a plataforma Vota Aí!, com os planos de governo dos candidatos a prefeito em todo o país. A plataforma, criada com ajuda da IA, também permite comparar os planos dos candidatos. O projeto é uma criação do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública (Doxa) Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj (Iesp-Uerj) e do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp (Cesop-Unicamp) 

O Vota Aí, que tem acesso livre e gratuito,  foi criado pela cientista política Nara Salles durante as eleições de 2020. Salles inicialmente era pesquisadora da Uerj, mas agora está no Cesop, o que possibilitou a parceria. A plataforma usa o banco de dados do TSE para obter os programas de governo. Com ajuda de IA, faz a raspagem dos dados e possibilita as comparações entre candidatos e períodos eleitorais. 

Segundo Flávia Bozza, uma das pesquisadoras do Vota Aí! no Rio de Janeiro, o objetivo é que a plataforma seja utilizada fora do ambiente acadêmico, por eleitores comuns, que não teriam tempo de buscar nem ler os programas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A pesquisadora diz que, embora haja algumas limitações na ferramenta, o grande auxílio da IA foi ler os documentos dos mais de 5000 municípios brasileiros. 

Além de agregar os documentos com as propostas, o site conta com algumas ferramentas para ajudar o eleitor:

  • Temas presentes: com ajuda da Inteligência Artificial, a plataforma mostra os temas presentes em cada plano de governo.
  • Nuvem de palavras: mostra as palavras que mais aparecem no programa. Quanto maior a palavra, maior a recorrência dela.
  • Palavras frequentes: ao invés de medir a frequência pelo tamanho da palavra, é feito um gráfico em barras.
  • Análise de contexto: ao buscar uma palavra, é mostrado o que vem antes e depois dela para que o contexto possa ser compreendido.
  • Rede de palavras: mostra quais são as palavras mais relacionadas com a que foi buscada. Exemplo: Busca-se “educação”. Junto dela aparecem mais “pública”, “privada”, etc.

O Vota Aí! não faz nenhum tipo de análise de dados para servir ao eleitor, nem mesmo sobre a possível presença de fake news nos projetos. 

Reprodução: Site Vota Aí!

Flávia ressaltou o papel da plataforma de aliar tecnologia com o trabalho dos pesquisadores. O Quiz “De quem é essa proposta?” traz diferentes projetos e logo em seguida sugere nomes de candidatos que apresentam aquela declaração em seu programa de governo. As temáticas são variadas e os nomes dos candidatos também.  Ao fim das perguntas, o eleitor sabe de quem realmente é cada proposta. 

Esta ferramenta específica do Quiz por enquanto está disponível para 21 capitais, incluindo a cidade do Rio, e em breve será estendida para as demais. Para a pesquisadora, todos esses mecanismos têm, sobretudo, o foco de levar  a informação ao eleitor por meio da pesquisa científica realizada na universidade. “Uma ferramenta de informação para o eleitorado, para que ele possa fazer ao final uma escolha mais informada”.

Vota Ai! como detentor de dados históricos e meio de fiscalização

Reprodução: Vota Aí!

No site estão disponíveis mais de 60 mil documentos de planos de governo desde o ano de 2012. Segundo Flávia, isso permite que o eleitor possa fazer comparações de longo prazo e até comparar mudanças dentro das propostas de um mesmo candidato nesse intervalo.

Já para além do período eleitoral, Bozza afirma que o banco de dados é um bom meio de pesquisa para a mídia e para pesquisadores da área, já que há uma grande compilação de dados. Diz que o site é um bom meio de o eleitor mais interessado fiscalizar o cumprimento das propostas do mandatário eleito durante os 4 anos seguintes – e cobrar caso elas não estejam sendo cumpridas adequadamente.

Clique para conhecer o Vota Aí

Ciência e Tecnologia no centro das eleições 2024

Ciência e Tecnologia no centro das eleições 2024

Tentativas de regulamentar o ambiente digital, vacinas e inteligência artificial serão temas em discussão nas disputas deste ano

Por Everton Victor

Urna Eletrônica. Divulgação: TSE

A três meses do primeiro turno das eleições municipais, os desafios digitais marcam os debates entre os candidatos a prefeito e vereador. Temas como o uso de reconhecimento facial nas ruas, a implementação de câmeras nas fardas policiais, o acesso à internet nas escolas e a digitalização dos serviços públicos estão no centro das discussões. São temas da cultura digital e que impactam de modo decisivo o dia a dia dos brasileiros.

A pesquisa “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil” de 2023, realizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), junto com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), mostra que 60% declaram se interessar pelas áreas de ciência e tecnologia. Por outro lado, quando perguntado se conhece alguma instituição de pesquisa científica, menos de 83% citaram alguma, já sobre conhecer algum cientista brasileiro apenas 9,6% citaram um nome.

Pela primeira vez, a eleição brasileira vai contar com a atuação do Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (CIEDDE), criado em março deste ano pelo TSE. O órgão vai funcionar como uma estrutura auxiliar do TSE e dos Tribunais Regionais Eleitorais no combate às deepfakes (imagens ou sons humanos feita por IA), além de ser uma ferramenta educacional contra a desinformação. Em resolução publicada em fevereiro deste ano, o TSE endureceu o combate a fake news nas redes, responsabilizando também as big techs que não retirarem do ar posts de teor preconceituoso e/ou com informações falsas.

Outro tema de debate na campanha – as vacinas – também sofre o efeito do negacionismo científico. Recentemente, a Secretária Municipal da Saúde Rio emitiu um alerta sobre a baixa adesão à vacina da gripe na cidade. Ataques às instituições de pesquisas também ganharam força nas redes e no debate público. Em 2021 foi proposto na Assembleia Legislativa do Estado do Rio projeto Lei n°4.671/21, que pedia a extinção da Uerj. Após repercussão, o PL foi derrubado e considerado “inconstitucional”, nas palavras de André Ceciliano, então presidente da Casa. 

Semana da Ciência e Tecnologia. Foto: Agência Brasil

O professor Gerson Pech, diretor do Instituto de Física da Uerj, afirma que existe um longo trabalho para a uma cultura digitalizada plena, mas existe um caminho: aproximar o tema dos cidadãos. A cultura digital é a introdução, em menor ou maior grau, da tecnologia na sociedade e no cotidiano das pessoas. Na prática, ver em um aplicativo a hora que o ônibus passar, fazer uma transferência por Pix, documentos e exames digitalizados, tudo isso está inserido nessa cultura digital.

Na avaliação dele, é preciso explicitar que a cultura digital mexe diretamente com o cotidiano das pessoas. É central para a população reivindicar mais investimentos e ações no campo tecnológico e científico, de acordo com o professor.  Por isso, investir nestas áreas pode facilitar o cotidiano dos brasileiros e trazer uma maior eficiência para os serviços públicos. 

O linguajar difícil, a divulgação das produções de pesquisa restrita às revistas científicas, a pouca comunicação entre a academia e a população, tudo isso contribui para afastar a população da ciência. Para o professor da Uerj, é fundamental mostrar à população os avanços no campo da ciência e da tecnologia e o impacto deles na realidade. Tudo isso ajuda a  combater movimentos antivacina e a anticiência.

Para Pech, esses movimentos se enfraquecem quando são confrontados com o debate público, a sociedade compreende como  funciona a vacina e qual o papel da pesquisa e da universidade nesse contexto. “É preciso mostrar o papel da universidade e da ciência para, por meio da educação, desconstruir a intolerância”, afirma.

Milhões de brasileiros se preparam para as eleições municipais de outubro

Milhões de brasileiros se preparam para as eleições municipais de outubro

A eleição irá determinar os prefeitos, os vice-prefeitos e os vereadores das 5.568 cidades brasileiras

Por: Manoela Oliveira

Reprodução: Pixabay

Em 6 de outubro, cerca de 152 milhões de eleitores participarão da eleição municipal para decidir os vereadores, os prefeitos e os vice-prefeitos de todo o Brasil. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso nenhum candidato consiga metade dos votos válidos em cidades de mais de 200 mil eleitores, o segundo turno ocorrerá em 27 de outubro.

A Lei das Eleições permite o registro de candidatos e de candidatas pelas coligações e pelos partidos políticos até 15 de agosto. O atual prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD) pretende se reeleger com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na eleição de 2020, Paes obteve 64,7% dos votos no segundo turno, derrotando o seu concorrente, o então prefeito Marcello Crivella. Paes foi o candidato preferido em todas as zonas eleitorais neste turno, segundo o TSE.

Mapa de apuração das eleições municipais de 2020 / Reprodução: Manoela Oliveira

Na última eleição para prefeito, Paes disparou na região da Grande Tijuca do Rio de Janeiro. De acordo com o TSE, na 229º e na 170º zonas eleitorais, localizadas no Maracanã, ele obteve 75,92% e 77,93% dos votos, respectivamente. Paes também alcançou 78,33% dos votos na Tijuca e conseguiu atingir cerca de 140 mil votos nessas três zonas eleitorais. O atual prefeito é uma aposta para a eleição de 2024, especialmente na Grande Tijuca.

Outros candidatos como Tarcísio Motta (PSOL), Alexandre Ramagem (PL), Cyro Garcia (PSTU), Pedro Duarte (Novo) e Otoni de Paula (MDB) são cotados para concorrerem na disputa eleitoral pela Prefeitura do Rio. Dani Balbi (PCdoB), Marcelo Queiroz (PP) e Juliete Pantoja (UP) também são nomes esperados para a disputa do cargo.

Para os políticos que pretendem ser vereadores, a data-limite para trocar de partido sem a perda do mandato foi 5 de abril. Porém, assim como os candidatos à Prefeitura, eles têm até 15 de agosto para registrarem a candidatura.

Os cidadãos com idade entre 18 a 70 anos são obrigados a votar nas eleições. O voto facultativo é para pessoas com mais de 70 anos, para os analfabetos e para os jovens com idades entre 16 e 18 anos. Segundo o TSE, o prazo para emitir e regularizar o título eleitoral é até o dia 8 de maio.

O TSE disponibiliza atendimento remoto para realizar o alistamento eleitoral e a regulamentação do título de eleitor.

Novo Reitor da Uerj será escolhido em segundo turno de eleição

Novo Reitor da Uerj será escolhido em segundo turno de eleição

Candidatos apresentam suas propostas de campanha

Por: Manoela Oliveira

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
 
 
 

De 28 a 30 de novembro, ocorrerá a votação para eleger o novo Reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Gulnar Azevedo e Bruno Deusdará, representantes da chapa 10, vão disputar contra Mario Carneiro e Lincoln Tavares da chapa 30 para o segundo turno da eleição. Maria Isabel de Castro e Jacques Dias da chapa 20 ficaram em terceiro lugar. 

Segundo o Conselho Eleitoral Geral (CEG), a chapa 10 alcançou 48,6% dos votos e a chapa 30 obteve 40,2%. A chapa 20 obteve apenas 11,2% dos votos, portanto, não participará das votações do segundo turno. Porque, pelas regras estabelecidas, caso nenhuma chapa alcançasse 50% dos pontos, haveria segundo turno somente com as duas chapas mais votadas.

O colégio eleitoral da Uerj possui cerca de 50 mil eleitores, combinando os docentes, os alunos e os técnicos administrativos. Porém, a votação do primeiro turno da Reitoria contou com a participação de cerca de 14 mil pessoas, representando apenas 28% do total de eleitores. Segundo Mario Carneiro, “historicamente, na nossa Universidade, nos deparamos com um grande número de abstenções, o que representa sempre um desafio para ser combatido nessas eleições gerais, principalmente no segundo turno”. A expectativa do candidato é que pessoas que não votaram no primeiro turno, votem no segundo.

A data da apuração dos votos é 30 de novembro e o resultado para determinar a nova Reitoria do período de 2024 a 2027 será divulgado 8 de dezembro. 

Propostas dos candidatos 

Mario Carneiro e Lincoln Tavares pretendem implementar algumas medidas caso a chapa 30 ganhe o segundo turno. “Vamos instituir a tarifa zero nos nossos restaurantes universitários, que serão ampliados para todos os campi, implantar o transporte intercampi, oferecer auxílio moradia. Além de cuidar da saúde dos nossos estudantes com a criação do Centro de Atendimento de Saúde, que já conta com prédio próprio para funcionar”. Os candidatos reconhecem que a Uerj passou por uma crise devido à pandemia e ao regime de recuperação fiscal, mas eles reafirmam a necessidade de investimentos em políticas de permanência estudantil. 

Mario Carneiro se tornou vice-reitor em 2020, porém passou a ser Reitor da Uerj após a renúncia de Ricardo Lodi em abril de 2022. Atualmente, ele está tentando a reeleição com a participação de Lincoln Tavares, após sua direção de 2020 a 2023. Com isso, o candidato planeja divulgar suas realizações da gestão anterior no segundo turno como uma estratégia para ganhar votos. 

Gulnar Azevedo e Bruno Deusdará planejam investir em políticas de ampla assistência estudantil. Porém, segundo eles, “precisamos trabalhar de forma mais transversal essas políticas, não só de assistência estudantil, mas de inclusão, de acessibilidade, de igualdade racial e de gênero”. Eles também querem ajudar os estudantes na inserção no mercado de trabalho, com a implementação de melhorias na política de estágio oferecida pela Universidade aos seus alunos.

Gulnar Azevedo destaca a vontade de se aproximar das pessoas que estão descontentes com a atual gestão de Mario Carneiro. Porque, para ela, “a outra opção não é uma opção que vai levar a Uerj a uma grande mudança”.