Desempenho e juventude são sinônimos?

Desempenho e juventude são sinônimos?

Aos 57 anos, Tania Zeng, a ‘tia Tania’, é classificada para Paris 2024 e, com ela, o questionamento: existe uma idade limite para a prática de esportes?

Por: Letícia Ribeiro

De origem chinesa, Zhiying Zeng, aos 57 anos, representará o Chile no tênis de mesa nos Jogos Olímpicos, em Paris. Após a notícia, ela deixou um recado para todas as gerações: nunca é tarde para nada – você só precisa começar. Nesse ínterim, levantou-se um debate que, nos últimos anos, tem ganhado notabilidade no mundo esportivo: desempenho e juventude são, necessariamente, sinônimos?

Culturalmente, o esporte tende a exaltar o desempenho, atrelando-o à juventude, enquanto classifica os atletas mais velhos como superados. Não só nos esportes, como no cotidiano, profissionais com mais idade carregam estereótipos negativos relacionados ao envelhecimento, principalmente nas questões de aprendizado e produtividade.

No âmbito esportivo, a idade é como uma linha de chegada em movimento, afastando-se à medida que nos aproximamos dela. Individualmente, o cenário é ainda mais duro com os atletas, a exemplo da ex-ginasta Daiane dos Santos, que sofrera com inúmeras críticas ao ingressar na modalidade com onze anos, uma idade que – para o mundo dos esportes – é considerada tardia.

Tal julgamento não se limita apenas às modalidades mais “físicas”: Fernando Alonso, piloto espanhol de Fórmula I, na época com 40 anos, disse em entrevistas que era alvo de sucessivos questionamentos sobre sua idade, e que achava irrelevante isso ser um tema dentro do esporte.

Apesar das atividades individuais serem o maior alvo das questões etárias, em esportes coletivos, como o futebol, há uma gama de reclamações sobre a capacidade de jogadores mais velhos continuarem atuando em alta intensidade, o que resulta em mais questionamentos quanto à “falta de renovação” dos elencos. No basquete, o cenário não é muito diferente, principalmente com os jogadores da velha-guarda, como Lebron James que, ainda na casa dos 30, é considerado velho para o esporte.

Assim, se atletas como o próprio Lebron James, que detém um legado e tanto dentro das quadras, são alvo de questionamentos quanto à seu desempenho por conta da idade, pode-se supor que o cenário é ainda menos favorável para pessoas como Tania Zeng, que ingressam no esporte mais tarde – no caso dela, retornam.

Zeng começou a jogar tênis em seu país de origem, China, aos nove anos. Em 1989, chegou ao Chile, onde ganhou o nome Tania. A chinesa ficou afastada do esporte por um longo período de tempo e, durante a pandemia, aos 54 anos, decidiu voltar a jogar de forma amadora; Em 2023, foi destaque no Campeonato Sul-americano e passou a integrar a equipe de seleção chilena, defendendo o Chile em Santiago 2023 na disputa por equipes, conquistando o bronze. Em Lima, no pré-olímpico, conquistou a vaga para os primeiros jogos olímpicos de sua vida. A partir daí, a tenista ficou conhecida como “tia Tania” – um apelido que, por si só, já explicita a estigmatização de indivíduos mais velhos.

Casos como o de Tania Zeng soam como uma exceção à regra. E, nesse meio, surge a seguinte questão: é possível que pessoas mais velhas pratiquem esportes profissionalmente? “Sim, a prática de esportes em indivíduos com a idade avançada não é apenas possível, mas também muito recomendável”, explica Tayná Andrade, formada em Educação Física com pós-graduação em treinamento esportivo: “Claro, se estamos falando de esportes que exigem mais do físico, torna-se um um pouco mais complicado devido a ‘n’ fatores, desde o treinamento, resposta metabólica, aptidão física e recuperação muscular – devido à idade.”

Afinal, então, desempenho e juventude andam de mãos dadas? Nem sempre. Ainda de acordo com a profissional, existem várias exceções à regra, como, já citado, o próprio Lebron James que, para além de condicionamento físico, detém uma vasta experiência que, sem dúvidas, auxilia no desempenho.

Nesse caso, não é possível generalizar, afirmando que todos os indivíduos com mais idade teriam a capacidade física de competir com os mais jovens, ao passo que também não é possível determinar quantas “exceções à regra” existem. A prática do esporte e o desempenho no âmbito profissional é individual e dependente de uma gama de fatores – que contribuem ou se mostram agentes impeditivos

O Maracanã nosso de cada dia

O Maracanã nosso de cada dia

Palco de grandes acontecimentos, o estádio divide opiniões dos vizinhos

Por: Simone Nascimento

Estádio Jornalista Mário Filho/Maracanã – Foto: José Guertzenstein

Todos os grandes jogos realizados no Maracanã conseguem atrair milhares de torcedores, mesmo em dias úteis. Para dar conta dessa movimentação é necessária uma grande logística. As interdições no trânsito e o aumento no fluxo de pessoas atingem moradores, comerciantes e também as atividades no campus Maracanã da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Com isso, a presença do estádio na região é celebrada por alguns vizinhos e criticada por outros.

O Maracanã chegou a ser o maior do mundo e continua sendo o maior do país, com capacidade para quase 80 mil pessoas. Para poder facilitar a chegada e saída dos torcedores, a CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro) monta um esquema especial de trânsito, que inclusive impede estacionamento próximo ao Maracanã. A companhia aconselha o uso de transporte público, uma vez que é possível chegar até o local de ônibus, trem e metrô.

Encontro de torcedores em dia de jogo – Foto: Reprodução/Redes sociais

Alguns bares no entorno do estádio, principalmente os que estão mais próximos da rampa do Bellini, viram ponto de encontro de torcedores, às vezes para fazer um esquenta antes das partidas ou para comemoração depois. Dessa forma, há o aquecimento de uma parte do comércio.

Joseane, funcionária do Bar dos Chicos, um dos mais movimentados nos dias de jogos, disse que o local chega a ficar lotado e que é preciso colocar uma grade para dar mais conforto aos clientes. Mas nem todos os comércios da redondeza têm essa sorte. O Bar Loreninha, que fica próximo ao portão 5 da Uerj, vê o movimento minguar. Joaquim, garçom do estabelecimento, conta que boa parte dos frequentadores são alunos, e a clientela some pois a universidade suspende as atividades presenciais após às 16 horas nos dias de jogos em que o público seja de 20 mil pessoas ou mais.

As mudanças no trânsito e a grande concentração de pessoas também atingem os vizinhos do Maracanã. Moradora de um prédio entre o estádio e a Praça Varnhagem, Beatriz Pereira enfatiza que nos horários próximos ao início e final das partidas é quase impossível chegar ou sair de casa devido ao grande número de torcedores nas ruas, diz ainda que é comum o uso de carros de som para os famosos esquenta.

Polêmicas à parte, o Maracanã é um dos estádios mais famosos do mundo e nunca se restringiu apenas ao futebol. O local já foi palco de outros acontecimentos marcantes como as duas missas celebradas pelo Papa João Paulo II, a segunda edição do Rock in Rio e shows de diversos artistas como Frank Sinatra, Madonna, The Rolling Stones e do rei Roberto Carlos.