“A comunicação é a sociedade”: Muniz Sodré discute a importância da comunidade na era digital

“A comunicação é a sociedade”: Muniz Sodré discute a importância da comunidade na era digital

Em aula inaugural da FCS, professor reflete sobre a cultura digital

 

Por Samira Santos

O Laboratório de Comunicação Integrada (LCI) e a Faculdade de Comunicação Social (FCS) da Uerj receberam um dos grandes nomes da comunicação brasileira, o professor Muniz Sodré, para a aula inaugural “Cultura Digital”. Realizado no Teatro Noel Rosa, no campus Maracanã, o evento reuniu estudantes e professores da área de Comunicação com o intuito de abordar os impactos da tecnologia na cultura e na sociedade.

Entrada do Teatro Noel Rosa, onde aconteceu a palestra (Foto: Sofia Molinaro)

Muniz Sodré, renomado sociólogo e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), iniciou sua apresentação com uma hipótese provocativa: “Nenhuma cultura resiste à sua digitalização”. Essa afirmação gerou debates sobre a relação entre tecnologia e cultura, destacando a necessidade de uma integração humanizada entre o mundo virtual e o mundo real.

Muniz Sodré ao lado do vice diretor da FCS Ricardo Freitas. (Foto: Sofia Molinaro)

Durante sua palestra, Sodré abordou temas como a ausência de história na tecnologia, a desinstitucionalização da escola e a importância de fortalecer os laços comunitários. Ele enfatizou a necessidade de integrar a tecnologia de forma consciente e equilibrada, evitando que a digitalização se torne alienante e desvinculada da realidade.  Ao final da palestra, destacou que “se uma cultura não é forte o suficiente para sobreviver, ela deve morrer”.

 

Sodré Compartilha Reflexões Sobre a Cultura Digital

Após a palestra, Sodré compartilhou suas perspectivas sobre os desafios e oportunidades da cultura digital em entrevista para o LED. O professor abordou diversos temas, desde os impactos da pandemia até o futuro do jornalismo no mundo digital.

 

Durante o diálogo sobre os avanços tecnológicos na pandemia, Muniz Sodré enfatizou os aspectos positivos das movimentações sociais e solidárias impulsionadas pela tecnologia. Ele ressaltou que, apesar dos desafios enfrentados, emergiram iniciativas significativas de resistência e transformação promovidas pelas comunidades. Citando a atuação de sua esposa, a professora Raquel Paiva, que integra o Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária (LECC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele disse que o LECC, durante a pandemia, fez diversas pesquisas sobre os coletivos.

 

Os coletivos no Brasil remontam aos anos 90, centrados principalmente em questões raciais e de gênero, engajando-se diretamente na sociedade por meio de movimentos de conscientização, grupos de estudos e palestras. Entretanto, diante da conjuntura política e econômica do país, a pandemia exigiu uma atuação ainda mais vigorosa em regiões historicamente negligenciadas pelo governo. Nesse contexto, surgiram inúmeros coletivos no Rio de Janeiro e em diversas outras cidades, com destaque para a Frente de Mobilização da Maré e sua atuação durante as distintas fases da pandemia. O LECC direcionou seus esforços para compreender essa nova realidade e os movimentos emergentes. A pesquisa teve início com o mapeamento dos novos coletivos, que se auto denominaram desde o início, e a utilização das redes sociais como ferramenta inicial de contato. 

 

Sobre a resistência da cultura brasileira à digitalização, Sodré foi preciso em sua análise. Ele afirmou que não há como escapar dos impactos da tecnologia na sociedade contemporânea, e que é necessário repensar nossas relações com o mundo digital. No entanto, ele ressaltou a importância de preservar as tradições e valores culturais que nos definem como sociedade, e que sem a dimensão cultural a tecnologia pode acabar se fechando em si mesma. 

 
 
 
 

Evento do Audiolab/FCS põe em foco o Carnaval, o Futebol e os Podcasts

Evento do Audiolab/FCS põe em foco o Carnaval, o Futebol e os Podcasts

Profissionais das áreas marcam presença na Uerj

Por  Manoela Oliveira e Kauhan Fiaux

 
 
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Coart anuncia projeto que busca divulgar a produção musical de artistas da Uerj

Coart anuncia projeto que busca divulgar a produção musical de artistas da Uerj

O programa ‘Plataforma Livre’ será lançado na próxima quarta-feira (6), com show ao vivo de Ah!Banda

Por: Leonardo Siqueira

Salão da Coart onde será realizado o projeto Plataforma Livre (Foto: Leonardo Siqueira)
 
 
 

A Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação Artística (Coart) da Uerj anunciou o lançamento da “Plataforma Livre”, programa coordenado por Ilana Linhales e que busca apresentar e divulgar a produção musical da comunidade uerjiana. A primeira exibição será no dia 6 de março, às 12h30, no Salão 2 da Coart, com show ao vivo de Ah!Banda. O evento é livre e aberto ao público externo, sem a necessidade de inscrições.

Segundo Quesia Pacheco, produtora cultural da Coart, e Rafael Pacheco, orientador musical, o projeto funcionará da seguinte forma: às segundas, quartas e sextas-feiras, o som de algum artista ou grupo musical, preferencialmente da Uerj, será tocado no sistema de som do salão 2 da Coart, entre às 11h e 13h. Nesta primeira semana, a Plataforma Livre irá reproduzir o trabalho de Ah!Banda, que fará o show ao vivo no lançamento do projeto.

Quesia destacou que o Centro Cultural é um espaço mais calmo da Uerj, onde muitos vão para descansar, almoçar ou até mesmo passar um tempo vago: “Pensando nesse público, a gente está divulgando o trabalho das pessoas (artistas) e também fazendo com que quem esteja aqui possa ouvir esse material”.

A cada semana, será divulgado o trabalho de um artista ou grupo musical diferente. Quesia e Rafael revelaram que já há outros dois projetos selecionados para as semanas seguintes, mas a ideia é que abra um cadastramento para que os músicos interessados no programa possam também enviar seu material para a divulgação. Para mais informações, acompanhe as redes sociais da Coart.

A Plataforma Livre será reproduzida no salão 2 da Coart, no Campus Maracanã da Uerj, em frente ao Auditório Cartola, no Centro Cultural. O salão contém mesas e cadeiras para os visitantes.

 
 

Pesquisadores indígenas se reúnem na Uerj para discutir diversidade nas universidades

Pesquisadores indígenas se reúnem na Uerj para discutir diversidade nas universidades

Estudante relata desafios do ambiente acadêmico e cita importância de coletivo

Por: Leonardo Siqueira e Manoela Oliveira

Palestrantes discursam em congresso realizado na Uerj (Foto: Manoela Oliveira)


A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) promoveu o Congresso Intercultural de Resistência Marakanã, um encontro internacional que contou com a presença de líderes de povos originários do México e do Brasil. O evento, realizado no dia 13 de novembro, teve como tema a autonomia indígena nas universidades brasileiras. 

O encontro da Aldeia Marakanã discutiu o atraso das universidades no Brasil em criar políticas de inclusão para estudantes e servidores indígenas. Os desafios incluem a falta de reconhecimento por instituições governamentais e a necessidade de redes de apoio na Uerj.

A expectativa dos palestrantes para o futuro é a criação de uma universidade inteiramente indígena, melhorias no sistema de cotas raciais e a implementação de línguas indígenas na grade curricular da Uerj. Por meio de uma apresentação, Kaê Guajajara também pediu mais valorização e visibilidade para as comunidades indígenas.

Segundo Tãngwa Matu Puri, aluno de História na Uerj, a universidade ainda é um ambiente desafiador para os indígenas.  De acordo com dados do Censo Demográfico de 2022, o número de estudantes autodeclarados indígenas no ensino superior aumentou em 374% de 2011 para 2021. No entanto, esse número ainda representa apenas 0,5% do total dos universitários no país. Diante desse cenário, para o estudante, a presença indígena nas universidades e nos mais diferentes lugares da sociedade é uma extensão da resistência e luta ao longo dos 500 anos, e ressalta que esse movimento é importante para evitar que narrativas brancas sigam moldando a imagem dos indígenas e suas histórias.

Tãngwa Matu Puri é membro do coletivo Yandé Iwí Mimbira (“Nós, filhos da terra”, em língua Nheengatu), da Uerj, e que hoje, segundo ele, conta com cerca de dez integrantes. Para o estudante, o coletivo é um lugar de acolhimento e luta por direitos dentro do ambiente acadêmico, mas destaca: “Esse acolhimento é mais entre a gente do que por parte da própria faculdade. O coletivo é um movimento de resistência e existência indígenamente acadêmico, mas a universidade continua sendo predominantemente branca.” 

Apresentação de Kaê Guajajara (Foto: Manoela Oliveira)



O congresso foi organizado por Camila Jourdan, professora de filosofia da Uerj, Nadson Souza, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Cefet/RJ, e Danielle Bastos, procientista da Uerj.

Machado de Assis invade o palco do Teatro Odylo Costa, filho

Machado de Assis invade o palco do Teatro Odylo Costa, filho

“O Alienista – O Musical” fala do comportamento humano, em especial a loucura

Por: Ana Cândida

Parte do elenco de “O Alienista – O Musical” (Reprodução: Leticia Croner)
 
 
 

O Teatro Odylo Costa, filho recebeu durante os dias 28, 29 e 30 de setembro o espetáculo musical “O Alienista”. A apresentação adaptada do livro homônimo escrito por Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, aborda os limites entre razão e loucura a partir do ponto de vista social e de um homem da ciência. “O Alienista – O Musical” teve direção geral de Rubens Limas Jr. e foi encenada pela Vitrine Uerj e Unirio Teatro Musicado.

A peça conta a história de um médico estrangeiro que decide se mudar para a cidade de Itaguaí, no Brasil. Lá, ele inaugura a Casa Verde, local onde seriam tratadas pessoas consideradas fora de suas faculdades mentais. A narrativa da história acompanha o protagonista considerando qualquer pessoa com o mínimo desvio de personalidade como louca. No final disso, ocorre uma revolta popular exigindo que essas “prisões” acabem de uma vez por todas. O alienista então questiona seus próprios métodos e provoca um debate sobre o que significa ser uma pessoa sã e uma pessoa louca. 

A Unirio Teatro Musicado existe desde 1995, levando de um a dois anos para transformar seus trabalhos teatrais em espetáculos. A adaptação do Alienista teve início antes da pandemia e levou cerca de cinco anos para ser concluída. Professores da Universidade Federal compõem a equipe do projeto, abrangendo diversos departamentos. Alunos de universidades federais de todo o Brasil, que procuram essa oportunidade de especialização na área do teatro, formam o elenco dos projetos teatrais. O musical contou com 32 selecionados de um total de 350 candidatos, além de cerca de 80 pessoas, incluindo estagiários.

A adaptação do livro para um musical enriqueceu ainda mais a obra. Embora alguns diálogos tenham sido retirados diretamente do livro, nessa versão, os personagens ganham voz e mais personalidade através de músicas que revelam suas convicções. Destaque para o dueto entre o Alienista e a Madre Lurdes, interpretados por Tiago Batistone e Carol Coimbra/Ruth Ciribelli, respectivamente, que fala sobre o trabalho do protagonista ser comparado à obsessão, abordando a disputa entre a ciência e a igreja. Elementos teatrais também são vistos durante o enredo, como no confronto entre “Os Canjicas” e ”Os Militares” que simulam a guerra através da dança. 

Outro destaque do musical foram os personagens de Machado de Assis e Sigmund Freud, interpretados por Lucas Resende e Miguel Conti, respectivamente. A presença dos dois como narrador e ouvinte cativou o público de diversas maneiras, principalmente pelo tom humorístico. Machado de Assis, por um lado, é um homem mais politizado e calmo. Freud é um homem mais energético e sem paciência. O roteiro usa elementos reais para desenvolver os personagens, como Freud fazendo piadas sobre cocaína e mulheres com histeria, e Machado sendo uma espécie de mentor para o neurologista que viria depois.

Machado de Assis e Sigmund Freud no musical (Reprodução: @eulorxnzo/Instagram)

O diretor geral do musical, Rubens Lima Jr., afirmou que a Uerj é parceira antiga do projeto e destaca o Teatro da Universidade como um grande espaço para apreciar a arte do Brasil. “Trazer a literatura brasileira junto a um dos mais importantes autores, que está sendo constantemente redescoberto e traduzido para o mundo é indispensável”, pontuou o diretor sobre a importância de introduzir Machado de Assis, que se mantém atual. A editora da Uerj também foi parceira do musical, revertendo todo o lucro dos exemplares de “O Alienista” vendidos durante as sessões em melhorias para o espetáculo.

No dia 29 de setembro é comemorado o Dia de Machado de Assis e marca a data de sua morte. Nesse mesmo dia ocorreu a segunda apresentação do musical no Teatro da Uerj. Ao final do espetáculo o público aplaudiu a memória do escritor que foi e ainda é tão importante para a literatura brasileira. Machado escreveu inúmeras obras, porém, “O Alienista” se destaca como um livro importante para se pensar questões relacionadas à loucura, abuso de poder e cientificismo. Em 1881, o autor já abordava a natureza humana, assunto esse que também viria a ser estudado anos depois por Sigmund Freud. 

O espetáculo conta com adaptação e letras de Alexandre Amorim, músicas de Gabriel Gravina, Guilherme Ashton, Guilherme de Menezes e Matheus Boechat. A direção de produção fica sob responsabilidade de Luis G. Pirangi e a direção musical é executada por Guilherme Borges. Por fim, Alexei Henriques e Shantala Cavalcanti coordenam as coreografias do musical, que também inclui atos de sapateado. 

NUDERG promove seminário sobre violência de gênero

NUDERG promove seminário sobre violência de gênero

Evento aconteceu na Uerj e recebeu a presença de diversos órgãos sociais e de movimentos feministas 

Por: Ana Cândida

Mulheres debatem na mesa “Organizações Feministas e Movimentos Sociais” (Foto: Ana Cândida)

O Núcleo de Estudos sobre Desigualdades Contemporâneas e Relações de Gênero (NUDERG), com o apoio do ICS-Uerj (Instituto de Ciências Sociais) e o PPCIS-Uerj (Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais), promoveu o Seminário “Campanhas e ações de prevenção à violência de gênero no Brasil 2000-2018”, visando ao lançamento da pesquisa sobre a análise de campanhas e ações de prevenção feitas no Brasil. O seminário reuniu mulheres de diferentes setores acadêmicos e sociais, além de especialistas no assunto. As palestras aconteceram nos dias 6 e 7 de julho no 9º andar da Uerj e proporcionaram um debate acerca da prevenção de violência contra mulheres. 

 
 
 

O seminário foi idealizado desde o começo da elaboração do projeto pela NUDERG, pois a equipe tinha em mente que precisava fazer algum evento que promovesse o debate tanto com os movimentos sociais quanto com a academia. Em suma, era importante levar o estudo acadêmico feito dentro da universidade para o ambiente externo, distribuindo informações. O seminário teve como objetivo entender a dinâmica e elaboração das campanhas feitas no Brasil que visam à prevenção à violência de gênero, e pensar de maneira coletiva em formas de realizar ações mais eficazes. O projeto ressalta que as campanhas existentes não perderam seu valor durante o tempo, mas através da pesquisa foi notada a possibilidade de uma melhoria nessas iniciativas públicas e sociais.

 
 
 

No primeiro dia do seminário, 6 de julho, foi iniciado com a mesa “Campanhas e ações de prevenção à violência de gênero no Brasil 2000 – 2018) – resultados gerais”, em seguida foi abordado o tema “Governos nacionais, estaduais e municipais” e por último aconteceu um debate sobre “Sistema de justiça criminal e segurança pública”. No segundo dia, 7 de julho, a primeira mesa foi “Organizações feministas e movimentos sociais”, em seguida o debate foi sobre “Sindicatos, partidos políticos e instituições do poder legislativo” e por fim houve uma mesa sobre o “Panorama Brasil e Espanha: Ações Políticas”.

A coordenadora geral do NUDERG/PPCIS/ICS/Uerj, Maira Covre-Sussai, destacou que apesar do seminário ter tido a Uerj como palco, ele contou com a presença de pessoas da comunidade externa e outras parcerias. “As mulheres se interessaram mais, entendemos que os lugares são para serem ocupados de maneira igualitária. Porém, priorizamos as mulheres por estarmos em desvantagem, trata-se de uma questão de políticas afirmativas.”, explicou a coordenadora. O seminário teve como convidados (as) gestores de políticas públicas de todas as esferas de governo, membros de movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos.

 
 
 

Atualmente, no Brasil, uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro lideram os índices com quase 60% do total dos casos. Dados como esses demonstram que a maneira e a linguagem usadas em campanhas preventivas são mais do que importantes para prevenir o aumento desses casos. Durante a pesquisa do seminário destacou-se que as ações de prevenção tinham foco na violência geral e sexual, além disso buscavam a mudança de uma atitude social através da condenação da violência apelando para o lado sensível e consciente do público-alvo. A coleta também mostrou que o foco na violência contra mulheres LGBTQIA+ era baixa. 

 
 
 

Um fator importante debatido no segundo dia do seminário foi a mentalidade coletiva, de que maneira as pessoas podem prevenir certas violências começando por uma mudança interna. Foi dito que por décadas as mulheres foram retratadas como submissas e que não deviam fazer nada caso sofressem algum tipo de repressão. Essa mentalidade enraizada na sociedade precisa ser constantemente mudada e erradicada. É necessário que as mulheres tenham acesso às informações que as ajudem a enfrentar essas situações, caso precisem. Essa é uma mudança feita gradativamente, mas que ao longo dos anos cada vez mais pessoas se tornem capazes de mudar seus comportamentos acerca da violência. O incentivo contra a violência de gênero é uma pauta que deve começar desde cedo para pessoas de todos os gêneros e faixa etária. 

 
 
 

A pesquisa também chamou atenção para a maneira que os agressores, em sua maioria homens, eram retratados durante as campanhas e ações. Retratados de forma indeterminada, muita das vezes eles eram colocados como “pessoas não reais”, sem aparência física. Apesar do seminário ter sido composto principalmente por mulheres, tanto na audiência como nas palestras, destacou-se a importância da presença de homens em espaços de conscientização da violência. Não basta conscientizar apenas as vítimas, mas também é preciso ter parte do foco voltado para os agressores em potencial, fazendo com que eles entendam o motivo de possíveis atitudes problemáticas.

Material distribuído durante o seminário: cartilhas sobre prevenção à violência e calendários relacionados aos direitos femininos (Foto: Ana Cândida)

Um dos destaques do segundo dia do seminário foi a palestra de Eleutéria Amora, coordenadora da Casa da Mulher Trabalhadora (CAMTRA). Eleutéria discursou sobre o trabalho da organização na produção de campanhas que previnem a violência contra as mulheres e mostrou para o público presente uma cartilha criada especificamente para o assunto. A cartilha foi distribuída no final do seminário e apresenta informações jurídicas e sociais sobre a violência de gênero. A CAMTRA é uma organização feminista que visa ir ao encontro de outras mulheres com a perspectiva de colaborar para o fortalecimento de sua autonomia e direitos, construindo então uma sociedade igualitária.

 
 
 

O seminário “Campanhas e ações de prevenção à violência de gênero no Brasil 2000 – 2018” é um projeto financiado pela CAPES PrInt-Uerj, programa de internacionalização da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que visa oferecer bolsas que contribuem em pesquisas de doutorado e pós-doutorado no exterior. A pesquisa também possui parceria com a Universidade de Manizales, na Colômbia, Universidade de Lisboa e com a Universidade Complutense de Madri. Os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados em Madri, no final de 2019. O projeto era comparativo com Portugal, Espanha e Colômbia, o que resultou na ida da equipe do NUDERG até a Espanha para realizar uma apresentação e discutir protocolos.

LEMRI disponibiliza palestra sobre fake news e democracia

LEMRI disponibiliza palestra sobre fake news e democracia

Estudo aponta uso de redes sociais para fins eleitoreiros

Por: Simone Nascimento

Reprodução: Internet/Pixabay

O uso de fake news em eleições no Brasil e no mundo vem aumentando nos últimos anos, segundo especialistas. Desde 2010 o processo eleitoral ganhou novos contornos, e para discutir esse quadro, o LEMRI/UFRJ-Uerj (Laboratório de Estudos de Mídias e Relações Internacionais/Universidade Federal do Rio de Janeiro-Universidade Estadual do Rio de Janeiro) realizou no dia 23 de junho uma palestra sobre fake news, que está disponível no YouTube.

Professor Arthur Ituassu. Reprodução: Internet

Na palestra, Arthur Ituassu, professor associado de Comunicação Política da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica), explica diversos pontos importantes do seu estudo, que foi transformado em um artigo. Nele, Ituassu enfatiza o uso eleitoreiro das redes sociais por figuras políticas para ganhar mais eleitores ou tirar votos de seus adversários.

Segundo Ituassu, o processo eleitoral assumiu um novo campo de disputa em 2010, quando o Twitter se tornou uma máquina de propaganda política. Um exemplo citado pelo professor da PUC é o do então presidenciável Plínio de Arruda Sampaio. Naquele ano o candidato ficou de fora dos debates promovidos pelos grandes meios de comunicação, contudo, Sampaio respondia no Twitter o que era perguntado na sabatina.

O estudo desenvolvido pelo professor analisou o quadro eleitoral entre os anos de 2010 e 2020, apontando a evolução das campanhas nas redes sociais e o uso de fake news como recurso. Além disso, o artigo trata da polarização e radicalização e aponta as principais consequências a médio e longo prazo.

Wallace Almeida, doutor em educação e pesquisador do GpDOC (Grupo de Pesquisa, Docência e Cibercultura) da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) enfatiza que as fake news são um fenômeno da cibercultura e que graças a proliferação instantânea das redes, há a difusão de vários assuntos. Para o pesquisador, é importante que as escolas sejam lugar de debate e desenvolvimento da cidadania.

PL das Fake News

O Projeto de Lei 2.630/2020, que ficou conhecido como PL das Fake News, institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, mas não é uma unanimidade. Algumas pessoas comuns são contra a aprovação do projeto alegando que seria o fim da liberdade de expressão. Já as Big Techs como Google, Meta, Twitter e Tik Tok se opõem a esse PL argumentando que dados sensíveis para seu funcionamento seriam expostos.

Diversos grupos da sociedade civil são favoráveis ao PL 2630, e veem nele um mecanismo importante para resguardar não apenas direitos individuais, como também um mecanismo para manter o ecossistema eleitoral mais equilibrado.

Para José Carlos Vaz e Dias, professor de direito da Uerj, a polarização vai continuar existindo, mas o PL das Fake News deve ajudar a regulamentar as redes sociais e responsabilizá-las dentro do seu limite de atuação. O professor afirma ainda que o projeto não funciona como censura, tendo em vista que os conteúdos só sofrerão alguma sanção após divulgação. Dias enfatiza que atualmente é necessário decisão judicial para remover conteúdo falso da internet e a aprovação do PL facilitaria essa retirada de conteúdo.

“QUEERraiá” leva festa junina e orgulho queer para o Teatro Odylo Costa, filho

“QUEERraiá” leva festa junina e orgulho queer para o Teatro Odylo Costa, filho

Evento visa homenagear a cultura LGBTQIA+ e unir comunidade interna e externa da Uerj

Por: Ana Cândida

Cartaz de divulgação do evento QUEERraiá (Divulgação: Instagram)

A Divisão de Teatro da Uerj promove nesta quinta-feira, dia 29 de junho, o “QUEERraiá”. O evento com temática de festa junina acontece no Teatro Odylo Costa, filho, na Uerj. A produção planeja celebrar a diversidade presente na Universidade e homenagear a cultura LGBTQIA+. A entrada será gratuita, com ingressos sendo disponibilizados através da plataforma Sympla, e aberta ao público em geral. Além disso, haverá a presença de uma intérprete de Libras, garantindo acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva.

 
 
 

A edição da festa junina LGBTQIA+ traz atrações como a “QUEERdrilha” e a Quadrilha Rainbow. Além disso, o evento contará com performances vogue (um estilo de dança LGBTQIA+) da “House of BUSHIDO” e apresentação de Tarot com a drag queen Severa Paraguaçu. A ideia é incorporar os elementos da cultura queer na temática junina. O DJ Thiago Sansis e um karaokê também irão trazer animação para a celebração. O espaço contará com comidas típicas e bebidas tradicionais de festas juninas. Também será montado um estande da “Rio Sem LGBTQIfobia” com atendimento de psicóloga e assistente social, enfatizando a importância do evento como um espaço de valorização de uma arte consciente.

 
 
 

Um dos organizadores do evento, Levi Souza, estudante de Relações Públicas, explicou que o QUEERraiá surgiu da curiosidade de realizarem um evento LGBTQIA+. “A ideia na verdade foi juntar esses dois mundos (comunidade externa e interna) e trazer para a Uerj. O objetivo maior do evento é uma espécie de inclusão na Universidade, a ideia de um coletivo LGBTQIA+ que existe aqui dentro, mas também lá fora. Além disso, não deixa de ser uma forma dos uerjianos terem acesso a um novo tipo de arte”, disse o estudante. Levi ainda enfatizou que festas juninas temáticas sempre estiveram presentes, como por exemplo uma vez que fizeram um evento junino de terror.

O projeto foi idealizado com o Happy Uerj, uma forma dos estagiários da Divisão de Teatro adquirirem experiência organizando eventos e experimentarem como é estar à frente de uma produção. Como junho é considerado o mês do Orgulho LGBTQIA+ e o das festas juninas, a presença da Uerj apoiando e promovendo o “QUEERraiá” é de extrema importância para a luta pela diversidade. O evento também é apoiado pela PR3, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, e pelo Departamento Cultural, além de estabelecer uma parceria com o LAC, Laboratório de Acessibilidade Cultural.

 
 
 

Uerj assume compromisso com acessibilidade

Uerj assume compromisso com acessibilidade

Iniciativa promove assistência para comunidade PcD uerjiana, que é composta majoritariamente por pessoas com deficiência física e visual

Por: Ana Cândida

Servidores da Uerj e Ricardo Prates, ex-usuário do Rompendo Barreiras, ao lado do reitor Mario Carneiro, durante o VI Encontro do Programa Rompendo Barreiras (Reprodução: PR4/Instagram)

Durante o VI Encontro do Programa Rompendo Barreiras, no último dia 25 de abril, a Uerj anunciou sua prioridade em reestruturar a acessibilidade dentro da Universidade. A iniciativa organizada pelo Rompendo Barreiras, que busca garantir a acessibilidade e a permanência de estudantes com deficiência, conta com o apoio de outras pró-reitorias, como PR1, PR2 e PR4. O objetivo é assegurar a acessibilidade não apenas para pessoas com deficiência, mas também para aqueles que necessitam de suporte, mas não se enquadram na categoria de PcD, incluindo estudantes e servidores.

Quando se fala em acessibilidade logo pensamos em rampas para cadeirantes, por um lado essa associação não está errada, mas vai além disso. Acessibilidade trata-se da criação de condições e recursos que permitem que todas as pessoas, independente de suas limitações, possam participar plenamente de diversos ambientes, incluindo o universitário. Essa iniciativa envolve a remoção de barreiras físicas (estrutura arquitetônica), comunicacionais (garantir que profissionais saibam fornecer suporte a alunos com deficiência) e comportamentais (implementar políticas anti-capacitistas), garantindo que os espaços de aprendizado, serviços e informações disponíveis dentro da Uerj sejam acessíveis a todos.

O Rompendo Barreiras tem 35 anos, mas apenas em 2021 passou a fazer parte da estrutura da PR4, pró-reitoria de assistência estudantil. Valeria de Oliveira, coordenadora do Rompendo Barreiras, reconhece o trabalho realizado até o momento, mas enfatiza a necessidade de fazer mais. “Disponibilizar tecnologias assistivas demanda planos, projetos, orçamento específico, ou seja, política interna. É o que estamos buscando estruturar com essa iniciativa.”. O programa tem ajudado estudantes de diferentes campus da Uerj, através de estratégias específicas para cada caso, oferecendo a assistência necessária para garantir a permanência das pessoas com deficiência na Universidade.

Uma das principais questões problemáticas no sistema universitário atual da Uerj é a falta de controle por parte das unidades acadêmicas na identificação de alunos com deficiência. Muitas vezes, o sistema não registra a condição de PcD dessas pessoas, exceto os que entram por meio das cotas, o que dificulta o trabalho dos órgãos responsáveis em fornecer o suporte necessário. Os casos se tornam ainda mais complexos quando envolvem uma “deficiência invisível”, como no caso de pessoas com surdez, em que não é possível identificá-las apenas olhando, ao contrário das pessoas com deficiência física, cuja condição é visível. Isso contribui para a invisibilidade desses estudantes.

O servidor público da Uerj, Ayrton Madruga, de 25 anos, possui baixa visão e conta que durante seus anos como graduando acabou se isolando por conta do pouco apoio que recebia. “Me recordo de momentos muito difíceis, as escadas não têm faixa amarela, com isso já caí diversas vezes. Acredito que a iniciativa é algo fundamental para a promoção da acessibilidade, contudo é necessário dialogar com o grupo que mais sofre pelos problemas. Pois, para resolver essa questão, precisamos pensar no cotidiano de cada estudante e servidor dentro da Universidade, onde a busca por inclusão é urgente e necessária.”, afirma.

A segunda reunião da Comissão de Acessibilidade da Uerj aconteceu no último dia 18 de maio e foi aberta para qualquer pessoa interessada em participar ou contribuir com as novas políticas de acessibilidade. O encontro contou com a presença online da Professora Márcia Denise Pletsch, coordenadora do Grupo de Pesquisa Observatório de Educação Especial e Inclusão Educacional da UFRRJ. Márcia compartilhou os desafios que enfrentou ao implementar a acessibilidade na Rural ao longo dos anos, além de fornecer conselhos sobre como a Uerj poderia seguir em direção a um caminho mais acessível. A Comissão tem como objetivo final elaborar um documento instrucional que será entregue ao reitor, visando á criação de uma Uerj mais acessível tanto para estudantes quanto para servidores.

Servidores e estudantes presentes na segunda reunião do Comitê de Acessibilidade da Uerj (Reprodução: Ailton José da Silva)

A Uerj tem buscado constantemente melhorias para se tornar uma universidade mais inclusiva e acessível. Foi a primeira instituição de ensino superior no Brasil a implementar políticas de ações afirmativas, como cotas, visando democratizar o acesso universitário. Posteriormente, essa iniciativa foi apoiada pela legislação estadual, a Lei nº 8.121/2018, que reserva 5% das vagas de ingresso para estudantes com deficiência. As rampas presentes nos doze andares e blocos da Uerj são consideradas um símbolo de acessibilidade da Universidade, evidenciando a existência de uma estrutura e recursos que podem e devem ser melhorados. No entanto, esses avanços não representam o limite do compromisso da Universidade. A instituição continua empenhada em expandir suas ações e proporcionar um ambiente cada vez mais inclusivo para todos.

“Cabeça” de Lima Barreto na CalourArte da Uerj

“Cabeça” de Lima Barreto na CalourArte da Uerj

Peça no teatro ‘Odylo Costa, filho’ retrata a autópsia da cabeça de Lima Barreto feita por eugenistas

Por: Leonardo Medeiros

Panfleto do evento que fará parte da recepção aos calouros de 2023 – Foto: Sympla da PR3 Uerj

Escrita pelo diretor e dramaturgo Luiz Marfuz, a peça: “TRAGA-ME A CABEÇA DE LIMA BARRETO!” apresenta uma sessão imaginária na qual, logo após a morte do escritor Lima Barreto, sua cabeça passaria por uma autópsia, que seria conduzida por um congresso de eugenistas do início do século XX.

A autópsia da cabeça do famoso escritor seria feita pelo grupo para responder o seguinte questionamento:

“Como um cérebro, considerado inferior pelos eugenistas da época, poderia ter produzido e publicado obras literárias de qualidade, se a arte nobre e da boa escrita deveria ser um privilégio das raças consideradas superiores?”

Por meio desse questionamento, a peça promete, através da genialidade de Lima Barreto, refletir sobre os temas da loucura, do racismo e da eugenia, e também falar sobre a falta de reconhecimento e os enfrentamentos políticos e literários vividos pelo escritor em sua época.

O espetáculo faz parte da CalourArte, que é um evento oficial de recepção dos calouros da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O evento é organizado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura da Universidade.

A peça acontece nesta quinta-feira (30/3), no Teatro Odylo Costa, filho, às 19 horas.

A entrada é gratuita e os ingressos devem ser retirados pelo Sympla da PR3. A participação dá direito a um certificado de horas complementares: PR3 UERJ – Pró-reitoria de Extensão e Cultura