Deadpool & Wolverine: a grande aposta do ano da Marvel

Deadpool & Wolverine: a grande aposta do ano da Marvel

Filme estreou na última quinta-feira (25/07) e arrecadou o equivalente a R$ 1,3 bilhão ao redor do mundo na estreia

Por: Davi Guedes

Deadpool & Wolverine é o alvorecer de uma nova era criativa para a produção do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). No entanto, apesar dos novos ares, abdicar dos paradigmas e vícios que a Marvel integrou nas suas produções desde o início de sua quarta fase não parece estar no radar do estúdio, embora esses mesmos sejam o alvo de crítica no próprio longa.

O principal aspecto da história é o caráter anti-heroico dos protagonistas do filme e ele usa dessa característica para constituir a narrativa e a temática. Em resumo, a história consiste na jornada de Deadpool para substituir o Wolverine, o mesmo que morreu no filme “Logan”, a fim de estabilizar a sua realidade e evitar com que ela colapse. 

A trama é, como já esperado, recheada de “fanservices”, e encare isso como uma faca de dois gumes. Por um lado, aos saudosistas de plantão, ver tantos rostos antigos retornarem será gratificante, por outro, o volume desse artifício de roteiro é tamanho que ele parece ser o elemento principal de todo o filme.

Encontra-se aí o aspecto cínico da autocrítica feita no filme pela Marvel: ao mesmo tempo que a obra tira sarro com o estado atual do estúdio, ela ainda depende dos seus vícios para se sustentar. Embora exista uma trama por trás da obra, esta é mais um plano de fundo para um filme preocupado, sobretudo, em agradar ao público.

Perpassa pela obra um metacomentário central: a noção de que mesmo pessoas problemáticas e quebradas podem ser “heróis”, posto que em uma das cenas finais, ambos os protagonistas sacrificam-se pelo bem maior, ao clássico estilo do super-herói virtuoso, ainda que sejam indivíduos muito problemáticos. A transmissão dessa mensagem adquire seu valor pleno se o espectador já tiver assistido aos longas anteriores dos personagens, ou ao menos tiver alguma boa familiaridade com eles, pois o filme em si não gasta muito tempo ou esforços desenvolvendo neles esses aspectos temáticos. Ele depende principalmente de algo que já estaria latente nos personagens, oriundo do desenvolvimento que herdam dos seus filmes predecessores.

Em relação ao humor, espere pelo filme com o humor mais vulgar e ousado da Marvel. O contraste entre um universo tipicamente infanto-juvenil com o Deadpool, um personagem de humor adulto, entrega momentos engraçados. No geral, o filme é genuinamente divertido, apesar da repetição de um modelo de piada e a necessidade de reconhecer as referências feitas com o próprio UCM e com a cultura pop para extrair sentido de várias delas. 

Em relação à trilha sonora, o filme aglutina grandes nomes do pop, como Madonna e Avril Lavigne, que sempre acompanham momentos de ação. 

O saldo final é de uma continuação do que a Marvel vem sendo. A quem se acostumou com a fase quatro, espere um filme com uma montagem e estilo semelhantes, com o diferencial de que esse filme é consciente do que ele é, e, a despeito de tudo, permanece sendo uma continuidade do que a Marvel se acostumou a fazer.

Editora da Uerj lança “O Objeto Quádruplo”, de Graham Harman

Editora da Uerj lança “O Objeto Quádruplo”, de Graham Harman

Livro é publicado pela primeira vez em português e é considerado o título mais importante da corrente filosófica Ontologia Orientada ao Objeto

Por: Ana Cândida

Capa do livro publicado pela EdUERJ (Foto: Instagram)

A editora da Uerj (EdUERJ) lançou no último dia 7 de julho o livro “O Objeto Quádruplo – uma metafísica das coisas depois de Heidegger”, escrito pelo autor Graham Harman, filósofo americano e professor do Instituto de Arquitetura do Sul da Califórnia em Los Angeles. O lançamento ocorreu de maneira virtual, através do YouTube, justamente pelo autor ser americano e não ter sido possível trazer Harman para um evento presencial. A live contou com a presença do próprio autor e com os professores Otávio Maciel (escritor da apresentação da edição brasileira do livro), Thiago Pinho (tradutor da obra) e André Lemos. 

O livro aborda um movimento filosófico que estuda como os objetos se relacionam e se desprendem de suas qualidades. A ontografia explora também a captura de qualidades livres de outros objetos, como ocorre na estética e na metáfora. Na obra, são apresentadas as quatro tensões da ontografia como parte de um mapa cósmico que vai além do espaço-tempo convencional. O argumento mais importante do estudo é propor que a tensão subjacente entre objetos e qualidades, tão central na metafísica clássica de Aristóteles, é a fonte das dimensões mais básicas da realidade. “O Objeto Quádruplo” já foi traduzido para mais de 20 idiomas e é caracterizado por uma abordagem ousada que ultrapassa os limites da filosofia.

O objetivo do lançamento é popularizar um novo projeto ontológico, uma nova forma de acolher os humanos, assim como todos os elementos que compõem o mundo em que vivemos. Ao popularizar seus debates e conceitos, um novo campo de estudo poderá surgir no Brasil, com implicações que ultrapassam as fronteiras das ciências humanas e sociais. Ricardo Zentgraf, jornalista da Assessoria de Comunicação da EdUERJ, destacou o compromisso da editora em publicar livros que provocam um debate no meio acadêmico. “O Objeto Quádruplo” é considerado o título mais importante da corrente filosófica chamada Ontologia Orientada ao Objeto (O.O.O). Decidimos escolher esse livro também por se tratar de um projeto de relevância acadêmica que permanecia inédito em português”, afirmou Ricardo.

A transmissão do lançamento do livro aconteceu no canal do Laboratório de Pesquisa em Mídia Digital, Redes e Espaço da UFBA, no YouTube, e durou cerca de duas horas. O evento contou com tradução simultânea do português para o inglês, língua nativa do autor. Durante a live, Graham discutiu sobre os aspectos filosóficos inseridos no livro e explicou um pouco sobre a sua relação com o Brasil e com o Rio de Janeiro, primeira cidade brasileira com a qual ele teve contato. A parte da tradução também foi comentada como uma tarefa bastante complicada de ter sido concluída, em parte pela distância entre o autor e o tradutor (que se encontraram presencialmente algumas vezes), mas também devido ao período de pandemia.

Cartaz de divulgação da live (Foto: Instagram)

O tradutor de “O Objeto Quádruplo”, Thiago Pinho, contou que a Uerj e sua editora foram as primeiras a abrir passagem para a abordagem da nova filosofia relacionada à Ontologia Orientada ao Objeto (O.O.O) no Brasil. “A O.O.O é mais do que uma teoria específica dentro do reino dos filósofos. Podemos entender também seus contornos como um espaço onde diferentes teorias e abordagens podem florescer, embora conflitantes. Isso permite que a O.O.O tenha um caráter muito interdisciplinar, impactando todos os espaços da Uerj, como a física ou biologia”. Thiago complementa que se vê otimista sobre o impacto da tradução do livro e que o lançamento pode trazer diversas parcerias nacionais e internacionais.

No final da live de lançamento, o autor Graham Harman respondeu algumas perguntas dos espectadores. Em resposta ao LED, o professor Harman destacou que apesar do prestígio envolvendo a publicação por uma editora acadêmica, como a EdUERJ, ele não se atém muito a esse detalhe, mesmo sendo uma pessoa inserida no ambiente acadêmico e estudantil. “O importante, na verdade, é os livros estarem disponíveis para as pessoas, principalmente para a nova geração que já possui acesso à informação por diferentes formas”, explicou o autor. O livro “O Objeto Quádruplo” pode ser adquirido fisicamente na livraria da Uerj, no Campus Maracanã, ou pelo site da editora.