10 Coisas que Eu Odeio em Você

10 Coisas que Eu Odeio em Você

O #Replay de hoje nos traz a nostálgica comédia romântica “10 Coisas que Eu Odeio em Você”!

Por: Livia Bronzato

Elenco do filme, da esquerda para a direita: Cameron (Joseph Gordon-Levitt), Kat Stratford (Julia Stiles), Joey (Andrew Keegan), Patrick Verona (Heath Ledger), Bianca Stratford (Larisa Oleynik), Chastity (Gabrielle Union) e Michael (David Krumholtz).
 

O filme foi lançado há 25 anos e tem como inspiração a obra “A Megera Domada” de Shakespeare. Ele conta uma história de diversas conquistas românticas entrelaçadas: Bianca Stratford deseja se relacionar, mas seu pai não permite que as filhas tenham namorados. Após muito insistir, ele propõe um novo acordo, em que Bianca só poderá ter seu desejo atendido quando sua irmã, Katarina, também estiver com um par. Nesse momento, Cameron, apaixonado por Bianca, inicia seu plano, contratando o temido e durão Patrick Verona para conquistar sua futura cunhada.

 

Para além da parte amorosa, a obra cinematográfica nos apresenta uma personagem feminina segura e forte, que traz muitos ensinamentos às mulheres. Kat Stratford, conhecida no colégio como a megera, antissocial, feminista e orgulhosa, representa uma garota que, na verdade, é cheia de si e prefere viver sua vida sem se preocupar com a opinião alheia. Kat também é estudiosa e busca ir para uma faculdade de outra cidade. Ela é um exemplo para nós acerca da autoconfiança, orgulhando da sua própria autenticidade.

Para aqueles que nunca assistiram ao filme, é uma ótima recomendação por se tratar de um filme leve e divertido, que possivelmente entrará para sua lista de “filmes conforto”!

 
 

E-sports: jogos eletrônicos estão ganhando cada vez mais protagonismo.

E-sports: jogos eletrônicos estão ganhando cada vez mais protagonismo.

Por: Letícia Ribeiro

À medida que a tecnologia ganha espaço, com a inteligência artificial, realidade virtual, entre outras, os e-sports também começam a ganhar mais protagonismo, saindo de sua bolha. Os jogos virtuais, apesar de terem ganhado maior popularidade nos últimos anos, têm raízes há cerca de cinco décadas, especificamente, em outubro de 1972 – quando data a primeira disputa oficial de games: as Olimpíadas Intergalácticas de Spacewar, que aconteceram na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Entretanto, mesmo com esse start, a modalidade só ganhou reconhecimento global nos anos 2000, com games como Counter-Strike e Warcraft. Agora, os e-sports se espalharam pelo mundo.

O que são e-sports?

Abreviação do termo eletronic sports (esportes eletrônicos), os e-sports são jogos eletrônicos que possuem um ambiente competitivo organizado, ou seja, os jogadores competem uns com os outros. Entretanto, nem todo jogo com essas características torna-se um e-sport. Segundo a Confederação Brasileira de E-sports, são e-sports os games que possuem competição entre profissionais, comumente assistidas pelo público através de alguma plataforma de streaming – a Twitch, por exemplo, é a plataforma mais famosa de transmissão de jogos. 

Um jogo não nasce sendo um e-sport, critérios como jogabilidade e visibilidade, são fatores decisivos para torná-lo uma modalidade esportiva. No que tange à jogabilidade, é preciso que seja divertido e que, principalmente, seja atraente para os jogadores, como em League Of Legends, fenômeno no mundo dos games, que sempre têm coisas novas e as classificações, conhecidos como elos – que vão do ferro a grão-mestre. 

Imagem: Pexels/Alena Darmel

Jogos Olímpicos de E-sports

Às vésperas das Olimpíadas de Paris, o Comitê Olímpico Internacional (COI), por unanimidade de votos, aprovou a criação dos Jogos Olímpicos de E-sports. O evento voltado para os games, diferentemente da tradição esportiva, terá realização de dois em dois anos a partir de 2025, com a primeira edição já com local definido: Arábia Saudita. Segundo o COI, as Olimpíadas voltadas para os games terão três modalidades: esportes físicos disputados em plataforma virtual; simuladores de esportes e games de e-sports – o último alinhado aos valores olímpicos, nesse sentido, jogos de tiro, como o famoso Counter-Strike, até então, não serão incluídos. 

E-sports no Brasil

A indústria dos jogos eletrônicos cresce significativamente a cada ano, e países como Estados Unidos e Coreia do Sul investem arduamente nessa modalidade – cerca de 600 universidades norte-americanas incluíram equipes de esportes universitários e bolsas de estudo para os e-sports. No Brasil, o Campeonato Brasileiro de League Of Legends (CBLOL) conta com mais de 300 mil espectadores. 

Apesar da grandiosidade dos campeonatos, eles não costumam sair da bolha dos games. Em entrevista à AJ, Davi Castiel, jogador profissional de CS (Counter-Strike), campeão do Maricá Games, comenta sobre a expectativa dos e-sports serem mais conhecidos no Brasil: “Ainda existe um certo preconceito aqui, isso acaba fazendo com que os investimentos sejam escassos.”

“A comunidade sempre quis ver os e-sports como modalidade, sempre tivemos vontade de mostrar ao mundo que videogame também é um trabalho. O Brasil é recheado de excelentes jogadores, respeitados entre vários jogos, como CS, Valorant, R6, Fifa”, disse o jogador.

Orkut, a rede social sucesso da internet no Brasil nos anos 2000, volta em breve, garante criador Orkut Buyukkokten na Rio Innovation Week

Orkut, a rede social sucesso da internet no Brasil nos anos 2000, volta em breve, garante criador Orkut Buyukkokten na Rio Innovation Week

 

Revelação foi no evento de tecnologia e inovação Rio Innovation Week, mas sem data para retorno

Por: Vinícius Rodrigues

Fernando Souza/RIW/Divulgação

Anotar o e-mail de alguém para depois adicionar como amigo, caprichar no texto do perfil, tirar aquela foto que você nem sabia que era uma “selfie” para postar na sua galeria, mandar um “scrap”, entrar naquela comunidade que você adorava e ler os depoimentos dos seus amigos, tudo isso era possível no pai das redes sociais: o Orkut, sucesso da internet nos anos 2000, e que pode voltar em breve, alerta o seu criador, Orkut Buyukkokten.

Foi no evento de tecnologia e inovação Rio Innovation Week, que ocorreu de 13 a 16 de agosto de 2024, no Píer Mauá, zona central do Rio de Janeiro, que o dono de uma das redes sociais mais nostálgicas de todos os tempos, revelou que pretende trazê-la de volta em breve, mas sem data para o projeto acontecer.

“As redes sociais se transformaram em mídia social. Em vez de conectar pessoas, criar comunidades, é sobre profissionais de marketing, corporações e influenciadores. E como todo mundo, eu adoraria que o Orkut voltasse em breve”, disse o fundador da rede, ao G1, da Globo.com.

Já para o professor da Faculdade de Comunicação Social (FCS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Vinicius Andrade Pereira, a volta da rede, apostando no sucesso e nostalgia do passado não garante sua promoção nos dias atuais:

“Não é só por conta da questão da familiaridade, do grupo que você já se relaciona, mas também pela facilidade que você tem de manuseio da tecnologia. Pois, quando você usa um aplicativo, uma plataforma como o Instagram, Facebook, ou mesmo o YouTube, você já sabe os recursos, você sabe onde estão as ferramentas. Isso é uma relação cognitiva. E as perceptivas que se tem com a ferramenta que faz com que você fique acomodado, de uma maneira geral. E essas são as dificuldades que as pessoas têm em abraçar uma nova tecnologia, uma certa acomodação cognitiva e sensorial, um certo conforto”.

Orkut foi sucesso no Brasil nos anos 2000

Nos meados dos anos 2000, em janeiro de 2004, começava a história da rede social pioneira no Brasil, mas só no ano seguinte uma versão em português do nosso país chegaria ao site amado pelos brasileiros.

O nome Orkut vem do próprio desenvolvedor chefe, o turco Orkut Buyukkokten, que criou a rede social em parceria com a empresa de tecnologia norte-americana Google Inc.

A rede social foi um sucesso na internet no Brasil, que chegou a ter mais de 29 milhões de usuários, estimativa de agosto de 2011. Em seguida, a Índia dominava o pódio com a maioria dos usuários cadastrados, e em terceiro lugar, os Estados Unidos.

O Orkut deixou um legado de nostalgia, que ia desde adicionar amigos, tirar uma foto bacana para colocar no perfil, deixar aquele “textão” afetivo, os famosos “depoimentos” para amigos, familiares, ou aquela paquera. Mas bom mesmo eram as famosas “comunidades”, com seus fóruns de discussão, e até enquetes.

E uma das comunidades de maior sucesso do Orkut, que mais ilustrava um dos principais dilemas da vida de qualquer um: “Eu odeio acordar cedo”, que contou com mais de 6 milhões de membros, e tinha a foto de perfil do personagem de desenho animado Garfield deitado, enrolado no cobertor e parando um despertador. Nada mais ilustrativo, não é mesmo?

Para o técnico em edificações Jorge Rodrigues, que era adolescente no começo do sucesso do Orkut, mandar scraps e depoimentos para os amigos era divertido: “Entre as boas recordações, eu lembro dos depoimentos sobre as outras pessoas, do que você achava delas, dos scraps também, e das minhas fotos que foram perdidas quando foi desativado o Orkut”.

O Orkut chegou ao fim dez anos depois de sua criação: em setembro de 2014. Na época, outra rede social dominava o número de usuários: o Facebook.

Essa matéria matou saudades, não é mesmo? Agora é só aguardar a nova versão, e aguardemos que seja tão boa e duradoura quanto a anterior.

Após 16 anos, Boston Celtics alcança a glória do basquete novamente

Após 16 anos, Boston Celtics alcança a glória do basquete novamente

O dia 17 de junho é marcante na história da franquia, primeiro em 2008 e agora em 2024.

Por: Livia Bronzato

UM GRANDE SONHO

No último dia 17, o Boston Celtics ganhou a final dos Playoffs da NBA, enfrentando o Dallas Mavericks, o time venceu marcando 106 pontos enquanto seu adversário fez 88. A etapa final é no formato “melhor de sete”, mas foram necessários apenas cinco (4 a 1), terminando com a vitória do time de Massachusetts.

Nessa partida, Jayson Tatum foi o cestinha, marcando 31 pontos, e seu colega de time Jaylen Brown marcou 21, liderando juntos a vitória do Celtics. Em contrapartida, Luka Dončić, jogador do Mavericks, fez 28 pontos.

Foto: Reprodução/Celtics
 

A trajetória rumo ao troféu é longa. Cinco anos após a vitória de 2008, Boston reconstruiu seu time, fazendo mudanças no elenco que fora campeão. Essa reestruturação garantiu a possibilidade de escolhas no draft, período em que são recrutados novos jogadores para ingressar na NBA. Dessa forma, Jaylen Brown e Jayson Tatum passaram a fazer parte do elenco do Boston Celtics em 2016 e 2017, respectivamente, fortalecendo o time novamente. Em 2022, o time conseguiu chegar à final contra o Golden State Warriors, mas perdeu o título. No ano seguinte, ocorrem mais importantes trocas de jogadores, Kristaps Porzingis e Jrue Holiday que ajudaram no domínio de Boston durante toda a temporada regular de 23/24, ao todo somando surpreendentes 64 vitórias e apenas 18 derrotas.

DESTAQUES DO BOSTON

Os jogadores do Celtics que foram essenciais para essa vitória são Tatum, que durante todo os playoffs foi, entre seu elenco, o líder em pontos, rebotes e assistências, e Brown, ganhador do prêmio Most Valuable Player (MVP) da final de conferência leste e da final da liga. Além de Holiday e Porzingis, que são grandes jogadores, funcionando como peças-chave para alcançar o êxito.

Sobre o bom relacionamento entre os membros da equipe, Jaylen Brown comenta acerca de sua parceria com Tatum: “O MVP poderia ter sido para qualquer um, poderia ter ido para Jayson. Eu não consigo descrever suficientemente sobre seu altruísmo ao longo de toda a jornada. Nós fizemos isso juntos, como um time unido e isso é o mais importante de tudo. Nós estivemos jogando juntos por sete anos, muitos disseram inúmeras vezes que não venceríamos juntos, que não formaríamos uma boa equipe. Nós apenas bloqueamos isso e continuamos nos esforçando. Acima de qualquer coisa, eu confiei nele e ele confiou em mim. Chegar até aqui ao lado de JT é incrível, é muito bom.”, disse o jogador.

A TORCIDA BRASILEIRA

Em entrevista para o LED, o estudante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e torcedor do Boston Celtics Bruno Silvares contou sobre sua relação com o time. Ele diz que é muito bom conseguir ver a evolução do elenco tanto individualmente quanto como equipe. “Há dois anos, quando comecei a acompanhar, o time estava no começo do caminho que resultaria a derrota nas finais e, desde então, é bem interessante perceber a diferença de maturidade e de consistência e como o time se ajustou para que dois anos depois chegassem à final novamente e saíssem vitoriosos, dessa vez.”, diz ele.

Também fala sobre sua experiência com o basquete. Bruno fez aulas quando pequeno e se identificou com o esporte assim que começou. “Como funcionam as jogadas, as organizações de ataque e defesa e o dinamismo do jogo me interessaram.” Anos depois, ele passou a acompanhar os jogos, mas sentia dificuldade por conta do difícil acesso às transmissões. “O esporte nunca foi muito popular no Brasil, então eram raras as vezes que era possível assistir ao vivo, pois nem todos os jogos tinham transmissão”, diz o estudante.

Sobre a comunidade de pessoas que também acompanham aqui no Brasil, ele acrescenta: “Tenho alguns amigos que torcem, mas a maioria das pessoas que vejo torcendo estão nas redes sociais, em diferentes partes do país, comentando em diferentes perfis no X, antigo Twitter, e no Instagram, o que acaba provocando uma maior disseminação do esporte no Brasil. O que é muito interessante”.


CURIOSIDADES

Com a conquista, o Boston Celtics se torna novamente o time com mais vitórias nos playoffs, com 18 títulos, ultrapassando Los Angeles Lakers, que possui 17.

O décimo oitavo troféu foi levantado exatamente 16 anos após o último título, ocorrido em 17 de junho de 2008.

Alfred “Al” Joel Horford Reynoso foi o primeiro jogador nascido na República Dominicana a ser vencedor na história dos playoffs, enquanto Kristaps Porzingis e Neemias Esdras Barbosa Queta foram os primeiros ganhadores nascidos na Letônia e em Portugal, respectivamente.

 

 

Diretoria do Flamengo não faz tabelinha com a torcida

Diretoria do Flamengo não faz tabelinha com a torcida

Jogo amistoso, no Maracanã, para arrecadar doações aos gaúchos tem apoio do Flamengo, que votara contra a paralisação do Brasileirão após enchentes no RS.

Por Livia Bronzato

 

O ADIAMENTO

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na quarta-feira (15), anuncia que as rodadas sete e oito da série A do Campeonato Brasileiro foram adiadas. A Federação Gaúcha de Futebol enviou uma solicitação oficial à CBF para que houvesse um intervalo na competição, a pedido de Juventude, Internacional e Grêmio, em razão das graves enchentes no Rio Grande do Sul. A decisão foi tomada a partir de uma consulta aos 20 clubes da série A, 15 deles se manifestaram a favor da paralisação. Foram eles: Atlético-GO, Atlético-MG, Athletico-PR, Bahia, Botafogo, Criciúma, Cruzeiro, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Vasco e Vitória.

Foto: Anselmo Cunha/AFP

Segundo a CBF, apenas Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Red Bull Bragantino e São Paulo não comentaram oficialmente sobre o assunto. Ao UOL, no entanto, o Bragantino afirmou apoiar a decisão e ter manifestado à entidade sua posição, surpreendendo-se por não ter sido adicionado à lista dos favoráveis. O Corinthians emitiu comunicado suspendendo a venda de ingressos para o jogo de domingo (19) e o São Paulo afirmou que aceitará a decisão da CBF. Flamengo e Palmeiras foram os únicos times que não se pronunciaram. O público não respondeu bem ao posicionamento desses clubes.

“FUTEBOL SOLIDÁRIO”

Neste domingo (26), em iniciativa da Rede Globo, com apoio da CBF, da Prefeitura do Rio de Janeiro e do Flamengo, o estádio Maracanã será palco de um jogo beneficente, para a arrecadação de doações destinadas às vítimas dos desastres no RS. O jogo contará com artistas e importantes atletas do futebol, como Cafu, Ronaldinho, Ludmilla, Thiaguinho, Diego Ribas, Petkovic e outros. O montante arrecadado com a venda de ingressos será doado para a Central Única das Favelas (Cufa), instituição que promove o esporte entre moradores de favelas. E a receita de comercialização dos patrocínios da transmissão do “Futebol Solidário” será doado por projetos da plataforma Para Quem Doar.

UMA ANÁLISE DE GESTÃO

Ao Laboratório de Editoração Eletrônica, Ricardo Benevides, graduado em Relações Públicas e professor da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, comenta sobre as posições da diretoria do Flamengo envolvendo as tragédias do RS. Benevides acredita que a decisão da diretoria do clube demonstra insensibilidade com as vítimas e, também, com a esportividade, já que os times do Sul não estão em condições normais de funcionamento, causando uma desigualdade dentro do Campeonato Brasileiro. É um posicionamento que espelha a despreocupação com condições verdadeiramente justas dentro do esporte.

O professor diz ainda que parte da torcida separa o clube Flamengo e a direção do presidente Rodolfo Landim, por conta de sucessivas decisões da diretoria que desagradam a essa parcela de torcedores. A distância drástica entre a direção e os torcedores aumenta com as demonstrações de que não há a defesa de princípios de esportividade dentro da gestão.

“A visão reativa em relação a essa insensibilidade do Flamengo não pode ter nenhum outro caminho a não ser o reposicionamento do conceito Flamengo em torno de princípios humanos e na defesa do jogo justo, e isso não é o que o Flamengo demonstra hoje. Então, estamos falando, na verdade, não de imagem, mas do Flamengo repensar os seus próprios posicionamentos em torno de seus princípios. A forma como eles são afirmados, a maneira como o Flamengo constrói o conceito sobre si é altamente dependente de outra visão de gestão. A gestão pode ser muito bem-sucedida esportivamente, contratar bem e ganhar títulos, mas ainda sim ser alinhada à ideias absolutamente nefastas.”, diz Ricardo.

Copa do Mundo Feminina 2027 no Brasil: da ilegalidade até a sede do maior evento mundial de futebol feminino

Copa do Mundo Feminina 2027 no Brasil: da ilegalidade até a sede do maior evento mundial de futebol feminino

A 10ª edição do será sediada no Brasil, onde até a década de 80 era crime mulheres praticarem esporte profissionalmente. 

Por: Letícia Ribeiro

De crime à sede da Copa do Mundo de 2027, o caminho fora longo e sinuoso. As mulheres enfrentaram muitos obstáculos para estarem em campo. Subjugadas, proibidas, subestimadas e tendo seus sonhos tratados como puro amadorismo. A garra delas, porém, era mais forte. Nadando contra a opinião popular, as jogadoras não desistiram e, no final, levaram prêmios a uma nação que constantemente as desvalorizou.

Na sexta-feira (17), durante o Congresso da Fifa, realizado em Bangkok, na Tailândia, o Brasil foi o escolhido para sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027. O país que, até a década de 80, tinha o futebol feminino, entre outras práticas esportivas, como ilegal. Agora, supera a candidatura conjunta de três países europeus – Alemanha, Bélgica e Holanda – com quarenta e um votos de diferença

Pela primeira vez, a escolha da sede da competição mundial foi realizada pelo Congresso da Fifa, contando com voto de 211 associações nacionais de futebol – 207 votos, já que os países candidatos não têm o direito de votar. 

A delegação brasileira com Marta, seis vezes eleita a melhor do mundo pela Fifa, como garota-propaganda. O Brasil  ganhou por 119 votos a 78 e, por ser anfitrião do Mundial, já está automaticamente classificado. Uma noite realmente memorável e vitoriosa não só para a equipe feminina do país, mas para todas as jogadoras brasileiras que carregam um histórico de luta pelo direito de estar em campo.

FUTEBOL FEMININO NO BRASIL 

Os primeiros registros de partidas de futebol feminino surgiram em 1920, ainda em um estágio bem inicial, no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte. Inicialmente, a prática esportiva feminina era considerada uma performance. Até a década de 40, o futebol entre mulheres era tido como uma prática comum das periferias – sem registros de uma seleção, ou um protótipo disso. Na época, a prática para elas ainda não era proibida, mas considerada violenta e ideal para homens.

Em 1940, no entanto, foi decretada a proibição, sob a alegação de que “não combinava com a formação física do belo sexo”. A visibilidade que as jogadoras estavam ganhando não acarretou coisas positivas, pelo contrário, elas foram alvo de revolta por parte da sociedade e viraram notícia, levando a opinião pública e, principalmente, as autoridades da época, a condenarem tal atividade. 

O veto aconteceu em 1941, durante o período ditatorial do Estado Novo (1937-1945), por um decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas:  “Decreto-lei, n. 3199, art. 54: Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”.

Daí em diante, vários jogos femininos começaram a ser cancelados a mando do Conselho Nacional de Desportos (CND), vinculado ao Ministério da Educação. Algumas partidas até mesmo foram encerradas à força pela polícia. 

Se em 1941 o decreto-lei instituído trazia o texto de uma forma mais geral, não citando o futebol em si, no ano de 1965, na ditadura militar, a lei foi publicada novamente, mas de forma detalhada, especificando a modalidade. Além do futebol, outros esportes foram proibidos, como futsal, futebol de praia, polo aquático, rúgbi, beisebol, halterofilismo e qualquer tipo de luta. Essa proibição valia para disputas em estádios, abertas ao público e organizadas de forma profissional por clubes. Os jogos de rua, apesar de malquistos, não foram vetados.

As mulheres só voltaram a entrar em campo no fim dos anos 70, com a revogação da lei. E, em 1983, o CND regulamentou o futebol feminino, permitindo competições, criação de calendários, utilização dos estádios e o ensinamento nas escolas.

Poucos anos mais tarde, em 1988, a Fifa promoveu uma espécie de mundial experimental, que aconteceu na China. Denominado, em inglês, como Women’s Invitational Tournament, contou com a presença de uma seleção montada exclusivamente para o torneio, que tinha jogadoras das bases do Radar (RJ) e do Juventus (SP). Nessa ocasião, as meninas viajaram para os jogos com as sobras de roupas do time masculino. A competição foi um ponto de partida para o desenvolvimento do cenário feminino ocupando o esporte. Doze seleções participaram e o Brasil, por sua vez, levou o bronze nos pênaltis.

A PRIMEIRA COPA FIFA DE FUTEBOL FEMININO (1991)

Sediada na China, a primeira Copa do Mundo feminina teve, pela primeira vez, a CBF assumindo o time brasileiro, ainda que o tratasse como amador. Várias atletas que disputaram o torneio experimental jogaram pelo Brasil. A equipe, que contava com Delma Gonçalves, conhecida como Pretinha, e comandada pelo técnico Fernando Pires, teve menos de um ano de preparação. Apesar de eliminado na primeira fase, o país teve uma vitória contra o Japão, com o gol feito pela zagueira Elane – que marcou o primeiro gol do Brasil em torneios da Fifa.

PRIMEIRA OLIMPÍADA (1996)

A equipe feminina de futebol teve sua estreia nos jogos de Atlanta, Estados Unidos. Com a participação das veteranas do esporte, o Brasil alcançou a quarta colocação. Infelizmente, o país perdeu o bronze para a Noruega por 2 a 0.

PRIMEIRA MEDALHA FIFA (1999)

Mesmo sendo tratada, ainda, como esporte amador, a seleção feminina de futebol se superou na Copa do Mundo Feminina de 1999, sediada nos Estados Unidos. Levou o 3º lugar na competição, com resultados como 7 a 1 no México, 2 a 0 na Itália e um empate na Alemanha. Nas quartas, a jogadora Sissi fez o gol da vitória contra a Nigéria – que até os dias atuais é lembrado como um dos mais bonitos da história dos mundiais.

FENÔMENO DO FUTEBOL FEMININO: A CAMISA 10, RAINHA MARTA

Em 2003, a Copa do Mundo Feminina, sediada nos Estados Unidos, contava com a participação de um dos maiores talentos da seleção feminina de todos os tempos. Ainda jovem, Marta já conquistara a atenção das jogadoras mais experientes. Além da futura promessa do futebol feminino, naquele ano, também era o primeiro mundial da atacante Cristiane. O Brasil foi eliminado nas quartas de final para a Suécia. No mesmo ano, contudo, o país foi medalhista de ouro no Pan de Santo Domingo. 

No ano seguinte, com Marta, Pretinha, Formiga e Cristiane no elenco, o Brasil é medalhista de prata na Olimpíada da Grécia – o que viria a ser apenas o início do futuro promissor e vitorioso das meninas. 

E foi no ano de 2006 que a previsão se concretizou, dando orgulho à nação brasileira, Marta levou seu primeiro título como melhor do mundo. Sim, o primeiro, porque em 2007 veio o seu segundo e, quando se deu conta, em 2010, estava ao lado de Messi, empunhando seu quinto troféu de melhor do mundo. E, não obstante, em 2018, após uma temporada satisfatória no Orlando Pride, a camisa 10 recebe pela sexta vez o título de melhor do mundo. 

OS AVANÇOS DO FUTEBOL NO BRASIL – AINDA É PRECISO MUDANÇA

Atualmente, a seleção brasileira feminina tem ganhado maior destaque, referências como Pretinha, Marta e Formiga, entre tantas outras também, possibilitaram uma maior abertura para que as mulheres ocupem espaços que, há pouco tempo, lhes eram negados. Claro, ainda existem vários problemas, como a falta de investimento no futebol feminino, bem como a disparidade salarial entre homens e mulheres no universo futebolístico. 

É preciso persistência, perseverança e muita luta para alcançar toda uma gama de direitos que ainda são muito escassos no esporte feminino. E, com cada vez mais meninas realizando o sonho de se tornarem jogadoras, a luta vai se fortificando.

A PROMESSA DO FUTEBOL FEMININO

Conforme as portas vão se abrindo, mais meninas concretizam o sonho de se tornarem jogadoras. Como a promessa do futebol feminino brasileiro Giovanna Waksman. Com apenas 15 anos, a menina é tida como a maior revelação dos últimos tempos. 

Começou a carreira no Botafogo, no sub-13, em 2021, jogando com meninos – visto que o clube não tinha categoria feminina da idade dela. Em 2022, John Textor, dono do Botafogo, envia Waksman e sua família aos Estados Unidos, onde, atualmente, a menina estuda e joga por outro clube, também do empresário norte-americano. Em um desses jogos, a jovem craque marcou 8 gols – mostrando que as expectativas em torno dela vão se justificando. 

Não só Giovanna, como várias outras garotas, estão na busca dos seus sonhos no gramado. A Copa Mundial Feminina de 2027 é um marco na história de todas as jogadoras brasileiras, símbolo de uma luta que perdura desde a década de 20. 

 

Premiação Laureus: Brasil não ganha prêmio, apesar de indicações

PREMIAÇÃO LAUREUS: BRASIL NÃO GANHA PRÊMIO, APESAR DE INDICAÇÕES

Países em desenvolvimento não costumam ser contemplados na categoria principal.

Por: Letícia Ribeiro e Livia Bronzato

O Prêmio Laureus do Esporte Mundial teve sua 25a edição sediada em Madri (Espanha), no último dia 22 de abril. É uma premiação realizada pela Academia de Esportes Mundiais Laureus, composta por um grupo único de lendas do esporte. Ela premia os atletas com maior destaque da temporada durante o ano anterior, servindo como um incentivo aos esportistas. Apesar de ser um marco no mundo esportivo, a premiação acaba refletindo a desigualdade entre os atletas do mundo inteiro.

Foto: Reprodução/Instagram

Mesmo com as três indicações – Rayssa Leal, Filipe Toledo e Bola pra frente – o Brasil não levou nenhum prêmio para casa. Apesar de não terem levado a melhor em 2024, os brasileiros já conquistaram alguns prêmios nos anos anteriores.

Logo na primeira edição, no ano 2000, Pelé levou um prêmio em reconhecimento de sua carreira brilhante no esporte.

Foto: Reprodução/Youtube

Já em 2002, foi a vez do skatista brasileiro Bob Burnquist, ganhando na categoria de Melhor Atleta de Esportes de Ação. No ano seguinte, a seleção masculina de futebol ganhou como Melhor Equipe do Ano. No mesmo ano, Ronaldo, conhecido como Ronaldo Fenômeno, como Melhor Retorno Esportivo. Seis anos mais tarde, em 2009, o nadador Daniel Dias, conquistou o prêmio de Melhor Atleta Paralímpico, ganhando mais duas vezes na mesma categoria, uma em 2013, e outra em 2016. Em 2012, o empresário e ex-jogador Raí ganhou na categoria Esporte pelo Bem, por ser fundador da Fundação Gol de Letra, projeto que oferece acesso à educação para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. O último prêmio brasileiro foi em 2018, com o time da Chapecoense no Melhor Momento Esportivo, pelo seu bom desempenho nas competições após a tragédia ocorrida em 2016, acidente de avião que vitimizou 71 jogadores do clube.

BRASILEIROS INDICADOS EM 2024

Se o Brasil, a exemplo de outros países em desenvolvimento, continua sem ser contemplado pelo prêmio principal, teve três indicações para outras categorias: Rayssa Leal e Filipe como Esportista de Ação do Ano e, também, a indicação do projeto Bola pra Frente em Esporte pelo Bem.

Rayssa Leal, aos 15 anos, somou a sua medalha de prata olímpica, a sua primeira medalha de ouro nos campeonatos mundiais de Street Skateboarding, no Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos. A skatista permaneceu na liderança depois da terceira rodada de manobras, com 255,58 pontos. Leal também levou seu segundo ouro em Chiba, no Japão, no campeonato X Games.

Outro indicado é Filipe Toledo, surfista bicampeão mundial consecutivo, de 29 anos, é o quarto brasileiro a ganhar um título mundial na maior categoria de surfe do mundo. Para conquistar o título da World Surf League, em Trestles, na Califórnia, Filipinho venceu com nota 8.97 ao final da somatória da última bateria, passando a frente de Ethan Ewing, surfista australiano.

E, na categoria Esporte pelo Bem, o Brasil também foi indicado com o projeto Bola pra Frente, fundada pelo tetracampeão mundial de futebol Jorginho, é uma organização da sociedade civil que atua em comunidades em situação de vulnerabilidade social, usando o esporte e a cultura para promover habilidades motoras, de aprendizagem, trabalho em equipe, conhecimentos gerais e vida saudável da população.

POR QUE OS PAÍSES MENOS DESENVOLVIDOS TÊM MENOS INDICAÇÕES?

É notório a discrepância de indicações entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. A diferença de indicações nos últimos 5 anos:

ANO
SUBDESENVOLVIDOS
DESENVOLVIDOS
2024
13
35
2023
11
37
2022
6
40
2021
4
29
2020
11
36

Isso reflete o cenário desigual dentro do esporte, em que os atletas de países subdesenvolvidos não recebem os investimentos necessários e o apoio governamental como os atletas de países desenvolvidos. Na maioria dos casos, o retorno financeiro do esporte não é satisfatório ao ponto de o atleta conseguir se sustentar apenas com o que ganha profissionalmente, precisando dividir o tempo hábil com um trabalho secundário para complementar sua renda.

Essa situação, no Brasil, que já era comum, foi agravada com a extinção do Ministério do Esporte em 2019 durante o governo Bolsonaro. O projeto Transparência no Esporte da Universidade de Brasília divulgou dados que mostram a redução de 47%, de 2016 para 2020, do investimento para a formação e treinamento de atletas brasileiros para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Em 2020, o valor foi de R$ 2 bi enquanto, no ciclo olímpico anterior, foi de R$ 3,2 bi.

A falta de investimento reflete diretamente na performance do atleta, porque, além do bom desempenho no esporte, é preciso arcar com os custos das viagens, dos treinos, dos equipamentos e das demais necessidades, como suas despesas pessoais e familiares.

Nadadora multimedalhista paralímpica: quem foi Joana Neves?

Nadadora multimedalhista paralímpica: quem foi Joana Neves?

Por: Livia Bronzato e Juliana de Sá

Foto: Ale Cabral/CPB

O Brasil se despediu de um grande nome da natação paralímpica no último dia 18. Joana Neves, 37 anos, conhecida como “Peixinha”, conquistou cerca de 30 medalhas ao longo de sua carreira de atleta. A nadadora subiu ao pódio cinco vezes nas suas participações em Jogos Paralímpicos, sendo duas pratas e três bronzes entre as edições de Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Além disso, nos Jogos Parapan-americanos, a atleta soma 13 medalhas de ouro, 1 de prata e 1 de bronze. Eleita a melhor nadadora paralímpica brasileira nos anos de 2015 e 2020, ela também colecionou medalhas em edições do Campeonato Mundial de Natação Paralímpica: 3 ouros, 4 pratas e 8 bronzes.

 

 

Joana, natural de Natal – RN, era portadora de acondroplasia, doença rara que faz com que os braços e as pernas sejam mais curtos em relação ao tronco. Sua jornada na natação se iniciou em 2000, por recomendação médica, a fim de fortalecer seus ossos, e logo virou sua paixão. Começou a competir aos 13 anos, dando início a sua carreira nas piscinas.

No fim de sua trajetória, a potiguar defendia o clube Sociedade Amigos do Deficiente Físico (Sadef), no qual iniciara sua jornada. No dia 17 de março, ela passou mal no Centro de Treinamento Paralímpico e foi levada ao hospital. Joana, porém, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. A Sadef afirmou que a atleta havia passado por episódios convulsivos anteriormente e que já buscava um diagnóstico.

12 anos de transformação de vidas pela arte, conheça o Ballet Manguinhos

12 anos de transformação de vidas pela arte, conheça o Ballet Manguinhos

Com cerca de 410 alunos, crianças e adolescentes, a instituição oferece, ainda, aulas de balé, dança contemporânea, dança moderna, jazz e circo. 

Por: Letícia Ribeiro

Ballet Manguinhos – Festa de Final de Ano, 2018

O Ballet de Manguinhos completou 12 anos na última segunda-feira (25/3/2024), atuando em cerca de 20 favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Inicialmente, o projeto criado em 2012 pela profissional de educação física Daiana Ferreira, na comunidade de mesmo nome, se restringia apenas às aulas de balé, as quais contavam com a presença de aproximadamente 70 alunos e ocorriam nos fundos de uma igreja. No decorrer dos anos, a organização não governamental já atendeu cerca de 5 mil crianças e jovens. 

Em 2018, Daiana fechou um contrato com a fundação social norte-americana The Secular Society e, graças a essa parceria, o Ballet Manguinhos ganhou sede própria, na comunidade de origem, em 2020, em um prédio com cerca de 600 metros quadrados, contando com 3 salas de ballet totalmente equipadas, uma delas sendo, também, usada como sala de circo, comunicação e esportes. 

Em 2021, a instituição sofreu a sua maior perda: o falecimento da fundadora e diretora Daiana Ferreira, devido a complicações em decorrência da Covid-19. Apesar do baque, a ONG conseguiu se manter firme, levando a palavra resistência como mantra dentro de suas paredes. 

Em 2022, o Ballet Manguinhos passou por um período complicado. Com o fim da parceria com a TSS, a fundação não tinha mais como garantir a continuidade do trabalho. Na busca por manter a instituição, foi criada a campanha “Adote uma Bailarina”, cujo valor da contribuição serviria para custear a permanência das alunas com as aulas, o uniforme e o figurino. A intenção era obter doações para que uma bailarina do projeto tivesse os recursos necessários para a realização das atividades. Os colaboradores, chamados de padrinhos, recebiam um certificado e atualizações mentais sobre os “adotados”. No período atual, o projeto conta com, além das adoções, patrocinadores como: BTG Pactual e Centauro, além de apoiadores Asfoc-SN (Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz), Instituto Dell’arte, entre outros. 

O IMPACTO DO PROJETO 

Carine Lopes, diretora do projeto, afirma que a formação de um bailarino pelo Ballet Manguinhos leva em média oito anos para ser concluída, e que, no geral, os alunos entram aos 6 anos de idade e permanecem até a adolescência, por volta dos 17 anos. Segundo um levantamento da Agência Brasil, em colaboração com a ONG, cerca de 98% dos participantes são do público feminino. A presidente da ONG comemora, afirmando que, apesar da gravidez na adolescência ser uma realidade cultural do território, apenas 1% das alunas engravidaram.

Ensaio geral – Espetáculo 2018

PARTICIPAÇÃO DE MENINOS NO PROJETO

Apesar da grandiosidade do projeto, é notória a baixa adesão masculina que, por sua vez, se dá em razão do preconceito enraizado na comunidade quanto à relação do homem com a arte, principalmente com a dança. Logo, mesmo que o cenário esteja em constante mudança, a introdução dos garotos no projeto é lenta.

Ensaio geral – Festival Interno 2019

Cabe destacar que, para além das aulas de balé, o Ballet Manguinhos oferece aulas de circo, jazz, dança contemporânea e cursos de capacitação profissional como, por exemplo, informática. O projeto também busca levar médicos e especialistas para falarem sobre saúde e empoderamento feminino.

Plantas medicinais no cardápio diário

Plantas medicinais no cardápio diário

Projeto Resgatar e Cultivar, da Uerj, busca divulgar informações e benefícios sobre o uso de chás e ervas

Por: Leonardo Siqueira

Exposição do Projeto Resgatar e Cultivar na Uerj Sem Muros de 2023. Foto: Arquivo Pesoal
 
 
 
 

O uso de chás e plantas medicinais é um hábito comum para muitos brasileiros, mas nem todos sabem utilizá-los da maneira realmente correta. Diante disso, o Projeto Resgatar e Cultivar trabalha para conscientizar a população sobre o uso racional e adequado das plantas medicinais, através de oficinas e publicações em redes sociais. O projeto conta com uma equipe de sete pessoas, das áreas de medicina e nutrição, e atua como um trabalho de extensão do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A coordenadora e idealizadora do projeto, Elaine de Oliveira, afirma que o uso de chás e ervas no dia a dia é essencial para substituir determinados condimentos que, utilizados de maneira excessiva e inadequada, podem ser prejudiciais à saúde. Um exemplo disso é o sal de ervas, que é feito com páprica doce, páprica picante, páprica defumada, tomilho, canela, cardamomo, orégano, alecrim e sal grosso. Para a coordenadora, o sal de ervas é uma ótima opção para hipertensos, já que seu uso reduz o consumo de sódio. 

Uma dificuldade para o trabalho do projeto, no entanto, é o acesso às plantas medicinais, que não costumam ser encontradas facilmente no comércio, o que pode ser um empecilho para pessoas que queiram testar suas dicas e receitas, por exemplo. Para a coordenadora, porém, além da questão do acesso, é necessário também se atentar para a origem desses produtos, que muitas vezes não é confiável, em relação ao plantio, colheita, presença de agrotóxico na terra onde foi plantada etc: “Se você fizer uma coisa terapêutica, como um chá, eu não posso te dar um veneno junto. Que é o agrotóxico. Tem que ser orgânico”, declara.

Elaine de Oliveira conta que, plantas como a camomila, por exemplo, não devem ser compradas em estabelecimentos que vendem tudo da planta para dar maior volume,  porque o princípio ativo dessa planta é encontrado apenas na flor: “Quando se usa uma parte que não tem o princípio ativo, você usa menos do que deveria usar e não tem o efeito que gostaria”. Para ela, a principal saída para esse problema é o plantio em casa, que pode ser realizado sem muito trabalho no caso de algumas plantas, como o manjericão. 

Elaine de Oliveira, à esquerda, e equipe do projeto na Uerj Sem Muros. Foto: Arquivo Pessoal.

O Projeto Resgatar e Cultivar trabalha com a fitogastronomia e a fitoterapia. Segundo a coordenadora, a fitogastronomia é a inclusão de plantas medicinais na culinária do cotidiano, enquanto a fitoterapia é a terapia medicinal, com medicamentos de origem vegetal. Ela conta que o projeto teve início em 2018 a partir de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da pós-graduação em fitoterapia, e que no início o trabalho era voltado para oficinas na Uerj e atividades presenciais. 

Porém, com a pandemia da Covid-19, o projeto passou a trabalhar também com redes sociais e alcançar novos públicos através de dicas e receitas que mostram os benefícios das plantas medicinais. A coordenadora ainda ressalta a importância dessa comunicação e troca de conhecimento com a população, especialmente por conta da popularização da internet, onde há muitas informações incorretas e de fácil acesso sobre o uso desses chás e ervas.