Olimpíadas 2024: a prova de que saúde mental é um fator determinante para o alto rendimento do atleta
Por Letícia Ribeiro
Rayssa Leal, Rebeca Andrade e Simone Biles
Desde os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, quando Simone Biles abandonou a competição para cuidar de sua saúde mental, a relação atleta e bem-estar mental ganhou uma dimensão global. Nos Jogos de Paris deste ano, a preparação mental dos atletas voltou a ser assunto, principalmente no que tange aos benefícios para o desempenho em competições.
O assunto que, durante muito tempo, fora considerado tabu, agora, mostra-se fundamental para o mundo dos esportes. A saúde mental não era um componente na preparação dos atletas, principalmente os de alto rendimento. O nadador Michael Phelps, por exemplo, conviveu com a depressão, em silêncio, por medo que isso fosse visto como fraqueza. Agora, é amplamente aceito que a psicologia esportiva mudou o cenário do esporte.
Atletas como Rebeca Andrade e Rayssa Leal, medalhistas olímpicas do Brasil, frisam a importância do acompanhamento psicológico, colocando-o como peça fundamental em suas conquistas. Rebeca, em várias entrevistas, já contou sobre a importância da psicologia em sua vida como atleta, e como seria se não tivesse o devido acompanhamento. A ginasta afirma que seria uma pessoa diferente, com mais inseguranças e dúvidas.
Não só nas olimpíadas, mas em todas as vertentes esportivas, a psicoterapia mostra-se um aliado importante dos atletas.
Em entrevista para a AJ, a psicóloga Fabiana Alves Bahia, formada pela Universidade Paulista, afirma que a saúde mental é essencial para o desempenho dos atletas em competições:
“Na psicologia, já superamos a visão de que corpo e mente são entidades separadas; ambos estão profundamente interligados”, disse Fabiana. Além disso, pontuou que o acompanhamento psicológico age,não só no desempenho individual do atleta, como também é importante para o aprimoramento do ambiente de trabalho e das relações interpessoais – minimizando o impacto que a vida profissional de uma atleta de alta performance tem em outras áreas da vida.
Os resultados não dão espaço para discordância. A volta de Simone Biles para as competições – e, principalmente, para os pódios – evidencia como o tratamento da parte mental do atleta não deve ser negligenciada. Não só a norte-americana, como também os atletas brasileiros – o vigor mental elogiável que eles apresentaram nas Olimpíadas de Paris – é a prova de que o desempenho físico precisa ser aliado ao cuidado mental.