A “Glória Eterna” veio em casa

A “Glória Eterna” veio em casa

Fluminense conquista título inédito da Libertadores e é o primeiro clube carioca a levantar o troféu no Maracanã

Por: Leonardo Siqueira

Fluminense é campeão da Libertadores 2023 no Maracanã. Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC / Jogada10


O final de semana foi de muita história para o Rio de Janeiro, especialmente para os tricolores. No último sábado (4), o Fluminense venceu o Boca Juniors, no Maracanã, e conquistou o inédito título da Conmebol Libertadores. O troféu mais importante dos 121 anos da história do clube.

Essa foi a terceira final da competição disputada no Maracanã, e, pela primeira vez, um clube carioca teve o prazer de comemorar em casa. Na última ocasião, a final foi disputada entre Palmeiras e Santos, duas equipes de São Paulo, em 2020. Já a vez anterior foi justamente com o Fluminense na final, quando foi derrotado pela LDU, nos pênaltis, em 2008. Flamengo e Vasco, as outras equipes cariocas campeãs da Libertadores, levantaram o troféu no jogo decisivo fora do Maracanã.

No jogo deste sábado, o estádio foi dividido entre torcedores do Fluminense e do Boca Juniors, com setores destinados exclusivamente para cada torcida, e dois setores mistos, com torcedores de ambas as equipes. A torcida tricolor ocupou o setor sul do estádio e fez uma festa com diversas bandeiras distribuídas com as cores branco, verde e grená. O público presente no total foi de cerca de 69.000 pessoas.

Com a final disputada em casa, o Fluminense fez a festa. Mas os visitantes também vieram em peso. Segundo o Consulado da Argentina no Rio, cerca de 100 mil torcedores do Boca Juniors vieram para a cidade acompanhar o clima da final. No entanto, nem a metade deles tinham ingressos para o jogo.

Apesar das festas das duas torcidas durante a partida e a alegria tricolor com a conquista da taça, cenas de violência marcaram a decisão fora de campo. No dia do jogo, o acesso ao estádio era restrito apenas aos torcedores com ingressos para a final. Mesmo assim, centenas de pessoas tentaram romper as barreiras de segurança, o que gerou confusão e violência nos arredores do estádio.

Já dias antes, na quinta-feira (2), torcedores de Fluminense e Boca Juniors brigaram na praia de Copacabana. Após os casos de violência, a Conmebol, Confederação Sul-Americana de Futebol, realizou uma reunião com representantes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), da Associação de Futebol Argentino (AFA) e dos clubes envolvidos na final para debater questões de segurança na cidade e no local da decisão.

O Maracanã nosso de cada dia

O Maracanã nosso de cada dia

Palco de grandes acontecimentos, o estádio divide opiniões dos vizinhos

Por: Simone Nascimento

Estádio Jornalista Mário Filho/Maracanã – Foto: José Guertzenstein

Todos os grandes jogos realizados no Maracanã conseguem atrair milhares de torcedores, mesmo em dias úteis. Para dar conta dessa movimentação é necessária uma grande logística. As interdições no trânsito e o aumento no fluxo de pessoas atingem moradores, comerciantes e também as atividades no campus Maracanã da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Com isso, a presença do estádio na região é celebrada por alguns vizinhos e criticada por outros.

O Maracanã chegou a ser o maior do mundo e continua sendo o maior do país, com capacidade para quase 80 mil pessoas. Para poder facilitar a chegada e saída dos torcedores, a CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro) monta um esquema especial de trânsito, que inclusive impede estacionamento próximo ao Maracanã. A companhia aconselha o uso de transporte público, uma vez que é possível chegar até o local de ônibus, trem e metrô.

Encontro de torcedores em dia de jogo – Foto: Reprodução/Redes sociais

Alguns bares no entorno do estádio, principalmente os que estão mais próximos da rampa do Bellini, viram ponto de encontro de torcedores, às vezes para fazer um esquenta antes das partidas ou para comemoração depois. Dessa forma, há o aquecimento de uma parte do comércio.

Joseane, funcionária do Bar dos Chicos, um dos mais movimentados nos dias de jogos, disse que o local chega a ficar lotado e que é preciso colocar uma grade para dar mais conforto aos clientes. Mas nem todos os comércios da redondeza têm essa sorte. O Bar Loreninha, que fica próximo ao portão 5 da Uerj, vê o movimento minguar. Joaquim, garçom do estabelecimento, conta que boa parte dos frequentadores são alunos, e a clientela some pois a universidade suspende as atividades presenciais após às 16 horas nos dias de jogos em que o público seja de 20 mil pessoas ou mais.

As mudanças no trânsito e a grande concentração de pessoas também atingem os vizinhos do Maracanã. Moradora de um prédio entre o estádio e a Praça Varnhagem, Beatriz Pereira enfatiza que nos horários próximos ao início e final das partidas é quase impossível chegar ou sair de casa devido ao grande número de torcedores nas ruas, diz ainda que é comum o uso de carros de som para os famosos esquenta.

Polêmicas à parte, o Maracanã é um dos estádios mais famosos do mundo e nunca se restringiu apenas ao futebol. O local já foi palco de outros acontecimentos marcantes como as duas missas celebradas pelo Papa João Paulo II, a segunda edição do Rock in Rio e shows de diversos artistas como Frank Sinatra, Madonna, The Rolling Stones e do rei Roberto Carlos.