‘Vanderlei: Pernas, coração e cabeça’ é indicado ao Lisbon Sport Film Festival

‘Vanderlei: Pernas, coração e cabeça’ é indicado ao Lisbon Sport Film Festival

Por: Livia Bronzato

O documentário Vanderlei: Pernas, coração e cabeça, dirigido pelos jornalistas Diogo Venturelli, Gabriel Baron e Terni Castro, conta a história desse maratonista, trazendo à tona momentos emocionantes que ocorreram na vida do atleta. Produzido pelo Comitê Olímpico do Brasil, foi indicado para participar do evento Lisbon Sport Film Festival, que aconteceu on-line do dia 1 ao dia 10 de outubro. Além disso, ficou em oitavo lugar no Prêmio AIPS (Associação Internacional de Imprensa Esportiva) Sport Media Awards 2023.

 


A produção mostra a linha cronológica da vida de Vanderlei Cordeiro de Lima, desde sua infância em Tapira (PR), sua cidade de origem, até os dias atuais. Tudo começou quando, na escola, descobriu que gostava do esporte e ganhou seu primeiro tênis de corrida. Fazia inicialmente corridas por hobby, mas ao crescer decidiu que gostaria de fazer disso seu emprego. Na obra, mostram-se os momentos mais marcantes da carreira e as competições pelas quais ele passou, tanto em maratonas quanto em olimpíadas.

O documentário leva Vanderlei para reviver o episódio mais conhecido de sua carreira. Ele retorna à Grécia e visita locais importantes para a história das Olimpíadas, além de ir ao lugar onde tentaram empurrá-lo para fora da prova nas Olimpíadas de Atenas 2004. Apesar do ocorrido, o longa metragem nos mostra como o atleta foi persistente e comemorou com muito entusiasmo a medalha de bronze que conquistou nesse dia.

Após o episódio, o atleta recebe a honra de carregar uma medalha Pierre de Coubertin, que é concedida aos que demonstram alto grau de esportividade e espírito olímpico, e também a honra de acender a pira olímpica no evento de abertura das Olimpíadas Rio 2016. “Eu sentia a vibração do estádio vivendo aquele momento, foi o momento de maior sentimento que eu tive na minha vida”, relembra.

 

Foto: Reprodução/Instagram

Vanderlei ao acender a pira olímpica na Rio 2016.

 

Vanderlei: Pernas, coração e cabeça é uma obra que envolve e emociona seu telespectador, principalmente porque conta a história de uma pessoa humilde, persistente e inspiradora. Assisti-la é essencial para conhecer melhor a vida do único brasileiro que já recebeu a Pierre de Coubertin.

Recorde de medalhas do Brasil não garante cobertura de ouro para Paralimpíadas

Recorde de medalhas do Brasil não garante cobertura de ouro para Paralimpíadas

Por: Livia Bronzato

Brasil foi o 5° país no quadro de medalhas, batendo seu recorde com 89 no total. Também alcançou o maior número de ouros, foram 25; além de 26 pratas e 38 bronzes. Apesar do incrível rendimento brasileiro, a população do país não acompanhou o evento tanto quanto as Olimpíadas. Isso se deu pela falta de uma cobertura mais acessível das modalidades paralímpicas em comparação com a edição olímpica.

Foto: Sílvio Ávila/CPB

Comitê Paralímpico Brasileiro na Cerimônia de Abertura das Paralimpíadas de Paris 2024

 

Nas Olimpíadas, os direitos de transmissão se dividiram entre a TV Globo, canais do SporTV, Globoplay, CazéTV e o site Olympics.com, enquanto nas Paralimpíadas, o Grupo Globo adquiriu exclusividade. Foram transmitidas, no canal fechado SporTV2, apenas 9 das 22 modalidades: atletismo, basquete em cadeira de rodas, ciclismo, futebol de cegos, goalball, judô, maratona, natação e vôlei sentado. O acesso às transmissões só foi possível por aqueles que assinam o SporTV2 ou o pacote Globoplay + Canais Ao Vivo, que custa R$ 54,90/mês.

 

O resultado dessa diferença pode ser observado nos números de audiência: a TV Globo alcançou 36,4 milhões de pessoas e a CazéTV esteve na faixa dos 500 mil espectadores simultâneos. Entretanto, as Paralimpíadas, transmitidas pelo canal SporTV2 , alcançaram somente 6 milhões de telespectadores.

 

Além disso, a quantidade de jornalistas credenciados em Paris também foi contrastante, segundo o site oficial das Olimpíadas foram 20.000 na edição olímpica e apenas 3.000 na paralímpica.

 

O Comitê Paralímpico Brasileiro contou com o apoio de seis patrocinadores: Ajinomoto, Asics, Braskem, Havaianas, Loterias Caixa e Toyota. Já o Comitê Olímpico Brasileiro teve a colaboração de 20 empresas: Águia Branca, Ajinomoto, Aliança Francesa, Azul, Estácio, Grupo Águia, Havaianas, Hemmer, Max Recovery, Medley, Mormaii, NSports, Peak, Prevent Senior New On, Riachuelo, Smartfit, Subway, Vivo, Voke e XP Investimentos.

 

Quadro final de medalhas

 

Olimpíadas 2024: a prova de que saúde mental é um fator determinante para o alto rendimento do atleta

Olimpíadas 2024: a prova de que saúde mental é um fator determinante para o alto rendimento do atleta

Por Letícia Ribeiro

Rayssa Leal, Rebeca Andrade e Simone Biles

 

Desde os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, quando Simone Biles abandonou a competição para cuidar de sua saúde mental, a relação atleta e bem-estar mental ganhou uma dimensão global. Nos Jogos de Paris deste ano, a preparação mental dos atletas voltou a ser assunto, principalmente no que tange aos benefícios para o desempenho em competições.

O assunto que, durante muito tempo, fora considerado tabu, agora, mostra-se fundamental para o mundo dos esportes. A saúde mental não era um componente na preparação dos atletas, principalmente os de alto rendimento. O nadador Michael Phelps, por exemplo, conviveu com a depressão, em silêncio, por medo que isso fosse visto como fraqueza. Agora, é amplamente aceito que a psicologia esportiva mudou o cenário do esporte.

Atletas como Rebeca Andrade e Rayssa Leal, medalhistas olímpicas do Brasil, frisam a importância do acompanhamento psicológico, colocando-o como peça fundamental em suas conquistas. Rebeca, em várias entrevistas, já contou sobre a importância da psicologia em sua vida como atleta, e como seria se não tivesse o devido acompanhamento. A ginasta afirma que seria uma pessoa diferente, com mais inseguranças e dúvidas.

Não só nas olimpíadas, mas em todas as vertentes esportivas, a psicoterapia mostra-se um aliado importante dos atletas.

Em entrevista para a AJ, a psicóloga Fabiana Alves Bahia, formada pela Universidade Paulista, afirma que a saúde mental é essencial para o desempenho dos atletas em competições:

“Na psicologia, já superamos a visão de que corpo e mente são entidades separadas; ambos estão profundamente interligados”, disse Fabiana. Além disso, pontuou que o acompanhamento psicológico age,não só no desempenho individual do atleta, como também é importante para o aprimoramento do ambiente de trabalho e das relações interpessoais – minimizando o impacto que a vida profissional de uma atleta de alta performance tem em outras áreas da vida.

Os resultados não dão espaço para discordância. A volta de Simone Biles para as competições – e, principalmente, para os pódios – evidencia como o tratamento da parte mental do atleta não deve ser negligenciada. Não só a norte-americana, como também os atletas brasileiros – o vigor mental elogiável que eles apresentaram nas Olimpíadas de Paris – é a prova de que o desempenho físico precisa ser aliado ao cuidado mental.

Além do talento na ginástica, Jade Barbosa cria os collants do time do Brasil

Além do talento na ginástica, Jade Barbosa cria os collants do time do Brasil

Por Livia Bronzato

Foto: Ricardo Bufolin/CBG

 

Foram onze collants para as Olimpíadas de Paris 2024: cinco para os treinos e seis para as competições. Em junção do esporte com o universo da moda, sua preocupação é com o conforto dos uniformes, para que eles não saiam do lugar durante as apresentações, e com a representação estética, utilizando cores da bandeira do Brasil e inspirações do passado. A medalhista olímpica Jade Barbosa já criou também os collants utilizados na Olimpíada de Tóquio 2020 e nos Mundiais de Ginástica Artística de 2022 e 2023. Ela os produz pensando na autoconfiança de suas parceiras de equipe, procurando incluir elementos que elas valorizem. A ginasta contou em entrevista que faz isso porque acredita que quando se está usando a roupa que deseja no dia da competição, a pessoa se sente preparada e pronta. Disse também que não teve esse tipo de apoio no início de sua carreira e que sua motivação é ver as novas gerações se sentindo representadas.

 

Foto: Ricardo Bufolin/CBG

 

Jade iniciou essa prática quando, em 2018, um novo patrocinador da seleção convidou as atletas para opinar nas produções. O espírito artístico da ginasta vem de família. Seu pai foi arquiteto, seu avô foi desenhista e seu irmão é designer; ela iniciou a faculdade de Design mas não conseguiu conciliar com os treinos. Quando criança, seu pai resolveu começar a costurar os collants após observar que alguns eram desconfortáveis para a filha e, juntos, colavam as pedras brilhantes manualmente.

Desempenho e juventude são sinônimos?

Desempenho e juventude são sinônimos?

Aos 57 anos, Tania Zeng, a ‘tia Tania’, é classificada para Paris 2024 e, com ela, o questionamento: existe uma idade limite para a prática de esportes?

Por: Letícia Ribeiro

De origem chinesa, Zhiying Zeng, aos 57 anos, representará o Chile no tênis de mesa nos Jogos Olímpicos, em Paris. Após a notícia, ela deixou um recado para todas as gerações: nunca é tarde para nada – você só precisa começar. Nesse ínterim, levantou-se um debate que, nos últimos anos, tem ganhado notabilidade no mundo esportivo: desempenho e juventude são, necessariamente, sinônimos?

Culturalmente, o esporte tende a exaltar o desempenho, atrelando-o à juventude, enquanto classifica os atletas mais velhos como superados. Não só nos esportes, como no cotidiano, profissionais com mais idade carregam estereótipos negativos relacionados ao envelhecimento, principalmente nas questões de aprendizado e produtividade.

No âmbito esportivo, a idade é como uma linha de chegada em movimento, afastando-se à medida que nos aproximamos dela. Individualmente, o cenário é ainda mais duro com os atletas, a exemplo da ex-ginasta Daiane dos Santos, que sofrera com inúmeras críticas ao ingressar na modalidade com onze anos, uma idade que – para o mundo dos esportes – é considerada tardia.

Tal julgamento não se limita apenas às modalidades mais “físicas”: Fernando Alonso, piloto espanhol de Fórmula I, na época com 40 anos, disse em entrevistas que era alvo de sucessivos questionamentos sobre sua idade, e que achava irrelevante isso ser um tema dentro do esporte.

Apesar das atividades individuais serem o maior alvo das questões etárias, em esportes coletivos, como o futebol, há uma gama de reclamações sobre a capacidade de jogadores mais velhos continuarem atuando em alta intensidade, o que resulta em mais questionamentos quanto à “falta de renovação” dos elencos. No basquete, o cenário não é muito diferente, principalmente com os jogadores da velha-guarda, como Lebron James que, ainda na casa dos 30, é considerado velho para o esporte.

Assim, se atletas como o próprio Lebron James, que detém um legado e tanto dentro das quadras, são alvo de questionamentos quanto à seu desempenho por conta da idade, pode-se supor que o cenário é ainda menos favorável para pessoas como Tania Zeng, que ingressam no esporte mais tarde – no caso dela, retornam.

Zeng começou a jogar tênis em seu país de origem, China, aos nove anos. Em 1989, chegou ao Chile, onde ganhou o nome Tania. A chinesa ficou afastada do esporte por um longo período de tempo e, durante a pandemia, aos 54 anos, decidiu voltar a jogar de forma amadora; Em 2023, foi destaque no Campeonato Sul-americano e passou a integrar a equipe de seleção chilena, defendendo o Chile em Santiago 2023 na disputa por equipes, conquistando o bronze. Em Lima, no pré-olímpico, conquistou a vaga para os primeiros jogos olímpicos de sua vida. A partir daí, a tenista ficou conhecida como “tia Tania” – um apelido que, por si só, já explicita a estigmatização de indivíduos mais velhos.

Casos como o de Tania Zeng soam como uma exceção à regra. E, nesse meio, surge a seguinte questão: é possível que pessoas mais velhas pratiquem esportes profissionalmente? “Sim, a prática de esportes em indivíduos com a idade avançada não é apenas possível, mas também muito recomendável”, explica Tayná Andrade, formada em Educação Física com pós-graduação em treinamento esportivo: “Claro, se estamos falando de esportes que exigem mais do físico, torna-se um um pouco mais complicado devido a ‘n’ fatores, desde o treinamento, resposta metabólica, aptidão física e recuperação muscular – devido à idade.”

Afinal, então, desempenho e juventude andam de mãos dadas? Nem sempre. Ainda de acordo com a profissional, existem várias exceções à regra, como, já citado, o próprio Lebron James que, para além de condicionamento físico, detém uma vasta experiência que, sem dúvidas, auxilia no desempenho.

Nesse caso, não é possível generalizar, afirmando que todos os indivíduos com mais idade teriam a capacidade física de competir com os mais jovens, ao passo que também não é possível determinar quantas “exceções à regra” existem. A prática do esporte e o desempenho no âmbito profissional é individual e dependente de uma gama de fatores – que contribuem ou se mostram agentes impeditivos