Projeto Quilombo Cuidar realiza terceiro seminário na Uerj 

 Projeto Quilombo do Cuidar realiza terceiro seminário na Uerj 

O projeto de extensão  discutiu  questões com foco na saúde da mulher negra

Por: Maria Eduarda Galdino

Estudantes de enfermagem e integrantes do Quilombo cuidar (Foto: agência Garagem 293)

 

“É cuidar dos outros para além da doença”, essas foram as palavras da estudante de enfermagem da Uerj Thayssa Vitoria Mattos da Silva sobre o Quilombo do Cuidar, projeto de extensão da Faculdade de Enfermagem (FACENF/ Uerj), criado pela professora Roberta Geórgia, coordenadora de graduação da FACENF.  O projeto tem por objetivo cuidar da saúde da população negra e quilombola e expor pautas antirracistas para um público de todas as idades, com aulas e eventos. 

A terceira edição do seminário Quilombo do Cuidar aconteceu no dia 12 de junho, tendo como foco principal a discussão sobre saúde mental da mulher preta. O evento contou com a participação de artistas, enfermeiras, assistentes sociais e professores.

Nas mesas de debate, cada palestrante contou sobre seus projetos, dissertações acadêmicas e vivências como mulheres negras. As histórias relatadas abordaram os obstáculos de viver em sociedade como pessoa negra e como a qualidade de vida e saúde mental são difíceis de se manterem estáveis por conta das violências e falta de suporte do Estado. Mas, apesar das dificuldades contadas, cada palestrante mostrou alternativas de como a comunidade negra pode se ajudar e cuidar, por meio de movimentos que têm como propósitos a coletividade, resistência e o cuidado.

Palestrantes do seminário (Foto: agência Garagem 293)
 

Helaine Maria, uma das palestrantes, falou sobre a sua vivência como enfermeira, que diariamente cuida de pessoas negras que sofrem violência, racismo e abandono nas clínicas de saúde. “Eu recebo essas mulheres lá na maternidade,  muitas delas  em situação de rua que vêm para parir, então como a gente olha essa mulher ? Qual o cuidado ?”, diz Helaine. 

A enfermeira vê a solidariedade e o cuidado como alternativas para a mudança do cenário de violência. Ela afirma que é preciso lutar, escrever, brigar e se unir para combater as violências vividas por mulheres negras. 

 A estudante de enfermagem Thayssa Vitoria, que está no segundo período do curso e que faz parte do projeto de extensão Quilombo do cuidar, contou a experiência dela como mulher negra e como eventos como o seminário são de extrema importância para a sociedade. “Se a Thayssa de 15 anos tivesse frequentado um evento desse, teria me poupado muitos anos de terapia e sofrimentos. É uma questão de representatividade, nesse evento a gente consegue se identificar e perceber que a gente não está sozinha nesse mundo”. 

A estudante ressalta que as mulheres negras ainda não alcançaram posições de protagonismo suficientes. Thayssa afirma que ainda faltam espaços voltados para pessoas negras, que tentam mascarar uma ideia de inclusão, quando na verdade, as mulheres negras ainda não estão presentes nos cargos de protagonismo e de liderança na sociedade. “Quantas médicas pretas você conhece ? Quantas juízas e advogadas pretas você conhece? Quantas coordenadoras de graduação e professoras de mestrado pretas você conhece? Por que não dar o poder a uma mulher negra? A gente ainda tem muito a conquistar e avançar, é uma luta que a gente não vai abrir mão”.

Mais informações  sobre o Quilombo do Cuidar podem ser acessadas nas redes sociais do projeto:  @quilombodocuidar 

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