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Saquarema: uma cidade que vive as ondas

Saquarema: uma cidade que vive as ondas

Capital nacional do surfe reforça sua identidade esportiva durante etapa brasileira da WSL

Por: Lívia Martinho

 Foto: Prefeitura de Saquarema

Praia de Itaúna, palco da etapa brasileira do circuito mundial de surfe da WSL

 

Doze surfistas brasileiros estarão na disputa, entre eles Ítalo Ferreira, Filipe Toledo e Yago Dora, com grandes chances de manter o Brasil no topo do surfe mundial. Entre os dias 21 e 29 de junho, Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, receberá a nona etapa da World Surf League (WSL). A etapa é decisiva para a definição do ranking da WSL e para a consolidação desses atletas na temporada. Para entender a importância do evento, é preciso conhecer a trajetória do surfe no Brasil que começou com poucos apaixonados e hoje é um fenômeno nacional.

O surfe brasileiro teve seu início na década de 1930, quando Osmar Gonçalves surfava com uma prancha de madeira nas ondas de Santos. A prática, no entanto, não se firmou de imediato. Foi apenas no final dos anos 1950 e início dos anos 1960 que o esporte ganhou força, com novos adeptos no Rio de Janeiro. Nos anos 1970, Pepê Lopes foi pioneiro ao competir no Havaí e Rico de Souza foi fundamental para a estruturação do surfe brasileiro, tanto como atleta quanto fora das competições. Ele fundou uma escola voltada à formação de novos talentos e criou uma marca com seu nome, que oferece pranchas, roupas e acessórios. O esporte no Brasil se fortaleceu, e nomes como Daniel Friedmann, Teco Padaratz e Picuruta Salazar despontaram, abrindo espaço para outros, como Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Filipe Toledo.

Pioneiras como Silvana Lima, Jacqueline Silva e Maya Gabeira abriram caminho no surfe feminino. Hoje, essa modalidade é respeitada e cresce em visibilidade e competitividade. Atletas como Tatiana Weston-Webb e Luana Silva competem no mais alto nível, inspirando novas gerações. O que antes era uma presença marginalizada, hoje ocupa espaços de destaque tanto nas competições quanto na mídia.

Saquarema, com suas ondas potentes e uma comunidade vibrante, tornou-se o palco ideal para o surfe. A cidade sediou seu primeiro campeonato internacional em 1976, na Praia de Itaúna. Desde então, firmou-se como ponto de encontro dos melhores surfistas do Brasil e do mundo. Em 2020, Saquarema foi oficialmente declarada, por lei federal, a Capital Nacional do Surfe. O esporte influencia o comércio local, movimenta escolas especializadas e inspira muitos jovens da região.

Enquanto ondas perfeitas quebram em Itaúna e os melhores surfistas do mundo disputam a glória em Saquarema, do lado de fora da areia uma cidade inteira se transforma no comércio, na cultura e na identidade. Em 2024, cerca de 300 mil visitantes passaram por Saquarema durante o campeonato, segundo dados da prefeitura. 

Além do impacto econômico, o evento assume um compromisso social e ambiental. Projetos como o Surf para Todos oferecem aulas gratuitas a jovens promovendo inclusão e cidadania. A WSL realiza ações sustentáveis, como limpeza das praias, campanhas de reciclagem e preservação da vegetação local. 

A etapa da World Surf League em Saquarema representa muito mais do que uma simples competição esportiva: é um símbolo da evolução do surfe no Brasil, que conquistou reconhecimento nacional e internacional. O evento reforça a importância do surfe, não apenas como esporte, mas também como um agente de transformação social, econômica e ambiental para a região. Com a presença dos melhores atletas e o envolvimento da população local, Saquarema reafirma seu papel como capital nacional do surfe, inspirando novas gerações a se conectarem com o mar, respeitarem a natureza e buscarem a excelência nas ondas.

As baterias serão transmitidas pela plataforma da WSL e pela SporTV e costumam iniciar pela manhã conforme as melhores condições do mar.

Festival 3i discute desinformação e os interesses por trás dela

Festival 3i discute desinformação e os interesses por trás dela

Evento de jornalismo promovido pela Ajor aconteceu neste fim de semana no Rio de Janeiro

Por Everton Victor e Julia Lima

Mesa sobre Desinformação no Festival 3i. Da esquerda para a direita: Ellen Guerra Cerqueira, Talita Bedinelli, Max Resnik, Erick Terena. Foto: Julia Lima

Aquela mensagem alarmista repassada pelo WhatsApp, o corte específico de uma fala e até a manipulação de vídeos feita por IA: a desinformação não surge “do nada” e costuma estar atrelada a interesses econômicos e políticos. Este foi um dos debates centrais da 6° edição do Festival 3i, promovido pela Ajor (Associação de Jornalismo Digital) entre os dias 6 e 9 de junho na Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro.

As redes sociais muitas vezes funcionam como grandes potencializadores da desinformação, e a falta de uma regulamentação específica fortalece estes discursos. O movimento anticiência, por exemplo, nega estudos e notícias comprovadamente verdadeiras, manipula informações e chega a colocar em risco a vida das pessoas – impulsionado pelos algoritmos das plataformas. Foi o que apontou a mesa “Construindo vínculos entre jornalismo e comunidades como estratégia de combate à desinformação”, do Festival 3i. 

 

Jornalista fundador do portal “Mídia Indígena”, Erick Terena

Erick Terena, fundador do portal Mídia Indígena, afirma que o jornalismo de território é um mecanismo crucial para combater a desinformação. Para ele, existe uma necessidade de um jornalismo preocupado essencialmente com o espaço onde está localizado, e não restrito ao eixo Rio-São Paulo-Brasília. “A gente não trabalha o jornalismo, a gente vê a comunicação como sobrevivência. Se deixarmos de nos comunicar, pessoas e biomas vão ser impactadas”, afirma.

De acordo com o Instituto Locomotiva, 90% dos brasileiros afirmam ter acreditado em alguma fake news. Uma das ações recentes pelo Judiciário sobre o tema foi durante a eleição presidencial de 2024. O Artigo 9 da Resolução 23.732/24 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) veda a “divulgação ou compartilhamento de fatos notoriamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral”. Apesar da iniciativa, o Brasil não tem uma tipificação para outros contextos de desinformação.

A promoção da desinformação ganha liberdade e espaço nas redes, e a sensação de impunidade fortalece esses fenômenos fora delas. Entre os limites entre ativismo e jornalismo, Erick Terena reforçou no evento o dever de informar e o papel do jornalismo de se contrapor a desinformação. A defesa do meio ambiente, principalmente por conta de sua origem indígena, e o combate às notícias falsas ou manipuladas são ferramentas em que, segundo ele, não existem lados a serem disputados. “Ativismo não é uma profissão, nós fazemos isso há milhares de anos”, afirma. 

O Brasil não possui legislação sobre regulamentação das redes sociais, mas discute Projetos de Lei (PL) sobre o tema. Está em tramitação no Congresso Nacional o PL 2338/23, que institui um marco legal com mecanismos e orientações para regulamentar a inteligência artificial no Brasil. Em paralelo, também tramita no Congresso o PL 2.159/21, apelidado “PL da Devastação”. Entre as ações está a flexibilização do licenciamento ambiental, o que pode expandir o desmatamento, de acordo com Greenpeace e outras organizações ambientais.

Ferramentas de checagem cada vez mais necessárias

Com o aumento da desinformação, fez-se necessária a criação de ferramentas e até sites inteiros focados apenas em esclarecer se as mensagens que circulam na internet são verdadeiras ou falsas. O Aos Fatos, criado em julho de 2015, é um dos veículos nascidos com essa proposta, e apresentou um de seus resultados durante o Festival 3i: no projeto Check-Up, a equipe do Aos Fatos pesquisou nove portais de notícias, mapeou anúncios em formato de matérias jornalísticas e concluiu que 90% deles espalham desinformação sobre saúde.

Leonardo Cazes, editor-executivo de Aos Fatos. Foto: Julia Lima

Leonardo Cazes, editor-executivo do site, afirmou que o trabalho demorou cerca de 6 meses. Usando ferramentas específicas, a equipe coletou 242 mil dos chamados anúncios nativos relacionados à saúde – as matérias pagas por anunciantes. Segundo ele, o principal tema é a cura “milagrosa” de doenças como diabetes e dores crônicas – que não têm cura cientificamente comprovada, apenas meios de controle. 

O jornalista aponta o uso do argumento de autoridade como o principal fator de convencimento nas desinformações, como falas inventadas do médico Drauzio Varella, e até a atribuição de funções falsas a instituições científicas: “Dizem que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendou X remédios, quando na verdade ela só autoriza o uso das coisas”.

 

Vozes em Órbita – I Encontro Nacional do Podcast Narrativo: 29/09 a 01/10, na UERJ

 
Já está no ar a programação preliminar do Vozes em Órbita – I Encontro Nacional do Podcast NarrativoO evento, que tem apoio da Faperj, acontece presencialmente na UERJ Maracanã entre os dias 29 e 30 de setembro, com um dia de atividades remotas em 01 de outubro. As inscrições são gratuitas e estão disponíveis no site do evento em doity.com.br/podcastnarrativo
 
O evento é organizado pelo Laboratório de Podcasts Narrativos da UERJ (Lunar), coordenado pelo prof. Dr. Andriolli Costa. Em sua primeira edição, o Vozes em Órbita conta com oficinas e mesas de discussão com grandes nomes do podcast narrativo pelo Brasil, como Rodrigo Vizeu (Spotify), Paula Scarpin (Rádio Novelo) e Maickson Serrão (Pavulagem).
 
A programação também conta com apresentações acadêmicas e mostra competitiva de trabalhos de conclusão de curso ligados ao universo do podcast narrativo. Para participar da mostra é preciso ter apresentado TCC prático ou monográfico tendo por objeto um podcast narrativo. O material será compilado no site do Lunar para ajudar a construir a memória do podcast narrativo no Brasil. Os 10 trabalhos selecionados como destaque serão convidados para uma apresentação oral que ocorre de maneira virtual no dia 01 de outubro, a partir das 14h30.
 
Já para as apresentações acadêmicas, o encontro aceita resumos expandidos de 4 a 6 páginas de extensão, que devem seguir as temáticas de um dos três grupos de trabalho abaixo:
 
A) GT 1 – Tempo, Jornalismo e Conhecimento no Podcast Narrativo
O GT recebe resumos expandidos que investiguem o podcast narrativo como uma forma singular de produção e circulação do conhecimento, especialmente no campo do jornalismo. São bem-vindos trabalhos que investiguem como a estrutura narrativa, o ritmo e os modos de escuta influenciam a construção de sentidos e a apreensão do real. O GT também se interessa por análises que abordem o podcast narrativo como prática de mediação simbólica, capaz de articular imaginários sociais, memórias coletivas e experiências sensíveis – articulando outras formas de relação com o tempo.
 
Coordenação: Prof. Dr. Andriolli Costa (UERJ)
 
B) GT 2 – Gênero, Raça e Interseccionalidades no Podcast Narrativo
O GT recebe resumos expandidos que abordem como questões de gênero, étnico-raciais, de classe, sexualidade e demais interseccionalidades atravessam a produção, a narrativa e a escuta de podcasts narrativos. São bem-vindos trabalhos que explorem representatividade, autoria, formas de escuta crítica, estratégias narrativas contra-hegemônicas, estudos de caso e relatos de experiência que desafiem os padrões do mercado e das plataformas.
 
Coordenação: Profa. Me. Aline Hack (USP)
 
C) GT 3 (Online) – Fronteiras Midiáticas: Podcast, Narrativa e Convergência
O grupo recebe resumos expandidos com foco nas múltiplas formas de convergência midiática no universo do podcast narrativo. São bem-vindos trabalhos que analisem a intertextualidade entre podcasts e outras mídias seja por meio de adaptações, transposições de linguagem, produções transmidiáticas ou projetos híbridos. Também são de interesse reflexões sobre a plataformização do conteúdo sonoro, considerando o papel de serviços de streaming e redes sociais na circulação, formatação e consumo dos podcasts.
 
Coordenação: Profa. Me. Lorena Caoly (UFRN)

Efeito Calderano: o impacto de ter um campeão mundial na prática universitária 

Efeito Calderano: o impacto de ter um campeão mundial na prática universitária

‘Hoje é impossível uma pessoa que se interessa ou joga tênis de mesa não conhecer o Hugo’

Por: Mariana Martins

 

Foto: Reprodução (ITTF)

Hugo se torna primeiro brasileiro a ocupar o lugar mais alto do pódio

 

Com a melhor campanha olímpica em Paris 2024, uma Copa do Mundo inédita para a América Latina e o vice-campeonato mundial, Hugo Calderano se tornou um dos atletas mais populares do Brasil. Seu sucesso lhe rendeu o terceiro lugar no ranking da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF) e se estendeu para além das quadras, o que despertou maior interesse dos jovens da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) na prática do tênis de mesa fora do viés diversional.

 

A Associação Atlética Acadêmica dos Estudantes de Relações Internacionais percebeu o aumento da procura dos estudantes pelo tênis de mesa após o resultado de Calderano nas Olimpíadas: “Antes não havia muita conversa sobre o esporte, os alunos tinham algum interesse, mas de maneira recreativa. Neste ano (2025) conseguimos realizar um mini-torneio de tênis de mesa. Acredito que o impacto do Hugo tenha influenciado a participação dos alunos.”

 

Márcio Júnior, aluno da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) da UERJ e atleta da Associação Atlética de Comunicação e Artes UERJ  (AACA), conheceu o tênis de mesa por um amigo, e, ao ingressar na universidade, foi esse esporte que o conquistou entre três diferentes modalidades. Quando começou a praticar, Márcio não tinha Calderano como modelo e pôde acompanhar o crescimento do esporte: “Hugo demorou para ser uma referência pra mim, porque o campeonato de tênis de mesa não era incentivado como está sendo”.  Mesmo assim, Marcio reconhece o impacto do mesa-tenista no cenário universitário ao popularizar um esporte, historicamente dominado por asiáticos, no Brasil, e mostrar que é possível praticar e ter destaque na modalidade: “Hoje é impossível uma pessoa que se interessa ou joga tênis de mesa não conhecer o Hugo.”



Foto: Arquivo pessoal

Márcio Júnior em partida de tênis de mesa pela AACA UERJ

 

O treinador de tênis de mesa da AACA, Daniel Cohen, notou maior ânimo, interesse e participação dos estudantes nos treinos, que estão cada vez mais cheios desde a ascensão de Calderano. Além da prática, Daniel considera o envolvimento das pessoas com o esporte algo positivo para o crescimento e  a consolidação da modalidade entre os jovens brasileiros, que ainda carregam uma visão do esporte como algo recreativo. Para ele, a popularização de Calderano não é apenas uma questão de “apoiar um brasileiro”, mas também envolve conhecer o esporte, as regras e as competições.  

 

Em 2029, a cidade do Rio de Janeiro será a sede do Mundial de tênis de mesa, campeonato no qual Hugo Calderano levou a medalha de prata no Qatar em maio deste ano. No embalo do sucesso do mesa-tenista, é a primeira vez que um país da América do Sul receberá a competição que acontece desde 1926. 

Primeira Mostra Uerj de Bandas (MUBA) tem estreia marcada para o mês de junho

Primeira Mostra Uerj de Bandas (MUBA) tem estreia marcada para o mês de junho

O evento é aberto ao público e acontecerá entre os dias 9 e 13 de junho no Teatro Odylo Costa, filho, contando com apresentações diárias de bandas formadas por alunos, servidores e funcionários terceirizados da Uerj. 

Por: Hyndra Lopes 

 

[caption id=”attachment_3252″ align=”alignnone Banda tocando (reprodução: internet)
 
 
A Mostra Uerj de Bandas terá a sua primeira edição em 2025 e irá contemplar 10 grupos de gêneros musicais variados, formados por membros da comunidade universitária. Ela acontecerá durante a segunda semana do mês de junho das 18h30 às 20h30, com apresentações diárias de duas bandas. A retirada de ingressos será por meio da plataforma Sympla, mas haverá possibilidade de entrada sem o QR code. 

O evento foi proposto pela Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação (Coart), em parceria com a Divisão de Teatro da Uerj, e organizado por Ilana Linhales – professora de música do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj) e coordenadora da Coart – e Marcelo Carpenttiere – produtor cultural da Coart. O intuito dos idealizadores com o projeto é dar visibilidade para todos os talentos e práticas artísticas da comunidade, criando um espaço aberto para produção cultural e consumo desta no ambiente universitário. 

Em entrevista para o Aconteceh, Ilana Linhales e Marcelo Carpenttiere explicam como a ideia da Mostra surgiu e quais os seus objetivos com ela, além de ressaltar a inclusão dos

servidores e funcionários terceirizados e a importância da promoção de eventos como a MUBA e do incentivo cultural na Universidade. 

A MUBA, de acordo com Linhales, foi pensada desde 2024, mas a sua concretização se deu apenas este ano, quando o orientador de música da Coart, Rafael Camacho, fez o regulamento e a proposição do projeto. A ideia de fazer uma mostra surgiu como uma alternativa mais viável à do festival, já que não precisaria de premiação e jurados, e alinhava-se mais ao foco dos idealizadores, de promover a apreciação e a visibilidade dos grupos musicais com apresentações mais longas, que permitissem ao público curtir o ambiente do teatro. A professora diz que os Festivais da Canção – eventos musicais de MPB transmitidos pela TV no final dos anos 1960 – e os 60 anos de golpe militar, completados no ano passado, inspiraram a criação da Mostra. 

Carpenttiere aponta que o objetivo principal com a criação da MUBA é democratizar os equipamentos culturais da Uerj, ao fazer com que a sua comunidade saiba que eles existem e se aproprie deles, além de proporcionar a abertura para essas pessoas exporem os seus talentos. Em complemento, Linhales salienta para a troca de saberes entre as bandas, a partir do compartilhamento de instrumentos e do espaço físico, pois “tudo o que se propõe dentro de uma universidade é uma ação educativa”, diz a professora. Dessa forma, a Mostra contribui para a valorização da Universidade, já que o desenvolvimento do âmbito cultural é essencial para uma instituição educativa. 

Músicos tocando em conjunto (Reprodução:  internet)

 

A expansão da participação para além dos estudantes, com a inclusão de servidores e funcionários terceirizados, é algo que chama a atenção no projeto e Linhales justifica a decisão ao indicar que a comunidade universitária não é composta apenas de um grupo: “Somos um organismo vivo e, enquanto organismo vivo, estamos em uma troca de ações em que um depende do outro, por mais que em alguns momentos, um atue mais que os outros (…) A existência da Universidade, do campo de conhecimento, de ensino e de pesquisa e extensão depende de todos os sujeitos, que são os estudantes, os servidores (tanto docentes, quanto técnicos administrativos) e os terceirizados”. 

Os organizadores também ressaltam a importância da promoção de eventos como a MUBA na Uerj, pois eles proporcionam o encontro e a difusão de saberes a partir de manifestações artísticas e culturais, além de motivarem outras instituições de ensino a organizarem seus próprios festivais, valorizando a cultura no país. “Cultura é tudo, então falar de cultura é falar da nossa própria existência”, diz Linhales. A professora finaliza declarando que o incentivo cultural é essencial para se promover iniciativas como esta, mas que a busca por ele se torna uma luta mundial devido à falta de interesse na cultura e na arte, elementos que, justamente, fazem de um povo seres sensíveis e pensantes. 

Nesse sentido, a Coart, com os eventos e atividades semanais culturais que promove, teria capacidade de se expandir para além do Centro Cultural da Uerj, tornando-se o Centro Cultural da Zona Norte. Mas, para isso, exige um grande trabalho de divulgação dentro e fora da Universidade e a MUBA é uma oportunidade de pessoas desses dois meios conhecerem essas iniciativas e darem maior visibilidade para o âmbito cultural da Uerj.

 

 

Projeto da Uerj oferece exercício físico gratuito para gestantes

Projeto da Uerj oferece exercício físico gratuito para gestantes

Profissional de educação física destaca a importância da atividade física durante a gravidez e como o projeto pode ajudar

Por Alice Moraes

                          Imagem: Freepik

O Programa de Extensão Práticas Corporais de Saúde (Pracorsau)  agrega cinco projetos de atividade física específica para diferentes pacientes. Dentre eles, há o projeto que oferece exercícios físicos adaptados para gestação e pós-parto. Todos os projetos disponibilizados pelo Pracorsau são gratuitos e abertos para a comunidade interna e externa. 

A reportagem conversou com a servidora do programa, Camila Pereira, de 37 anos,  formada em Educação Física pela Uerj e ex-estagiária do Pracorsau. Ela ressaltou: “A gestante ser liberada para fazer exercício é ainda uma coisa nova. Alguns médicos ainda são bem conservadores e não se sentem seguros em liberar uma gestante para academia”. Camila explica que não há problema a grávida realizar exercícios, desde que não haja ou exista nenhuma contraindicação. O Ministério da Saúde, por meio do Guia de Atividade Física para a População Brasileira, assegura que ter um dia a dia fisicamente ativo é bastante seguro para a maioria das gestantes e mulheres que estão no período pós-parto. O guia afirma, também, que a preocupação com lesões ou problemas de saúde não devem impedir a mulher de praticar exercício físico. 

Os benefícios do exercício físico adaptado para gestantes são: menor risco do feto desenvolver doenças metabólicas, menor risco de complicações no parto, mais chances do parto vaginal – mais saudável para o bebê –, prevenir diabetes gestacional e doenças de hipertensão arterial. De acordo com Camila, o Pracorsau oferece um espaço para as gestantes realizarem atividade física com uma pista de caminhada, bicicleta para exercício aeróbico, fortalecimento muscular por meio de aparelhos de musculação, exercícios de agachamento e elevação de calcanhares, elásticos para fortalecer os membros superiores. Camila reforça: “Nós não ficamos tão dependentes de aparelhos. O exercício sem aparelho é importante para ajudar a gestante na postura. Com os elásticos, por exemplo, ela está sempre fortalecendo o corpo todo”. 

O projeto também oferece às gestantes, exercícios de respiração para aliviar o estresse. A respeito de outras atividades fornecidas, Camila complementa: “A gente faz exercício de fortalecimento abdominal. A gente alonga um pouquinho,  alguns grupamentos que ficam mais rígidos por causa do crescimento do abdômen. Não alongamos o abdômen da gestante, mas a parte da coluna lombar, que fica tensa ali, por causa da barriga”. 

O guia montado pelo Ministério da Saúde assegura que a prática de atividade física durante a gravidez não aumenta o risco de malformação no bebê, não aumenta o risco de ruptura da bolsa, não induz ao trabalho de parto, não aumenta o risco de aborto e não altera o leite materno. 

Os exercícios físicos para gestantes também contribuem de forma positiva na autoestima delas. Camila conta a experiência de uma gestante que se sentiu mais confiante ao retornar aos exercícios algum tempo após ter engravidado. Ela afirma: “Melhora muito a autoestima, a postura. Os hormônios do bem-estar, como a serotonina e a endorfina, são liberados durante o exercício”. A profissional diz que as gestantes se sentem mais acolhidas pelo projeto porque em uma academia nem todas têm condições de pagar por um professor particular. Por meio do projeto, ela pode atender cada uma de forma mais individualizada. 

O Pracorsau tem um perfil no Instagram, @pracorsau, no qual as gestantes podem entrar em contato caso tenham interesse em participar das aulas de atividade física, que são oferecidas às quartas e sextas, de 10h40 às 11h30, no Instituto de Educação Física da Uerj. De acordo com Camila, o projeto tem intenção de oferecer bolsas para estudantes, a fim de montar mais turmas e, assim, atender maior número de gestantes. 

Central da COP dá cartão vermelho para a desinformação e defende debate climático no cotidiano

Central da COP dá cartão vermelho para a desinformação e defende debate climático no cotidiano

Parceria entre Agenc e Observatório do Clima realizou mesa-redonda na última segunda (2), durante a Semana de Meio Ambiente da Uerj

Por Julia Lima

Da esquerda para a direita: Isvilaine Silva, Ana Carolina Lourenço, Fernanda da Escóssia, Petroleco e Cláudio Ângelo. Foto: Letícia Santana.

A desinformação climática e o desafio de mobilizar a sociedade civil em defesa do planeta foram os temas abordados na “Central da COP: a mesa-redonda do clima”, evento realizado na última segunda-feira (2) na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). A mesa teve a presença dos debatedores Claudio Angelo, Ana Carolina Lourenço e Fernanda da Escóssia, com apresentação de Isvilaine Silva. Parceria entre a Agência de Notícias Científicas da Uerj e do Observatório do Clima, a Central da COP seguiu o modelo das famosas mesas-redondas de futebol, em que um tema é lançado – neste caso, um assunto relacionado à COP30 – e os comentaristas se revezam para dar suas opiniões.

E, como o jornalismo ouve os dois lados, a mesa teve a presença do Petroleco, lobista da indústria do petróleo, que pôde contribuir – ou nem tanto – para o enriquecimento do debate. A mesa discutiu os principais temas da COP30, a Conferência do Clima da ONU que acontece em novembro em Belém, o PL da Devastação, a agressão sofrida pela ministra Marina Silva e a desinformação sobre a mudança do clima. 

O jornalista Claudio Angelo, do Observatório do Clima, comentou o episódio de agressão à ministra Marina Silva em audiência no Senado Federal. “Armaram uma arapuca contra a ministra do Meio Ambiente. Mal sabiam eles que ela já era senadora quando eles tomavam Toddynho”, afirmou.

Um dos episódios de desinformação discutidos foi a entrevista de Elon Musk à rede de TV Fox News, em que afirmou que não é necessário criar pânico em torno do assunto, e que todos poderão continuar “comendo seu churrasco”. Com relação a essa fala, Ana Carolina comentou: “Ele afirma que a principal função de nós aqui nessa mesa, o movimento climático global, é tirar o churrasco das pessoas”.

Realizado no auditório 91 da Uerj, o evento reuniu cerca de cem pessoas, entre professores e estudantes de diversos cursos, além de técnicos. Ao final da discussão entre os debatedores, a plateia pôde fazer perguntas e tirar dúvidas sobre a COP30 e o atual cenário ambiental no Brasil e no mundo. O público também participou da mesa a partir de um bingo. Quem completava a cartela com palavras relacionadas ao tema ganhava um álbum de figurinhas exclusivo da Central da COP.

                                                      Álbum de figurinhas da Central da COP. Foto: Letícia Santana.

De acordo com Fernanda da Escóssia, professora da Uerj e coordenadora da Agenc, “o clima é um assunto político, mas não é dos políticos”. E é por isso, segundo a jornalista, que é necessário que o tema seja cada vez mais levado para o debate entre membros da sociedade civil. A professora destacou a relevância do jornalismo para combater a desinformação e o negacionismo que costumam acompanhar debates climáticos.

Ana Cláudia Campos, estudante de biomedicina, contou à Agenc, que conhecia pouco sobre a COP, e que foi bom ter uma visão mais detalhada do assunto. “Ter pessoas especializadas falando do assunto e como realmente nos afeta é importante para causar comoção e o sentimento de que devemos lutar pelo nosso planeta”, finaliza.