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Escola Maria Felipa promove educação afro-brasileira

Escola Maria Felipa promove educação afro-brasileira

Conheça a primeira escola afro-brasileira do país

Por: Alice Moraes e Thaísa de Souza

 
 
                           Fachada da Escola Maria Felipa. Foto: Alice Moraes.

Com intenção de construir uma educação igualitária que valorize as raízes africanas da história e cultura brasileira, a Escola Maria Felipa está começando no Rio de Janeiro. Localizada no Boulevard 28 de setembro, em Vila Isabel, e tendo sede nacional na Bahia, a escola propõe uma educação que une conhecimento, cultura e inclusão. 

A Escola Maria Felipa surgiu em 2017, na Bahia, a partir de um projeto idealizado por Bárbara Carine. Sendo uma mãe preta, sua ideia era um colégio que atendesse a sua filha e que valorizasse a ancestralidade africana. Em Salvador, a instituição se localiza na rua Comendador José Álvares Ferreira, número 60. A oportunidade de trazê-la para o Rio de Janeiro aconteceu em 2024 e as aulas tiveram início neste ano de 2025. 

Segundo informações contidas no site oficial da Escola Maria Felipa, um dos seus papéis é construir uma educação que amplie o conhecimento da constituição histórica a partir de outras narrativas, quebrando o modelo eurocêntrico de ensino. Para a pedagoga e diretora  da unidade carioca, Maíra Costa, de 30 anos, isso significa pensar numa proposta pedagógica inclusiva e decolonial.  

                        Parte interna da Escola Maria Felipa. Foto: Alice Moraes.

Com currículo estruturado com base nas Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas, essas perspectivas recebem um foco especial, que criam um espaço onde crianças negras, pardas e indígenas possam se ver representadas e desenvolver um senso de autoestima desde cedo.

Na prática, isso se traduz em uma vivência escolar que inclui brincadeiras africanas (como a tradicional “mamba”, uma versão sul-africana de pega-pega), aulas de música, capoeira, português, inglês e Libras. Tudo a partir de uma perspectiva antirracista e integradora. A valorização do ensino da língua inglesa em Maria Felipa traz uma ruptura no pensamento de que apenas o europeu fala inglês. Muitos países do continente africano também falam o idioma. Por isso, o educandário assumiu o papel de trazer esse viés. 

Além disso, a sede em Salvador oferece projetos como a Afrotech, uma feira de ciência africana e afrodiaspórica, e a Decolônia de Férias. A diretora Maíra acrescentou: “Eu sempre penso na escola como uma escola que eu nunca tive. Nós estamos construindo uma que não tivemos, e que desejamos que nossas crianças tenham, que os que estão por vir consigam ter esse lugar de exercer toda a sua potencialidade”.

Ainda no seu primeiro ano de funcionamento, a instituição oferece apenas três turmas da Educação Infantil, todas nomeadas a partir de impérios africanos e indígenas. “Temos a turma que se chama Reino de Daomé, a turma Império Inca e a turma Reino do Mali”, listou a diretora. De acordo com ela, está prevista para 2026 uma expansão para o Ensino Fundamental. Essa será uma etapa importante no crescimento e consolidação da escola, que pretende formar cidadãos conscientes e conectados com suas raízes. 

                        Arte na sala da turma Império Inca. Foto: Thaísa de Souza.

Um dos principais desafios enfrentados em Maria Felipa é o combate ao racismo epistêmico — aquele que nega ou desvaloriza saberes que não se enquadram dentro do padrão eurocêntrico. “A gente está nesse lugar de desmistificar, de entender que, tudo bem, a Europa fez coisas. Mas outros países, outros continentes tiveram feitos importantes também”, enfatiza a diretora. 

“A gente sai desse lugar de trazer uma história única. Nós trazemos a perspectiva dos povos africanos, que foram os povos que trouxeram uma potencialidade, entende?”, continua ela. A proposta da Escola Maria Felipa é, então, oferecer uma educação que reconheça a pluralidade de saberes, práticas e culturas.

Outro ponto é a desmistificação estética e cultural da proposta. O lugar não é voltado exclusivamente para crianças negras. “Tem esse imaginário de que aqui é uma escola apenas para crianças pretas. Não é. É uma escola para todas as crianças, rompendo com esse lugar colonizador e violento, que foi construído e nos foi dado sem questionar”, diz Maíra. A escola atua também na construção da autoestima dos alunos negros desde a primeira infância. Isso incentiva as crianças a se reconhecerem como belas, potentes e protagonistas da própria história.

A Escola Maria Felipa é, portanto, um projeto de futuro que nasce do passado: resgata memórias, honra ancestralidades e projeta um novo modelo de educação para o país. Para mais informações sobre a escola, o contato pode ser feito pelo celular (21) 99959-3032 ou pelo instagram da instituição @escolamariafelipa.

Lunar abre chamada para voluntários e colaboradores

 
 
 
Projeto de extensão vinculado à Faculdade de Comunicação Social da UERJ, o Laboratório de Podcasts Narrativos (Lunar) está com inscrições abertas para adesão de novos integrantes. A chamada vai até o dia 24 de abril, com entrevistas agendadas a partir da semana seguinte. Centrado na produção de podcasts e audiosséries exclusivamente do gênero narrativo, o Lunar é espaço de criação, arte e experimentação em mídia sonora. Por princípio, todas as suas produções são orientadas pelos preceitos da ética e responsabilidade jornalística.
 
Alunos de graduação e pós-graduação de qualquer período ou curso da Universidade podem se inscrever como membros voluntários, mas também é possível participar sendo de outra instituição – esteja ela localizada dentro ou fora do estado. A inscrição, no caso, é para colaborador externo. Os participantes selecionados poderão atuar presencial ou remotamente, auxiliando nos projetos do Laboratório nas áreas de produção, roteiro, montagem, sonoplastia, trilha musical e revisão.  Também é possível produzir ideias próprias, desde que alinhadas com os princípios do Lunar e aprovadas pelo coletivo.
 
Outra possibilidade é para a inscrição de instituições parceiras. Entidades não-governamentais, coletivos de arte e comunicação, laboratórios ou grupos de pesquisa que queiram atuar em parceria com o Lunar também são convidados a preencher o formulário. Para se inscrever, acessar o link correspondente em http://bit.ly/podcastnarrativo.
 
Os Projetos
Atualmente o Laboratório está envolvido com a produção de uma série de projetos que serão retomados, como a primeira temporada do podcast O Outros Carnavais; o programa sobre fanfics e adolescência Podcast Narrativo – Passo à Passo; o podcast sobre futebol e expectativas não-cumpridas Falta e o programa Patrimônio, sobre o “jeito de ser carioca” – que foi registrado como patrimônio imaterial do Rio de Janeiro em 2015.
 
Em parceria com a ONG Avenida Brasil- Instituto de Criatividade Social produziu, em 2024, a temporada piloto do Sonhário – que foi finalista do Rio Web Fest 2024 como melhor podcast de não-ficção. Junto à pesquisadora Carla Baldutti (UFJF) e com edição de Leonardo Tremeschin (Mitografias), o laboratório publicou pela Rádio UFRJ a primeira temporada do Observatório Lunar, entrevistando profissionais da mídia podcast. Atualmente o grupo está envolvido na produção de uma audiossérie que mistura movimentos de ficção e não-ficção a partir da pesquisa da doutoranda Ellen Alves Lima (UERJ).
 
O Laboratório
O Laboratório de Podcasts Narrativos da UERJ foi criado em abril de 2023 pelo prof. Dr. Andriolli Costa. Ao longo destes dois anos, o Lunar atuou na qualificação técnica e crítica do campo, promovendo uma série de oficinas gratuitas e abertas à comunidade que abordavam mídia sonora e narrativa. É também espaço de produção experimental, consultoria criativa e formação humana dos participantes, sabendo que existe, por aí, um universo de histórias para se ouvir e contar.
Também é possível participar do grupo de estudos sobre podcast, jornalismo e narrativa por meio do link bit.ly/podcastnarrativo. As reuniões abertas são mensais, sempre em uma segunda-feira. Para saber mais, acesse www.podcastnarrativo.com.br e o perfil @podcastnarrativo nas redes sociais.  

World Skate define idade mínima para os Jogos Olímpicos

World Skate define idade mínima para os Jogos Olímpicos

A fim de preservar a integridade dos atletas, participação será permitida a partir dos 14 anos.  

Por: Mariana Martins

Reprodução: Instagram (@skybrown)

Sky Brown nos Jogos Olímpicos de Paris 2024

 

A skatista britânica Sky Brown quase morreu aos 11 anos após grave acidente em treinamento em 2020.  Simone Biles, maior medalhista olímpica da ginástica artística, foi à Justiça contra o abuso sexual cometido pelo ex-médico da equipe de ginástica artística feminina dos Estados Unidos da América. Ainda hoje, atletas mirins são expostos a situações de vulnerabilidade, tanto física quanto mental.

 

A psicóloga Gabrielle Barcelos, doutoranda no Programa de Pós Graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGPS-UERJ), afirma que a exposição dos jovens de forma precoce a um alto nível de pressão, cobranças e exigências por resultados pode fazer com que os jovens desenvolvam sintomas de ansiedade, depressão e esgotamento. Além disso, a rígida rotina de treinos pode trazer um desequilíbrio para a vida dos jovens atletas, que precisam abrir mão de abrir mão de muitas experiências naturais de sua idade, como festas de amigos, viagens em família, podendo prejudicar o lazer, a educação e a construção de vínculos de amizade. 

 

Motivada por isso, a World Skate, federação que regula a prática de modalidades sobre patins e skate, anunciou que a partir de 2025, os atletas que vão participar das competições internacionais deverão ter, pelo menos, 11 anos, progredindo até as Olimpíadas de Los Angeles 2028, na qual o requisito será de 14 anos. A organização não é a primeira a adotar essa medida: as modalidades de ginástica artística feminina e saltos ornamentais também possuem um requisito de idade para as competições organizadas pela Federação Internacional de Ginástica e pela Federação Internacional de Natação, respectivamente. 

 

Reprodução: Instagram (@chlo_the_flo)

Chloe Covell representou a Austrália em Paris



Com a medida, os jovens terão mais tempo para se desenvolver como atleta, uma vez que, para Gabrielle, não há problema na participação juvenil nos campeonatos, mas sim na disputa com esportistas mais velhos, “que já têm recursos psicológicos mais elaborados se compararmos com crianças e adolescentes”. A psicóloga também destaca que, com a atual exposição às redes sociais, o acompanhamento por psicólogo(a) do esporte é essencial para auxiliar os atletas no “desenvolvimento desses recursos e manejo emocional”.

Os Brics e o desafio de ir onde o povo está

Os Brics e o desafio de ir onde o povo está

Em encontro de representantes financeiros dos países emergentes, sociedade civil cobra políticas de habitação e apoio à população em situação de rua

Por Everton Victor e Julia Lima

Encontro da Trilha de Finanças dos BRICS com a sociedade civil no Rio de Janeiro. Foto: Everton Victor

Para apresentar as principais prioridades da presidência brasileira nos BRICS, a Trilha de Finanças realizou um encontro com a sociedade civil no dia 24 de março no Rio de Janeiro. Entre as propostas apresentadas à população está um maior investimento em fundos climáticos e a coordenação de reformas do sistema monetário e financeiro internacional.

Na análise da professora Ana Garcia, pesquisadora do Brics Policy Center, as negociações dos BRICS historicamente são restritas aos países-membros, com pouco espaço para a participação social. De acordo com ela, esta realidade vem mudando nos últimos anos com mecanismos de participação social. “Com o retorno da presidência para o Brasil, tendo em vista a experiência com o G20 Social, o governo brasileiro está mais aberto a criar espaços de informação. A participação da sociedade civil está mais frequente, com espaços para transparência e informação de demandas, pautas e lutas sociais”.

Ana Garcia, pesquisadora do Brics Policy Center. Foto: Everton Victor

É a quarta vez que o Brasil assume a presidência do BRICS desde sua criação, em 2001. O grupo reúne África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã e Rússia integram o foro como países membros. Outras nações participam do agrupamento como convidados e parceiros, cujos representantes também participam da Cúpula dos BRICS em julho deste ano, no Rio de Janeiro.

 O BRICS se divide em diferentes trilhas que discutem múltiplos temas de interesses das economias emergentes, como trabalho, inteligência artificial, reforma da governança global e enfrentamento às Mudanças Climáticas. Este ano estão previstas mais de 100 reuniões envolvendo representantes dos países-membros.

De acordo com a pesquisadora, o encontro promovido pela Trilha de Finanças com a sociedade civil no Rio representa uma aproximação do que os países membros discutem com suas populações. Uma das prioridades apresentadas no evento foi realizar reformas do sistema monetário e financeiro internacional, além de facilitar o comércio e os investimentos entre países BRICS. A ideia é impulsionar as negociações entre os integrantes do bloco, com transações que poderiam ser feitas com as moedas dos países membros, o que pode representar uma menor dependência em relação ao dólar.

Nos debates iniciais, a Trilha explicou a intenção de expandir o NBD (sigla), um dos principais bancos de desenvolvimento do Sul Global. O banco é responsável por financiar projetos de infraestrutura em diferentes países. E, durante o encontro com a sociedade, uma das metas previstas é a adesão de novos membros do NBD.  Avançar em diálogos sobre temas alfandegários e parcerias público-privadas também são alguns objetivos da trilha.

Flávio Lino, secretário-executivo do Movimento Nacional de População em Situação de Rua. Foto: Julia Lima

Flávio Lino, secretário-executivo do Movimento Nacional de População em Situação de Rua (MNPSR), alertou que é preciso que a aproximação com a sociedade civil se converta em políticas públicas. “Estar ocupando este espaço é trazer as nossas experiências,  esperanças e expectativas de que políticas internacionais de desenvolvimento cheguem à população em situação de rua”. 

De acordo com o levantamento do Participa + Brasil de 2022, são mais de 4,5 milhões de pessoas em situação de rua nos países fundadores dos BRICS (África do Sul, Brasil, China, Rússia e Índia). “O BRICS trata desenvolvimento, mas desenvolvimento sem pessoas não é a mesma coisa”, afirma o secretário. 

Lino coordenou o subgrupo para a População em Situação de Rua durante o G20 Social no ano passado. O secretário adiantou à Agenc que o movimento está elaborando um documento com sugestões a serem entregues para a Trilha de Finanças dos BRICS. Entre as possíveis propostas está a criação de um fundo internacional de habitação e assistência social. 

A missão do Brasil não estará restrita apenas à coordenação deste agrupamento. A COP30 acontece este ano em Belém do Pará. O Brasil tem procurado pautar nos BRICs discussões sobre a questão ambiental e caminhos para uma economia mais sustentável. Taxonomias verdes, finanças mistas e transição energética são algumas introduzidas no agrupamento pela presidência brasileira.  O alinhamento ambiental pode ser um grande desafio de alinhamento com os países BRICS, segundo a pesquisadora do Policy Brics Center.

Recepção 2025.1: evento recebeu ex-alunas e apresentou a FCS

Recepção 2025.1: evento recebeu ex-alunas e apresentou a FCS

A FCS realizou, ontem (09/04), a Recepção 2025.1. Organizado pela Direção, em parceria com o Laboratório de Comunicação Integrada (LCI), o evento contou com a participação das ex-alunas Thaiza Pauluze e Kryslla Mendonça. Nos relatos, elas enfatizaram a diversidade da UERJ como determinante na formação profissional e na transformação da visão de mundo. Mulheres negras, elas ressaltaram o ambiente plural e inclusivo da Universidade. Também reforçaram aos estudantes a necessidade de estender o olhar inclusivo para o mercado de trabalho na Comunicação, de forma a mudar as práticas e metodologias da nossa área.

Depois do bate-papo, ocorrido pela manhã, a calourada visitou os laboratórios da FCS.

Saiba mais detalhes e veja outros registros no Instagram da FCS.

Regiões mais pobres do Rio de Janeiro são mais afetadas pelo calor

Regiões mais pobres do Rio de Janeiro são mais afetadas pelo calor

Pesquisadora da Uerj explica por que a desigualdade tem a ver com a crise climática 

Por: Maria Eduarda Galdino

 

Cidade de Nilópolis. Foto: Maria Eduarda Galdino 

O Rio de Janeiro atingiu o terceiro nível do Protocolo de Calor (CALOR 3)  na última Terça-feira (02/04) às 14h10. O calor de nível 3 é comunicado pela Prefeitura do Rio quando são registradas temperaturas de 36ºC a 40ºC, com previsão de permanência ou aumento de, ao menos, três dias consecutivos. Além das temperaturas elevadas, outra coisa chama atenção: o contraste de temperatura em diferentes regiões do Estado.

Às 14h10, o bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio, atingiu a temperatura de 29ºC, enquanto a cidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense, atingiu 34ºC no mesmo horário. Mariana Castro, doutoranda em Ciência Política pelo IESP-UERJ e pesquisadora no Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas (IMC), explica que a diferença significativa nos termômetros tem explicação histórica. “Durante décadas a gente vê que as populações  mais pobres e racializadas foram empurradas para as áreas com menos infraestrutura, menos serviços, menos proteção ambiental, e tudo isso resulta no que estamos vivenciando agora, o impacto das ondas de calor estão muito mais severas para quem vive em situação de vulnerabilidade.”

Além do histórico de reclusão da população mais vulnerável, a pesquisadora aponta outras questões que aumentam os efeitos do calor extremo em regiões mais pobres, como a falta de orçamento nas cidades para investir em soluções ecológicas, o crescimento urbano desordenado e a falta de gestões governamentais comprometidas com a permanência de projetos voltados para o ambiente urbano. “Essas medidas acabam ficando em segundo plano, outro problema é a questão da desigualdade social territorial, as áreas mais pobres são as que mais sofrem com calor e muitas vezes elas não são priorizadas na hora de construir e colocar em prática as políticas públicas. Enquanto isso, os bairros mais ricos têm mais infraestrutura e acabam recebendo mais investimento “, disse.

Segundo a Plataforma AdaptaBrasil,  do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), os municípios da Baixada Fluminense possuem níveis altos de exposição às mudanças climáticas, como desastres geo-hidrológicos, inundações (Índice 0,89 de 1,00) e demanda de resfriamento devido às ondas de calor intensas (Índice 1,00 de 1,00). A pesquisadora Mariana Castro afirma que os grupos que residem em áreas mais pobres sem adaptação às temperaturas elevadas  estão mais expostos ao risco de morte por conta do fenômeno das ilhas de calor. “A forma como o próprio bairro foi estruturado é diferente, as comunidades são muito mais próximas umas das outras, com material de baixa qualidade que intensifica o calor, isso impede a circulação do ar e aumenta o fenômeno das ilhas de calor por exemplo

Demanda de resfriamento na cidade de Nilópolis. Foto: AdaptaBrasil /Eduarda Galdino

Em fevereiro deste ano, durante o Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, o governo brasileiro apresentou uma estratégia inédita chamada Adapta Cidades, iniciativa do Programa Cidades Verdes Resilientes e coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). O objetivo é orientar e auxiliar cidades com capacitações técnicas de planejamento ambiental e acesso a investimento. Representantes de onze estados – Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins e Pará – estiveram presentes e sinalizaram interesse em participar da iniciativa.

A iniciativa é parte dos compromissos ecológicos do Brasil formalizados na 29 ºConferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 29, em 2024 pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, em cooperação com a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), pacto do Brasil assinado no Acordo de Paris para combater a instabilidade ambiental em 2015.

A pesquisadora Mariana Castro reitera que diversas práticas ecológicas podem ser implementadas nas políticas públicas para mitigar os efeitos das ondas de calor, como investimentos em materiais de construção que são mais resistentes às temperaturas elevadas e plantações de áreas verdes nos centros urbanos. “É importante a gente mexer nas infraestruturas da cidade por exemplo criar a calçadas permeáveis, investir em telhados verdes, plantar mais árvores nos bairros mais quentes,trocar telhas por materiais que isolam melhor o calor e pintar os telhados com tintas que refletem o sol e garantir ponto de água potável em locais públicos.”

Das páginas para o mundo: Brasil na Copa do Mundo de Quadball 

Das páginas para o mundo: Brasil na Copa do Mundo de Quadball

Já imaginou praticar o esporte do seu livro favorito? E assistir ao seu país na competição mundial?

Por: Geovana Costa 

O Brasil disputará a Copa do Mundo de Quadball, que será realizada entre os dias 11 e 13 de julho, em Bruxelas e Tubize, na Bélgica. O torneio baseado na saga de Harry Potter, promete movimentar a comunidade esportiva e os fãs da literatura fantástica.

 

Reprodução/Instagram

 

No universo mágico do primeiro livro da coleção, escrito em 1997 por J. K. Rowling, o esporte é uma mistura de futebol e basquete jogados com vassouras voadoras. A adaptação do jogo surgiu em 2005, criada por estudantes da Universidade de Middlebury, nos EUA.

 

Fora dos livros, o esporte passou por diversas adaptações, chegando a uma mistura de três modalidades: handebol, queimada e rugby. O jogo é disputado por equipes mistas de sete jogadores, que competem com um cabo entre as pernas, representando as vassouras voadoras. O time vencedor é aquele que marcar mais pontos ao longo dos 17 minutos de partida.

 

O esporte chegou ao Brasil em 2010 por meio de Vinícius Mascarenhas, fundador do Rio Ravens, a primeira equipe do país. Com a sua rápida popularização, foi preciso a criação da ABRQ (Associação Brasileira de Quadball), que surgiu para representar os times, direcionar as pessoas interessadas e organizar melhor as diretrizes vindas da IQA (International Quadball Association).

 

Atualmente, o Brasil conta com 20 equipes associadas à ABRQ, participando de campeonatos nacionais e regionais, como o Brasileiro, o Carioca e o Paulista. Com a associação à IQA e à CSQ, órgãos que representam o quadball no âmbito internacional e sul-americano, respectivamente, o Brasil pode concorrer em competições internacionais.

 

Reprodução/ Facebook ABRQ

 

Campeão do último Pan-americano, o Brasil busca agora o título da Copa do Mundo na Bélgica. Pode-se acompanhar as informações pelas páginas oficiais da Associação Brasileira de Quadball e da seleção brasileira de quadball nas redes sociais.

As heroínas do futsal: quem são as jogadoras da seleção brasileira?

As heroínas do futsal: quem são as jogadoras da seleção brasileira?

Conheça as atletas que brilham nas quadras e representam o Brasil no futsal feminino.

Por: Amanda Souza

Reprodução: CBF Futsal/Foto: Danilo Camargo

Composta por algumas das melhores jogadoras do mundo, a seleção brasileira feminina de futsal foi coroada campeã da Copa América ao vencer a Argentina por 3 a 0. A campanha das brasileiras foi impecável, com 100% de aproveitamento: a equipe marcou 38 gols e sofreu apenas um, reafirmando-se como a grande potência do futsal feminino sul-americano.

Com apenas três jogadoras atuando no Brasil e 12 espalhadas por campeonatos de três países, conheça as atletas que, com talento, dedicação e espírito de equipe, estão construindo uma trajetória de sucesso na seleção brasileira de futsal feminino.

GOLEIRAS

Bianca – Stein Cascavel (BRA): Uma atleta de destaque no futsal. Em 2022, foi agraciada com o Prêmio Futsal Planet Awards como Melhor Goleira Feminina do Mundo, tornando-se a primeira brasileira a conquistar esse reconhecimento desde o início da premiação, em 2015. O feito se repetiu em 2023, quando foi eleita, pela segunda vez consecutiva, a melhor goleira do mundo.

Jozi – Bitonto (ITA): Jozi é uma das figuras mais marcantes do futsal feminino, com uma carreira de destaque e mais de 50 títulos conquistados, incluindo cinco mundiais. A atleta, que iniciou sua trajetória no handebol, também é formada em psicologia.

Flavi – Taboão Magnus (BRA): Flavi se destaca como uma referência no futsal feminino. Em 2019, sua atuação a levou a ser indicada ao Prêmio Futsal Planet Awards como Melhor Goleira do Mundo.

FIXAS

Taty – Pescara (ITA): Reconhecida como a 5ª melhor jogadora do mundo no prêmio FIFA The Best, ela construiu uma carreira repleta de conquistas, incluindo múltiplos títulos nacionais e internacionais.

Camila – FSF Castro (ESP): Eleita a melhor jogadora do mundo em 2023, após brilhar pelo Stein Cascavel — seu antigo clube — e pela seleção brasileira, a atleta foi destaque da Copa do Mundo e do futsal em 2022. Liderou o Stein às conquistas da Libertadores e da Liga Feminina.

Diana – Bitonto (ITA): Com quatro títulos mundiais pelo Brasil, ela figurou três vezes na lista das 10 melhores jogadoras de futsal feminino do mundo nas temporadas de 2016, 2017 e 2018, destacando-se na Libertadores de 2016, no Estadual Adulto Catarinense de 2017 e na Copa das Campeãs de 2019.

ALAS

Amandinha – Torreblanca (ESP): Amandinha recebeu o prêmio de melhor jogadora de futsal do mundo por oito vezes consecutivas, estabelecendo um recorde na modalidade. Sua carreira acumula todas as conquistas possíveis no cenário nacional e com a seleção. Entre os títulos, destacam-se duas Copas do Mundo.

Emilly – Burela (ESP): Emilly recebeu o prêmio de jogadora do ano e foi selecionada como a melhor ponta direita na Primera División de Fútbol Sala 2024. No Futsal Planet Awards 2023, ela figurou entre as 10 melhores jogadoras do planeta; em 2022, já havia sido eleita a 6ª melhor jogadora do mundo.  

Tampa – Bitonto (ITA): Com uma carreira repleta de títulos, ela se destacou como artilheira do Brasil e da Copa América de Futsal Feminino, marcando seis gols decisivos. Em 2020, foi reconhecida entre as 10 melhores atletas de futsal do mundo, evidenciando seu impacto na modalidade.

Vanin – CMB Futsal (ITA): Indicada como a melhor do mundo por seis anos consecutivos, a brasileira destacou-se no futsal, sendo artilheira do Campeonato Italiano em três edições consecutivas. Sua carreira inclui experiências no futebol de campo, tendo atuado pela Chapecoense e disputado o Brasileirão de 2015 pelo Avaí. 

Bia – Torreblanca (ESP): Vem se destacando no cenário internacional do futsal feminino com atuações de grande impacto. Na Copa da Rainha, ela alcançou a posição de maior goleadora.

Nati Detoni – Benfica (POR): Destaque do Benfica, ela foi campeã do torneio de Xanxerê, conquistou a Taça da Liga Feminina e a Supertaça Feminina de Futsal, além de ter sido a melhor na Liga Feminina Placard, com nove gols marcados.

PIVÔS

Lucileia – Bitonto (ITA): Reconhecida como a melhor jogadora do mundo em 2013 e indicada em 2023, ela foi campeã da Liga Italiana Feminina de Futsal, da Taça de Itália, do Torneio Internacional de Xanxerê de Futsal Feminino e do Mundialito de Futsal Feminino, além de ser pentacampeã da Copa América.

Ana Luiza – Torreblanca (ESP): Em 2019, ela conquistou tanto a Copa América quanto o Grand Prix e, em 2018, venceu o Sul-Americano Sub-20. Foi, também, um dos destaques do Brasil no vice-campeonato do Mundial Universitário.

Natalinha – Taboão Magnus (BRA): Entre as 10 melhores jogadoras do mundo em 2022, ela foi campeã da Supercopa, da Copa Libertadores, do Torneio Internacional de Xanxerê e da Copa do Brasil. Na final da Copa América, marcou dois dos três gols do Brasil.

Com a conquista, a seleção brasileira de futsal feminino chegou ao seu oitavo título da Copa América, ampliando sua hegemonia na competição. As conquistas anteriores foram em 2005, 2007, 2009, 2011, 2017, 2019 e 2023. A única edição não vencida pelo Brasil foi em 2015, quando a Colômbia levou seu primeiro título. Na ocasião, a seleção brasileira não participou do torneio.

Agora, a equipe direciona seu foco para o Mundial da FIFA, onde almeja somar mais um título à sua trajetória vitoriosa no futsal feminino.

Exibição de documentário retoma a história do futebol feminino no Brasil

Exibição de documentário retoma a história do futebol feminino no Brasil

‘As Primeiras’ acompanha as mulheres que ousaram jogar futebol quando ainda era proibido.

Por: Mariana Martins

   Reprodução: Olé Produções

Cartaz oficial do filme

 

O filme dirigido por Adriana Yañez refaz o caminho da modalidade no país, quando o Esporte Clube Radar -time do Rio de Janeiro- desafiou a legislação ao criar o primeiro elenco só com mulheres, que ficaram marcadas por darem condições para o crescimento da modalidade no país. Porque, entre os anos de 1941 e 1979, o futebol feminino era proibido pelo Decreto-lei 3199\Art.54, promulgado pelo presidente Getúlio Vargas, e considerava a prática de determinados desportos “incompatíveis com as condições de sua natureza”. 

Reprodução: Olé Produções

Primeira seleção feminina de futebol.

 

A primeira convocação para seleção feminina pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)  foi em 1988, quando a  Fifa promoveu o Torneio Experimental da China, campeonato que tinha como objetivo testar a viabilidade de realizar uma Copa do Mundo Feminina. A equipe brasileira foi formada por todas as atletas do time Radar, que passaram a representar a camisa da nação que já havia conquistado três títulos mundiais no futebol masculino.

No documentário, as ex-jogadoras Elane dos Santos Rego, Leda Maria Cozer Abreu, Maria Lucia da Silva Lima (Fia), Mariliza Martins da Silva (Pelé), Marisa Pires Nogueira, Roseli de Belo e Rosilane Camargo Motta (Fanta) se reúnem para relembrar o passado e as experiências proporcionadas pelo pioneirismo no futebol feminino, relatando o preconceito e o descaso da CBF com a prática esportiva, uma vez que elas não tinham nem mesmo uniformes próprios: as roupas que elas usavam durante as partidas oficiais eram emprestadas da equipe masculina. 

 

Reprodução: Brasil de Fato

As pioneiras se reúnem para o documentário.

 

Além disso, o filme também mostra como estão as vidas das mulheres que representaram o Brasil internacionalmente. Hoje, muitas delas possuem trabalhos informais, como ambulante, motorista de Uber, churrasqueira, pedreira e treinadora de futebol em projetos sociais.

As Primeiras terá exibições no Rio de Janeiro nos bairros de Copacabana, Flamengo, Cocotá, Madureira e Tijuca a partir de 4 de abril com entrada gratuita em diferentes unidades do Sesc.

Saúde mental no esporte: desafio que não pode ser ignorado

Saúde mental no esporte: desafio que não pode ser ignorado

Atletas brasileiros compartilham suas experiências e ressaltam a importância do cuidado com a saúde mental.

Nos dias de hoje, a importância de um acompanhamento adequado da saúde mental é cada vez mais valorizada nas carreiras dos atletas. Devido à pressão constante, à competição diária e à busca pela perfeição, é comum o surgimento de problemas como depressão, ansiedade, Síndrome de Burnout, distúrbios do sono, entre outros. Essas adversidades afetam não apenas o desempenho do atleta, mas também sua vida pessoal. Nesse contexto, alguns optam por dar uma pausa em suas carreiras para priorizar sua saúde mental.

Foto: Reprodução/Instagram

 

Tatiana Weston-Webb, a primeira brasileira medalhista do surfe feminino, anunciou em suas redes sociais que irá interromper temporariamente sua carreira para priorizar sua saúde mental quando percebeu sinais de desgastes emocionais e físicos. “A pausa não é o fim, mas um recomeço” declarou a surfista, logo após enfatizar a importância de debater as questões mentais de um atleta mesmo que, para alguns, ainda seja difícil discutir sobre o assunto.

 

Além de Tatiana Weston-Webb, o surfista Gabriel Medin tomou essa mesma decisão em 2022, após um ano de 2021 marcado por problemas pessoais e pela pressão externa e interna constante no esporte, que resultaram em um episódio de depressão no atleta. Após cinco meses de pausa e recebendo ajudas psicológicas, Medina retorna às águas ressaltando a importância de se dar atenção ao bem-estar mental e emocional dos esportistas, sendo um problema que não pode ser ignorado. 

 

No futebol, há o caso de Thiago Galhardo que pediu afastamento de suas obrigações com o Fortaleza após o atentado contra o ônibus do clube cearense. O jogador, mesmo com objeções, comunicou em suas redes que após o ocorrido passou a enfrentar crises de pânico e alertou os torcedores de que os atletas também possuem suas fragilidades.

 

No volêi, as histórias de Douglas Souza e Gabi Cândido são parecidas: ambos abdicaram da convocação da seleção brasileira para priorizar sua saúde mental. Douglas tomou essa decisão após ser diagnosticado com depressão.  A rotina incansável de treinos, o corpo dando sinais de desgastes e a falta de tempo dedicado à família são causas para a sentença do esportista.  Com Gabi Cândido não foi diferente; a atleta relatou que estar na seleção brasileira exige uma cobrança e pressão muito grandes que podem resultar em problemas mentais graves ao longo do tempo.

 

Com esses casos é possível observarmos que a cobrança excessiva, o descuido com a saúde mental, a sobrecarga pessoal e a rotina de treinamento estressante são motivos dos principais problemas dos atletas ao lidar com os impactos do esporte de alto nível.

 

Portanto, fazendo uma psicoeducação sobre saúde mental, criando um ambiente de suporte para os atletas, com acompanhamento profissional de psicólogos e criando um ambiente no qual os atletas se sintam seguros e à vontade para falar sobre todas as suas dificuldades, são medidas que ajudariam a prevenir os problemas de saúde mental no esporte.