Lula encerra Brics pedindo Sul Global mais forte e ONU mais representativa

Lula encerra Brics pedindo Sul Global mais forte e ONU mais representativa

Em entrevista coletiva, presidente destacou relevância de ação conjunta para conter mudança climática

Por Everton Victor e Leticia Santana

Presidente da República ao lado do ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, durante entrevista coletiva. Foto: Everton Victor

Com críticas à atuação da ONU, a defesa de organizações internacionais mais representativas e respostas às ameaças de Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço positivo do encontro do BRICS e o papel do grupo no mundo contemporâneo. Durante o segundo e último dia (6) da Cúpula do grupo, Lula destacou a importância da atuação conjunta das economias emergentes na construção de um mundo multipolar. O evento foi realizado nos dias 6 e 7 de junho, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. 

Na Declaração de Líderes assinada em consenso pelos 11 países-membros, os integrantes do BRICS apoiam uma mudança da estrutura de governança global.  Durante a entrevista, Lula criticou o papel que a ONU tem desempenhado na resolução de conflitos no mundo.  Para o presidente, adiar a reforma da ONU “torna o mundo mais perigoso”. A demanda por uma reestruturação de conselhos internacionais é antiga no BRICS. O principal argumento é que a mudança traria uma maior representatividade das nações emergentes em um mundo multipolar. “Não queremos mais um mundo tutelado”, disse Lula.

China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e integrantes do BRICS, defenderam um protagonismo maior das economias emergentes na ONU. Na Declaração, os dois países defendem um papel “mais relevante dessas nações [Brasil e Rússia] nas Nações Unidas, incluindo o Conselho de Segurança”. 

O Conselho de Segurança foi estabelecido em 1945, após a Segunda Guerra. Inicialmente com onze membros, hoje o grupo conta com 15 quinze – desses, 5 são permanentes.  Estes cinco (China, Estados Unidos, França, China e Reino Unidos) podem vetar qualquer resolução tomada pelo grupo. No conflito na Ucrânia, por exemplo, propostas relacionadas ao confronto foram vetadas por países como Estados Unidos e Rússia. 

A expansão de países no BRICS, um dos temas centrais desta Cúpula, o presidente  exaltou a liderança brasileira. “O Brasil realizou a mais importante reunião que o BRICS já fez, porque convidamos novas pessoas para que a gente os convença que o BRICS é um novo jeito de fazer o multilateralismo sobreviver no mundo”.

Um dos consensos da Declaração final do BRICS é o apoio dos 11 países membros à realização da Conferência do Clima, a COP30, no Brasil. Na carta, os  países emergentes endossaram o papel que o evento terá para impulsionar as metas climáticas, como as que estão presentes no Acordo de Paris. O evento acontecerá em novembro em Belém, no Pará. 

O presidente também respondeu às postagens de ameaças de taxação feitas por Trump. De acordo com Lula, não é responsável um presidente ameaçar o mundo através das redes. No dia 6 de junho, o presidente Donald Trump publicou em sua conta na rede social Truth Social, que “qualquer país que se alinha com as políticas antiamericanas do BRICS, terá uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções para essa política”. As ameaças foram repercutidas nas redes sociais e em jornais por todo o mundo. 

Um dia após este post, na mesma rede, Trump voltou a fazer postagens que se relacionavam com o Brasil, desta vez, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A postagem dizia que “o Brasil está fazendo um terrível trabalho no seu tratamento com o ex -presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho assistido, assim como todo o mundo, eles fazerem nada mais do que persegui-lo dia após dia, noite após noite, mês após mês e ano após ano. Ele não é culpado de nada exceto ter lutado pelo povo”. Lula preferiu não comentar a declaração do presidente dos Estados Unidos. 

Países do BRICS se comprometem a cumprir metas de saúde fixadas nos ODS

Países do BRICS se comprometem a cumprir metas de saúde fixadas nos ODS

Declaração reunindo os consensos da Cúpula dos países emergentes foi divulgada no primeiro dia de encontro (6)

Por Everton Victor

Cúpula de Líderes dos países BRICS. Isabela Castilho | BRICS Brasil

A Declaração de Líderes do BRICS, divulgada neste domingo, se compromete a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU (Organização das Nações Unidas) relacionados à saúde. O documento foi divulgado no primeiro dia de reunião da Cúpula de Líderes realizada entre os dias 6 e 7 no Museu de Arte Moderna do Rio, na Zona Sul da cidade. O documento também reforçou o compromisso com o desenvolvimento sustentável das nações BRICS. 

A carta reitera que as metas a serem previstas nos ODS devem ser alcançadas “garantindo que nenhum país seja deixado para trás”. Dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mais de dez se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. Os ODS representam metas sociais e econômicas a serem alcançadas até 2030 pelos 193 países integrantes da ONU. Mas essas metas estão longe de serem alcançadas, apontou o relatório da ONU em julho de 2024, e só 17% delas estão indo na direção correta. 

Segundo a ONU, os desafios da falta de investimentos e ações locais em escalas dificultam a concretização dessas metas. Água limpa e saneamento, combate às alterações climáticas, fome zero e redução das desigualdades são alguns dos temas dos ODS. Faltando 5 anos para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável, o BRICS reforçou o compromisso com os ODS como um caminho para o futuro do Sul Global. A Declaração das economias emergentes teve apoio dos 11 países membros do grupo: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Argélia.  

1° Dia da Cúpula de Líderes. Foto: Rafa Neddermeyer/BRICS Brasil/PR

O BRICS reforçou o apoio das nações emergentes ao papel da Organização Mundial da Saúde (OMS) como autoridade orientadora nas questões sobre Saúde global. A declaração final também enfatiza a necessidade de fortalecer a amplitude e os mecanismos de financiamento da OMS. A íntegra da Declaração de Líderes já está disponível no site oficial do agrupamento.

Declaração de líderes do BRICS condena guerras e cobra reforma da governança global

Declaração de líderes do BRICS condena guerras e cobra reforma da governança global

Documento foi divulgado ainda durante o primeiro dia da Cúpula (6)

Por Julia Lima e Eduarda Galdino

Representantes dos países-membros do BRICS. Foto: Paulo Mumia/BRICS Brasil

Condenação às guerras, reforma de organismos internacionais, combate à mudança do clima e cooperação entre os países-membros estão entre os principais pontos da Declaração de Líderes do Brics. O documento foi aprovado pelos integrantes do BRICS ainda no primeiro dia da cúpula de líderes, que acontece no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho.

O texto reitera em diferentes pontos a necessidade de que organizações como o Conselho de Segurança da ONU e o Fundo Monetário Internacional tenham maior representação de países fora do eixo Estados Unidos – Europa. Também condena ataque de Israel ao Irã – país integrante do Brics -, mas não faz críticas duras ao país judeu. Também poupa a Rússia – que também faz parte do BRICS – de palavras mais pesadas quanto à guerra na Ucrânia.

A seguir, acompanhe os pontos principais da declaração:

  • Condenação às guerras

O texto condena os ataques ao Irã e à Ucrânia, mas poupa críticas a Rússia e Israel. A declaração também expressou preocupação com a ocupação da Palestina, e afirmou que a solução passa integralmente pela criação do Estado Palestino em paralelo ao Estado de Israel, como previa a Resolução das Nações Unidas em 1967.

As nações expressaram preocupação com as recorrentes ameaças de uso de armas nucleares pelo mundo, ainda que o Irã esteja entre este grupo. Reiteraram também a necessidade da continuidade de programas de desarmamento, controle e não-proliferação de armas para que a paz seja mantida.

  • Inteligência Artificial

O BRICS afirma compreender a importância da Inteligência Artificial no desenvolvimento atual dos países, mas define que haja limites claros sobre propriedade intelectual. Os integrantes também defendem que desenvolvimento da tecnologia tenha como objetivo o bem da humanidade e que sejam mitigados possíveis riscos decorrentes de seu uso.

  • Crescimento econômico inclusivo e sustentável 

Ao aprofundar as cooperações internacionais na economia, comércio e finanças, os países do Brics se comprometeram a fortalecer as relações de comércio com o objetivo de promover um crescimento inclusivo e sustentável. Além disso, foi reforçado que as cooperações econômicas vão estar de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

  • Financiamento para transições energéticas

Os membros do Brics reconheceram a necessidade de preencher as lacunas de financiamento das transições energéticas. Para isso, definiram a alocação de investimento concessional adequado e de baixo custo dos países desenvolvidos para países em desenvolvimento, de forma que haja uma transição energética justa e inclusiva.

  • Governança global mais diversa e inclusiva

Os membros do Brics se comprometeram a reivindicar maior presença de países menos desenvolvidos e emergentes em posições decisórias globais, para que estas sejam mais conectadas com a realidade desses locais. Além disso, o BRICS defendeu a presença de mais mulheres em cargos de liderança dentro dos organismos internacionais  – especialmente de países da África, América Latina e Caribe.

A reforma do Conselho de Segurança da ONU foi apoiada pelos países. Para eles, é preciso que mais países emergentes estejam entre os 15 membros do Conselho – a fim de que a representatividade seja maior-, e também que haja igualdade de votos entre eles, ou seja, ninguém teria poder de vetar sozinho toda uma deliberação.

  • Compromisso em alcançar as metas no Acordo de Paris 

Os integrantes do BRICS assumiram também o compromisso de cumprir as metas do Acordo de Paris e os objetivos da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a mudança do clima (UNFCCC). Além de manterem seu compromisso com os acordos, os membros desejam ampliar as ações para o combate à crise climática e os mecanismos ligados à diminuição, adaptação e provisão de meios para implementar essas medidas em países em desenvolvimento. 

Os membros do BRICS também declararam apoio à presidência brasileira na COP30, que acontecerá em novembro deste ano no Pará. No documento foi reforçado o fato de a COP estar alinhada com todos os pilares da UNFCCC, considerando o compromisso que cada país estabeleceu nos acordos.

  • Tecnologias de Informação e Comunicação

Os países do BRICS enfatizaram o potencial das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) para diminuir as desigualdades digitais entre os países. Os chefes de estado citaram as Nações Unidas como organização responsável por estabelecer normas e princípios para o uso responsável das TICs no mundo.

  • Apoio ao NBD e expansão de seu número de membros

Os países reconheceram a importância do Novo Banco de Desenvolvimento como um instrumento de inovação e modernização dos países do Sul Global. Foi incentivada a ampliação no número de membros da organização, com o objetivo de aumentar a eficácia operacional e resiliência institucional do banco.

  • Exploração espacial

Os países reconheceram a importância de que pesquisas feitas no espaço tenham fins pacíficos e científicos. A militarização e uma nova corrida espacial foram condenados.

  • Financiamento climático 

O BRICS reforçou que garantir financiamentos climáticos justos para países emergentes é essencial para o combate às mudanças do clima. Além disso, reconheceram o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) – compensação econômica para países que preservarem florestas tropicais – como  um mecanismo inovador e eficiente para a conservação ambiental.

  • Combate ao preconceito

Os países reiteraram a necessidade de combater racismo, homofobia, xenofobia e intolerância religiosa, assim como a tendência atual de propagação destes conteúdos por meio de desinformação.

Reunião de banco do BRICS tem novas adesões e acenos por uma “reglobalização sustentável”

Reunião de banco do BRICS tem novas adesões e acenos por uma “reglobalização sustentável”

Novo Banco de Desenvolvimento celebra dez anos de existência e promete reforçar investimentos no Sul Global

Por Everton Victor e Julia Lima

Presidente do NDB, Dilma Rousseff, durante entrevista coletiva. Foto: Julia Lima.

O segundo e último dia da 10ª Reunião Anual do Novo Banco de Desenvolvimento foi marcada pela adesão de dois novos membros e apelos por reglobalização sustentável e um “FMI mais representativo”. Os acenos foram feitos por Dilma Rousseff, presidente do NDB, o banco dos BRICS, e por Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil. A reunião que marca os dez anos de fundação do banco acontece nos dias 04 e 05 de julho no Rio de Janeiro, às vésperas da Cúpula do BRICS, que também será realizada na cidade.

O Conselho de Governadores do NDB aprovou neste sábado a adesão de Colômbia e Uzbequistão à organização. Com a entrada dos dois países, o banco chega ao total de 11 membros; Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Argélia já fazem parte da organização.

A adesão de novos membros ao banco do BRICS acontece de forma paralela à entrada de países-membros do agrupamento de economias emergentes. Ou seja, nem todos que ingressam no NDB entram no BRICS.

Durante coletiva, Dilma Rousseff também reforçou as prioridades da organização: a adesão de novos membros, financiamento e captação em moedas locais e investimento em infraestrutura. Uma das estratégias do banco é  conceder 30% de financiamentos em moedas locais no período de 2022-2026. Para a presidente, estas ações consolidam o banco como “feito pelo Sul Global para o Sul Global”. 

 

Acenos de Haddad

1ª Reunião de Ministros das Finanças e Governadores de Bancos Centrais do Brics. Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda.

Durante discurso para os ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais dos países BRICS, o ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que está em negociação o documento intitulado “Visão do Rio de Janeiro para o FMI”. O foco seria um endosso conjunto dos representantes de economias do Sul Global para um Fundo Monetário Internacional (FMI) mais representativo. 

O documento inédito citado por Haddad faz parte das discussões dos países do Sul Global para obter mais representatividade em conselhos e foros internacionais. Na Cúpula do G20 no ano passado, que também teve o Brasil na presidência, as 19 maiores economias do mundo, União Europeia e União Africana aprovaram em consenso um documento que reivindica uma reforma na governança global em diferentes setores. 

No evento do G20, foi proposta a reforma do Conselho de Segurança e do secretariado da ONU, a fim de incluir mais mulheres e países da Ásia, África, América Latina e Caribe. Também foi sugerida a criação da 25º cadeira no Fundo Monetário Internacional,  para que haja representação da África Sub-Saariana. 

O ministro também citou a “reglobalização sustentável” em seu discurso. Segundo ele, o movimento seria uma nova globalização, baseada no desenvolvimento igualitário da humanidade em aspectos sociais, econômicos e ambientais. As propostas para isso seriam:

  • facilitar o comércio e o investimento entre os países do BRICS.
  • reforçar a coordenação sobre as reformas do sistema monetário e financeiro internacional
  • diálogo intra-BRICS sobre parcerias público-privadas, tributação e aduanas, com especial atenção à tributação de indivíduos de altíssima renda
  • Tropical Forest Forever Facility, um modelo de financiamento climático no qual países que tenham florestas tropicais e que atuem na sua preservação sejam recompensados financeiramente; o BRICS trabalharia em conjunto com a presidência brasileira para lançar essa proposta na COP30

A Cúpula do BRICS deve voltar a discutir questões relacionadas ao que foi apresentado na 10° Reunião do Novo Banco de Desenvolvimento. O encontro dos países membros do BRICS acontecerá nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, mas o Brasil seguirá na presidência do conjunto de países emergentes até 31 de dezembro de 2025.

Financiamento climático é o foco do Banco do BRICS

Financiamento climático é o foco do Banco do BRICS

Segundo Lula, banco já investiu US$ 40 bilhões em ações no setor

Por Everton Victor e Julia Lima

Sessão de abertura da 10ª Reunião Anual do Novo Banco de Desenvolvimento. Reprodução: Douglas Schineidr/Agência Brasil.

O financiamento climático foi o principal tema da abertura da 10ª Reunião Anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), realizada na sexta-feira, 4 de julho, no Rio de Janeiro. Os destaques foram as ações do banco para energia limpa, eficiência energética, proteção ambiental e abastecimento de água, que somam cerca de US$ 40 bilhões de dólares. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a iniciativa atual do banco de direcionar 40% dos financiamentos para iniciativas de desenvolvimento sustentável vai constar da declaração final do encontro do Brics, que acontece nos dias 6 e 7 de julho, também no Rio. 

O Novo Banco de Desenvolvimento é um banco multilateral, criado em 2015 pelos cinco países fundadores do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com o objetivo de financiar projetos e países emergentes. A atual presidente da organização, Dilma Rousseff (ex-presidente do Brasil), afirmou que o NDB deve estar na vanguarda dos investimentos para adaptação climática e transição energética, priorizando principalmente países mais afetados por eventos climáticos extremos. Lula enfatizou a rápida liberação de verbas após a tragédia no Rio Grande do Sul, ocorrida em 2024.

De acordo com a Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), financiamento climático é todo investimento – público ou privado, nacional ou internacional, uni, bi ou multilateral – que tenha como objetivo apoiar ações que busquem a mitigação e a adaptação à mudança do clima.

No Brasil, o Banco de Desenvolvimento do BRICS, através de seu Conselho de Administração, já aprovou 29 projetos, totalizando um investimento de 6,4 bilhões de dólares. Um dos mais recentes é o Projeto de Desenvolvimento Sanitário no Pará (Pará Sanitation Development Project), com um financiamento de 50 milhões de dólares, aprovado pelo NBD em março deste ano. Dentre as propostas está um avanço na qualidade do saneamento básico com impacto na capital paraense, Belém, que sediará a Conferência do Clima da ONU em novembro, e mais sete municípios. 

O banco arrecada recursos tanto com seus membros quanto em outros mercados internacionais. Uma das fontes de recursos é a emissão de títulos em moedas locais – alinhada à estratégia de diversificar outras formas de transações além do dólar. O ciclo estratégico da instituição para o período 2022-2026 prevê uma meta de investimento de 30 bilhões de dólares.

A instituição é formada por 10 membros: além dos 5 fundadores, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito, Argélia e, mais recentemente, Uruguai, que está em processo de adesão. A ampliação do número de países-membros deve continuar ao menos até 2026. A ideia é expandir a influência e relevância da instituição no globo e consolidar como ferramenta de cooperação entre os países emergentes e em desenvolvimento.

Pesquisadores do Brasil e China discutem cooperação e limites éticos para uso de IA

Pesquisadores do Brasil e China discutem cooperação e limites éticos para uso de IA

Evento realizado na PUC-Rio reafirmou a relação entre as duas nações e a união dos países emergentes nos avanços tecnológicos

Por Everton Victor

Encontro de Pesquisadores Brasil-China no BRICS Policy Center. Foto: Eduarda Galdino

Pesquisadores do Brasil e da China defenderam uma maior aproximação no campo científico entre as duas nações e ampliação da discussão sobre Inteligência Artificial. O encontro intitulado Diálogo Brasil-China aconteceu na última quinta (3) no BRICS Policy Center, think thank da PUC-Rio com enfoque no estudo de economias emergentes, em parceria com o Beijing Club for International Dialogue.

Segundo os pesquisadores, a Inteligência Artificial não está restrita às mudanças no meio digital. Seja em soluções inteligentes na agricultura, seja para interpretar grandes volumes de dados em empresas, identificar padrões e ser uma aliada nas pesquisas científicas, o uso da IA se torna cada vez mais importante e estratégico para as nações. Nas redes, por exemplo, a criação de chatbots – processadores de conversação com seres humanos – e modelos de IA Generativa – que podem criar imagens – vem se popularizando. Como calibrar esses avanços com padrões éticos é a pergunta que diferentes nações já fazem.

Em fóruns como o G7 (grupo das sete maiores economias do mundo), o G20 (que reúne as 19 maiores economias) e conferências da ONU, estão sendo discutidas formas de garantir a incorporação da IA de forma ética. O tema não é recente, mas tem intensificado a discussão sobre garantir uma governança da inteligência artificial.  No encontro do BRICS, que acontece nos dias 6 e 7 de julho no Rio, o tema da IA também está em discussão.

No debate na PUC, os pesquisadores ressaltaram a importância de o Sul Global avançar o quanto antes neste tema para não ficar para trás. Para a professora Maria Helena Rodríguez, presente no evento, esse avanço deve endereçar os benefícios da Inteligência Artificial, como um facilitador no cotidiano das pessoas. 

A governança da Inteligência Artificial nada mais é do que a estruturação de políticas e mecanismos que garantam o desenvolvimento ético e responsável. Apesar de consensos sobre a necessidade de regulamentar a IA, a forma como iso será feito ainda é um ponto de discussão. A necessidade de cooperação, endossada no encontro de pesquisadores, reforça uma união no campo tecnológico que seja adaptada aos países  – para reduzir as discriminações provenientes de modelos de IA e fortalecer a diversidade cultural também neste desenvolvimento.

Brics Policy Center na PUC-Rio. Foto: Eduarda Galdino

Zhao Hai, diretor do Programa de Política Internacional do Instituto Nacional de Estratégia Global Academia Chinesa, endossou a atuação em conjunto nos temas da IA, e disse que a cooperação neste setor é crucial entre países do Sul Global. A possibilidade de criação de centros de treinamentos em conjunto – uma espécie de hub de talentos para compartilhar as melhores práticas dos países no campo da tecnologia – também foi um dos debates citados no encontro Brasil-China. 

A ideia é desenvolver modelos de IA que reflitam parâmetros de todo o globo. No encontro no BRICS Policy Center, os pesquisadores reforçaram a importância de avançar nas discussões sobre o tema envolvendo países emergentes. O BRICS conta com 11 países-membros – Brasil, África do Sul, Árabia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia, além de países parceiros e convidados

‘O Fluminense orgulha todos os verdadeiros tricolores’

‘O Fluminense orgulha todos os verdadeiros tricolores’

Torcedores de Fluminense, Botafogo e Flamengo aprovam novo formato de competição e participação de seus clubes. 

Por: Mariana Martins

Reprodução: Instagram (@fluminensefc)

Troféu do Mundial de Clubes FIFA na cidade do Rio de Janeiro

Com as eliminações de Flamengo e Botafogo nas oitavas de final, Fluminense e Palmeiras seguem representando o Brasil na Copa do Mundo de Clubes FIFA e disputam as quartas de final na sexta-feira (4 de julho). Se tricolores e palmeirenses comemoram seguirem na competição, alvinegros e rubo-negros estão orgulhosos das campanhas de seus times. 

Pedro Mafra, músico e torcedor do Fluminense, acredita que o torneio está sendo muito positivo: “O Mundial está oferecendo uma oportunidade maravilhosa para os clubes ‘menores’, especialmente se considerarmos o crescimento econômico e esportivo dominante do futebol europeu desde a década de 90. Ver os clubes brasileiros mostrando seu potencial é emocionante. É muito significativo vê-los ganhando destaque, com seus nomes sob os holofotes do mundo. Está sendo importante para mostrar que o mais importante do futebol é o show de ambos os times.” 

Mafra está acompanhando o time que venceu o Inter de Milão nas oitavas de final do Mundial de Clubes, e relembra como foi a conquista da Libertadores, título que garantiu a vaga para o torneio que acontece nos Estados Unidos: “Quando o Fluminense conquistou a Libertadores, o clube foi elevado a outro nível. Uma sensação fora do comum. É importante ressaltar que, mesmo sendo tricolor com muito amor, em diversos momentos surgiram dúvidas, ansiedade e muita angústia. Mas Fluminense sem altos e baixos não é Fluminense.”

O torcedor tricolor considera a vitória contra a Inter de extrema importância para o futebol brasileiro, e sente muito orgulho do clube: “O sentimento, até então, é de vitória. O Fluminense orgulha todos os verdadeiros tricolores.” O Fluminense ainda vai disputar as quartas de final contra o Al-Hilal, mas Mafra já sente muito orgulho do time: “Independentemente dos próximos resultados, com certeza voltamos pra casa, se não com o título, com muito orgulho dessa linda campanha. O Fluminense é mais que um sentimento. É muito amor.” 

A Copa do Mundo de Clubes da FIFA já existe desde 2000, unindo os melhores clubes de futebol  de cada continente para escreverem seu nome na história. Em junho de 2025, no entanto, um novo formato de competição empolgou os torcedores de todo o globo ao reunir, pela primeira vez, 32 dos melhores clubes do de várias partes do mundo em formato que lembra a Copa do Mundo FIFA. Os times que se classificaram para participar desse campeonato inédito, movimentam os apoiadores que foram acompanhar os clubes de perto, ou de longe. 

Leticia Bomfim é estudante de Comunicação Social na Universidade Federal de Viçosa e torcedora do Botafogo. Mesmo com a eliminação nas oitavas de final contra o Palmeiras, Bomfim acredita ter sorte: “Quando eu nasci meu pai não tinha visto o Botafogo ser campeão, então tudo que o Botafogo está participando atualmente, estar no Mundial, a vitória contra o PSG, eu vejo como algo extraordinário. Eu estou tendo a sorte de ver o meu time vencer competições, de estar em lugares que há quatro anos era impensável. Que sorte, não ganhamos mas a gente conseguiu estar lá. É algo incrível como torcedor ver isso.”

Amanda Souza, estudante de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e torcedora do Flamengo, está achando esse novo formato incrível e muito interessante: “É divertido acompanhar clubes do mundo inteiro se enfrentando nesse clima de Copa. Dificilmente perco algum jogo.” Quanto à campanha do Flamengo, Souza avalia como uma campanha muito boa: “Encarou adversários fortes, representou bem o Brasil e mostrou a força do elenco. Claro que sempre sonhamos com o título, mas é preciso reconhecer o esforço e a qualidade do time em campo. Faltou pouco para ir ainda mais longe.” Mesmo com a eliminação nas oitavas de final contra o Bayern de Munique, a torcedora rubro-negra sente orgulho do time: “Ver o Flamengo disputando uma competição mundial e enfrentando outros gigantes do futebol só reforça o tamanho do clube.”

Além dos três times cariocas, o Palmeiras é o quarto representante do Brasil  no Mundial de Clubes. Ao vencer o Botafogo, avançou para as quartas de final e vai jogar contra o Chelsea, time que perdeu para o Flamengo na fase de grupos. Caso os dois times brasileiros que ainda estão na competição vençam seus respectivos jogos, é garantia de que um time brasileiro estará na final do campeonato. 

Quer ser voluntário da COP30?

Quer ser voluntário da COP30?

Edital oferece novas vagas para quem quiser ajudar na realização da Conferência do Clima,  que será realizada em em novembro deste ano em Belém 

Por: Maria Luísa Moura

 

Belém (PA), 06/06/2025 – Rio Guamá e a cidade de Belém ao fundo. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) liberou dia 26/06 o segundo edital para selecionar interessados no programa de voluntariado do evento. As inscrições começaram dia 1° de julho e terminam dia 11 do mesmo mês. 

Os voluntários selecionados serão responsáveis pela recepção dos convidados, pelo auxílio no credenciamento, pelo suporte logístico, dentre outras atribuições gerais. Os selecionados no primeiro edital já estão em fase  de capacitação. Ao todo, serão escolhidos 3.946 voluntários.

 Eles não recebem pagamento, mas terão alguns benefícios:

  • Alimentação e espaço próprio para se alimentar;
  • Livre circulação em transporte coletivo ou próprio do evento;
  • Uniforme completo e acessórios de identificação da Conferência;
  • Seguro de vida, ao serem contratados pela SECTET (Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Pará) .

Veja os pré-requisitos para quem quiser se candidatar:

  • Residir na região metropolitana de Belém (PA);
  • Boa comunicação, habilidade para trabalhar em equipe, proatividade, organização e capacidade de resolver problemas;
  • Experiência prévia em atendimento público ou organização de eventos;
  • Conhecimento da língua inglesa, com comprovação de teste de proficiência;
  • Disponibilidade para atuar nos horários específicos da COP 30;
  • Ter, no mínimo, 16 anos (menores de idade precisam ser formalmente autorizados a participar através de um Termo de Adesão assinado pelos responsáveis legais);
  • Nível de escolaridade: ao menos Ensino Médio completo ou em andamento.

Além desses requisitos, o candidato deverá passar por duas etapas antes de ser escolhido: o recrutamento e a seleção. A primeira parte envolve uma análise de currículo e das conexões dos candidatos com temas e das atividades abordados à COP 30, como mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, a ONU, a Conferência das Partes para a Mudança do Clima e turismo. Em seguida, os voluntários em melhor classificação passam pelo cadastro de checagem do governo federal e, caso sejam aprovados, são contratados e direcionados de acordo ao seu perfil de atuação. 

Segundo o edital, 400 vagas estão reservadas a candidatos de 16 e 17 anos, sempre para atuação no período diurno; 5% das vagas irão para pessoas com deficiência e 20% para integrantes de povos originários.

As inscrições são feitas apenas pelo link da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Pará: www.sectet.pa.gov.br. O candidato deverá preparar os seguintes documentos:

  • RG;
  • CPF;
  • Comprovante de residência;
  • Título de Eleitor e declaração de quitação da Justiça Eleitoral;
  • Certificado de reservista ou Dispensa de Incorporação, para candidatos do sexo masculino;
  • Documento(s) de comprovação de escolaridade:
  1. Nível Médio: Certificado ou comprovante de matrícula;
  2. Graduação em andamento: comprovante de matrícula válido;
  3. Graduação: Diploma.
  • Currículo Lattes/Vitae do candidato;
  • Certidão Negativa de Antecedentes Criminais.

Para mais informações, acesse o edital do Processo Seletivo: https://www.sectet.pa.gov.br/sites/default/files/EDITAL%20COMPLEMENTAR%20N%C2%B0%20007.2025_SELE%C3%87%C3%83O%20DE%20VOLUNT%C3%81RIOS%20PARA%20ATUAR%20NA%20COP30_26.06.2025%20%281%29_0.pdf 

 
 
 

 

 
 
 
 

Quando o transporte vira barreira: a mobilidade urbana e o cotidiano dos  alunos da Uerj

Quando o transporte vira barreira: a mobilidade urbana e o cotidiano dos alunos da Uerj

Segundo especialista, os problemas recorrentes no transporte público afetam diferentes aspectos da vida acadêmica e pessoal dos estudantes

Por: Maria Clara Jardim

Vagão de trem lotado (Foto: Oleg Sergeichik / Unsplash)

Apesar do constante aumento das tarifas dos meios de transporte,  a elevação do preço das passagens não causa alteração na qualidade do serviço prestado ao cidadão do estado do Rio de Janeiro. O cenário se mantém o mesmo: a baixa circulação de linhas de trens e ônibus que são frequentemente utilizadas gera superlotação e demonstra o quanto o transporte instável necessita de melhorias em sua gestão. Para parte dos estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a dificuldade para chegar ao campus é evidente e afeta diretamente o desempenho acadêmico, a saúde mental e até a permanência no ambiente universitário.

De acordo com especialistas, os desafios vividos pelos jovens estudantes dentro dos transportes públicos podem ocasionar diversas consequências negativas no ambiente acadêmico, como faltas por atrasos, dificuldade de concentração, acúmulo de trabalhos, excesso de sono e, por vezes, até a desistência de disciplinas. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, realizada em 2019, moradores do Rio de Janeiro gastam, em média, 7,4 horas por semana em deslocamentos entre casa e trabalho — dado que, embora não trate exclusivamente do acesso ao ensino superior, evidencia a precariedade da mobilidade urbana na região. Essa realidade impacta também os estudantes, que enfrentam longas jornadas até o campus e têm sua rotina acadêmica diretamente afetada.

 

Além de comprometer a performance acadêmica, a rotina de deslocamentos longos e instáveis também pode afetar a saúde de quem frequenta a universidade. A vice diretora do Instituto de Psicologia da Uerj, Laura Quadros, afirma: “Os impactos são relevantes e configuram uma situação de estresse prolongado com danos à saúde como um todo, visto que tais impactos atuam no organismo desdobrando-se em cansaço, dores musculares, irritação e insegurança”. Ela destaca também que os reflexos do desgaste provocado pelo transporte público são imediatos e afetam a concentração, agilidade cognitiva e emoções.

 

Aprender é um processo que integra mente, corpo, emoções, nutrição, ou seja, não depende exclusivamente da disponibilidade subjetiva, mas também de um corpo que experimente boas condições de deslocamento e organização social”, explica Quadros. A percepção da professora se confirma nos relatos de estudantes da Uerj, que enfrentam diariamente os efeitos da mobilidade urbana.

A estudante de jornalismo e moradora de Realengo, Lívia Martinho, utiliza o trem diariamente para se locomover até a Uerj e descreve sua rotina: “A experiência com o trem é extremamente negativa, o serviço é péssimo e marcado por inúmeros problemas. A superlotação é uma constante, os atrasos são frequentes e os veículos geralmente estão em más condições […] No trajeto até a universidade, enfrento diversas dificuldades que tornam o deslocamento cansativo e desgastante. O tempo excessivo gasto para chegar ao destino é um dos principais incômodos, agravado pela impossibilidade de sentar devido à lotação dos veículos. É comum fazer todo o percurso em pé, em um ambiente apertado e desconfortável. Os atrasos constantes  comprometem a pontualidade e a qualidade”, relata a estudante.

 

A baixa qualidade do serviço não afeta somente os usuários dos trens. A universitária e moradora de Bonsucesso, Vitória Perez, que utiliza diariamente a linha de ônibus para chegar à Uerj, relata uma experiência desgastante. “Terrível”, resume, ao avaliar o serviço. Entre as principais dificuldades, ela destaca a demora no trajeto, agravada pela irregularidade da frequência da linha. “Às vezes demora mais de 40 minutos para passar, principalmente para ir à Uerj, por isso está sempre lotado”, afirma. A superlotação e a imprevisibilidade no tempo de espera tornam a rotina ainda mais exaustiva.

 

Os dois relatos comprovam o quanto a rotina de deslocamento afeta o cotidiano acadêmico dos estudantes. Tanto Vitória Perez quanto Lívia Martinho relatam a necessidade de acordar mais cedo e chegar em casa muito tarde, o que reduz o tempo de descanso, lazer e realização de atividades da faculdade.

 

A realidade enfrentada pelos alunos revela um problema estrutural, que atravessa dimensões políticas, sociais e institucionais. Para a professora Laura Quadros, pensar alternativas como residências universitárias e formas de hospedagem estudantil é um passo possível dentro de políticas de permanência. Apesar dos limites orçamentários, ela defende que o engajamento coletivo é um caminho essencial para transformar o cotidiano de quem luta, todos os dias, apenas para chegar.

 

 

 

Do século XX ao Mundial de 2025: o protagonismo brasileiro contra clubes europeus

Do século XX ao Mundial de 2025: o protagonismo brasileiro contra clubes europeus

Flamengo, Fluminense, Botafogo e Palmeiras, representantes do Brasil na Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025, possuem uma história rica de embates contra times estrangeiros.

 

Por: Amanda Souza

Reprodução: Site/Pexels

Os bons resultados dos clubes brasileiros na Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025 não surpreendem quem conhece a história do futebol nacional. Entre as décadas de 1920 e 1998 — ano da promulgação da Lei Pelé, que acabou com o passe dos jogadores de futebol e, na prática, transferiu os direitos sobre os atletas para os empresários —, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Palmeiras protagonizaram confrontos marcantes contra times europeus, com vitórias expressivas e títulos que reforçaram o protagonismo do Brasil no cenário internacional.

Até 1998, o Flamengo disputou cerca de 218 partidas contra clubes europeus, com 108 vitórias, 46 empates, 64 derrotas e 442 gols marcados — um aproveitamento de 56,8%. O jogo mais importante dessa trajetória ocorreu em 1981, quando o rubro-negro superou o Liverpool por 3 a 0 na final da Copa Intercontinental, no Japão, e conquistou seu primeiro título mundial. Entre outros destaques, estão a goleada por 7 a 0 sobre a Real Sociedad, em 1990, e a vitória por 3 a 0 sobre o Real Madrid, em 1997 — ambos amistosos realizados também em território japonês.

O Fluminense disputou 143 partidas, com 84 vitórias, 30 empates e 29 derrotas — um aproveitamento de 65,7%. Um dos jogos mais notáveis ocorreu em 1976, com a vitória por 1 a 0 sobre o Bayern de Munique, no Maracanã. Em 1987, o clube conquistou o Torneio de Paris ao superar Paris Saint-Germain e Bordeaux sem sofrer gols.

Outro clube carioca que deixou sua marca contra adversários europeus foi o Botafogo. O alvinegro disputou 164 confrontos até 1998, com 82 vitórias, 38 empates, 44 derrotas e 327 gols marcados — um aproveitamento de 57,7%. Entre os resultados mais relevantes estão os 2 a 0 sobre o Barcelona, em 1956, e os 6 a 4 contra o Atlético de Madrid, em 1959. Já na década de 1990, venceu a Juventus  — campeão europeu e mundial naquele ano — nos pênaltis após empate em 4 a 4 e conquistou o Troféu Teresa Herrera, em 1996. No mesmo ano, venceu o Borussia Mönchengladbach por 5 a 0 e levantou o Troféu de Berna.

O Palmeiras, por sua vez, realizou 103 partidas até 1998, com 56 vitórias, 25 empates e 22 derrotas, além de 188 gols marcados e 127 sofridos — um aproveitamento de 62,5%. O principal destaque do período foi a conquista da Copa Rio de 1951, ao derrotar a Juventus de Turim na decisão. Mais de 40 anos depois, o Alviverde goleou o Borussia Dortmund por 6 a 1 na Copa Euro-América de 1996, torneio amistoso entre campeões continentais.