Qual foi o início da história do basquete no Brasil?

Qual foi o início da história do basquete no Brasil?

Por: Livia Bronzato 

A história do basquete no país foi iniciada com a chegada de Augusto Farnham Shaw, em 1896. O nova-iorquino, formado bacharel em Artes pela Universidade de Yale, havia sido convidado para lecionar na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. 

Foto: Memórias Ufla

Augusto Shaw

Na mudança, junto aos seus pertences, Shaw trouxe a conhecida bola laranja. Inicialmente, ele jogava basquete de forma improvisada com alguns alunos do Mackenzie no pátio da universidade durante o tempo livre.

Foto: Comitê Olímpico do Brasil

Bola e cesta de basquetebol da época

Em um primeiro momento, foram as garotas que se apaixonaram pelo esporte, enquanto os homens não tiveram atração pelo novo esporte porque já tinham preferência pelo futebol. Entretanto, Shaw não desistiu de espalhar o gosto pelo basquete entre seus alunos e insistia em que o esporte era feito para ambos os gêneros.

Com a insistência, parte dos rapazes começaram a se interessar também, o que incentivou a criação da primeira equipe organizada brasileira de basquete: a Associação Atlética Mackenzie College.

Aos poucos, o esporte se tornou mais conhecido e, em 1912, ocorreu o primeiro torneio brasileiro, no Rio de Janeiro. Augusto Shaw viveu no país até 1914, sendo possível acompanhar a popularização iniciada por ele.

Já em 1922, a primeira seleção brasileira de basquetebol foi convocada, tornando-se campeã dos Jogos Latino-Americanos. Com o tempo, o esporte foi crescendo cada vez mais no país. A primeira medalha olímpica da equipe masculina foi uma de bronze conquistada nas Olimpíadas de Londres, em 1948. Após essa medalha, mais dois bronzes foram alcançados pelos homens, em 1960 e 1964, e duas medalhas pelas mulheres, uma prata em 1996  e um bronze em 2000.

Foto: Arquivo/Confederação Brasileira de Basquete

Equipe brasileira que conquistou o bronze nas Olimpíadas de Londres, em 48

Saúde mental no esporte: desafio que não pode ser ignorado

Saúde mental no esporte: desafio que não pode ser ignorado

Atletas brasileiros compartilham suas experiências e ressaltam a importância do cuidado com a saúde mental.

Nos dias de hoje, a importância de um acompanhamento adequado da saúde mental é cada vez mais valorizada nas carreiras dos atletas. Devido à pressão constante, à competição diária e à busca pela perfeição, é comum o surgimento de problemas como depressão, ansiedade, Síndrome de Burnout, distúrbios do sono, entre outros. Essas adversidades afetam não apenas o desempenho do atleta, mas também sua vida pessoal. Nesse contexto, alguns optam por dar uma pausa em suas carreiras para priorizar sua saúde mental.

Foto: Reprodução/Instagram

 

Tatiana Weston-Webb, a primeira brasileira medalhista do surfe feminino, anunciou em suas redes sociais que irá interromper temporariamente sua carreira para priorizar sua saúde mental quando percebeu sinais de desgastes emocionais e físicos. “A pausa não é o fim, mas um recomeço” declarou a surfista, logo após enfatizar a importância de debater as questões mentais de um atleta mesmo que, para alguns, ainda seja difícil discutir sobre o assunto.

 

Além de Tatiana Weston-Webb, o surfista Gabriel Medin tomou essa mesma decisão em 2022, após um ano de 2021 marcado por problemas pessoais e pela pressão externa e interna constante no esporte, que resultaram em um episódio de depressão no atleta. Após cinco meses de pausa e recebendo ajudas psicológicas, Medina retorna às águas ressaltando a importância de se dar atenção ao bem-estar mental e emocional dos esportistas, sendo um problema que não pode ser ignorado. 

 

No futebol, há o caso de Thiago Galhardo que pediu afastamento de suas obrigações com o Fortaleza após o atentado contra o ônibus do clube cearense. O jogador, mesmo com objeções, comunicou em suas redes que após o ocorrido passou a enfrentar crises de pânico e alertou os torcedores de que os atletas também possuem suas fragilidades.

 

No volêi, as histórias de Douglas Souza e Gabi Cândido são parecidas: ambos abdicaram da convocação da seleção brasileira para priorizar sua saúde mental. Douglas tomou essa decisão após ser diagnosticado com depressão.  A rotina incansável de treinos, o corpo dando sinais de desgastes e a falta de tempo dedicado à família são causas para a sentença do esportista.  Com Gabi Cândido não foi diferente; a atleta relatou que estar na seleção brasileira exige uma cobrança e pressão muito grandes que podem resultar em problemas mentais graves ao longo do tempo.

 

Com esses casos é possível observarmos que a cobrança excessiva, o descuido com a saúde mental, a sobrecarga pessoal e a rotina de treinamento estressante são motivos dos principais problemas dos atletas ao lidar com os impactos do esporte de alto nível.

 

Portanto, fazendo uma psicoeducação sobre saúde mental, criando um ambiente de suporte para os atletas, com acompanhamento profissional de psicólogos e criando um ambiente no qual os atletas se sintam seguros e à vontade para falar sobre todas as suas dificuldades, são medidas que ajudariam a prevenir os problemas de saúde mental no esporte.

Brasileiros conquistam o ouro no Pan-Americano de Tênis de Mesa 2024

Brasileiros conquistam o ouro no Pan-Americano de Tênis de Mesa 2024

Brasil lidera quadro de medalhas com 3 ouros, 3 pratas e 4 bronzes na edição de El Salvador, realizado nos dias 13 a 20 de outubro.

Por: Livia Bronzato

Hugo Calderano se consagra pentacampeão

O mesatenista levou a melhor em todas as vezes que disputou individualmente nessa competição, em 2017, 2021, 2022, 2023 e, agora, 2024.
Calderano, mantendo seu legado, conquistou o título individual ao derrotar Vitor Ishiy por 4 sets a 0. Com isso, Ishiy, que também é atleta do Brasil, levou a medalha de prata. Já o bronze foi compartilhado entre o brasileiro Leonardo Iizuka e o argentino Horacio Cifuentes.

 

Foto: Reprodução/ITTF Americas

Da esquerda para a direita,Ishiy, Calderano, Iizuka e Cifuentes no pódio do evento.

 

Em outros campeonatos o atleta também possui bons resultados. Nos Jogos Pan-Americanos, Calderano está invicto nas edições em que competiu. Ele venceu em Toronto 2015, Lima 2019 e Santiago 2023. Sendo o único tricampeão masculino na chave de simples. Já nas Olimpíadas de Paris 2024, ele fez história ao ser o primeiro mesatenista de fora da Europa e da Ásia a alcançar as semifinais do individual.

 

Dobradinha brasileira nas duplas mistas

 

A final foi totalmente brasileira e dividida entre duas irmãs. Nas duplas mistas, Giulia Takahashi e Guilherme Teodoro venceram Bruna Takahashi e Hugo Calderano. A partida foi equilibrada, cada casal venceu dois sets e, por isso, a final teve que ser decidida no tie-break, que terminou com a glória de Giulia e Guilherme por 11 a 6. Essa foi a primeira vez que a dupla conquistou um título pan-americano e a quarta do Brasil nessa modalidade.

 

Foto: Reprodução/ITTF Americas

Giulia e Guilherme vencedores da modalidade duplas mistas.

 

Primeiro ouro do Brasil nas duplas femininas

 

Giulia Takahashi levou o ouro mais uma vez. Nessa categoria, Giulia e sua dupla Laura Watanabe venceram a final contra as chilenas Daniela Ortega e Paulina Vega em 3 sets a 0 (13/11, 11/9 e 11/6). É a única vez na história que o Brasil leva o título nas duplas femininas.

 

Foto: Reprodução/ITTF Americas

 

Bruna Takahashi leva a prata no individual

 

Takahashi enfrentou, na final, Adriana Diaz, atleta porto-riquenha que levou o ouro. A disputa foi acirrada, em 4 sets a 2, com parciais de 11/8, 11/5, 10/12, 11/2, 13/15 e 12/10.

Bruna terminou com a medalha de prata. É a quarta vez que a brasileira conquista o segundo lugar nos Pan-Americanos de Tênis de Mesa.

Na mesma categoria, Giulia, irmã de Bruna, ficou em terceiro lugar.

 

Bronze para Vitor Ishiy e Guilherme Teodoro

 

A dupla masculina do Brasil garantiu o bronze. No confronto da semifinal, os brasileiros infelizmente foram derrotados pelos argentinos Santiago Lorenzo e Horacio Cifuentes.

 

Equipe feminina fica em terceiro lugar

 

O trio composto por Vitória Strassburguer, Laura Watanabe e Giulia Takahashi levou o bronze ao perder a semifinal para a equipe feminina cubana por 3 sets a 1.

Desempenho e juventude são sinônimos?

Desempenho e juventude são sinônimos?

Aos 57 anos, Tania Zeng, a ‘tia Tania’, é classificada para Paris 2024 e, com ela, o questionamento: existe uma idade limite para a prática de esportes?

Por: Letícia Ribeiro

De origem chinesa, Zhiying Zeng, aos 57 anos, representará o Chile no tênis de mesa nos Jogos Olímpicos, em Paris. Após a notícia, ela deixou um recado para todas as gerações: nunca é tarde para nada – você só precisa começar. Nesse ínterim, levantou-se um debate que, nos últimos anos, tem ganhado notabilidade no mundo esportivo: desempenho e juventude são, necessariamente, sinônimos?

Culturalmente, o esporte tende a exaltar o desempenho, atrelando-o à juventude, enquanto classifica os atletas mais velhos como superados. Não só nos esportes, como no cotidiano, profissionais com mais idade carregam estereótipos negativos relacionados ao envelhecimento, principalmente nas questões de aprendizado e produtividade.

No âmbito esportivo, a idade é como uma linha de chegada em movimento, afastando-se à medida que nos aproximamos dela. Individualmente, o cenário é ainda mais duro com os atletas, a exemplo da ex-ginasta Daiane dos Santos, que sofrera com inúmeras críticas ao ingressar na modalidade com onze anos, uma idade que – para o mundo dos esportes – é considerada tardia.

Tal julgamento não se limita apenas às modalidades mais “físicas”: Fernando Alonso, piloto espanhol de Fórmula I, na época com 40 anos, disse em entrevistas que era alvo de sucessivos questionamentos sobre sua idade, e que achava irrelevante isso ser um tema dentro do esporte.

Apesar das atividades individuais serem o maior alvo das questões etárias, em esportes coletivos, como o futebol, há uma gama de reclamações sobre a capacidade de jogadores mais velhos continuarem atuando em alta intensidade, o que resulta em mais questionamentos quanto à “falta de renovação” dos elencos. No basquete, o cenário não é muito diferente, principalmente com os jogadores da velha-guarda, como Lebron James que, ainda na casa dos 30, é considerado velho para o esporte.

Assim, se atletas como o próprio Lebron James, que detém um legado e tanto dentro das quadras, são alvo de questionamentos quanto à seu desempenho por conta da idade, pode-se supor que o cenário é ainda menos favorável para pessoas como Tania Zeng, que ingressam no esporte mais tarde – no caso dela, retornam.

Zeng começou a jogar tênis em seu país de origem, China, aos nove anos. Em 1989, chegou ao Chile, onde ganhou o nome Tania. A chinesa ficou afastada do esporte por um longo período de tempo e, durante a pandemia, aos 54 anos, decidiu voltar a jogar de forma amadora; Em 2023, foi destaque no Campeonato Sul-americano e passou a integrar a equipe de seleção chilena, defendendo o Chile em Santiago 2023 na disputa por equipes, conquistando o bronze. Em Lima, no pré-olímpico, conquistou a vaga para os primeiros jogos olímpicos de sua vida. A partir daí, a tenista ficou conhecida como “tia Tania” – um apelido que, por si só, já explicita a estigmatização de indivíduos mais velhos.

Casos como o de Tania Zeng soam como uma exceção à regra. E, nesse meio, surge a seguinte questão: é possível que pessoas mais velhas pratiquem esportes profissionalmente? “Sim, a prática de esportes em indivíduos com a idade avançada não é apenas possível, mas também muito recomendável”, explica Tayná Andrade, formada em Educação Física com pós-graduação em treinamento esportivo: “Claro, se estamos falando de esportes que exigem mais do físico, torna-se um um pouco mais complicado devido a ‘n’ fatores, desde o treinamento, resposta metabólica, aptidão física e recuperação muscular – devido à idade.”

Afinal, então, desempenho e juventude andam de mãos dadas? Nem sempre. Ainda de acordo com a profissional, existem várias exceções à regra, como, já citado, o próprio Lebron James que, para além de condicionamento físico, detém uma vasta experiência que, sem dúvidas, auxilia no desempenho.

Nesse caso, não é possível generalizar, afirmando que todos os indivíduos com mais idade teriam a capacidade física de competir com os mais jovens, ao passo que também não é possível determinar quantas “exceções à regra” existem. A prática do esporte e o desempenho no âmbito profissional é individual e dependente de uma gama de fatores – que contribuem ou se mostram agentes impeditivos

O Maracanã nosso de cada dia

O Maracanã nosso de cada dia

Palco de grandes acontecimentos, o estádio divide opiniões dos vizinhos

Por: Simone Nascimento

Estádio Jornalista Mário Filho/Maracanã – Foto: José Guertzenstein

Todos os grandes jogos realizados no Maracanã conseguem atrair milhares de torcedores, mesmo em dias úteis. Para dar conta dessa movimentação é necessária uma grande logística. As interdições no trânsito e o aumento no fluxo de pessoas atingem moradores, comerciantes e também as atividades no campus Maracanã da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Com isso, a presença do estádio na região é celebrada por alguns vizinhos e criticada por outros.

O Maracanã chegou a ser o maior do mundo e continua sendo o maior do país, com capacidade para quase 80 mil pessoas. Para poder facilitar a chegada e saída dos torcedores, a CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro) monta um esquema especial de trânsito, que inclusive impede estacionamento próximo ao Maracanã. A companhia aconselha o uso de transporte público, uma vez que é possível chegar até o local de ônibus, trem e metrô.

Encontro de torcedores em dia de jogo – Foto: Reprodução/Redes sociais

Alguns bares no entorno do estádio, principalmente os que estão mais próximos da rampa do Bellini, viram ponto de encontro de torcedores, às vezes para fazer um esquenta antes das partidas ou para comemoração depois. Dessa forma, há o aquecimento de uma parte do comércio.

Joseane, funcionária do Bar dos Chicos, um dos mais movimentados nos dias de jogos, disse que o local chega a ficar lotado e que é preciso colocar uma grade para dar mais conforto aos clientes. Mas nem todos os comércios da redondeza têm essa sorte. O Bar Loreninha, que fica próximo ao portão 5 da Uerj, vê o movimento minguar. Joaquim, garçom do estabelecimento, conta que boa parte dos frequentadores são alunos, e a clientela some pois a universidade suspende as atividades presenciais após às 16 horas nos dias de jogos em que o público seja de 20 mil pessoas ou mais.

As mudanças no trânsito e a grande concentração de pessoas também atingem os vizinhos do Maracanã. Moradora de um prédio entre o estádio e a Praça Varnhagem, Beatriz Pereira enfatiza que nos horários próximos ao início e final das partidas é quase impossível chegar ou sair de casa devido ao grande número de torcedores nas ruas, diz ainda que é comum o uso de carros de som para os famosos esquenta.

Polêmicas à parte, o Maracanã é um dos estádios mais famosos do mundo e nunca se restringiu apenas ao futebol. O local já foi palco de outros acontecimentos marcantes como as duas missas celebradas pelo Papa João Paulo II, a segunda edição do Rock in Rio e shows de diversos artistas como Frank Sinatra, Madonna, The Rolling Stones e do rei Roberto Carlos.