Quem é o maior estrangeiro da história do Flamengo?

Quem é o maior estrangeiro da história do Flamengo?

Por Livia Bronzato

Arrascaeta tornou-se, com 78 gols, o segundo maior artilheiro estrangeiro do Flamengo. No início do mês passado, o atual camisa 10 marcou os dois e únicos gols na partida contra o Grêmio, pelo Brasileirão. Anteriormente, ele possuía 76 gols e estava empatado com Jorge Benítez. Mas e o número 1, quem é?

Esta é a lista dos 5 maiores goleadores estrangeiros:

1º – Doval: 94 gols   (argentino, jogou de 1969 a 75)

2º – Arrascaeta: 78 gols   (uruguaio, jogou de 2019 até hoje)

3º – Jorge Benítez: 76 gols   (paraguaio, jogou de 1952 a 56)

4° – Petkovic: 57 gols   (sérvio, jogou de 2000 a 02 e 2009 a 11)

5° – Sidney Pullen: 49 gols   (inglês, jogou de 1915 a 25)

 

Narciso Doval

Crédito: Reprodução

O jogador chega, em 69, ao Flamengo, que faz uma péssima campanha no Robertão daquele ano, ficando em último lugar. Na Taça Rio, foi vice-campeão pelo Fluminense, por 1 a 0. Apesar da fase instável do Flamengo, Doval não deixava de elogiar o time e sua torcida rubro-negra desde sua chegada.

Jogar no Flamengo é simplesmente fascinante. Essa história de que a camisa do Flamengo corre sozinha, dribla e faz gols é mais que uma história, é uma verdade. É gente que ganha o jogo nas arquibancadas. Seu grito é grito de guerra, que empurra o jogador para frente. A torcida rubro-negra é um milagre”, exclamou Doval, em 1970. Naquele ano, o time conquistou a Taça Guanabara, que, então, era um campeonato à parte, em cima do tricolor. No entanto, desentendimentos com o técnico Yustrich levaram o clube a emprestar o jogador.

Após uma temporada no Huracán, voltou ao rubro-negro em 1972. Não demorou para mostrar todo seu talento. Em um feriado de 7 de setembro, em que se comemoravam os 150 anos da Independência do Brasil, cerca de 130 mil pessoas foram ao Maracanã. Na final do Carioca, Flamengo e Fluminense se enfrentavam, e Doval, para a alegria da nação rubro-negra, fazia um dos gols do título, na partida que terminou em 2 a 1. Além disso, o argentino foi campeão carioca em 74, a vitória ficou com o Flamengo em uma final triangular: Flamengo ganhou do América e empatou com o Vasco, enquanto os outros dois times empataram entre si.

Durante sua passagem pelo time, o argentino entrou com processo de naturalização brasileira e gostava de se declarar carioca, ficando conhecido como “o argentino mais carioca do Brasil”. Doval era louro, de olhos azuis e clássico galanteador, sempre visto na praia de Ipanema com fãs e considerado um bon vivant fora de campo.

Saiu do Mengão no ano de 1975, fazendo sua última partida contra o Santa Cruz no Maracanã. No meio do jogo, a torcida pedia para que ele saísse do banco e entrasse na partida. Chegou a conseguir empatar momentaneamente, mas seu gol foi invalidado e, por fim, o time rubro-negro perdeu de 3 a 1.

Em entrevista para o LED, o professor da FCS Ronaldo Helal contou sobre sua relação com o argentino, que frequentava sua casa e foi considerado parte da família desde sua chegada ao Brasil. George Helal, pai de Ronaldo, era diretor de Futebol do Flamengo, quando Doval foi contratado. Inclusive, o contrato foi assinado na própria casa da família.

Foto: Arquivo pessoal/Ronaldo Helal

Doval e George Helal jogando sinuca no apartamento de George.

Ronaldo, que tinha 13 anos, relatou que Doval, durante as primeiras semanas no Brasil, ficou hospedado em sua casa e, logo, uma relação de afeto foi estabelecida entre ele e a família de Helal. Para nosso entrevistado, o jogador virou um grande ídolo e, durante sua adolescência, gostava de assumir a mesma posição de Doval, nas “peladas”.

Foto: Arquivo pessoal/Ronaldo Helal

Doval (primeiro à esq.), acompanhado de Zico e Ronaldo (terceiro e segundo à dir.).

Ronaldo Helal conta, também, sobre uma lembrança curiosa. Helal ficou um tempo sem encontrar Doval, após ele ingressar no Fluminense. Em um dia qualquer, ao chegar a casa, ouviu a voz do argentino em algum cômodo. Depressa, Helal correu para seu quarto e trancou a porta, em meio a lágrimas, acusava o jogador de “traição” por ter saído do rubro-negro e ido vestir a camisa tricolor. Depois de muita insistência, por parte do goleador, pedindo que Ronaldo abrisse a porta, se viram novamente e trocaram um abraço de saudade, mesmo que Ronaldo ainda estivesse chateado com o amigo.

Bate papo com o ator Gilson Barros ( Foto: Lafepe)

Viver é perigoso: a psicologia e a palavra em Guimarães Rosa

Viver é perigoso: a psicologia e a palavra em Guimarães Rosa

Lafepe é onde pensamento encontra a dor e a palavra cura

Por Samira Santos

No coração do Instituto de Psicologia da Uerj, no campus Maracanã, um grupo de pesquisadores, estudantes e professores se reúne semanalmente com um objetivo que transcende a técnica: compreender o ser humano em sua profundidade. Trata-se do Laboratório de Fenomenologia e Estudos em Psicologia Existencial (Lafepe), coordenado pela professora e pesquisadora Ana Maria Feijoo. Vinculado ao programa de extensão Uerj Pela Vida, o Lafepe tem se consolidado como um espaço de referência nacional no estudo da fenomenologia e das filosofias da existência, com uma atuação que vai do campo teórico ao atendimento clínico especializado.

Formado por integrantes da graduação ao pós-doutorado, o laboratório é mais do que um ambiente acadêmico: é um território de escuta, reflexão e cuidado. Por meio do Núcleo de Atendimento Clínico (NAC), o Lafepe oferece psicoterapia com foco especial em pessoas em risco de suicídio e enlutadas, ampliando suas ações especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando criou também um núcleo de apoio voltado para enlutados por perdas associadas à doença.

Além da prática clínica, o Lafepe promove grupos de estudo, discussões de casos, supervisões e eventos interdisciplinares que conectam psicologia, filosofia e arte. Um dos exemplos dessa atuação foi o evento realizado em abril, “Viver é muito perigoso: lições de Guimarães Rosa para um modo de pensar não colonizado”, que reuniu mais de 200 pessoas para refletir sobre o impacto da literatura no pensamento clínico e existencial.

Dia do evento com auditório lotado (Foto: Lafepe)
Dia do evento com auditório lotado (Foto: Lafepe)

Segundo a professora Ana Maria Feijoo, o laboratório busca, através da fenomenologia, compreender o sofrimento psíquico sem reduzi-lo a diagnósticos simplistas. Em suas palavras: “A fenomenologia nos ensina a escutar antes de interpretar. É nesse espaço de abertura que encontramos a singularidade do outro”.

Essa escuta também atravessa a literatura. Feijoo, que há anos estuda autores como Clarice Lispector, Lima Barreto e Manoel de Barros, atualmente se dedica à obra de Guimarães Rosa, especialmente ao romance Grande Sertão: Veredas. Em sua leitura, Riobaldo, protagonista do livro, traz à tona questões existenciais profundas — como o conflito interno entre o bem e o mal — que ressoam diretamente com os dilemas vividos na clínica. “A questão do ‘diabo existe ou não existe?’ que atravessa toda a narrativa de Riobaldo é, para mim, uma pergunta fundamental da psicologia clínica. Trata-se de uma busca por sentido, por compreensão da própria experiência, que culmina em uma resolução epifânica: o diabo não existe, o que existe é o homem humano”, afirma Feijoo.

Essa intersecção entre literatura e psicologia existencial é a marca registrada do Lafepe. Para a professora, os autores brasileiros oferecem uma chave de leitura do sofrimento humano que foge às classificações rígidas da psicologia tradicional, e por isso são fundamentais na construção de um pensamento não colonizado — ou seja, enraizado na realidade e na cultura brasileira.

Bate papo com o ator Gilson Barros ( Foto: Lafepe)
Bate papo com o ator Gilson Barros ( Foto: Lafepe)

O evento com o ator Gilson de Barros, que interpreta Riobaldo em uma trilogia teatral baseada no romance, exemplificou esse esforço. Na ocasião, Gilson trouxe trechos da peça à Uerj e participou de uma conversa com o público mediada por Feijoo, promovendo um encontro sensível entre arte e psicologia. Para a professora, iniciativas assim abrem espaço para uma formação clínica mais crítica e sensível à complexidade do ser humano.

O evento, ocorrido em abril, representa apenas uma das muitas ações realizadas pelo Lafepe. A rotina do laboratório segue intensa, com pesquisas em andamento, atendimentos à comunidade, supervisões clínicas e encontros interdisciplinares. O grupo também compartilha conteúdos e reflexões em seus canais virtuais, fortalecendo sua atuação como um centro de produção e disseminação de conhecimento sobre psicologia fenomenológica e existencial.

Projeto Rim oferece educação sobre saúde renal

Projeto Rim oferece educação sobre saúde renal

Conheça o projeto de conscientização e esteja atento sobre o bom funcionamento dos rins

Por: Alice Moraes

Projeto Rim no evento Uerj Sem Muros. Da esquerda para direita: Pedro Henrique Soares, Tatiane Campos e Vivian Mendes. (Foto: Alice Moraes)

Controlar a pressão arterial, dosar a creatinina, não fumar, controlar a diabetes, evitar o alto consumo de sal, fazer uma alimentação balanceada e ingerir água. Esses são alguns fatores que previnem a doença renal crônica, de acordo com a estudante Vivian Mendes, de 23 anos, que está no sexto período do curso de enfermagem na Uerj. 

A jovem faz parte do Projeto Rim, que esteve presente na programação do Uerj Sem Muros, no dia 27 de março. No evento, o projeto foi apresentado com intuito de educar a respeito da saúde renal. “O que motiva o projeto é transmitir a prevenção, pois prevenir é um ato de cuidar. E é isso que a enfermagem faz”, explicou ela. 

Os números de doença renal crônica têm crescido ultimamente. Por isso, Vivian enfatizou que é uma doença silenciosa e pouca gente sabe sobre ela.

O que é a doença renal crônica (DRC)? 

É quando ocorre a falência dos rins. Consequentemente, o paciente precisará de uma terapia de substituição do rim defeituoso. “Existem três opções nesse caso: a hemodiálise, adiálise peritoneal e o transplante renal”, explica Tatiane Campos, professora da faculdade de enfermagem da Uerj e coordenadora do Projeto Rim. 

A hemodiálise é um tratamento no qual uma máquina faz a filtração do sangue. O paciente precisa ir até a clínica para realizar o procedimento semanalmente. Já na diálise peritoneal, que o paciente precisa fazer todos os dias, em casa, ele recebe a orientação necessária para o uso de um cateter. O cateter vai inserir um líquido na cavidade abdominal e esse líquido será responsável por filtrar o sangue. 

 No transplante renal, o paciente recebe um novo rim de um doador, que pode ser um familiar ou amigo. No segundo caso, é preciso que o doador tenha uma autorização judicial. Caso o doador seja um falecido por morte encefálica, a família deste autoriza a doação do órgão, que é encaminhado para alguém que está na fila aguardando pelo transplante.

 

 

Por que aprender sobre o cuidado renal?

O Projeto Rim foca na conscientização, de acordo com a professora Tatiane. O programa já realizou, na Uerj, ações de orientação sobre a importância de dosar a creatinina, explicando qual o objetivo do exame e de cuidar da saúde renal. O projeto tem papel, então, de educar sobre saúde e acolher os pacientes. 

De acordo com o Ministério da Saúde, em Boletim Epidemiológico divulgado no mês de setembro do ano passado, em 2023 houve 140.648 internações por doenças renais crônicas no Brasil. Isso indica 56.311 internações a mais comparado ao ano de 2010, no qual ocorreram 84.337 internações hospitalares devido à DRC.

A pesquisa realizada também mostra que em 2022 ocorreram 8.429 mortes por doença renal crônica no país. Nesse cenário de números crescentes de DRC, o Projeto Rim vem com o objetivo de auxiliar a população a entender sobre a saúde dos rins e incentivar esse cuidado.

Medir a creatinina

A creatinina é medida pelo exame de sangue ou de urina. Esse exame é feito para identificar o bom ou o mau funcionamento dos rins. “A creatinina é um resíduo da creatina, por isso ele precisa ser eliminado. Quando se encontra muita creatinina no sangue, significa que os rins não estão filtrando bem”, esclareceu Vivian. O alto nível de creatinina no sangue pode indicar, então, uma doença nesses órgãos. 

Ao realizar a medição de creatinina, a pessoa pode averiguar o bom funcionamento dos seus rins. Por isso, o Projeto Rim conscientiza sobre o exame.

Futuro do projeto

Em 2016, a ação de conscientização sobre saúde por meio do Projeto Rim teve início. Agora, a equipe do projeto tem ideias para o futuro. Eles pretendem aumentar o alcance da educação sobre saúde, o que consequentemente diminuirá os números de DRC. A equipe quer, também, a troca de ideias e de conversas e o aumento da visibilidade do projeto.

Para acompanhar o programa, obter mais informações e tirar dúvidas, acesse o Instagram @projeto.rim. 

Oficina de voguing na Uerj traz visibilidade para a cena

Oficina de voguing na Uerj traz visibilidade para a cena ballroom

Demonstrações e ensinamentos acerca do vogue reuniram jovens no décimo andar da Universidade
para aprenderem mais sobre a cultura ballroom

Por: Hyndra Lopes 

Sensei Theuse Luz D’Pavuna na oficina de Voguing no hall do 10º andar do bloco F, Campus Maracanã 

A décima nona edição da Mostra de Artes e Carpintaria de Comunicação Social da Uerj (MACACOS) contou com a participação da Sensei Theuse Luz D’Pavuna, pesquisadora e fundadora da “Brazilian Kiki House of Bushido”, para ministrar a oficina de voguing. Pavuna criou uma experiência imersiva no vogue, ensinando e explicando a simbologia dos elementos da performance. Além disso, a artista concedeu uma entrevista ao Aconteceh, na qual comenta sobre o acolhimento de pessoas marginalizadas pela comunidade ballroom, o papel do vogue no empoderamento destas e a importância de se discutir sobre essa subcultura na universidade.

A cultura Ballroom, nos moldes conhecidos atualmente, surge no Harlem (bairro do subúrbio de Nova Iorque) durante a década de 1970, quando Crystal Labeija, drag queen e mulher trans negra, se revolta com o racismo nos desfiles e concursos de beleza voltados à comunidade. Ela se junta com Lottie Labeija, drag queen também negra, para fundar a primeira House (“House of Labeija”) e dar um baile exclusivo para as queens negras e latinas, consolidando a cena Ballroom como movimento de luta e resistência negro, periférico e LGBTQIAPN+. Já no Brasil, ela surge oficialmente apenas em 2015, quando é datado o primeiro baile em Brasília.

Oficina de Voguing no 10º andar do Bloco F, Campus Maracanã 

As Houses, pilares da cultura Ballroom, surgiram como um coletivo que se assemelha aconcepção familiar, reproduzindo as suas hierarquias, e foi continuado na cena brasileira, com“papis”, “mamas”, “filhos” e “baba” (fazendo referência ao orixá do candomblé). Este é umespaço de acolhimento para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ que são expulsas de casa pelas suas famílias, como diz Pavuna: “Infelizmente ainda sofremos das mesmas máculas queas pessoas lá atrás sofriam, porque nem todo mundo é aceito pelos seus pais ou progenitores. Meu pai e minha mãe são pastores, então eles têm uma relação meio densa comigo. Hoje emdia eles compreendem mais e entendem que eu tenho uma família fora da minha família”.

Além das Houses, outro símbolo da cultura Ballroom é o vogue – categoria de dança inspirada nas poses de modelos das capas de revista – representando a expressividade e liberdade de corpos LGBTQIAPN+. O vogue é dividido em 5 elementos – o catwalk, o duckwalk, a hands performance, o floor performance e os spins and dips – e, a partir deles, uma história é contada, com a criação do movimento dos cabelos, seios, unhas etc. A Sensei Pavuna salienta a importância dessa performance para o empoderamento da comunidade: “O vogue, especificamente, fala sobre a autoestima, porque é sobre poses, é sobre se imaginar numa revista de moda. Então é muito interessante pensar o quanto você consegue se imaginar como uma pessoa potente, bonita, interessante… É muito louco, porque várias pessoas não se imaginam nesse lugar de “eu posso ser uma pessoa sensual”, “eu posso ser uma pessoa bonita” ou “eu posso ser uma artista” e na Ballroom elas se descobrem enquanto potência”.

Apesar de ter maior visibilidade atualmente, a Ballroom ainda é uma cultura marginalizada e pouco estudada. Pavuna explica que a cena chegou no Brasil por uma veia acadêmica, mas não academicista, pois foi por meio de estudantes universitários, na busca por reproduzir aqui o que viam do vogue e do lugar de comunidade do movimento, e não por intelectuais. A discussão sobre o assunto no ambiente universitário e ações para tornar a cena Ballroom ativamente presente nesses espaços mostram-se de suma importância, pois criam possibilidades de retirar essa cultura e a sua comunidade das margens da sociedade. “Se lá atrás a gente via as pessoas dessas categorias (negras e LGBTQIAPN+) pensando em se tornar executivas e estudantes de universidades é essa a possibilidade de pensar: “eu posso me imaginar nesse lugar, com esse poderio” (…) Então acessar isso (a universidade) e usar o nosso conhecimento (sobre a cultura ballroom), que não é assimilado totalmente nesses espaços, é muito importante”, declara Pavuna.

A Sansei também aponta para a luta da comunidade em tornar a cultura Ballroom Patrimônio Cultural Imaterial no Brasil – em janeiro deste ano, a deputada Erika Hilton (PSOL) apresentou este projeto de lei à Câmara (PL n°183/2025) – e para a necessidade de pensar políticas públicas através da cena, que, historicamente, contribuiu para salvar a vida desses jovens marginalizados. “Eu acredito que não estaria viva até aqui se não fosse por essa comunidade. Então é sobre como a gente consegue construir realidades e, graças a elas, outras possibilidades de existência. Eu tenho muito orgulho de ver o que a juventude negra, LGBT, periférica, originária e corpos travestis generis consegue construir”.

Calor intenso e turismo desordenado ameaçam corais na costa brasileira

Calor intenso e turismo desordenado ameaçam corais na costa brasileira

Pesquisadores destacam que 90% desses organismos estão em risco; projetos de conservação investem em educação ambiental 

Por: Maria Luísa Moura Fontes 

 

 

Coral branqueado. Foto: Thales Vidal/PELDTAMS/Via Agência Brasil

O aumento da temperatura dos oceanos, resultado das ondas de calor em todo o mundo, tem provocado o branqueamento de diversos corais na costa brasileira. Esses organismos são extremamente sensíveis às mudanças climáticas e, com temperaturas mais altas, acabam expulsando as zooxantelas – microalgas com as quais vivem em simbiose. Sem algas, os corais ficam brancos. 

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) afirma que, se não houver redução significativa da emissão de carbono para frear o aquecimento global, todos os corais do planeta passarão pelo branqueamento até o final do século. A situação se torna mais preocupante porque – mesmo que os países consigam atingir a meta do Acordo de Paris, que limita o aumento da temperatura a 1,5°C – estima-se ainda que 70% a 90% dos recifes coralíneos morram.

Segundo o PNUMA, os corais fazem parte de 25% da vida marinha de todo planeta, mesmo ocupando apenas 1% do oceano. A construção rochosa dos recifes comporta até 800 espécies diferentes de corais, que dispõem da maior biodiversidade de todo ecossistema global. Além da importância biológica desses seres, os corais também são fundamentais para o turismo ecológico, sem danos ao meio ambiente. De acordo com a Fundação Grupo Boticário, organização sem fins lucrativos de proteção da natureza, o turismo em recifes de corais na costa do Nordeste arrecada cerca de 7 bilhões por ano, o equivalente a 5% do PIB turístico brasileiro.

O professor Rodrigo Leão Moura, pesquisador do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração em Abrolhos, estuda as causas e os desdobramentos do branqueamento de corais. Em Abrolhos foi criado o primeiro Parque Nacional Marinho do Brasil. Essa região possui a maior extensão de recifes mais biologicamente diversos de todo Atlântico Sul, e sua preservação é fundamental para a proteção de espécies endêmicas – encontradas apenas nesse local.

De acordo com Leão Moura, as últimas descobertas científicas invalidaram a teoria de que os corais brasileiros seriam mais resistentes ao calor. “Mesmo sendo mais resistentes ao branqueamento, os corais brasileiros têm morrido após as ondas de calor. Essa característica dificultou o entendimento do processo de declínio dos corais brasileiros, uma vez que os monitoramentos geralmente se concentram nos períodos anômalos e são descontinuados após esses eventos”, explica o especialista.

Diante das adversidades climáticas cada vez mais graves, o cenário atual em Abrolhos é de perda generalizada da qualidade ambiental dos recifes coralíneos. Segundo o professor da UFRJ, com a morte dos corais, os recifes passam a sustentar menos biodiversidade e, consequentemente, a armazenar menos biomassa de peixes para a produtividade local. 

Em 2003 foi criado no Brasil o Projeto Coral Vivo, para proteger os recifes de corais. Do projeto surgiu em 2013 o Instituto Coral Vivo, uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que atua na conservação e sustentabilidade do ecossistema marinho. Vice-presidente do Instituto, o oceanógrafo Miguel Mies, professor da USP, ressalta que a perda da biodiversidade marinha, neste caso, afeta não só a costa brasileira, mas todos os ecossistemas do planeta, já que os recifes são interligados e se apoiam um no outro.

Segundo Mies, mais de 50% dos corais morreram nos últimos 30 anos. “É difícil você encontrar hoje um recife que a gente chama de prístino. Prístino é aquele que praticamente não sofreu nenhum impacto relevante, tá em uma condição de saúde excelente, é raríssimo encontrar isso”, reflete o pesquisador.

Além disso, ele alerta para o fato de não ser possível reverter completamente a degradação sofrida e de, no momento, não haver possibilidade de recuperação da cobertura coralínea original, pois não existem medidas efetivas para a redução das temperaturas globais, assim como pontua o professor Leão Moura, também especialista no tema.

Já na Ilha Grande, na costa carioca, o professor Luís Felipe Skinner, doutor em Biologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, acredita que é possível reverter alguns impactos ambientais com mudanças básicas de atitude, como a conscientização de turistas sobre contato indevido com os corais.

Skinner revela que a elevação da temperatura atmosférica no Brasil, nos últimos tempos, provocou alterações diferentes no litoral do Rio de Janeiro. Por exemplo, a Baía de Ilha Grande recebeu ondas de calor mais fortes por ter águas mais confinadas, chegando à temperatura de quase 30°C, enquanto na Região dos Lagos – em Cabo Frio, Búzios e Arraial do Cabo – o impacto foi aparentemente menor. 

Com relação ao processo de degradação das colônias coralíneas, os pesquisadores relatam um problema em comum: o turismo desorganizado que prejudica a qualidade da água e agride organismos marinhos como os corais. O que se observa frequentemente nos litorais mais procurados pelos turistas é a promoção de atividades que contribuem para a destruição de habitats marinhos, como lançamento de âncoras para atracar barcos, pisoteio de corais e descarte de lixos. Com a chegada das ondas de calor nessas costas, as consequências da degradação são intensificadas, especialmente em período de El Niño, quando a temperatura do mar é elevada por semanas ou meses. 

Nesse cenário, são necessários investimentos que viabilizem fiscalizações constantes e ações de preservação dos corais, descreve Skinner: “Há uma necessidade de monitoramento frequente, e, para isto, há uma demanda de equipe e logística muito grande. Estas demandas significam recursos financeiros aos quais não temos tido acesso, o que limita muito nossa atividade”. 

 
 
 

Coral Montastraea cavernosa no recife Pirambu, na APA Costa dos Corais. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 
 
 
 

América do Sul recebe pela primeira vez Mundial de Ginástica Rítmica

América do Sul recebe pela primeira vez Mundial de Ginástica Rítmica

Campeonato será realizado no Rio de Janeiro.

Por: Amanda Souza

Reprodução: Instagram/Foto: Ricardo Bufolin/CBG

 

Pela primeira vez na história, o Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica da FIG (Federação Internacional de Ginástica) será realizado na América do Sul. O Brasil foi escolhido como país-sede da 41ª edição do evento, que acontecerá entre os dias 20 e 24 de agosto, no Rio de Janeiro. A competição será disputada nas Arenas Cariocas I e II, localizadas no Parque Olímpico, na Barra Tijuca, Zona Oeste da capital fluminense.

O Mundial reunirá as melhores atletas da ginástica rítmica internacional e marcará o início do novo ciclo olímpico, em preparação para os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. 

A escolha do Brasil como país-sede reforça, não apenas o crescimento da ginástica rítmica em território nacional, mas também o protagonismo do país em competições internacionais. Um exemplo notável desse avanço foi a brilhante atuação da seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, quando as atletas conquistaram todas as oito medalhas de ouro possíveis na modalidade além de quatro pratas e um bronze, totalizando 13 medalhas.

O evento será uma oportunidade para o público brasileiro acompanhar de perto o espetáculo da ginástica rítmica de alto nível e deve impulsionar ainda mais a prática do esporte entre jovens e crianças, especialmente em escolas e projetos sociais.

Confira a programação:

20/8 – Classificatória individual geral e por aparelhos

21/8 – Classificatória individual geral e por aparelhos

22/8 – Final Individual Geral (Arco + Bola + Maças + Fita)

23/0 – Final Geral Conjuntos (5 fitas + 3 bolas e 2 arcos)

24/8 – Finais Conjuntos (Simples – 5 fitas / Misto – 3 bolas e 2 arcos) Finais Individuais (Arco, Bola, Maças e Fita)

 

Ainda não há informações disponíveis sobre a venda de ingressos para o evento.

Regiões mais pobres do Rio de Janeiro são mais afetadas pelo calor

Regiões mais pobres do Rio de Janeiro são mais afetadas pelo calor

Pesquisadora da Uerj explica por que a desigualdade tem a ver com a crise climática 

Por: Maria Eduarda Galdino

 

Cidade de Nilópolis. Foto: Maria Eduarda Galdino 

O Rio de Janeiro atingiu o terceiro nível do Protocolo de Calor (CALOR 3)  na última Terça-feira (02/04) às 14h10. O calor de nível 3 é comunicado pela Prefeitura do Rio quando são registradas temperaturas de 36ºC a 40ºC, com previsão de permanência ou aumento de, ao menos, três dias consecutivos. Além das temperaturas elevadas, outra coisa chama atenção: o contraste de temperatura em diferentes regiões do Estado.

Às 14h10, o bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio, atingiu a temperatura de 29ºC, enquanto a cidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense, atingiu 34ºC no mesmo horário. Mariana Castro, doutoranda em Ciência Política pelo IESP-UERJ e pesquisadora no Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas (IMC), explica que a diferença significativa nos termômetros tem explicação histórica. “Durante décadas a gente vê que as populações  mais pobres e racializadas foram empurradas para as áreas com menos infraestrutura, menos serviços, menos proteção ambiental, e tudo isso resulta no que estamos vivenciando agora, o impacto das ondas de calor estão muito mais severas para quem vive em situação de vulnerabilidade.”

Além do histórico de reclusão da população mais vulnerável, a pesquisadora aponta outras questões que aumentam os efeitos do calor extremo em regiões mais pobres, como a falta de orçamento nas cidades para investir em soluções ecológicas, o crescimento urbano desordenado e a falta de gestões governamentais comprometidas com a permanência de projetos voltados para o ambiente urbano. “Essas medidas acabam ficando em segundo plano, outro problema é a questão da desigualdade social territorial, as áreas mais pobres são as que mais sofrem com calor e muitas vezes elas não são priorizadas na hora de construir e colocar em prática as políticas públicas. Enquanto isso, os bairros mais ricos têm mais infraestrutura e acabam recebendo mais investimento “, disse.

Segundo a Plataforma AdaptaBrasil,  do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), os municípios da Baixada Fluminense possuem níveis altos de exposição às mudanças climáticas, como desastres geo-hidrológicos, inundações (Índice 0,89 de 1,00) e demanda de resfriamento devido às ondas de calor intensas (Índice 1,00 de 1,00). A pesquisadora Mariana Castro afirma que os grupos que residem em áreas mais pobres sem adaptação às temperaturas elevadas  estão mais expostos ao risco de morte por conta do fenômeno das ilhas de calor. “A forma como o próprio bairro foi estruturado é diferente, as comunidades são muito mais próximas umas das outras, com material de baixa qualidade que intensifica o calor, isso impede a circulação do ar e aumenta o fenômeno das ilhas de calor por exemplo

Demanda de resfriamento na cidade de Nilópolis. Foto: AdaptaBrasil /Eduarda Galdino

Em fevereiro deste ano, durante o Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, o governo brasileiro apresentou uma estratégia inédita chamada Adapta Cidades, iniciativa do Programa Cidades Verdes Resilientes e coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). O objetivo é orientar e auxiliar cidades com capacitações técnicas de planejamento ambiental e acesso a investimento. Representantes de onze estados – Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins e Pará – estiveram presentes e sinalizaram interesse em participar da iniciativa.

A iniciativa é parte dos compromissos ecológicos do Brasil formalizados na 29 ºConferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 29, em 2024 pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, em cooperação com a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), pacto do Brasil assinado no Acordo de Paris para combater a instabilidade ambiental em 2015.

A pesquisadora Mariana Castro reitera que diversas práticas ecológicas podem ser implementadas nas políticas públicas para mitigar os efeitos das ondas de calor, como investimentos em materiais de construção que são mais resistentes às temperaturas elevadas e plantações de áreas verdes nos centros urbanos. “É importante a gente mexer nas infraestruturas da cidade por exemplo criar a calçadas permeáveis, investir em telhados verdes, plantar mais árvores nos bairros mais quentes,trocar telhas por materiais que isolam melhor o calor e pintar os telhados com tintas que refletem o sol e garantir ponto de água potável em locais públicos.”

Das páginas para o mundo: Brasil na Copa do Mundo de Quadball 

Das páginas para o mundo: Brasil na Copa do Mundo de Quadball

Já imaginou praticar o esporte do seu livro favorito? E assistir ao seu país na competição mundial?

Por: Geovana Costa 

O Brasil disputará a Copa do Mundo de Quadball, que será realizada entre os dias 11 e 13 de julho, em Bruxelas e Tubize, na Bélgica. O torneio baseado na saga de Harry Potter, promete movimentar a comunidade esportiva e os fãs da literatura fantástica.

 

Reprodução/Instagram

 

No universo mágico do primeiro livro da coleção, escrito em 1997 por J. K. Rowling, o esporte é uma mistura de futebol e basquete jogados com vassouras voadoras. A adaptação do jogo surgiu em 2005, criada por estudantes da Universidade de Middlebury, nos EUA.

 

Fora dos livros, o esporte passou por diversas adaptações, chegando a uma mistura de três modalidades: handebol, queimada e rugby. O jogo é disputado por equipes mistas de sete jogadores, que competem com um cabo entre as pernas, representando as vassouras voadoras. O time vencedor é aquele que marcar mais pontos ao longo dos 17 minutos de partida.

 

O esporte chegou ao Brasil em 2010 por meio de Vinícius Mascarenhas, fundador do Rio Ravens, a primeira equipe do país. Com a sua rápida popularização, foi preciso a criação da ABRQ (Associação Brasileira de Quadball), que surgiu para representar os times, direcionar as pessoas interessadas e organizar melhor as diretrizes vindas da IQA (International Quadball Association).

 

Atualmente, o Brasil conta com 20 equipes associadas à ABRQ, participando de campeonatos nacionais e regionais, como o Brasileiro, o Carioca e o Paulista. Com a associação à IQA e à CSQ, órgãos que representam o quadball no âmbito internacional e sul-americano, respectivamente, o Brasil pode concorrer em competições internacionais.

 

Reprodução/ Facebook ABRQ

 

Campeão do último Pan-americano, o Brasil busca agora o título da Copa do Mundo na Bélgica. Pode-se acompanhar as informações pelas páginas oficiais da Associação Brasileira de Quadball e da seleção brasileira de quadball nas redes sociais.

As heroínas do futsal: quem são as jogadoras da seleção brasileira?

As heroínas do futsal: quem são as jogadoras da seleção brasileira?

Conheça as atletas que brilham nas quadras e representam o Brasil no futsal feminino.

Por: Amanda Souza

Reprodução: CBF Futsal/Foto: Danilo Camargo

Composta por algumas das melhores jogadoras do mundo, a seleção brasileira feminina de futsal foi coroada campeã da Copa América ao vencer a Argentina por 3 a 0. A campanha das brasileiras foi impecável, com 100% de aproveitamento: a equipe marcou 38 gols e sofreu apenas um, reafirmando-se como a grande potência do futsal feminino sul-americano.

Com apenas três jogadoras atuando no Brasil e 12 espalhadas por campeonatos de três países, conheça as atletas que, com talento, dedicação e espírito de equipe, estão construindo uma trajetória de sucesso na seleção brasileira de futsal feminino.

GOLEIRAS

Bianca – Stein Cascavel (BRA): Uma atleta de destaque no futsal. Em 2022, foi agraciada com o Prêmio Futsal Planet Awards como Melhor Goleira Feminina do Mundo, tornando-se a primeira brasileira a conquistar esse reconhecimento desde o início da premiação, em 2015. O feito se repetiu em 2023, quando foi eleita, pela segunda vez consecutiva, a melhor goleira do mundo.

Jozi – Bitonto (ITA): Jozi é uma das figuras mais marcantes do futsal feminino, com uma carreira de destaque e mais de 50 títulos conquistados, incluindo cinco mundiais. A atleta, que iniciou sua trajetória no handebol, também é formada em psicologia.

Flavi – Taboão Magnus (BRA): Flavi se destaca como uma referência no futsal feminino. Em 2019, sua atuação a levou a ser indicada ao Prêmio Futsal Planet Awards como Melhor Goleira do Mundo.

FIXAS

Taty – Pescara (ITA): Reconhecida como a 5ª melhor jogadora do mundo no prêmio FIFA The Best, ela construiu uma carreira repleta de conquistas, incluindo múltiplos títulos nacionais e internacionais.

Camila – FSF Castro (ESP): Eleita a melhor jogadora do mundo em 2023, após brilhar pelo Stein Cascavel — seu antigo clube — e pela seleção brasileira, a atleta foi destaque da Copa do Mundo e do futsal em 2022. Liderou o Stein às conquistas da Libertadores e da Liga Feminina.

Diana – Bitonto (ITA): Com quatro títulos mundiais pelo Brasil, ela figurou três vezes na lista das 10 melhores jogadoras de futsal feminino do mundo nas temporadas de 2016, 2017 e 2018, destacando-se na Libertadores de 2016, no Estadual Adulto Catarinense de 2017 e na Copa das Campeãs de 2019.

ALAS

Amandinha – Torreblanca (ESP): Amandinha recebeu o prêmio de melhor jogadora de futsal do mundo por oito vezes consecutivas, estabelecendo um recorde na modalidade. Sua carreira acumula todas as conquistas possíveis no cenário nacional e com a seleção. Entre os títulos, destacam-se duas Copas do Mundo.

Emilly – Burela (ESP): Emilly recebeu o prêmio de jogadora do ano e foi selecionada como a melhor ponta direita na Primera División de Fútbol Sala 2024. No Futsal Planet Awards 2023, ela figurou entre as 10 melhores jogadoras do planeta; em 2022, já havia sido eleita a 6ª melhor jogadora do mundo.  

Tampa – Bitonto (ITA): Com uma carreira repleta de títulos, ela se destacou como artilheira do Brasil e da Copa América de Futsal Feminino, marcando seis gols decisivos. Em 2020, foi reconhecida entre as 10 melhores atletas de futsal do mundo, evidenciando seu impacto na modalidade.

Vanin – CMB Futsal (ITA): Indicada como a melhor do mundo por seis anos consecutivos, a brasileira destacou-se no futsal, sendo artilheira do Campeonato Italiano em três edições consecutivas. Sua carreira inclui experiências no futebol de campo, tendo atuado pela Chapecoense e disputado o Brasileirão de 2015 pelo Avaí. 

Bia – Torreblanca (ESP): Vem se destacando no cenário internacional do futsal feminino com atuações de grande impacto. Na Copa da Rainha, ela alcançou a posição de maior goleadora.

Nati Detoni – Benfica (POR): Destaque do Benfica, ela foi campeã do torneio de Xanxerê, conquistou a Taça da Liga Feminina e a Supertaça Feminina de Futsal, além de ter sido a melhor na Liga Feminina Placard, com nove gols marcados.

PIVÔS

Lucileia – Bitonto (ITA): Reconhecida como a melhor jogadora do mundo em 2013 e indicada em 2023, ela foi campeã da Liga Italiana Feminina de Futsal, da Taça de Itália, do Torneio Internacional de Xanxerê de Futsal Feminino e do Mundialito de Futsal Feminino, além de ser pentacampeã da Copa América.

Ana Luiza – Torreblanca (ESP): Em 2019, ela conquistou tanto a Copa América quanto o Grand Prix e, em 2018, venceu o Sul-Americano Sub-20. Foi, também, um dos destaques do Brasil no vice-campeonato do Mundial Universitário.

Natalinha – Taboão Magnus (BRA): Entre as 10 melhores jogadoras do mundo em 2022, ela foi campeã da Supercopa, da Copa Libertadores, do Torneio Internacional de Xanxerê e da Copa do Brasil. Na final da Copa América, marcou dois dos três gols do Brasil.

Com a conquista, a seleção brasileira de futsal feminino chegou ao seu oitavo título da Copa América, ampliando sua hegemonia na competição. As conquistas anteriores foram em 2005, 2007, 2009, 2011, 2017, 2019 e 2023. A única edição não vencida pelo Brasil foi em 2015, quando a Colômbia levou seu primeiro título. Na ocasião, a seleção brasileira não participou do torneio.

Agora, a equipe direciona seu foco para o Mundial da FIFA, onde almeja somar mais um título à sua trajetória vitoriosa no futsal feminino.

Exibição de documentário retoma a história do futebol feminino no Brasil

Exibição de documentário retoma a história do futebol feminino no Brasil

‘As Primeiras’ acompanha as mulheres que ousaram jogar futebol quando ainda era proibido.

Por: Mariana Martins

   Reprodução: Olé Produções

Cartaz oficial do filme

 

O filme dirigido por Adriana Yañez refaz o caminho da modalidade no país, quando o Esporte Clube Radar -time do Rio de Janeiro- desafiou a legislação ao criar o primeiro elenco só com mulheres, que ficaram marcadas por darem condições para o crescimento da modalidade no país. Porque, entre os anos de 1941 e 1979, o futebol feminino era proibido pelo Decreto-lei 3199\Art.54, promulgado pelo presidente Getúlio Vargas, e considerava a prática de determinados desportos “incompatíveis com as condições de sua natureza”. 

Reprodução: Olé Produções

Primeira seleção feminina de futebol.

 

A primeira convocação para seleção feminina pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)  foi em 1988, quando a  Fifa promoveu o Torneio Experimental da China, campeonato que tinha como objetivo testar a viabilidade de realizar uma Copa do Mundo Feminina. A equipe brasileira foi formada por todas as atletas do time Radar, que passaram a representar a camisa da nação que já havia conquistado três títulos mundiais no futebol masculino.

No documentário, as ex-jogadoras Elane dos Santos Rego, Leda Maria Cozer Abreu, Maria Lucia da Silva Lima (Fia), Mariliza Martins da Silva (Pelé), Marisa Pires Nogueira, Roseli de Belo e Rosilane Camargo Motta (Fanta) se reúnem para relembrar o passado e as experiências proporcionadas pelo pioneirismo no futebol feminino, relatando o preconceito e o descaso da CBF com a prática esportiva, uma vez que elas não tinham nem mesmo uniformes próprios: as roupas que elas usavam durante as partidas oficiais eram emprestadas da equipe masculina. 

 

Reprodução: Brasil de Fato

As pioneiras se reúnem para o documentário.

 

Além disso, o filme também mostra como estão as vidas das mulheres que representaram o Brasil internacionalmente. Hoje, muitas delas possuem trabalhos informais, como ambulante, motorista de Uber, churrasqueira, pedreira e treinadora de futebol em projetos sociais.

As Primeiras terá exibições no Rio de Janeiro nos bairros de Copacabana, Flamengo, Cocotá, Madureira e Tijuca a partir de 4 de abril com entrada gratuita em diferentes unidades do Sesc.