Bate papo com o ator Gilson Barros ( Foto: Lafepe)

Viver é perigoso: a psicologia e a palavra em Guimarães Rosa

Viver é perigoso: a psicologia e a palavra em Guimarães Rosa

Lafepe é onde pensamento encontra a dor e a palavra cura

Por Samira Santos

No coração do Instituto de Psicologia da Uerj, no campus Maracanã, um grupo de pesquisadores, estudantes e professores se reúne semanalmente com um objetivo que transcende a técnica: compreender o ser humano em sua profundidade. Trata-se do Laboratório de Fenomenologia e Estudos em Psicologia Existencial (Lafepe), coordenado pela professora e pesquisadora Ana Maria Feijoo. Vinculado ao programa de extensão Uerj Pela Vida, o Lafepe tem se consolidado como um espaço de referência nacional no estudo da fenomenologia e das filosofias da existência, com uma atuação que vai do campo teórico ao atendimento clínico especializado.

Formado por integrantes da graduação ao pós-doutorado, o laboratório é mais do que um ambiente acadêmico: é um território de escuta, reflexão e cuidado. Por meio do Núcleo de Atendimento Clínico (NAC), o Lafepe oferece psicoterapia com foco especial em pessoas em risco de suicídio e enlutadas, ampliando suas ações especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando criou também um núcleo de apoio voltado para enlutados por perdas associadas à doença.

Além da prática clínica, o Lafepe promove grupos de estudo, discussões de casos, supervisões e eventos interdisciplinares que conectam psicologia, filosofia e arte. Um dos exemplos dessa atuação foi o evento realizado em abril, “Viver é muito perigoso: lições de Guimarães Rosa para um modo de pensar não colonizado”, que reuniu mais de 200 pessoas para refletir sobre o impacto da literatura no pensamento clínico e existencial.

Dia do evento com auditório lotado (Foto: Lafepe)
Dia do evento com auditório lotado (Foto: Lafepe)

Segundo a professora Ana Maria Feijoo, o laboratório busca, através da fenomenologia, compreender o sofrimento psíquico sem reduzi-lo a diagnósticos simplistas. Em suas palavras: “A fenomenologia nos ensina a escutar antes de interpretar. É nesse espaço de abertura que encontramos a singularidade do outro”.

Essa escuta também atravessa a literatura. Feijoo, que há anos estuda autores como Clarice Lispector, Lima Barreto e Manoel de Barros, atualmente se dedica à obra de Guimarães Rosa, especialmente ao romance Grande Sertão: Veredas. Em sua leitura, Riobaldo, protagonista do livro, traz à tona questões existenciais profundas — como o conflito interno entre o bem e o mal — que ressoam diretamente com os dilemas vividos na clínica. “A questão do ‘diabo existe ou não existe?’ que atravessa toda a narrativa de Riobaldo é, para mim, uma pergunta fundamental da psicologia clínica. Trata-se de uma busca por sentido, por compreensão da própria experiência, que culmina em uma resolução epifânica: o diabo não existe, o que existe é o homem humano”, afirma Feijoo.

Essa intersecção entre literatura e psicologia existencial é a marca registrada do Lafepe. Para a professora, os autores brasileiros oferecem uma chave de leitura do sofrimento humano que foge às classificações rígidas da psicologia tradicional, e por isso são fundamentais na construção de um pensamento não colonizado — ou seja, enraizado na realidade e na cultura brasileira.

Bate papo com o ator Gilson Barros ( Foto: Lafepe)
Bate papo com o ator Gilson Barros ( Foto: Lafepe)

O evento com o ator Gilson de Barros, que interpreta Riobaldo em uma trilogia teatral baseada no romance, exemplificou esse esforço. Na ocasião, Gilson trouxe trechos da peça à Uerj e participou de uma conversa com o público mediada por Feijoo, promovendo um encontro sensível entre arte e psicologia. Para a professora, iniciativas assim abrem espaço para uma formação clínica mais crítica e sensível à complexidade do ser humano.

O evento, ocorrido em abril, representa apenas uma das muitas ações realizadas pelo Lafepe. A rotina do laboratório segue intensa, com pesquisas em andamento, atendimentos à comunidade, supervisões clínicas e encontros interdisciplinares. O grupo também compartilha conteúdos e reflexões em seus canais virtuais, fortalecendo sua atuação como um centro de produção e disseminação de conhecimento sobre psicologia fenomenológica e existencial.

Oficina de voguing na Uerj traz visibilidade para a cena

Oficina de voguing na Uerj traz visibilidade para a cena ballroom

Demonstrações e ensinamentos acerca do vogue reuniram jovens no décimo andar da Universidade
para aprenderem mais sobre a cultura ballroom

Por: Hyndra Lopes 

Sensei Theuse Luz D’Pavuna na oficina de Voguing no hall do 10º andar do bloco F, Campus Maracanã 

A décima nona edição da Mostra de Artes e Carpintaria de Comunicação Social da Uerj (MACACOS) contou com a participação da Sensei Theuse Luz D’Pavuna, pesquisadora e fundadora da “Brazilian Kiki House of Bushido”, para ministrar a oficina de voguing. Pavuna criou uma experiência imersiva no vogue, ensinando e explicando a simbologia dos elementos da performance. Além disso, a artista concedeu uma entrevista ao Aconteceh, na qual comenta sobre o acolhimento de pessoas marginalizadas pela comunidade ballroom, o papel do vogue no empoderamento destas e a importância de se discutir sobre essa subcultura na universidade.

A cultura Ballroom, nos moldes conhecidos atualmente, surge no Harlem (bairro do subúrbio de Nova Iorque) durante a década de 1970, quando Crystal Labeija, drag queen e mulher trans negra, se revolta com o racismo nos desfiles e concursos de beleza voltados à comunidade. Ela se junta com Lottie Labeija, drag queen também negra, para fundar a primeira House (“House of Labeija”) e dar um baile exclusivo para as queens negras e latinas, consolidando a cena Ballroom como movimento de luta e resistência negro, periférico e LGBTQIAPN+. Já no Brasil, ela surge oficialmente apenas em 2015, quando é datado o primeiro baile em Brasília.

Oficina de Voguing no 10º andar do Bloco F, Campus Maracanã 

As Houses, pilares da cultura Ballroom, surgiram como um coletivo que se assemelha aconcepção familiar, reproduzindo as suas hierarquias, e foi continuado na cena brasileira, com“papis”, “mamas”, “filhos” e “baba” (fazendo referência ao orixá do candomblé). Este é umespaço de acolhimento para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ que são expulsas de casa pelas suas famílias, como diz Pavuna: “Infelizmente ainda sofremos das mesmas máculas queas pessoas lá atrás sofriam, porque nem todo mundo é aceito pelos seus pais ou progenitores. Meu pai e minha mãe são pastores, então eles têm uma relação meio densa comigo. Hoje emdia eles compreendem mais e entendem que eu tenho uma família fora da minha família”.

Além das Houses, outro símbolo da cultura Ballroom é o vogue – categoria de dança inspirada nas poses de modelos das capas de revista – representando a expressividade e liberdade de corpos LGBTQIAPN+. O vogue é dividido em 5 elementos – o catwalk, o duckwalk, a hands performance, o floor performance e os spins and dips – e, a partir deles, uma história é contada, com a criação do movimento dos cabelos, seios, unhas etc. A Sensei Pavuna salienta a importância dessa performance para o empoderamento da comunidade: “O vogue, especificamente, fala sobre a autoestima, porque é sobre poses, é sobre se imaginar numa revista de moda. Então é muito interessante pensar o quanto você consegue se imaginar como uma pessoa potente, bonita, interessante… É muito louco, porque várias pessoas não se imaginam nesse lugar de “eu posso ser uma pessoa sensual”, “eu posso ser uma pessoa bonita” ou “eu posso ser uma artista” e na Ballroom elas se descobrem enquanto potência”.

Apesar de ter maior visibilidade atualmente, a Ballroom ainda é uma cultura marginalizada e pouco estudada. Pavuna explica que a cena chegou no Brasil por uma veia acadêmica, mas não academicista, pois foi por meio de estudantes universitários, na busca por reproduzir aqui o que viam do vogue e do lugar de comunidade do movimento, e não por intelectuais. A discussão sobre o assunto no ambiente universitário e ações para tornar a cena Ballroom ativamente presente nesses espaços mostram-se de suma importância, pois criam possibilidades de retirar essa cultura e a sua comunidade das margens da sociedade. “Se lá atrás a gente via as pessoas dessas categorias (negras e LGBTQIAPN+) pensando em se tornar executivas e estudantes de universidades é essa a possibilidade de pensar: “eu posso me imaginar nesse lugar, com esse poderio” (…) Então acessar isso (a universidade) e usar o nosso conhecimento (sobre a cultura ballroom), que não é assimilado totalmente nesses espaços, é muito importante”, declara Pavuna.

A Sansei também aponta para a luta da comunidade em tornar a cultura Ballroom Patrimônio Cultural Imaterial no Brasil – em janeiro deste ano, a deputada Erika Hilton (PSOL) apresentou este projeto de lei à Câmara (PL n°183/2025) – e para a necessidade de pensar políticas públicas através da cena, que, historicamente, contribuiu para salvar a vida desses jovens marginalizados. “Eu acredito que não estaria viva até aqui se não fosse por essa comunidade. Então é sobre como a gente consegue construir realidades e, graças a elas, outras possibilidades de existência. Eu tenho muito orgulho de ver o que a juventude negra, LGBT, periférica, originária e corpos travestis generis consegue construir”.

O mural de Lélia Gonzalez transforma os prédios cinzas da Uerj

O mural de Lélia Gonzalez transforma os prédios cinzas da Uerj

Por Samira Santos

A Uerj carrega, em seus corredores e salas de aula, a história de diversas personalidades que transformaram o pensamento acadêmico e social do Brasil. Entre elas, destaca-se Lélia Gonzalez, uma intelectual, professora e ativista negra, cuja trajetória inspirou gerações e segue ecoando até os dias atuais. Em homenagem a essa figura emblemática, o evento “Ânima 2025” trouxe uma nova forma de resistência para dentro da Universidade: um mural vibrante e simbólico que, através da arte, ressignifica os espaços da instituição.

Mural da Lelia e a artista J.Lo (Foto: Equipe Coart)
Mural da Lelia e a artista J.Lo (Foto: Equipe Coart)

O legado de Lélia

 Nascida em 1935, em Belo Horizonte, Lélia Gonzalez conquistou seu espaço na academia em uma época em que a presença de mulheres negras no ensino superior era praticamente inexistente. Graduou-se em História e Filosofia na então Universidade do Estado da Guanabara (UEG), atual Uerj, e prosseguiu seus estudos na PUC-Rio, onde fez mestrado em Comunicação e doutorado em Antropologia Política. Sua produção intelectual foi marcada pela interseção entre gênero e raça, culminando no conceito de “Amefricanidade”, que destaca as experiências negras na América Latina como um elo essencial para compreender as estruturas raciais do continente.

A professora Leda Costa, especialista no pensamento de Lélia Gonzalez, destaca a importância de sua obra: “O pensamento de Lélia é um pensamento riquíssimo para entender o racismo no Brasil, para entender o sexismo no Brasil. E é um pensamento muito inovador também, já que Lélia recorre à psicanálise e tem um papel muito atuante. Ela foi uma pensadora militante da causa do feminismo negro, uma militante contra o racismo, alguém que conseguiu conciliar uma vida acadêmica com uma intensa atuação política”.

Sobre o conceito de “Amefricanidade”, a professora Leda acrescenta: “Lélia desenvolveu muitos debates no Colégio Freudiano e teve contato com psicanalistas como Carlos Magno, que a influenciou bastante. Além disso, ela estava muito antenada com pensadores como Frantz Fanon e Paul Gilroy, que já apontavam para a necessidade de repensar a relação entre a África e a América. Daí surge a ideia de “Amefricanidade”, que propõe uma matriz africana essencial para compreender as dinâmicas do continente americano, diferente da concepção de afro-americano centrada nos Estados Unidos”.

 
Livro da Lélia sobre feminismo negro (Foto: Reprodução)
Livro da Lélia sobre feminismo negro (Foto: Reprodução)

 

Seu ativismo se expandiu para o Movimento Negro Unificado (MNU), no qual desempenhou papel fundamental na luta contra o racismo no Brasil. Inspirados por esse legado, a Coart se reuniu para transformar as paredes cinzentas da Universidade em um manifesto visual. O mural criado no evento “Ânima 2025” transcende a estética e se torna um símbolo de resiliência e empoderamento.

A iniciativa para a criação do mural partiu da artista visual J.Lo Borges, que grafitou um retrato de Lélia Gonzalez sorrindo, com sua característica faixa no cabelo. O mural foi composto por cores quentes para transmitir aconchego, criando um espaço de memória dentro da Uerj. J.Lo Borges, que atualmente cursa mestrado em relações étnico-raciais, ressaltou a importância do mural não apenas como uma homenagem, mas como um lembrete constante do pensamento crítico de Lélia Gonzalez.

A professora Leda Costa também reforça essa necessidade: “Lélia não era uma mulher somente de gabinete, ela mantinha contato constante com a realidade das mulheres negras marginalizadas no Brasil. Ela questionava a concepção tradicional do feminismo, que priorizava uma visão ocidental e branca da mulher, e reivindicava a centralidade da mulher negra nesse debate. Isso precisa ser estudado e discutido amplamente dentro da universidade”.

A intervenção artística não passou despercebida. Alunos, professores e funcionários da Uerj rapidamente transformaram o mural em ponto de encontro e reflexão. Para muitos estudantes negros, a imagem de Lélia representa a possibilidade de pertencimento em um espaço historicamente excludente. A arte, que se impõe sobre a paisagem cinzenta da Universidade, também provoca debates sobre a permanência de intelectuais negros nos currículos acadêmicos.

A criação do mural marca um momento simbólico na Uerj, mas também levanta questões sobre o compromisso da universidade em valorizar efetivamente o legado de Lélia Gonzalez. Professores e estudantes seguem mobilizados para garantir que seu pensamento não seja apenas homenageado, mas incorporado ao debate acadêmico de forma estruturada.

Lélia Gonzalez enxergava a educação como ferramenta de emancipação e transformação social. Seu legado é um convite para que a Universidade se torne, de fato, um espaço plural, onde diferentes vozes possam ser ouvidas e valorizadas. E, agora, esse chamado está gravado, em cores vivas, nos muros da Uerj, resistindo ao tempo e inspirando novas gerações.

Clube do livro: Clarice Lispector da voz e vida a realidades esquecidas em A hora da estrela

Clube do livro: Clarice Lispector dá voz e vida a realidades esquecidas em A hora da estrela

“A hora da estrela”, publicada em 1977, foi a ultima obra literária de Clarice Lispector  antes de sua morte naquele mesmo ano e aborda temas sensíveis e reais na sociedade brasileira 

Por: Maria Eduarda Galdino

Livro “A hora da estrela” de Clarice Lispector (foto: Maria Eduarda Galdino)

Clarice começa sua obra com Ricardo S.M., escritor que conta a história de Macabéa, uma jovem alagoana de 19 anos, que acompanhada por sua tia, se muda para um apartamento compartilhado com 4 mulheres estranhas no Rio de Janeiro. Após a morte da tia, Macabéa se vê  sozinha, com apenas seu trabalho como refúgio. Porém, por conta da pouca escolaridade, falta de suporte e dinheiro, Macabéa vive situações tortuosas e embaraçosas com seu novo trabalho mal remunerado e uma solidão constante embora imersa na grande capital carioca.

Já no Rio de Janeiro, Macabéa conseguiu o trabalho de datilógrafa porque sua tia tinha lhe ensinado como usar a máquina. Mesmo assim, o trabalho não garantia uma vida de qualidade, nem mesmo muitos amigos, e por não ganhar muito dinheiro, Macabéa dormia com fome ou comia pedaços de papel para aliviar seu estômago. 

“Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam” – (Lispector, A hora da estrela, p.12)

Certo dia, quando faltou ao trabalho, Macabéa encontrou a liberdade na solidão, pois ninguém a compreendia, e se sentiu viva pela primeira vez enquanto dançava sozinha em seu apartamento vazio, quando se olhou no espelho, não se sentiu como um pedaço de ferrugem como de costume. De alguma forma, Macabéa ainda sentia que possuía um valor apesar de toda tristeza que envolvia a sua vida, mas não conseguia manter esse vigor por muito tempo, voltou para o seu trabalho miserável e suas crises de existência, já que não sabia direito o que a definia como gente, como a protagonista de sua própria história.

“Se o leitor possui alguma riqueza e vida bem acomodada, sairá de si para ver como é às vezes o outro.” (Lispector, A hora da estrela, p.27)

Macabéa talvez seja a personagem mais melancólica que você já conheceu, mas a verdade é que existem milhares de pessoas com uma história semelhante a dela. Ao dar vida a Macabéa, Clarice aborda temas que fazem parte da realidade de inúmeros brasileiros, como a pobreza extrema, opressão e crises de existência. Clarice em A hora da estrela, dá voz e vida a muitas pessoas que vivem à margem da sociedade, e que carregam uma das lições mais difíceis que um ser humano pode ter consigo: a de que a vida em sua maioria pode ser extremamente árdua.

 #Uerjviu #clubedolivro #leitura #jornalismo #resenha #livros #claricelispector

Mostra leva visitantes a refletirem sobre danos na sociedade

Mostra leva visitantes a refletirem sobre danos na sociedade

Por Alice Moraes

 

 
Galeria Gustavo Schnoor, exposição Danos. Foto: Alice Moraes
Galeria Gustavo Schnoor, exposição Danos. Foto: Alice Moraes

 

O Departamento Cultural da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)  inaugurou a exposição “Danos” no dia 24 de outubro. A exposição gratuita está localizada na Galeria Gustavo Schnoor, no Centro Cultural da Uerj, e estará disponível para visitação das 10h às 19h, até o dia 22 de novembro.

Com organização de Lilian do Valle e curadoria de Analu Cunha e Jefferson Medeiros, a exposição tem como objetivo trazer uma reflexão sobre os danos na sociedade. Essa reflexão remete à desigualdade e à questão da arte política.

O mediador do DeCult e estudante do Instituto de Artes da Uerj, Renan Henrique Carvalho, de 25 anos, explicou sobre a ideia de “Danos”. Ele afirmou que “os artistas dessa exposição abordam em diferentes linguagens como podemos ver os diferentes danos em nossa sociedade. “O trabalho de Arthur Palhano, por exemplo, vai tratar o dano de uma maneira mais visceral, mais visível”, comentou Renan. 

A exposição conta com trabalhos de 12 artistas, sendo eles: Amador e Jr., Arthur Palhano, André Vargas, Cláudia Hersz, Cristina Salgado, Davi Baltar, Fel Barros, Gabriel Fampa, Lyz Parayzo, Marcos Roberto, Priscila Rezende e Pio Drummond.

 

Obras de Marco Roberto: “Frio vai, frio vem”, “Leito de papelão” e “O fogo não pode apagar”, 2021. Foto: Alice Moraes
Obras de Marco Roberto: “Frio vai, frio vem”, “Leito de papelão” e “O fogo não pode apagar”, 2021. Foto: Alice Moraes

Segundo o mediador,  as obras na foto acima tem como intenção fazer o visitante pensar nas pessoas em situação de rua. Renan esclareceu que as obras de Marco Roberto tratam a questão da desigualdade. “Essa arte aborda a situação dos moradores de rua, vai associar (a situação deles)  às placas de trânsito e ao cotidiano, como uma forma de nos levar a pensar nessas circunstâncias”, explica o mediador. 

As galerias de arte da Universidade são essenciais para oferecer aos alunos e ao público de fora acesso à arte e à cultura. Nelas, os visitantes têm a possibilidade de fazer reflexões valiosas através das obras de arte. Na Galeria Gustavo Schnoor, artistas de todo o Brasil conseguem expor suas obras não só para os estudantes de arte, mas também para todos os que se interessam pelo tema. 

Sobre isso, Renan Henrique Carvalho pontuou que as exposições nas galerias valorizam a cultura da Universidade. “A galeria mostra que a Uerj não é aquele clichê de bagunça e baderna, porque também produzimos muito conteúdo, conhecimento e fazer artístico”, disse ele

Apresentação do Cabaré (Foto: Leticia Guimarães)

Oficinas de Cabaré na Uerj

Oficinas de Cabaré na Uerj

Novas formas de fazer arte

 

Por Samira Santos

 

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), através da Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação (Coart),  está oferecendo uma oportunidade para os interessados em mergulhar no universo do “cabaré”. Com um formato inclusivo e dinâmico, as aulas visam proporcionar uma imersão completa nessa linguagem artística, permitindo que os participantes explorem e desenvolvam suas habilidades de forma livre, autoral e interativa.

Objetivos e Abordagem das Aulas

O principal objetivo das oficinas de cabaré é proporcionar aos participantes uma experiência prática nesse estilo artístico. Durante as aulas, os alunos são encorajados a criar de maneira livre e ativa, utilizando suas próprias bagagens artísticas e culturais. O processo culmina em uma apresentação ao público, onde cada um pode mostrar o que desenvolveu ao longo do curso.

Apresentação do Cabaré (Foto: Leticia Guimarães)
Apresentação do Cabaré (Foto: Leticia Guimarães)
 
 
 
 

As aulas de cabaré abrangem uma vasta gama de expressões artísticas, passando pelo canto, dança, improviso, burlesco, lipsync, entre outras formas de arte. O curso também oferece uma perspectiva histórica e teórica sobre o cabaré, tanto no contexto ocidental quanto no brasileiro, sempre com foco na interação direta com o público, característica central dessa arte.

O conteúdo do curso é estruturado em dois módulos. O primeiro, aberto a todos, não exige experiência prévia em artes cênicas, tornando-se uma excelente porta de entrada para iniciantes. Já o segundo módulo requer algum conhecimento prévio, sendo ideal para aqueles que já tiveram contato com o cabaré ou com outras formas de arte cênica. Ambos os módulos incluem aulas práticas e performances, proporcionando aos alunos a oportunidade de aplicar o que aprenderam em uma apresentação final.

O cabaré, por sua natureza, é uma forma de arte que desafia padrões e acolhe a diversidade, o que o torna um espaço seguro e inclusivo para todos, independentemente de sua experiência prévia. Como resultado, os instrutores esperam que mais pessoas, especialmente aquelas que nunca tiveram contato com essa arte, sintam-se encorajadas a participar.

 

Oficina de Cabaré no Auditório Cartola ( Foto: Leticia Guimarães)
Oficina de Cabaré no Auditório Cartola ( Foto: Leticia Guimarães)

As turmas ainda estão com vagas disponíveis, e as inscrições presenciais no Coart irão ocorrer até o dia 23 de agosto, com o curso começando no dia 27 de agosto.

Deadpool & Wolverine: a grande aposta do ano da Marvel

Deadpool & Wolverine: a grande aposta do ano da Marvel

Filme estreou na última quinta-feira (25/07) e arrecadou o equivalente a R$ 1,3 bilhão ao redor do mundo na estreia

Por: Davi Guedes

Deadpool & Wolverine é o alvorecer de uma nova era criativa para a produção do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). No entanto, apesar dos novos ares, abdicar dos paradigmas e vícios que a Marvel integrou nas suas produções desde o início de sua quarta fase não parece estar no radar do estúdio, embora esses mesmos sejam o alvo de crítica no próprio longa.

O principal aspecto da história é o caráter anti-heroico dos protagonistas do filme e ele usa dessa característica para constituir a narrativa e a temática. Em resumo, a história consiste na jornada de Deadpool para substituir o Wolverine, o mesmo que morreu no filme “Logan”, a fim de estabilizar a sua realidade e evitar com que ela colapse. 

A trama é, como já esperado, recheada de “fanservices”, e encare isso como uma faca de dois gumes. Por um lado, aos saudosistas de plantão, ver tantos rostos antigos retornarem será gratificante, por outro, o volume desse artifício de roteiro é tamanho que ele parece ser o elemento principal de todo o filme.

Encontra-se aí o aspecto cínico da autocrítica feita no filme pela Marvel: ao mesmo tempo que a obra tira sarro com o estado atual do estúdio, ela ainda depende dos seus vícios para se sustentar. Embora exista uma trama por trás da obra, esta é mais um plano de fundo para um filme preocupado, sobretudo, em agradar ao público.

Perpassa pela obra um metacomentário central: a noção de que mesmo pessoas problemáticas e quebradas podem ser “heróis”, posto que em uma das cenas finais, ambos os protagonistas sacrificam-se pelo bem maior, ao clássico estilo do super-herói virtuoso, ainda que sejam indivíduos muito problemáticos. A transmissão dessa mensagem adquire seu valor pleno se o espectador já tiver assistido aos longas anteriores dos personagens, ou ao menos tiver alguma boa familiaridade com eles, pois o filme em si não gasta muito tempo ou esforços desenvolvendo neles esses aspectos temáticos. Ele depende principalmente de algo que já estaria latente nos personagens, oriundo do desenvolvimento que herdam dos seus filmes predecessores.

Em relação ao humor, espere pelo filme com o humor mais vulgar e ousado da Marvel. O contraste entre um universo tipicamente infanto-juvenil com o Deadpool, um personagem de humor adulto, entrega momentos engraçados. No geral, o filme é genuinamente divertido, apesar da repetição de um modelo de piada e a necessidade de reconhecer as referências feitas com o próprio UCM e com a cultura pop para extrair sentido de várias delas. 

Em relação à trilha sonora, o filme aglutina grandes nomes do pop, como Madonna e Avril Lavigne, que sempre acompanham momentos de ação. 

O saldo final é de uma continuação do que a Marvel vem sendo. A quem se acostumou com a fase quatro, espere um filme com uma montagem e estilo semelhantes, com o diferencial de que esse filme é consciente do que ele é, e, a despeito de tudo, permanece sendo uma continuidade do que a Marvel se acostumou a fazer.

Projeto do Cap-Uerj emancipa saberes

Projeto do CAp-Uerj emancipa saberes e enegrece currículos

Iniciativa retrata para estudantes do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira a negritude para além do período escravocrata

Por Everton Victor

Oficina do projeto na semana da Consciência Negra em 2022. / Foto: Arquivo Pessoal
 
 
 Com a missão de uma educação antirracista, o projeto de ensino Por uma Didática Racial, coordenado pelo professor Luís Paulo Borges, apresenta intelectuais negros para os estudantes da educação básica do CAp-Uerj. O projeto se realiza por meio de um resgate da história afro-brasileira, que, apesar de leis garantirem a obrigatoriedade, não estão presentes nos currículos escolares.
 
Por Uma Didática Racial surgiu em 2016 e foi implementado em 2017, no âmbito do projeto de extensão Circularidades da escola, que é composto por diversos sub-projetos, que abordam raça, classe e gênero. Para o professor Luís Paulo Borges, a importância do projeto está no seu intuito emancipatório, insurgente e de resgate a uma história por vezes apagada. “A escravidão é um fato histórico, mas a nossa história não começa na escravidão, a gente não pode reforçar isso nos currículos”, afirma.
 
Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Ricardo Nogueira, Azoilda Trindade, Renato Nogueira entre tantos outros intelectuais negros, estruturam o conteúdo bibliográfico do projeto, enquanto a  abordagem varia de acordo com a ano da turma, abrangendo alunos do fundamental I e II, em parceria com a professora Larissa Costard de História. Os bolsistas e o coordenador estruturam o ensino por meio de pesquisa e leitura de intelectuais negros e suas contribuições, junto com o convívio semanal nas salas de aulas do Instituto de Aplicação da Uerj.
 

Esse reconhecimento que vai além da sala de aula, sendo convidados para participar de eventos acadêmicos e congressos em Brasília, João Pessoa e na cidade do Rio. Visitar outros ambientes acadêmicos está no papel da Uerj e do próprio projeto de coletivizar o conhecimento, de acordo com o professor.. “A gente é de uma instituição pública, temos o compromisso político de uma educação pública, e, no nosso caso, uma educação pública antiracista”, reforça.

 

“A gente está falando do exercício da prática de uma lei que é obrigatória no Brasil”, explica Borges. A lei n°10.639, de 2003, a que o professor se refere, instituiu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira e indígena nas escolas em todo o território nacional. Cinco anos depois, a lei n° 11.645, de 2008, reforçou a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena no ambiente escolar, obrigações que não se concretizaram integralmente. 

 

A primeira vez que a justiça decidiu apurar o cumprimento da lei foi em 2018, em decisão da 4 Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa foi tomada após o pedido do Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-brasileiros (Ipeafro) e do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) ser impetrado na Corte.

 
Trabalho do projeto com crianças do 1° ano do Ensino Fundamental sobre racismo em 2023. / Foto: Arquivo Pessoal
 

 

 
 
Para Erivelton Zidane, estudante de história na Uerj e bolsista do projeto, o efeito do Por Uma Didática Racial vai além da sala de aula, na construção individual de empoderamento desses alunos, pois “a educação é um campo que emancipa saberes e sobretudo o indivíduo”. Ele atribui a presença de pautas como essas no ambiente acadêmico à maior participação de pessoas negras, indígenas e da periferia em espaços de intelectualidade. “São negros que estão produzindo seja na academia, seja em espaços de educação não formativos, como quilombos e aldeias,também lugares de saberes”, conclui
 
 
Guilherme Simões, também integrante do projeto e aluno de educação física na Uerj, vê o impacto da do projeto na sua própria vida: “Sinto que hoje sou uma pessoa racializada”. O bolsista relata uma de suas experiências no projeto no ano passado “Foi feito um trabalho com os alunos do sétimo ano do ensino fundamental em parceria com a professora de história Larissa Costard (…) foi uma experiência muito rica, pude absorver como era possível pavimentar o caminho para que cheguem esses outros saberes”.
 
O projeto também desconstrói a ideia de que o ato de escrever e a literatura que forma a sociedade brasileira não é só europeia, mas também negra e indígena, e leva essas discussões para suas redes sociais. No instagram, o Por Uma Didática Racial traz diversas pesquisas sobre a cultura africana e indígena, a história de intelectuais negros, além de dicas literárias e indicações de filmes. Ao todo, a rede conta com mais de 1200 seguidores, o que Guilherme atribui ao “movimento de enegrecer nosso pensamento e transmitir através das redes sociais para outras pessoas”.

Agenda e Notas

Agenda e Notas

Por : Samira Santos

MAIO:

1. 09/5, 8h às 17h30 – II Seminário do Ambulatório Identidade – Transdiversidade

⬤ O Ambulatório Identidade – Transdiversidade da PPC e do Hupe da Uerj realiza seu II Seminário nos dias 8 e 9 de maio, com o tema “A integralidade do cuidado em Saúde da população trans no SUS”. Local: auditório 11, bloco F, campus Maracanã. Inscrições gratuitas através de formulário eletrônico. Doações de alimentos serão recebidas.

2. 09/5, 19h às 21h – Espetáculo ‘Mães do Samba’ estreia no Teatro Noel Rosa

⬤ O Coral “O Canto das Lavadeiras” apresenta o espetáculo “Mães do Samba” nos dias 9 a 11 de maio, às 19h, no Teatro Noel Rosa, campus Maracanã. Direção geral de Analimar Ventapane. Ingressos disponíveis online.

3. 15/5, 10h às 12h – Conferência sobre Covid longa

⬤ O IMS da Uerj recebe Ilana Löwy para discutir “Covid longa”. A conferência abordará os distúrbios funcionais pós-Covid. O evento terá tradução simultânea e será transmitido ao vivo pelo YouTube.

4. 16/5, 10h30 às 16h – Evento de Saúde Mental

⬤ O Pebit da Uerj e o Cetreina promovem um evento sobre saúde mental e emocional, com palestra e exposição de arte. Não é necessária inscrição prévia e serão emitidos certificados. Será realizado no auditório 111, 11° andar, campus Maracanã. 

5. 16/5, 19h às 21h – Show de reggae no Teatro Noel Rosa

⬤ A Banda Blessed se apresenta no Teatro Noel Rosa da Uerj. Os ingressos estão disponíveis online e haverá intérprete de libras.

6. 17/5, 15h às 16h – Musical “A pequena vendedora de fósforos” no Teatrão

⬤ A Divisão de Teatro da Uerj apresenta o musical “A pequena vendedora de fósforos”, adaptado do conto de Hans Christian Andersen. As apresentações ocorrem nos dias 17, 18, 24 e 25 de maio, no Teatro Odylo Costa, filho, campus Maracanã. Organizado pelo projeto Uerj em Casa e pelo Cptec, as sessões são às 15h e 16h. O espetáculo conta a história de uma menina pobre que vende fósforos nas ruas para sobreviver e suas visões misteriosas. Os ingressos estão disponíveis online.

7. 23/5, 9h às 20h – Ajuda com Imposto de Renda

⬤ O projeto “IR na Mangueira e arredores” auxilia moradores da região a preencher a declaração do Imposto de Renda. O projeto oferece auxílio presencial em um único dia próximo ao prazo final da declaração, além de acesso a vídeos e outros conteúdos nas redes sociais. Os serviços ocorrem em três horários, das 9h às 12h, das 13h às 16h e das 17h às 20h, sem necessidade de agendamento, mas sujeitos a vagas limitadas. Os documentos necessários incluem identidade, CPF, cópia da declaração do ano anterior, comprovante de residência, rendimentos e despesas de saúde e educação do exercício de 2023.

8. 24/5, 19h às 21h – Lançamento do disco ‘Momento’

⬤ Rafael José lança seu disco “Momento” no Teatro Noel Rosa da Uerj. Os ingressos estão disponíveis online e haverá intérprete de libras.

JUNHO:

1. 06/6, 9h30 às 17h – Seminário Internacional do CLAM

⬤ O Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos promove o seminário internacional, discutindo a trajetória e perspectivas futuras dos estudos sobre gênero e sexualidade. O evento ocorrerá no auditório do IMS, localizado na sala 6.012, 6º andar do campus Maracanã. A programação completa está acessível no site do seminário. O evento é de acesso público e será transmitido ao vivo no YouTube.

Espetáculo “Milagre do Brasil” chega na Uerj

Espetáculo “Milagre do Brasil” chega na Uerj

Com direção de Pedro Barrroso, o espetáculo conta com Bárbara Vila Nova e Felipe Ferreira

Por: Vinícius Feliano

Dois personagens conversando durante ato do espetáculo / Foto: Divulgação

A encenação, que se apresenta no Teatro Noel Rosa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), narra uma cela, onde presos políticos da ditadura militar brasileira estão em situação contraditória e sem contato com o mundo externo, nisso, buscam no passado e no futuro a humanidade na situação em que vivem. A primeira apresentação acontece hoje (04) com ingressos entre R$10 e R$30 reais.

Adaptação da biografia de Augusto Boal, diretor de teatro e dramaturgo, Milagre do Brasil tem a intenção de questionar a memória social brasileira dos anos de ditadura militar que, em 2024, completa 60 anos. Dirigido por Pedro Barroso em parceria com o Instituto Augusto Boal da UFRJ e apoio da Escola de Teatro Martins Penna e Escola de Teatro Popular, o elenco conta com Bárbara Vila Nova, Felipe Ferreira, Fernando Leão, Giu Maué, Igor Cruz – Stand-in, Isabel Figueira,  Nitai, Pedro Máximo – Stand-in e Ricardo Neme. 

Com classificação de 16 anos, o espetáculo vai ocorrer no Teatro Noel Rosa da Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação (Coart) da Uerj, às 19h. Os ingressos podem ser adquiridos aqui e os valores dos ingressos são: R$10 para a comunidade da Universidade, R$15 a meia-entrada e R$30 a inteira.

Quem foi Augusto Boal?

Homenagem ao dramaturgo feita para canal do Instituto augusto Boal / (Foto: Instituto Augusto Boal)

Diretor de teatro e Dramaturgo, Boal foi o fundador do Teatro do Oprimido, método que reúne exercícios, jogos e técnicas teatrais, aliando-o à ação social. Seus ensinamentos difundiram-se pelo mundo entre os anos 1970 e 2000, sendo empregados não só por profissionais das artes cênicas, como também por profissionais das áreas de educação, saúde mental e do sistema prisional.

Sua obra reúne 22 livros traduzidos em mais de vinte línguas e suas concepções são estudadas nas principais escolas de teatro do mundo. Além de sua contribuição à arte, Boal também foi Vereador do Rio de Janeiro entre 1993 e 1997.