Inovação no feminino: Web Summit Rio 2024 discute Inteligência Artificial e tem participação recorde de mulheres

‘A IA é uma ameaça existencial ao jornalismo’, afirma Renata Lo Prete

Em debate no Web Summit, jornalista diz que relevância da profissão cresce em meio ao aumento de manipulações feitas por IA

Por Julia Lima

Renata Lo Prete com Nuno Santos (CNN Portugal) e Laura Bonilla (AFP). (Reprodução: Everton Victor)

Quanto maior a desinformação em suas múltiplas facetas, inclusive com uso de inteligência artificial, mais importante é o papel do jornalista. Foi assim que Renata Lo Prete, apresentadora do Jornal da Globo, resumiu a importância do trabalho jornalístico nos dias atuais. Ela participou do segundo dia do Web Summit em duas mesas que discutiam o impacto dessa tecnologia na cobertura jornalística, principalmente quando o assunto é política. Para a jornalista, a maior preocupação para as eleições deste ano, que acontecem em 64 países, são os áudios modificados. É fácil achar na internet ferramentas gratuitas que consigam fazer modulação de voz e assim “colocar palavras na boca” de um adversário ou até mesmo de jornalistas.

Lo Prete destaca que o Brasil é a quarta maior população votante do mundo – 150 milhões – e o terceiro maior usuário de Whatsapp, sendo o primeiro na utilização de áudios para a comunicação. Dessa forma, o trabalho jornalístico de filtrar esses áudios e determinar se são verdadeiros ou não é ainda mais importante na realidade brasileira, ainda mais em ano de eleições. Ela resumiu afirmando: “Da mesma forma que fomos atacados como nunca antes, somos mais importantes que nunca.”

“A IA é uma ameaça existencial ao jornalismo”, disse Lo Prete. Em sua opinião, para enfrentar tal ameaça é necessário incentivar a formação de novos profissionais que entendam a importância desse serviço para a sociedade. Quanto à descredibilização da profissão pelo público, o antídoto, na avaliação da apresentadora, seria explicar de forma clara o porquê de os veículos fazerem esse ou aquele tipo de cobertura.

Renata Lo Prete, Greg Williams (Wired) e Vera Bergengruen (Time). (Reprodução: Julia Lima)

 

Contra fake news, a relevância da checagem de fatos

Para Lo Prete, “na política, o custo de mentir caiu muito.” E, para conter essas mentiras, ela destacou o trabalho de agências de checagem, principalmente o Fato ou Fake, da Rede Globo. A apresentadora destaca, no entanto, que fazer verificação excessiva de todas as mentiras que são publicadas é se render à agenda de quem as criou.

Por isso, finalizou a apresentadora, o jornalismo deve continuar fazendo seu trabalho de forma independente e imparcial, ainda que os profissionais possam sofrer algum tipo de retaliação. As empresas, por sua vez, devem fornecer segurança jurídica e física para seus funcionários a fim de buscar minimizar esses impactos e proteger os jornalistas.

‘A IA é uma ameaça existencial ao jornalismo’, afirma Renata Lo Prete

Inovação no feminino: Web Summit Rio 2024 discute Inteligência Artificial e tem participação recorde de mulheres

Ministro anunciou fundo federal para incentivo a startups

Por Everton Victor e Julia Lima

Palco principal do Web Summit Rio 2024 (Reprodução: Julia Lima)

A inteligência artificial (IA), seu uso em diferentes indústrias e o impacto que ela traz para a sociedade, foi o principal assunto da Web Summit. evento realizado de 16 a 18 de abril no Rio de Janeiro. Os debates incluíram temas como democracia, jornalismo, diversidade, mídias digitais, privacidade e segurança no meio digital. As discussões ressaltaram o papel da IA como um facilitador das atividades humanas e não um substituto da humanidade. 

O Rio é a única cidade da América Latina a receber o evento, que acontece desde 2023. Entre os expositores, das 1066 startups participantes, 480 foram fundadas por mulheres, 45% do total, um recorde global do Web Summit. O evento acontece em 5 países. A cúpula aconteceu no Riocentro, zona oeste do Rio, e atraiu quase 35 mil pessoas de 102 países. Entre as atrações, a possibilidade de debater temas de inovação e fazer negócios.  Os participantes poderiam se conectar uns aos outros pelo aplicativo “Web Summit Rio” para expandir suas empresas e criar relações pessoais e comerciais.

Da política à cultura, o evento reuniu nomes de diferentes áreas. Entre eles, o cantor e compositor Gilberto Gil, a jornalista Renata Lo Prete, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, o presidente do Google Brasil, Fábio Coelho, e influenciadores de várias áreas, como Bianca Andrade, Diego Ribas e Mário Sérgio Cortella.

As startups, grande destaque desta edição,  apresentaram mais de 1000 projetos nacionais e internacionais inovadores para o público e possíveis investidores. Márcio França, ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, anunciou que o governo vai fortalecer o incentivo para startups brasileiras. “Nós queremos criar um fundo nacional para startups que as pessoas (que atuem nelas) saibam as demandas que o governo está querendo e se tiver uma solução para aquele problema eles nos oferecem, e o governo ficará sócio da startup como é feito em outros lugares do mundo”. Segundo ele, a expectativa é lançar ainda no primeiro semestre de 2024.

Ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França. (Reprodução: Everton Victor)

É o segundo ano consecutivo em que a Rio Web Summit acontece no Rio. O público de 34.397 participantes representa um aumento de 60% em relação ao ano anterior, neste que é um dos maiores eventos de tecnologia do mundo. A prefeitura tem a estimativa de que o Web Summit Rio movimente, com as edições 2023 até 2028, mais de 1,2 bilhão de reais para a economia local.

 

É o segundo ano consecutivo em que a Rio Web Summit acontece no Rio. O público de 34.397 participantes representa um aumento de 60% em relação ao ano anterior, neste que é um dos maiores eventos de tecnologia do mundo. A prefeitura tem a estimativa de que o Web Summit Rio movimente, com as edições 2023 até 2028, mais de 1,2 bilhão de reais para a economia local.

É popular, mas exclui o povo.

É popular, mas exclui o povo.

Pesquisas apontam o avanço no processo de elitização dos estádios.

Por: Livia Bronzato

Foto: Ricardo Stuckert/CBF

O preço dos ingressos para a final do Campeonato Carioca, entre Flamengo e Nova Iguaçu, variou entre R$ 140 e R$ 600, considerando o valor das inteiras. Tendo em vista que o ingresso mais barato tem valor equivalente a 10% do salário mínimo atual, coloca-se em evidência a exclusão de importante parte da torcida que a cobrança desses valores gera.

Para as famílias brasileiras, o futebol representa uma paixão hereditária, um domingo de união para assistir ao jogo ou uma memória feliz quando seu time conquista alguma taça. O futebol faz parte da cultura do Brasil e é o esporte mais popular do país. Entretanto, os dados mostram que, cada vez mais, o acesso aos estádios distancia-se do caráter popular e aproxima-se da mercantilização desses espaços.

O ranking de maiores tickets médios, segundo a Pluri, consultoria especializada em análises do futebol brasileiro, considerando de janeiro a dezembro de 2023, mostra que o Flamengo tem os ingressos mais caros (R$ 81,12), seguido por Palmeiras, São Paulo e Grêmio (R$ 77,74, R$ 71,38 e R$ 69,79, respectivamente). A lista também conta com outros nomes, como: Tombense (R$ 67,85), América MG (R$ 66,84), Corinthians (R$ 60,84), Vasco (R$ 56,32), Atlético MG (R$ 55,96) e Fluminense (R$ 52,91). Oito entre esses dez clubes fazem parte também do ranking de maior número de torcedores, sendo o Flamengo novamente o líder, de acordo com a revista Placar.

Foto: Secretaria de Cultura RJ

A vibração das arquibancadas é feita pelos próprios torcedores. Ao impedir que as classes mais populares tenham contato com os jogos nos estádios, cresce a chance de, futuramente, a tradição e a renovação da paixão por esse esporte sofrerem um esvaziamento por conta da distância entre clube e torcedor.

Milhões de brasileiros se preparam para as eleições municipais de outubro

Milhões de brasileiros se preparam para as eleições municipais de outubro

A eleição irá determinar os prefeitos, os vice-prefeitos e os vereadores das 5.568 cidades brasileiras

Por: Manoela Oliveira

Reprodução: Pixabay

Em 6 de outubro, cerca de 152 milhões de eleitores participarão da eleição municipal para decidir os vereadores, os prefeitos e os vice-prefeitos de todo o Brasil. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso nenhum candidato consiga metade dos votos válidos em cidades de mais de 200 mil eleitores, o segundo turno ocorrerá em 27 de outubro.

A Lei das Eleições permite o registro de candidatos e de candidatas pelas coligações e pelos partidos políticos até 15 de agosto. O atual prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD) pretende se reeleger com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na eleição de 2020, Paes obteve 64,7% dos votos no segundo turno, derrotando o seu concorrente, o então prefeito Marcello Crivella. Paes foi o candidato preferido em todas as zonas eleitorais neste turno, segundo o TSE.

Mapa de apuração das eleições municipais de 2020 / Reprodução: Manoela Oliveira

Na última eleição para prefeito, Paes disparou na região da Grande Tijuca do Rio de Janeiro. De acordo com o TSE, na 229º e na 170º zonas eleitorais, localizadas no Maracanã, ele obteve 75,92% e 77,93% dos votos, respectivamente. Paes também alcançou 78,33% dos votos na Tijuca e conseguiu atingir cerca de 140 mil votos nessas três zonas eleitorais. O atual prefeito é uma aposta para a eleição de 2024, especialmente na Grande Tijuca.

Outros candidatos como Tarcísio Motta (PSOL), Alexandre Ramagem (PL), Cyro Garcia (PSTU), Pedro Duarte (Novo) e Otoni de Paula (MDB) são cotados para concorrerem na disputa eleitoral pela Prefeitura do Rio. Dani Balbi (PCdoB), Marcelo Queiroz (PP) e Juliete Pantoja (UP) também são nomes esperados para a disputa do cargo.

Para os políticos que pretendem ser vereadores, a data-limite para trocar de partido sem a perda do mandato foi 5 de abril. Porém, assim como os candidatos à Prefeitura, eles têm até 15 de agosto para registrarem a candidatura.

Os cidadãos com idade entre 18 a 70 anos são obrigados a votar nas eleições. O voto facultativo é para pessoas com mais de 70 anos, para os analfabetos e para os jovens com idades entre 16 e 18 anos. Segundo o TSE, o prazo para emitir e regularizar o título eleitoral é até o dia 8 de maio.

O TSE disponibiliza atendimento remoto para realizar o alistamento eleitoral e a regulamentação do título de eleitor.

“Gastronomia sustentável” é a alternativa ao desperdício de alimentos

“Gastronomia sustentável” é a alternativa ao desperdício de alimentos

Mais de um bilhão de comida vai para o lixo em todo o mundo, segundo dados recentes da ONU. Chefs e nutricionistas pensam em soluções

Por: Vitória Thomaz

Maristella Sodre Chef de Cozinha sustentável dando aula em um evento. Foto: Acervo pessoal

O Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024 do PNUMA (Food Waste Index Report) indica que domicílios de todo o mundo desperdiçaram mais de 1 bilhão de refeições por dia em 2022, enquanto 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome e parte da humanidade enfrentou insegurança alimentar. O problema do descarte indevido de alimentos é persistente e causa diversos danos. É nesse contexto que chefs e nutricionistas têm pensado na sustentabilidade no dia-a-dia para minimizar os desperdícios.

O termo “sustentabilidade” é o ato de usar conscientemente os recursos naturais sem comprometer o bem-estar das gerações futuras, e ela pode ser aplicada também na culinária. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o desperdício de alimentos causa entre 8% e 10% dos gases de efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global. Esse desperdício começa desde a produção agrícola inicial até o consumo das famílias.

A chef de cozinha Maristella Sodre explica que a Gastronomia sustentável, da qual possui especialização, é voltada para um olhar sustentável para a alimentação. “É uma gastronomia que utiliza técnicas de aproveitamento integral dos alimentos, evitando o desperdício e promovendo a importância de todos os nutrientes dos alimentos”. Para ela, o desperdício é um tópico de preocupação, e por meio da culinária a chef aplica técnicas que visam reduzir a perda de alimentos.

Sodre destaca que o descarte indevido de alimentos é um problema social e também para o planeta. “São toneladas e toneladas de alimentos descartados de maneira imprópria liberando gases tóxicos prejudicando o meio ambiente. Ainda se tem o agravante de milhões de pessoas estarem passando fome. A quantidade desse desperdício, daria para alimentar toda essa população faminta e ainda sobraria”.

Maristella Sodre ressalta que a população pode ter atitudes no seu dia a dia que ajuda a reduzir o desperdício, e uma delas seria a do aproveitamento integral dos alimentos. Isso inclui a utilização de um alimento por completo, como as partes não convencionais como: as cascas, talos e sementes. “Planejando suas compras semanais e utilizando técnicas de aproveitamento integral dos alimentos”, diz Sodre.

Projeto social de culinária sustentável

Há muitos exemplos de culinária sustentável no Rio. “Angu das Artes” é o nome do projeto social liderado por Angélica Nobre, de 51 anos. A gestora ambiental e chef de gastronomia sustentável, natural de Recife, comanda o projeto itinerante que através de cursos, palestras e oficinas ensina e capacita a prática do aproveitamento total do alimento.

O foco do projeto Angu das Artes é utilizar a gastronomia sustentável como forma de transformação na vida das pessoas. A chef aprendeu receitas que utilizam o alimento integralmente se inspirando em sua mãe, pois em sua infância passaram fome. Para Angélica Nobre, falta conhecimento na população sobre aproveitar integralmente, além de um olhar atento aos alimentos para valorizar o valor nutricional de um produto e não apenas sua estética. “Ficar de olho na validade dos produtos. Fazer a quantidade de alimento que vai consumir, comprar os produtos priorizando o valor nutricional e não apenas a estética”.

Angélica nobre, chef sustentável. Foto: Instagram

Uma fruta, por exemplo, que tenha danos em sua aparência, pode acabar não sendo escolhida pelo consumidor, mesmo estando boas para consumo. A nutricionista Mariana Gomes orienta que a escolha de frutas deve ser feita visando a nutrição que o alimento possui e não apenas a sua aparência externa. “Vale lembrar que, nem sempre os alimentos que apresentam danos externos estão estragados. Quando uma fruta considerada “feia” é jogada fora, se transforma em um desperdício”.

Reutilização de partes dos alimentos como estratégia

Em seu instagram, com 31 mil seguidores, a nutricionista Amanda Ornelas usa o seu alcance para promover conscientização a respeito de uma nutrição sustentável. “Uma nutrição sustentável vai além da simples escolha de alimentos saudáveis. Envolve considerar o impacto ambiental de cada escolha alimentar, desde a produção até o descarte de resíduos. Isso inclui evitar o desperdício, optar por alimentos orgânicos quando possível, apoiar agricultores locais, utilizar ingredientes de forma integral e etc”.

E como promover mudança no desperdício de alimentos?

A nutricionista Amanda Ornelas indica que as pessoas organizem suas refeições e tenham um consumo consciente, evitando desperdícios. “Planejar as refeições com antecedência, comprar apenas o necessário, armazenar corretamente os alimentos na geladeira e reutilizar sobras em novas preparações”.

 
Postagem feita pela nutricionista Ornelas conscientizando sobre desperdícios. Foto: instagram

Muitos alimentos são desperdiçados rotineiramente pela população por falta de orientação sobre reaproveitamento e como usar certas partes dos alimentos em receitas. A população não costuma saber o que fazer com as cascas dos alimentos em casa, por exemplo, que acabam indo para o lixo. “Existem inúmeras receitas criativas que fazem uso integral dos alimentos como sopas, farofas, sucos e até mesmo chips de casca de batata por exemplo”, Pontua Ornelas.

Assim como Amanda Ornelas, a nutricionista Mariana Gomes, reitera a ideia de reaproveitar ao máximo o alimento em sua completude, para assim evitar o desperdício. “Hortaliças murchas podem complementar molhos e omeletes, uma banana passada estará no ponto ideal de um bolo de banana ou um delicioso sorvete, pães “dormidos” de um dia para o outro, podem virar torradas ou rabanadas”, diz Gomes.

“Eu quero o direito de ser medíocre. A gente quer ter o direito de ter problema igual a todo mundo”, afirma a socióloga Maria Leão

“Eu quero o direito de ser medíocre. A gente quer ter o direito de ter problema igual a todo mundo”, afirma a socióloga Maria Leão

Profissionais e alunos promovem debate sobre a inclusão de pessoas autistas no ensino superior

Por: Samira Santos

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) sediou a primeira edição do Simpósio Interdisciplinar sobre Transtorno do Espectro Autista (Sitea) nos dias 12 e 13 de abril. O evento, que ocorreu no auditório 91, 9° andar do bloco F, e na Capela Ecumênica, no campus Maracanã, teve como tema central “Diálogos entre projetos, políticas, práticas e vivências”. Organizado por professores, técnicos e estudantes de diferentes unidades acadêmicas da Uerj, o simpósio reuniu especialistas que trabalham diretamente com a temática do Transtorno do Espectro Autista (TEA) na universidade.

Evento Sitea no auditório do 9° andar. Foto: Samira Santos

Durante a mesa “Autistas universitários: desafios encontrados no ensino superior”, foram abordados diversos aspectos relacionados à inclusão de estudantes autistas na universidade. Membros do Coletivo Autista, como a graduanda Sarah Sindorf (Jornalismo), a mestranda Ana Muhlethaler (Ciências Sociais) e a doutoranda Maria Leão (Saúde Coletiva), compartilharam experiências e desafios enfrentados nesse contexto.

O Coletivo Autista da Uerj compartilhou seus objetivos durante o debate, que incluem a busca pela garantia dos direitos dos indivíduos autistas, conforme estabelecido pela Lei Nº 12.764/2012. Além disso, o grupo se compromete a ouvir e investigar casos de capacitismo dentro da comunidade Uerj, tanto os que estão ocorrendo atualmente quanto aqueles que ainda não foram legalmente resolvidos. Outra meta importante é a produção de conhecimento e conscientização sobre o TEA. O Coletivo também se dedica ao combate ao racismo, ao capacitismo, à intolerância religiosa e a outras formas de violência estrutural. Por fim, o grupo incentiva e promove a inclusão e a acessibilidade dentro da comunidade Uerj.

A representação na mídia e desafios na universidade

Um dos pontos destacados durante o evento foi a importância dos Núcleos de Acessibilidade e da capacitação docente para garantir a inclusão efetiva dos estudantes com TEA na universidade. Além disso, foram discutidas as barreiras enfrentadas pelos autistas, como a falta de informação e a necessidade de uma maior sensibilização da comunidade acadêmica.

Maria Leão, Ana Muhlethaler, Sarah Sindorf e Guilherme Karl. Foto: Reprodução do Instagram

Na mesa, a pedagoga Ana Muhlethaler destacou possíveis abordagens para promover a inclusão de pessoas com TEA no ensino superior. Ela enfatizou a existência de custos, muitas vezes invisíveis, associados à permanência de estudantes autistas na universidade, como bolsas de estudo e suporte médico ou educacional. Muhlethaler também ressaltou a importância de departamentos de inclusão bem treinados e atualizados com as pesquisas mais recentes, além da necessidade de um treinamento abrangente para todo o corpo docente e funcionários da instituição. Além disso, ela defendeu uma maior pressão sobre as agências de financiamento para que implementem medidas de inclusão e garantam a permanência de autistas, assim como de pessoas com deficiência em geral, em pesquisas e programas de pós-graduação.

 

Clarice Falcão celebra disco “Truque” com turnê pelo Brasil

Clarice Falcão celebra disco “Truque” com turnê pelo Brasil

Quarto álbum de estúdio da cantora explora diferentes ritmos e facetas criativas

Por: Vinícius Feliciano

Lançado em agosto de 2023, o último álbum de Clarice Falcão reflete sobre diferentes visões de um típico relacionamento romântico. Em “Truque”, a cantora adentra ritmos inexplorados em seus outros trabalhos com uma produção cheia de instrumentais de metais, sopro e cordas, assinada por Lucas de Paiva.

Clarice Falcão no clipe da música “Chorar da Boate”. (Foto: divulgação)

Após grandes álbuns de sucesso, como “Problema Meu” e “Monomania”, Clarice Falcão retornou para a música em 2023 com o lançamento de seu álbum visual, “Truque”. Nele, a cantora tenta explorar novas facetas do sentimentalismo humano e do amor. Com o contraste entre canções como “Quero acreditar” e “Podre”, ela reflete sobre suas visões de diferentes pontos da vida. Em entrevista para o UERJ VIU, declarou que “O álbum ‘Truque’ tem uma ideia de iludir e de mostrar como o amor é uma ilusão que escolhemos acreditar”.

Como inspiração para composição de suas letras, Clarice cita que não tem nada em específico que a sirva de inspiração para as músicas, no entanto, reitera que todas as coisas que consome e situações que vivencia em sua vida são o que dão gás para sua criatividade.

Em parceria com Lucas Cunha e inspirações de “Corra!” (Jordan Peele) e “Sob a pele” (Jonathan Glazer), os clipes do álbum carregam uma aura fora da realidade, com um fundo preto e sem grandes detalhes para contornar a realidade em um efeito de cenário infinito. “Cada vídeo dá uma rasteira no público”, afirma Clarice ao exemplificar a forma de como os vídeos foram gravados, buscando brincar com a realidade. Em “Ar da sua graça”, por exemplo, a protagonista aparece submersa e cercada de peixes, no entanto, a gravação foi feita com um aquário entre a câmera e Clarice, gerando o efeito.

Videoclipe da música “Ar da sua graça”. (Foto: Clipe/Youtube)

Com casa esgotada, a Turnê Truque teve sua estreia em 01/03 na Casa Natura, em São Paulo. O show foi composto por diversos efeitos práticos que divertiram o público e cravaram a estética do álbum. Clarice afirma que todas as etapas de criação foram incrivelmente pensadas, inclusive as da turnê, pois queria entregar um trabalho completo em todas as áreas. “Mesmo não sendo um trabalho de 1 milhão de reais, usei toda a criatividade para surpreender o público”, afirma.

A Turnê Truque possui duas datas marcadas: 11/05 no Teatro Claro Mais Rio, no Rio de Janeiro, e no dia 17/05 no Bar Opinião, em Porto Alegre. Novas datas ainda serão anunciadas. Os ingressos para as datas agendadas podem ser comprados clicando aqui. O álbum musical “Truque” pode ser reproduzido em todas as plataformas digitais.

 
 
 

Concurso para professor substituto

O Departamento de Jornalismo (DJR), da Faculdade de Comunicação Social, está com edital aberto para a formação de banco de cadastro de reserva para professores substitutos nas áreas de: Jornalismo Impresso; Telejornalismo e audiovisual jornalístico; Fotojornalismo e Fotografia na Comunicação; Design Gráfico; e Webjornalismo. Inscrições de 19/11 a 19/12/2022.

Fpp #36 – Moisés Vieira e Daniel Costa

Pais relatam demandas dos filhos para dar seguimento aos estudos durante a pandemia.

Por Fernanda Vitória e Sarah Barros

Quem nunca desejou, ao menos uma vez, ser criança para não ter que lidar com as asperezas da vida adulta, não é mesmo? Esse mundo livre de problemas, no entanto, pode ser apenas mais uma das ilusões que nós, adultos, alimentamos para não termos que ver nossos filhos e netos crescerem. E, talvez, a pandemia tenha escancarado isso. Conforme ressalta a entrevistada principal desta edição do FCS pensa a pandemia e mestra em Educação Débora de Lima do Carmo, desde que o coronavírus se tornou um problema global, os pequenos têm que lidar com inúmeras inseguranças por causa das transformações do ensino remoto e das restrições variadas na vida cotidiana.

Por isso, queremos saber dos pais como as crianças se adaptaram e lidaram com a pressão para continuar os estudos neste momento atípico. Moisés Vieira (à esquerda), de 43 anos, é empregado público e tem uma filha de 10 anos, a Maytê cuja escola rapidamente se deslocou para o modelo online. Já Daniel Costa, de 23 anos, é supervisor de pós vendas e pai do pequeno Antônio, de três, que apresentou dificuldades no período longe da escola.

FCS pensa a pandemia – Como foi a reação do(a) seu(a) filho(a) ao saber que não poderia mais ir para a escola presencialmente?

Moisés Vieira – No início, a pior possível, porque é um giro de 180 º graus na cabeça da criança. Com apenas 9 anos de idade na época, minha filha, como outras crianças, teve que encarar essa mudança radical. Já havia toda uma rotina, a criança já sabia o que fazer, que horas acordar e tinha o convívio com os amigos. Então, mudou todo o ambiente escolar. Ela passou 2020 inteiro sem poder estar com os colegas, com a professora e sem acessar as instalações da escola.

Daniel Costa – Meu filho ficou bem triste, ele gosta bastante de ir pra escola, ver os amiguinhos e de toda a interação. Então, ele ficou bem triste.

Fpp – E a escola forneceu aulas online? A criança conseguiu/consegue acompanhar as aulas? Você notou alguma mudança no comportamento ou na capacidade cognitiva?

MV – Sim, desde o início da pandemia. O desempenho da minha filha, mesmo no ensino remoto, não nos decepcionou, as notas continuaram boas. Ela se esforçou ao máximo, mesmo nem sempre querendo assistir às aulas – porque ter que ficar sentado na frente de um computador não é a mesma coisa que estar numa sala de aula. Como eu disse, inicialmente, ela não havia se adaptado a essa nova modalidade, então houve, sim, algumas alterações no comportamento. Tal qual um adulto, tinha dias em que ela ficava irritada. Ficar duas horas e mais sem parar, sentada em frente ao computador, com câmera e microfones controlados pelos professores… às vezes, você vai fiscalizar, e a criança está deitada ou brincando. Uma série de coisas foi modificada, inclusive, a questão da saúde – porque, na escola, tinha um tempo dedicado às atividades físicas e podia correr, brincar. Em casa, isso mudou. Então, ela teve algumas alterações nas taxas, ficou um pouco acima do peso, mas, felizmente, conseguimos controlar. Tentamos orientar da melhor maneira possível e, apesar das mudanças comportamentais, a capacidade dela de absorver o conhecimento não mudou.

DC – Bem, a professora mandava trabalhos pelo e mail, mas era pouca coisa. Não chegou a ter aulas online. Eu, particularmente, percebi que ele diminuiu o progresso que estava tendo em relação à fala.

Fpp – Você e/ou outros responsáveis precisaram/precisam fornecer algum apoio, seja financeiro, educativo ou emocional? Isso gerou/gera alguma sobrecarga? Como sua vida e seu cotidiano foram afetados pela transformação da casa em ambiente escolar?

MV – Já se foi um ano e alguns meses de pandemia e, até o dia de hoje, precisamos fornecer algum apoio emocional. Na escola da minha filha, o ensino está híbrido e, quando ela fica em casa, é uma dificuldade muito grande para acordar. No presencial, ela arruma o material no dia anterior, levanta no horário certo e quer sair de casa o quanto antes. Já em casa, costuma acordar entre cinco e dez minutos antes da aula, costuma entrar um pouco atrasada e tem a questão do café. Quase todo dia, ela toma café no horário da aula. Então, a gente precisa dar um apoio nesse sentido, além de um auxílio nas atividades. Quando se está com a professora, é uma coisa. Quando se está com os pais, que não são da área da educação, dificulta, porque a gente precisa ensinar de uma forma que não entrará em conflito com o método da professora. Sobre a questão financeira, tivemos uns computadores que não funcionavam bem no início, ela teve que aprender a utilizar, mas conseguimos nos adaptar. E, por fim, o cotidiano da família toda muda, porque o trabalho dos pais também é remoto, tem que haver um revezamento de computadores. Mas a gente vai vencendo uma batalha por dia, esperando que as coisas se normalizem para que ela possa estar na escola durante todos os dias letivos.

DC – Com certeza! Com ele em casa o tempo todo, tivemos que suprir a atenção que a escola fornece, e ele, bem ou mal, sentiu falta disso.

Fpp – Agora, muitas escolas estão retomando as atividades presenciais. A escola do(a) seu(a) filho(a) também retornou? Qual foi a reação dele(a) ao saber que poderia ver pessoalmente os amigos e professores?

MV – Sim, como eu disse, está em ensino híbrido, ela vai uma semana e fica em casa na outra. A reação dela foi ótima quando soube que estaria na escola e veria os amigos. Mas, quando soube que seria híbrido… na sexta feira de aula presencial, ela já retorna para casa irritada. Aí, entra novamente o trabalho emocional. Temos que preparar a mente e o coração dela para a semana seguinte.

DC – Sim, ele retornou sim! Ficou muito feliz! Ele já está melhorando a questão da dicção!

Fpp – Ainda sobre a pergunta acima, você considera que a escola esteja seguindo devidamente os protocolos sanitários? Como eles estão sendo transmitidos à criança? Ela comenta algo sobre?

MV – Sim, a escola é bem adaptada, tem os acessos, o distanciamento, a higiene – quando as crianças chegam, tem aquele tapete higienizador, as mochilas são higienizadas também – e as crianças não podem nem se tocar, tem que manter uma distância adequada e sempre há pessoas para fiscalizar. A própria divisão entre semanas impede a aglomeração, porque duas turmas do mesmo ano vão em semanas alternadas, e os horários de entrada, saída e recreio também foram adaptados para cada turma. Antes do retorno, a escola fez uma reunião online para que os pais pudessem expor o porquê de seus filhos retornarem ou não à escola. Nós ficamos com a missão de transmitir as informações às crianças, além de terem sido reforçadas em sala. Inclusive, minha filha sempre comenta que o distanciamento faz com que ela tenha que falar mais alto, e a professora sempre reclama [risos]. Na hora do recreio, ela diz que também não pode dividir a merenda com o amigo quando pensa em dividir, já aparece alguém dizendo “olha não podem dividir o lanche. Não podem se tocar. Não podem se abraçar.” De tudo isso ela reclama, mas foi bem mais tranquilo para superar do que o fato de não poder estar na escola. A preocupação com a parte sanitária é tanta que a escola deixa de se atentar a outras questões, como o excesso de tarefas de casa. A criança também não tem tanta oportunidade de falar, principalmente, no online. Mas nós seguimos para vencer mais este ano de 2021 aguardando que, no segundo semestre, as aulas voltem 100 presencial.

DC – Sim, eu visitei o colégio e notei que está tudo certinho na questão da limpeza da sala, no uso do álcool em gel, no incentivo a lavar as mãos e na obrigatoriedade de máscara infantil. Então, acredito que eles estejam bem preparados.


A conversa com Débora de Lima do Carmo, mestra em educação e professora do Centro de Referência em Educação Infantil Realengo do Colégio Pedro II, aborda os múltiplos aspectos e desafios apresentados pela pandemia. Ela comenta as alternativas que a escola desenvolveu para continuar atendendo as crianças em contexto virtual, a relação com os pais e responsáveis e a rotina de trabalho dos docentes. E, claro, dedica atenção especial às crianças, refletindo sobre o papel da educação infantil em tempos únicos e difíceis e destacando a confiança que tem nos pequenos e a importância de escutá-los. Os temas da desigualdade social e das condições políticas e de financiamento da educação são também discutidos. Leia mais.

Da Educação Infantil para o ciclo Fundamental. A pedagoga Karine Hugen diretora de um curso preparatório para concursos de escolas técnicas e militares, descreve as transformações feitas para o ensino remoto, analisa as repercussões da falta de convivência presencial e comenta a respeito dos estudantes que conseguiram aprovação nos certames mesmo em conjuntura tão adversa. Leia mais.

Fpp #36 – Karine Hugen

Educação Infantil na pandemia: trabalho diferenciado, individualizado e com o apoio dos pais.

Por Henrique Biscardi

Nesta 36 ª edição do FCS pensa a pandemia trouxemos o tema da Educação Infantil. Na entrevista de capa, Fábio Grotz conversou com a mestra em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro Débora de Lima do Carmo, que relatou com precisão o impacto da pandemia sobre a primeira etapa de escolarização. Segundo a professora, “as relações entre discentes e docentes adentram as dimensões do cuidar e educar, indissociáveis, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação Infantil (DCNEI 2009)”.

Neste espaço, fomos a outro estágio do universo da educação, o último ano do ensino fundamental. Uma fase de transformações, em que crianças estão prestes a entrar na adolescência e começam a definir seus caminhos. Para entendermos melhor esse processo onde, afora o isolamento social provocado pela pandemia, já se apresenta como um período doloroso, repleto de dúvidas, medos, anseios e transformações, de ordem física e emocional, conversamos com a pedagoga Karine Hugen professora e diretora de um curso preparatório para concursos de colégios militares, escolas técnicas e para o colégio Pedro II.

FCS pensa a pandemia – Você é pedagoga por formação, professora e dona de um curso preparatório. Qual o impacto da pandemia na preparação desses alunos?

Karine Hugen – O que pude perceber é que houve pouca interferência. Quem já se dedicava, era empenhado nos estudos, apesar da pandemia trazer algumas dificuldades, continuou se dedicando e se esforçando para alcançar seus objetivos. Mas, com aqueles alunos que sempre precisam de um “ ficou mais difícil. Para quem teve interesse, na verdade, as videoaulas gravadas, que fizemos por conta da pandemia, tornaram se um forte aliado na preparação desses alunos. Destaco que outro ponto forte para quem se dedicou ao concurso foi o fato de que, com o ensino curricular mais fraco (não que fosse muito melhor antes), sobrou mais tempo para se investir na preparação individual.

Fpp – O pedagogo é o profissional especialista em educação que associa o aprendizado às questões sociais e à realidade em que o estudante se encontra. Como você e seus alunos têm se adaptado às condições do ensino remoto?

KH – Buscamos investir no que podemos para entregar a melhor aula possível para nossos alunos. Investimos em computador, câmera, microfone, mesa de digitalização e na adaptação do conteúdo, na forma de repassá-lo aos nossos alunos. Em nossas videoaulas, literalmente, desenhamos as questões de Matemática e detalhamos as questões de Língua Portuguesa. Para alguns, está muito melhor. Outros, tiveram alguma dificuldade.

Fpp – Em entrevista à esta edição do FCS pensa a pandemia, Débora de Lima do Carmo, mestra em educação, falou sobre o blog do Colégio Pedro II de Realengo usado durante a pandemia para oferecer às crianças “memórias escolares” com fotos e vídeos, entre outros materiais, que ilustravam o cotidiano vivido nos anos anteriores. Sua escola tem como foco crianças com um pouco mais de idade. Quais ferramentas você criou para evitar um distanciamento de seus alunos com uma memória afetiva que eles possam ter construído com o espaço físico da escola?

KH – Em 2020 fazíamos lives uma vez por semana e trazíamos o conteúdo em forma de competição, estimulando a interação. A resposta foi muito positiva. Eles adoravam. Para este ano, já tivemos a possibilidade de algumas aulas presenciais, utilizando 30% da capacidade de uma sala de aula em receber alunos. Por ser aula de curso preparatório, trouxemos uma “pegada” mais descontraída, mais leve, para as aulas presenciais. Deixamos também os conteúdos online mais interativos, com uma plataforma que possibilita a conversa entre os participantes.

Fpp – As aulas presenciais são também espaços de convivência, onde relações afetivas são construídas, algumas chegando a se perpetuar por toda a vida. São também espaços onde as crianças aprendem a “negociar” espaços, estabelecer limites, a conviver e como se posicionar em relação ao outro. O que pode ser feito para amenizar esse processo durante um longo período de isolamento da convivência escolar?

KH – Boa pergunta! Sinceramente, ainda não consegui pensar uma forma de amenizar essas perdas. Acredito que nem exista. Penso que talvez tenhamos que, pelo menos por enquanto, substituir essas relações que tínhamos em ambientes como a escola e o trabalho por novas relações, como essas que tivemos que adaptar no ambiente de casa. Pois também tivemos que aprender, “na marra”, a trazer o trabalho para dentro de casa e administrar essa relação com a vida doméstica. Em casa, estamos todos juntos, agora, 24 horas por dia, dividindo o mesmo espaço. São novas formas de relação que se constroem também.

Fpp – No seu caso particular, em sua maioria, seus alunos são crianças que estão fazendo a transição para a adolescência. Existe uma transformação natural desses alunos que causa alguma tensão. Somada à pressão de estar num curso preparatório para concursos, acrescidos os medos e as incertezas provocados pela pandemia. Como você enxerga o trabalho do pedagogo nesse cenário?

KH – Pressão em concurso sempre vai existir. É um novo cenário, tudo é ainda muito novo. Em 2020 trabalhamos de uma forma. Já em 2021, de outra. Em relação ao ano passado, apesar de todas as dificuldades, muitos alunos atingiram seus objetivos. O que posso dizer é que os alunos que alcançaram suas vitórias foram aqueles que não apenas mais se dedicaram aos estudos, mas também aqueles que mais buscaram por uma orientação minha (da professora), e contaram com o apoio dos pais. Isso faz toda a diferença, seja qual for o cenário. Sempre fez e sempre fará muita diferença!

Fpp – Mesmo antes da pandemia, quando se falava em ensino à distância (EAD) havia uma preocupação com as formas e a qualidade da mediação pedagógica que se estabelece entre os estudantes e o tutor ou mediador. Que tipo de adaptação foi possível realizar para não desamparar essas crianças e seus familiares num momento tão complicado?

KH – Não posso dizer que houve muita mudança em relação ao meu trabalho. Sempre acompanhei meus alunos de forma muito próxima, de forma diferenciada e individualizada, entendendo que cada aluno é uma criança com suas dificuldades próprias. Então, já trabalho de forma muito próxima aos pais e alunos. Desde o ano passado
me coloquei à disposição 24 horas por dia, 7 dias da semana. Passei meu número de celular, fui professora, pedagoga, psicóloga… enfim. Nessa condição de pandemia, sempre estive à disposição. Este ano, com a volta das aulas presenciais, mesmo que de forma reduzida, está mais tranquilo para esse apoio tão essencial.


A conversa com Débora de Lima do Carmo, mestra em educação e professora do Centro de Referência em Educação Infantil Realengo do Colégio Pedro II, aborda os múltiplos aspectos e desafios apresentados pela pandemia. Ela comenta as alternativas que a escola desenvolveu para continuar atendendo as crianças em contexto virtual, a relação com os pais e responsáveis e a rotina de trabalho dos docentes. E, claro, dedica atenção especial às crianças, refletindo sobre o papel da educação infantil em tempos únicos e difíceis e destacando a confiança que tem nos pequenos e a importância de escutá-los. Os temas da desigualdade social e das condições políticas e de financiamento da educação são também discutidos. Leia mais.

Por fim, mas não menos importante, damos voz aos pais de crianças que passaram pela experiência do ensino remoto junto com seus filhos pequenos Moisés Vieira, pai de uma menina de 10 anos, e Daniel Costa, pai de um menino de três, contam detalhes da rotina, das reações e do comportamento quando a pandemia começou e agora que o ensino presencial voltou parcialmente. Leia mais.